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Os filmes para entender a ditadura militar no Brasil


DITADURA MILITAR

 Os filmes para entender a ditadura militar no Brasil

Onze filmes que fazem um diagnóstico de como o cinema retratou a ditadura militar no Brasil

Das sessões de tortura aos fantasmas da ditadura, o cinema brasileiro invariavelmente volta aos anos do regime militar para desvendar personagens, fatos e consequências do golpe que destituiu o governo democrático do país e estabeleceu um regime de exceção que durou longos 21 anos. Estreantes e veteranos, muitos cineastas brasileiros encontraram naqueles anos histórias que investigam aspectos diferentes do tema, do impacto na vida do homem comum aos grandes acontecimentos do período.

batismo de sangue filme ditadura militar
Cena de Batismo de Sangue (Reprodução)

Embora a produção de filmes sobre o assunto tenha crescido mais recentemente, é possível encontrar obras realizadas durante o próprio regime militar, muitas vezes sob a condição de alegoria. “Terra em Transe”, de Glauber Rocha, é um dos mais famosos, retratando as disputas políticas num país fictício. Mais corajoso do que Glauber foi seu conterrâneo baiano Olney São Paulo, que registrou protestos de rua e levou para a tela em forma de parábola, o que olhe custou primeiro a liberdade e depois a vida.

Os onze filmes que compõem esta lista, se não são os melhores, fazem um diagnóstico de como o cinema retratou a ditadura brasileira.

1. MANHÃ CINZENTA (1968), Olney São Paulo – Em plena vigência do AI-5, o cineasta-militante Olney São Paulo dirigiu este filme, que se passa numa fictícia ditadura latino-americana, onde um casal que participa de uma passeata é preso, torturado e interrogado por um robô, antecipando o que aconteceria com o próprio diretor. A ditadura tirou o filme de circulação, mas uma cópia sobreviveu para mostrar a coragem de Olney São Paulo, que morreu depois de várias sessões de tortura, em 1978.

2. PRA FRENTE, BRASIL (1982), Roberto Farias – Um homem comum volta para casa, mas é confundido com um “subversivo” e submetido a sessões de tortura para confessar seus supostos crimes. Este é um dos primeiros filmes a tratar abertamente da ditadura militar brasileira, sem recorrer a subterfúgios ou aliterações. Reginaldo Faria escreveu o argumento e o irmão, Roberto, assinou o roteiro e a direção do filme, repleto de astros globais, o que ajudou a projetar o trabalho.

3. NUNCA FOMOS TÃO FELIZES (1984), Murilo Salles – Rodado no último ano do regime militar, a estreia de Murilo Salles na direção mostra o reencontro entre pai e filho, depois de oito anos. Um passou anos na prisão; o outro vivia num colégio interno. Os anos de ausência e confinamento vão ser colocados à prova num apartamento vazio, onde o filho vai tentar descobrir qual a verdadeira identidade de seu pai. Um dos melhores papéis da carreira de Claudio Marzo.

4. CABRA MARCADO PARA MORRER (1984), Eduardo Coutinho – A história deste filme equivale, de certa forma, à história da própria ditadura militar brasileira. Eduardo Coutinho rodava um documentário sobre a morte de um líder camponês em 1964, quando teve que interromper as filmagens por causa do golpe. Retomou os trabalhos 20 anos depois, pouco antes de cair o regime, mesclando o que já havia registrado com a vida dos personagens duas décadas depois. Obra-prima do documentário mundial.

5. O QUE É ISSO, COMPANHEIRO? (1997), Bruno Barreto – Embora ficcionalize passagens e personagens, a adaptação de Bruno Barreto para o livro de Fernando Gabeira, que narra o sequestro do embaixador americano no Brasil por grupos de esquerda, tem seus méritos. É uma das primeiras produções de grande porte sobre a época da ditadura, tem um elenco de renome que chamou atenção para o episódio e ganhou destaque internacional, sendo inclusive indicado ao Oscar.

6. AÇÃO ENTRE AMIGOS (1998), Beto Brant – Beto Brant transforma o reencontro de quatro ex-guerrilheiros, 25 anos após o fim do regime militar, numa reflexão sobre a herança que o golpe de 1964 deixou para os brasileiros. Os quatro amigos, torturados durante a ditadura, descobrem que seu carrasco, o homem que matou a namorada de um deles, ainda está vivo –e decidem partir para um acerto de contas. O lendário pagador de promessas Leonardo Villar faz o torturador.

7. CABRA CEGA (2005), Toni Venturi – Em seu melhor longa de ficção, Toni Venturi faz um retrato dos militantes que viviam confinados à espera do dia em que voltariam à luta armada. Leonardo Medeiros vive um guerrilheiro ferido, que se esconde no apartamento de um amigo, e que tem na personagem de Débora Duboc seu único elo com o mundo externo. Isolado, começa a enxergar inimigos por todos os lados. Belas interpretações da dupla de protagonistas.

8. O ANO EM QUE MEUS PAIS SAIRAM DE FÉRIAS (2006), Cao Hamburger – Cao Hamburger, conhecido por seus trabalhos destinados ao público infantil, usa o olhar de uma criança como fio condutor para este delicado drama sobre os efeitos da ditadura dentro das famílias. Estamos no ano do tricampeonato mundial e o protagonista, um menino de doze anos apaixonado por futebol, é deixado pelos pais, militantes de esquerda, na casa do avô. Enquanto espera a volta deles, o garoto começa a perceber o mundo a sua volta.

9. HOJE (2011), Tata Amaral – Os fantasmas da ditadura protagonizam este filme claustrofóbico de Tata Amaral. Denise Fraga interpreta uma mulher que acaba de comprar um apartamento com o dinheiro de uma indenização judicial. Cíclico, o filme revela aos poucos quem é a protagonista, por que ela recebeu o dinheiro e de onde veio a misteriosa figura que se esconde entre os cômodos daquele apartamento. Denise Fraga surpreende num papel dramático.

10. TATUAGEM (2013), Hilton Lacerda – A estreia do roteirista Hilton Lacerda na direção é um libelo à liberdade e um manifesto anárquico contra a censura. Protagonizado por um grupo teatral do Recife, o filme contrapõe militares e artistas em plena ditadura militar, mas transforma os últimos nos verdadeiros soldados. Os soldados da mudança. Irandhir Santos, grande, interpreta o líder da trupe. Ele cai de amores pelo recruta vivido pelo estreante Jesuíta Barbosa, que fica encantado pelo modo de vida do grupo.

11. BATISMO DE SANGUE (2007) – Apesar do incômodo didatismo do roteiro, o longa é eficiente em contar a história dos frades dominicanos que abriram as portas de seu convento para abrigar o grupo da Aliança Libertadora Nacional (ALN), liderado por Carlos Marighella. Gerando desconfiança, os frades logo passaram a ser alvo da polícia, sofrendo torturas físicas e psicológicas que marcaram a política militar. Bastante cru, o trabalho traz boas atuações do elenco principal e faz um retrato impiedoso do sofrimento gerado pela ditadura.

Cinema Uol e Literatortura

Socialismo e comunismo, modo de uso: manual didático


Socialismo e comunismo, modo de uso: manual didático

Segundo matéria recente publicada no Globo, o capitalismo deu muito certo. Pelo menos para as 85 pessoas mais ricas do mundo ou cerca de 1% da população.

Rita Almeida

Arquivo

Ainda me surpreendo com gente que afirma repudiar os ideais comunistas ou socialistas porque eles “não deram certo” em parte alguma. Em resposta a essa afirmação o que me vem em mente é uma pergunta: Então o capitalismo deu certo?

Bom, parece que segundo matéria recente publicada no Globo, o capitalismo deu muito certo. Pelo menos para as 85 pessoas mais ricas do mundo ou cerca de 1% da população. Segundo a pesquisa citada, essa elite de 85 pessoas acumula a mesma riqueza que os 3,5 bilhões mais pobres do planeta. A matéria afirma ainda que cerca de 1% da população detém a metade da riqueza mundial. Sendo assim, minha pergunta também pode ser feita de outro modo: Se é que o capitalismo deu certo, deu certo pra quem?

Suspeito que, quando se supõe que o capitalismo tenha “dado certo”, se queira dizer que o capitalismo trinfou. Infelizmente, disso eu não tenho dúvidas. Se é eticamente permitido que ao dividirmos uma pizza gigante ao meio, metade dela seja fatiada para 85 pessoas e a outra metade seja fatiada para 3,5 bilhões de pessoas, então só podemos confirmar que o capitalismo triunfou. Ou seja, os melhores e maiores pedaços de pizza serão sempre para quem pode pagar por eles. E o mais cruel é que se você quiser um pedaço melhor de pizza, terá que disputa-lo competindo com os que, como você, têm acesso à segunda metade da pizza. Ou você acredita mesmo que poderá alcançar uma migalha que seja da primeira metade? Esqueceu? Estamos falando de capitalismo. Os tais 1% que desfrutam da primeira metade da pizza têm dinheiro suficiente para não deixar que você nem mesmo sinta o cheio dela.

E melhor, eles têm poder suficiente para fazer você acreditar que essa história de comunismo ou socialismo são ideias retrógradas de gente do mal que não sabe respeitar o pedaço de pizza alheio. Ou seja, para protegerem seus pedaços de pizza eles precisam nos fazer acreditar que é ultrapassada a ideia de compartilharmos de maneira mais igualitária essa pizza gigante. Cada um tem o pedaço de pizza que lhe cabe e ponto. Se alguns têm um pedaço de pizza bem maior que do outro, e outros não têm nenhum pedaço de pizza, paciência! Ao invés de ficarmos fomentando essa coisa de socialismo ou comunismo, lendo Marx ou citando Badiou, tratemos de trabalhar com dedicação e persistência para conseguirmos nosso próprio pedação da pizza, fazendo assim que o capitalismo também dê certo para nós.

Sintetizando: Se o capitalismo não deu certo pra você é apenas por culpa sua. Porque se ele deu certo para alguns pode dar certo para você também, basta que você tenha fé e trabalhe.

No entanto, existe um grande problema com essa teoria do capitalismo, chamada de meritocracia, que é um problema matemático. Vamos supor que essa teoria funcione e que 99% da população mundial resolva, com fé e trabalho, conquistar o mesmo pedaço de pizza que o seleto grupos dos 1%. Matematicamente, para que isso seja possível, teríamos que aumentar essa pizza (inteira) pelo menos 99 vezes, só assim todos teriam a possibilidade de ter pedaços de pizza parecidos com as dos 1%, não é mesmo?

Entretanto, tal estratégia tem dois problemas graves. Primeiro: a pizza, por uma limitação ecológica, jamais poderá ser ampliada 99 vezes sem que entremos em colapso. Para se ter uma ideia, se todos os habitantes da terra consumissem como um americano médio (eu disse médio), nos seriam necessários quatro planetas Terra. Segundo: na medida em que a pizza cresce e as mesmas regras capitalistas são mantidas, o mais provável é que os pedaços extras de pizza fiquem para os que já têm pizza suficiente, afinal, eles são os mesmos que têm recursos de sobra para adquiri-los. Não é obvio?

Se você ainda não desistiu do texto e acompanhou meu raciocínio até aqui, já começou a entender o que move os ideais comunistas ou socialistas. Eles pensam em estratégias para que nossa pizza gigante seja dividida de forma mais equânime, para que não tenhamos distorções tão injustas como as que vemos.

Mas aí vem outra questão importante para socialistas e comunistas. Como faremos para que a riqueza que está acumulada nas mãos dos 1% mais ricos ou dos 85 (os mais ricos dentre os mais ricos), seja melhor distribuída, chegando especialmente, aos mais pobres e miseráveis? Antes de tentar responder esta pergunta, preciso abrir outro parágrafo.

Suspeito que o que chamei antes de triunfo do capitalismo, se deu por um motivo bastante simples. O capitalismo é um modelo econômico que repete o nosso modo mais primitivo de existência que é a chamada Lei da Selva, onde os mais fortes e mais aptos sobrevivem. Uma vez regidos pela Lei da Selva (daí o termo “capitalismo selvagem”) os mais frágeis, incapazes de vencer a luta pela sobrevivência, simplesmente não merecem viver, essa é a ordem natural das coisas. Isso faz com que a sustentação ideológica mais forte do capitalismo seja sua naturalização. Digamos, então, que o socialismo e o comunismo vieram para subverter a ordem natural das coisas. Vieram para desnaturalizar a Lei da Selva e inventar uma nova ordem, a de que todos merecem ter uma chance de sobreviver, mesmo os mais frágeis. Pensando na nossa pizza gigante, a utopia socialista-comunista é que todos deveriam ter acesso a pedaços dignos de pizza, de forma mais igualitária possível e ninguém deveria poder esbanjar pizza, enquanto outros não recebem uma migalha sequer.

Voltando à nossa última pergunta: Quais as maneiras que socialistas e comunistas imaginam que sejam eficazes para redistribuir melhor essa pizza riqueza?

Socialismo e comunismo – modo de usar

Existem inúmeros teóricos e teorias que pensaram e pensam sobre o modo de uso do socialismo e do comunismo. Algumas teorias acreditam que um governo comprometido com os mais frágeis só surgirá por meio da chamada Revolução, onde os mais pobres (a maioria) se unem e tomam para si o poder e a responsabilidade de repartir a pizza-riqueza. Em nome do bem comum, estatizarão a pizza, assim ela deixará de ser um bem privado, que beneficia uma minoria, para ser socializada em benefício da coletividade. Outras teorias defendem a presença do chamado Estado Forte, ou seja, um Estado que seja responsável por regular a economia, para que ela proteja os mais frágeis e redistribua de forma mais igualitária a riqueza circulante. Algumas correntes acreditam que seja possível implantar os ideais comunistas e socialistas por meios de leis mais justas, serviços públicos de qualidade, programas sociais e de redistribuição de renda. E há ainda os que, em nome do comunismo ou socialismo, cometem equívocos e abusos, alguns deles absurdos e contraditórios. Mas, vale lembrar, que isso não é uma particularidade do comunismo ou do socialismo. Todo tipo de atrocidade já foi cometida em nome das mais nobres causas. Guerras estúpidas são travadas em nome da democracia. Assistimos recentemente a violação da privacidade de pessoas e Nações, tudo feito em nome da paz. Ao longo da história, povos inteiros já foram escorraçados e dizimados em nome de Jeová, Jesus Cristo, de Alá… A lista de absurdos é vasta.

Apesar das várias correntes e nuances comunistas e socialistas, o que elas têm em comum é que todas buscam evitar que a Lei da Selva do capitalismo prevaleça sem intervenções, tal como desejaria o capitalismo liberal (liberado de qualquer intervenção do governo), ou sua forma mais moderna, o neoliberal. Por isso, a concepção de Estado Mínimo – um Estado que tenha o mínimo de influência na sociedade, especialmente na economia – é a que mais favorece que o capitalismo floresça em toda a sua plenitude, alcançando toda a crueldade e selvageria que lhe seja permitido.

Mas você pode agora estar se perguntando se poderíamos ter um capitalismo mais humanizado, menos competitivo e cruel. Citando Marx, o capitalismo se fundamenta na mais-valia e no exercito de reserva. Simplificando, é necessário que sempre haja pobres (o maior número possível a fim de baratear o preço da mão de obra) dispostos a trabalhar para sobreviver (exercito de reserva), para que a riqueza possa, então, ser deles extraída (mais-valia) e se acumule nas mãos de alguns poucos. Sendo assim, não há humanismo no capitalismo, é o homem sendo o lobo do homem.

Para quem perdeu as aulas de história, vale lembrar que socialismo e comunismo são irmãos gêmeos do capitalismo, nasceram juntos. De fato, o socialismo e o comunismo nasceram para questionar e problematizar as contradições impostas pelo capitalismo. Em última análise, vieram para injetar humanismo no capitalismo. Por exemplo, sabemos que nas primeiras fábricas capitalistas os trabalhadores (homens, mulheres e até crianças) mantinham jornadas de até 16 horas diárias e sem direito a descanso semanal, férias e qualquer outra garantia trabalhista ou proteção social. Sendo assim, todas as conquistas dos trabalhadores desde o início do capitalismo, foram alcançadas pelo jogo de forças que impediam – não sem muita luta – que a ordem natural do capitalismo seguisse seu fluxo. Foram os ideais comunistas e socialistas que sempre fizeram, e sempre farão, contraponto ao desejo capitalista de acumular mais e mais à custa da exploração de outro ser humano e da miséria de muitos outros.

Socialismo e Comunismo fracassaram?

Lanço agora uma outra pergunta: Se acreditamos que o capitalismo triunfou em certa medida, isso quer dizer que socialismo e comunismo fracassaram ou sucumbiram? Na minha opinião, não, e vou explicar. Marx concebia o comunismo como movimento que reage aos antagonismos do capitalismo e não como um modelo de sociedade ideal. Sendo assim, enquanto o capitalismo existir, com suas contradições e desigualdades, a “hipótese comunista”, como diz Alain Badiou, permanecerá viva. Badiou afirma ainda: “se essa hipótese tiver de ser abandonada, então não vale mais a pena fazer nada na ordem da ação coletiva. (…) Cada indivíduo pode cuidar de sua vida e não se fala mais nisso”.

Um dado curioso é que os defensores do Estado Mínimo, em geral adeptos do capitalismo, criticam os governos socialistas e comunistas por nutrirem um Estado Forte que intervém constantemente na economia, na política e nas corporações. Todavia, quando em 2009 a economia americana entra em colapso (mais uma vez), é nas portas desse mesmo Estado que os banqueiros americanos vêm bater pedindo socorro. O que quer dizer mais ou menos o seguinte: “Nós, que fazemos parte da elite dos 1% que detém a metade pizza estamos tendo problemas em administrar nossa metade e estamos temerosos em perde-la por completo, sendo assim, precisamos da ajuda do governo para que possam usar da sua parte da pizza, a que serve para socorrer os que tem pouca pizza ou pizza alguma, para nos reerguermos”. É quando os ideais comunistas e socialistas servem, desta vez, para socializar o prejuízo, já que o lucro é sempre privatizado.

Socialismo e comunismo abrigam uma sociedade ideal?

Já ficou claro que capitalismo, comunismo ou socialismo são modos de organização econômica, são maneiras diferentes de pensar a divisão da pizza, sendo que, todos eles podem florescer em diferentes formas de governos, mais ou menos democráticos, mais ou menos corruptos, mais ou menos agressivos, mais ou menos estúpidos, mais ou menos sanguinários e mais ou menos paranoicos. Não existe um ideal de sociedade. Capitalismo, socialismo e comunismo podem abrigar virtudes e mazelas.

Por outro lado, sempre haverá uma tensão intransponível entre o individual e o coletivo, entre o privado e o público, entre o singular e o universal. Freud afirmava que a civilização só foi possível porque o ser humano foi capaz de abrir mão da satisfação de suas pulsões egoístas em nome da coletividade. Todavia, sabemos que essa renuncia não se dá sem angústias e tensões. Digamos então que os ideais socialistas e comunistas nos auxiliam a pensar o mundo para além do nosso próprio umbigo. Investem na constante construção de um mundo onde os interesses individuais precisam ser considerados, entretanto jamais poderão ser maiores ou mais importantes que os interesses da coletividade.

Eu não acredito numa sociedade ideal, num sistema de governo ideal, num sistema econômico ideal. No entanto, eu não posso viver num mundo onde 85 pessoas tenham mais importância do que 3, 5 bilhões, sobretudo se eu sei que esses últimos não vivem, apenas sobrevivem, quando sobrevivem. E é por isso, que eu me recuso terminantemente a abandonar os ideais socialistas e comunistas, pois são essas bandeiras que me permitem ter esperança. Se eu não puder ao menos me envergonhar e me indignar por tanta injustiça e desigualdade e acreditar que temos rotas de fuga possíveis em direção a um outro mundo, duvido que conseguisse levantar da cama todos os dias pela manhã…

Orlando F. Filho – 27/11/2014

Opa! Temos mais um “sabe tudo” na área. O sr. Fernando Cavalcanti pensa que somos um bando de idiotas. Como dizia dylan; “vc não precisa de um meteorologista para saber de que lado o vento está soprando”. Um cachorro, animal de estimação de muitas famílias pelo mundo, consome nos eua mais calorias do que uma criança africana e isto, segundo o sr. fernando, deve ser incompetência dos governantes e não um resultado de séculos de pilhagem dos grandes países capitalistas/imperialistas. Me parece que o carlão não achava o capitalismo uma maravilha né. Mais um da turma do roberto danunzio. Dizer que a melhora de vida do povo é “uma bolha”. Vá insultar a inteligência dos seus cumpinchas, fernando.
Orlando F. Filho – 27/11/2014

Como diz aquele velho ditado: “na hora da caganeira, todo mundo procura o banheiro”.
Gonzalo Deiró – 27/11/2014

Tenho que parabenizar não somente a autora do artigo, mas também a Carta Maior. Esta é uma reflexão das esquerdas que não perderam sua identidade por detrás do “progressismo”. Tem muita luta pela frente no campo social e econômico neste nosso Brasil sofrido. Tenho esperanças que se poderá construir uma sociedade diferente onde a pizza seja melhor dividida. Depende de nos, e como dizem os Zapatistas: desde abajo y hacia la izquierda”
Carlos Kremer – 27/11/2014

Como.deixar de comentar um texto tão feliz… . Depois de lê-lo, junto aos comentários, lembrei-me de algumas coisas que podem ajudar. O problema do limite de nosso planeta só tem uma solução: tentar reduzir o crescimento populacional descontrolado. Como? Tentando ocupar(capitalismo(C) aqui ajuda) e fazer sobreviver minimamente as pessoas(C atrapalha) ao mesmo tempo que educamos(C ajuda e atrapalha) as pessoas inclusive a ter menos filhos (ver países desenvolvidos). Para isso temos que ter parcimônia(economia), paz(relativa), justiça(principalmente nas coisas vitais) e a busca constante da verdade(sem excesso de sobrenaturalidades) que nos possibilite nossa sustentabilidade maior possível neste planeta Gaia.
Fernando Cavalcanti – 26/11/2014

Parei na metáfora da pizza. Vai estudar economia, mocinha, você não faz a menor ideia do que está falando. É muita, muita burrice. Aliás, todo o ideal socialista sustenta-se em burrices várias, de gente que não entende nada de economia, nada de capitalismo e, desconfio, também nunca leu Marx. Se todo o dinheiro do mundo fosse distribuído amanhã entre todos os habitantes do planeta, em uma semana todos teriam retornado a sua condição anterior. Fato. Estude. Aprenda. Pare de falar besteira. Existe riqueza que existem apenas como potencial de investimento, e fariam o bolo inteiro murchar se entrassem no sistema produtivo de uma hora para a outra. Quer fazer o bem aos pobres? Dê-lhes educação (coisa com que o PT nunca se preocupou), aumente o valor de seu trabalho pela via da qualificação e da produtividade. Este é o único caminho, nunca há nem nunca houve outro, como aprenderam na marra os países que embarcaram na aventura socialista.
Fernando Cavalcanti – 26/11/2014

Por favor, complementem meu comentário anterior. É um texto sob medida para insuflar os ânimos das multidões. Aliás, o socialismo, desde o início, vive mesmo disso. De mentiras e simplificações grosseiras da realidade econômica. E de slogans com base nessas mentiras. Então todos se sentem muito nobres por defender causas tão magnânimas, acham que realmente são injustiçados, embora sejam na maioria preguiçosos e/ou burros, e que só não são milionários porque o capitalismo não deixa, é “excludente”, blá, blá, blá. É como o PT. Aproveitou-se da bolha de bens acessíveis gerada pela entrada da China no CAPITALISMO e saiu vendendo que o breve enriquecimento da população se deveu a suas políticas populistas. Ledo engando, pelo qual estamos pagando caro. Não há como sustentar um modelo desses por muito tempo. Ou se investe em educação, em produtividade, ou se estagna. É o que estamos começando a experienciar, com esse governo Dilma II.
Juca Ramos – 26/11/2014

Artigo muito didático e claramente explicativo, mas que, ao apresentar os tais “ideais comunistas e socialistas” na mesma embrulhagem, turva um pouco as águas. Se Socialismo é aquilo pelo qual os líderes comunistas chamam os seus respectivos regimes, então não há o que discutir. Só que também se atribuem qualidades socialistas à Social Democracia à la Escandinava , tal como praticada na época do virtuoso Olof Palme, da Suécia. Em outra paragem, já no final do artigo, a articulista conclue dizendo: “E é por isso, que eu me recuso terminantemente a abandonar os ideais socialistas e comunistas, pois são essas bandeiras que me permitem ter esperança”. Claro, cada um esposa a ideologia que quiser, mas se a sociedade for depositar sua esperanças na realização dos ideais comunistas, adeus Democracia! Perdão pelo excesso de franqueza, mas não dá para ver como a sociedade possa se beneficiar da realização de ideais que querem tomar o poder pela força e pela força tem feito das tripas coração para mantê-lo. Como já foi visto, o Comunismo não resolve os problemas criados pelos vícios do Capitalismo, mas com suas práticas cria outros, tais como a repressão totalitária e irrespirável, a falta de liberdade política para a formação de lideranças autênticas, um clima opressivo que impede a criatividade e a inovação, e que a sociedade levará anos, até mesmo décadas, tendo que aturar ou tolerar. Definitivamente, não é disso que a sociedade precisa para a cura de seus males.
Glauber Araujo – 26/11/2014

Eu nao consigo acreditar que tem gente que ainda pensa que o capitalismo ” deu certo”. Peço para essas pessoas dar um passeio, pela Somália ou Haiti. Creio que a todos faltam um pouco de sensibilidade com a causa humana. Marx no capitulo XXIV do ” O Capital” fala do acúmulo da riqueza. Se hoje existe um terceiro mundo, existe porque fomos saqueados. As grandes riquezas estão empapadas com sangue dos povos originários. Outro mundo é possível. Capitalismo nao dá mais.
Alchimist da Silva – 26/11/2014

Excelente conteúdo. Didático, equilibrado e muito oportuno.
MIGUEL ANGELO GOMES DE ARAUJO – 25/11/2014

Texto de linguagem simples e direta, de um extremo didatismo e precisão cirúrgica. Realmente temos de dizer BRAVO!!!
Rodrigo Ricoy Dias – 25/11/2014

Escrito com uma linguagem clara e até didática, o artigo resume muito bem as contradições, visíveis a olho nu, de um sistema que padece dos mesmos problemas já criticados há mais de 150 anos, mas que se adaptou o suficiente para desarticular o proletariado como classe, trazendo como resultado a existência de uma maioria de defensores até mesmo entre aqueles que jamais participarão efetivamente da divisão da riqueza. Parabéns à autora pela exposição singela.
Zenio Silva – 25/11/2014

De tão simples é brilhante! Com a palavra os tais dos 1%!
Nilson Caetano – 25/11/2014

Era o que eu queria dizer e não sabia! Parabéns e obrigado pelo texto!
Marcia Eloy – 25/11/2014

O capitalismo deu certo para quem se beneficiou dele, pois é o regime mais egoísta do mundo.
Roberto Locatelli – 25/11/2014

Rosa Luxemburgo sintetizou a situação humana atual quando disse: “Socialismo ou barbárie”. Essa é a encruzilhada em que estamos. O capitalismo continua produzindo crises, bolhas e desastres econômicos para a maioria, enquanto os bilionários ficam mais bilionários.
Thiago dos Santos Paulo – 25/11/2014

Inspirador esse último parágrafo!
Altamir Gonçalves Filgueiras et Silva – 25/11/2014

Eu acho que as pessoas devem lutar pelo seu povo independentemente do Sistema. A gente deve se mobilizar para aperfeiçoar o Capitalismo, para que não seja tanto hipocrisia como o é. Tem-se que assimilar as regras do jogo e interagir nele para que a filosofia se faça valer na justiça… Esta é uma luta menos impossível do que parece…
Mário SF Alves – 25/11/2014

Muito bem. É preciso mesmo descascar essa jaca. É preciso mesmo trazer seu cerne à luz. E já passa da hora de tomarmos essa decisão. Já passa da hora de desmascararmos todos os sistemas. É preciso mostrar a realidade, as virtudes, mas, também, as distorções éticas, morais e sujeições a falhas a que todos estão propensos e/ou condicionados. Ressalte-se: de todos. De mais a mais, e o que pode ser o mais importante: todos eles passam. Tudo é transitório. É um dado na Natureza. A única coisa que não é transitória é a sede de vida e de vida em plenitude comum a todos os seres vivos. Portanto, o que não se pode permitir em hipótese alguma é que quaisquer destes sistemas em nome de interesses de minorias ponham em risco a sobrevivência, a dignidade, os direitos e os deveres fundamentais da maioria; e que é, neste caso, sobretudo, constituída pelo único ser vivo dotado de consciência na face deste singular e tão maravilhoso Planeta; o único que sabe de sua finitude; o único que sabe que vai morrer um dia; que tem consciência do infinito e do eterno, do inalcansável. O único que conscientemente dimensionar sua força, limites e fragilidades decorrentes da dor, da doença e da injustiça; o único que tem consciência de que é capaz de amar e de sentir compaixão. E o único que, paradoxalmente, está sujeito à autodestruição e à desumanização.

74 anos do assassinato de León Trotsky – Mártir revolucionário


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LEON TROTSKY – MÁRTIR REVOLUCIONÁRIO

Rob Sewell – Andreas Maia

No dia 20 de agosto de 2014 faz 74 anos que o revolucionário Leon Trotsky foi assassinado por um agente stalinista chamado Ramon Mercader, treinado e preparado durante vários anos para executar este horrível crime a mando diretamente de Stálin, a besta assassina que transformou a União Soviética em um imenso campo de concentração.

O leitor brasileiro tem acesso hoje pela internet e pelas publicações existentes a praticamente todas as principais obras de Trotsky assim como a muitos dos seus escritos. Mas, não dispõe de uma biografia atualizada que contemple a importância da atividade militante de Trotsky e a “tarefa mais importante de sua vida”, conforme ele mesmo disse, que foi a luta para construir a IV Internacional.

A única disponível é a que foi escrita pelo polonês Isaac Deutscher (1907-1967), que foi membro do Partido Comunista Polonês e pertenceu à Oposição de Esquerda. Ela foi lançada em meados dos anos 60 e continua sendo editada até hoje sobre a forma de uma trilogia:O Profeta Armado, o Profeta Desarmado e o Profeta Banido.

O problema dessa biografia é que ela foi superada pelos acontecimentos (desabamento do stalinismo em 1989-90, a queda do Muro de Berlin, a restaução capitalista na ex-União Soviética) e pelo fato de que o autor subestima claramente a militancia de Trotsky no seu período de exílio por estar em desacordo coma luta por proclamar a IV Internacional, sendo que também faz sérias concessões ao stalinismo.

As melhores biografias de Leon Trotsky disponíveis hoje (sem contar com os inúmeros artigos publicados na internet ou em jornais sobre a sua vida) está em primeiro lugar a que ele próprio escreveu, “Minha Vida”. Existe edição em português e esta autobiografia só dá conta até os primeiros anos do exilio de Trotsky.

Mas, destacamos duas biografias extremamente importantes que infelizmente não foram editadas em português. A primeira é “Trotsky”, do historiador Pierre Broué (1926-2005), que só existe editada em francês pela Editora Fayard. É de longe a mais precisa biografia de Trotsky. São mais de mil páginas com muita informação bem pesquisada e detalhada. Para os nossos leitores que dominam a lingua francesa vale o esforço (e o preço!) em conseguir esta biografia que pode ser encontrada nas livrarias virtuais na internet. A outra biografia é “Trotsky, um revolucionário sem fronteiras”, do historiador Jean Jacques Marie, editada em espanhol pela Editorial Fundo de Cultura Econômica e que também pode ser encontrada nas livrarias virtuais. Merece ser lida.

Mas para fazer uma homenagem a Leon Trotsky estamos reeditando um artigo de Rob Sewell, publicado originalmente em Militant (16 de agosto de 1985) que sintetiza sua vida e obra.

Andreas Maia

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LEON TROTSKY – MÁRTIR REVOLUCIONÁRIO

Rob Sewell

“Você acha que Stalin não discutiu a questão de sua remoção física? Ele a considerou e discutiu exaustivamente. Ele sempre se deteve pelo mesmo pensamento, de que os jovens o responsabilizariam a ele pessoalmente, e responderiam com atos de terrorismo. Ele, portanto, acreditou que primeiro tinha de dispersar das fileiras a juventude oposicionista. Mas um trabalho adiado não é um trabalho abandonado”. (Declaração do líder bolchevique, Grigori Zinoviev a Trotsky, 1926).

Em 20 de agosto de 1940, Leon Trotsky foi agredido com uma picareta até a morte por um agente estalinista, Ramon Mercader.

Trotsky devotou toda sua vida à emancipação da classe trabalhadora. Liderou o famoso Sovíete de Petersburgo na revolução de 1905, deu origem à teoria marxista da “Revolução Permanente”, compartilhou com Lênin a liderança da revolução de Outubro de 1917, construiu o Exército Vermelho e foi um dos fundadores da III Internacional Comunista.

Seu assassinato não foi uma ação acidental ou aleatória, mas um ato preconcebido e monstruoso como ponto culminante de uma campanha de assassinatos de toda a velha liderança Bolchevique da revolução e daqueles que apoiavam as genuínas ideias do marxismo.

Todos aqueles que representavam alguma ameaça para o regime totalitário da burocracia foram sistematicamente caçados e eliminados pelas mãos da polícia secreta estalinista, a GPU.

O alvo de toda esta trama de assassinatos foram todos aqueles que estiveram perto de Trotsky, em torno da Oposição de Esquerda Internacional que lutava pelas ideias do leninismo, do marxismo. A luta entre os partidários de Trotsky e os da burocracia estalinista não foi simplesmente um debate de ideias. Representou um choque de forças vivas – entre a parasitária casta dominante, defendendo seus privilégios materiais, e as forças do internacionalismo e da revolução socialista da classe trabalhadora.

Essa casta privilegiada derivou suas rendas e poder de seu controle burocrático sobre a economia nacionalizada e planificada. Para proteger sua posição dominante, ela expropriou politicamente os trabalhadores e camponeses russos. Todas as posições da democracia dos trabalhadores sob Lênin e Trotsky foram sendo gradualmente esmagadas, dando lugar à ditadura totalitária de Stalin – a personificação da burocracia. A burocracia só podia se manter através desse regime de terror estalinista.

Aqueles que se juntaram à oposição trotskista foram punidos com terríveis perseguições, calúnias, expulsões, demissões e prisão. Mais tarde, foram colocados nos campos de concentração de Stalin e assassinados.

No entanto, apesar do rastro de sangue, de perseguições e mentiras, de falsificação histórica pela camarilha de Stalin, as ideias de Leon Trotsky – as ideias do genuíno marxismo – não somente sobreviveram, como também cresceram e se tornaram um farol para todos aqueles ativistas que hoje confrontam os horrores do capitalismo e do estalinismo.

O destino de Trotsky estava ligado ao da Revolução Russa de Outubro de 1917. Esta vitória proletária era vista por todos como o início da transformação mundial. Ninguém no Partido Bolchevique – Lênin, Trotsky e até mesmo Stalin – acreditava que o socialismo poderia ser estabelecido em um só país, e muito menos em um país atrasado como a Rússia.

O isolamento da revolução, devido à traição dos líderes da socialdemocracia no Ocidente, levou ao crescimento de uma burocracia parasitária, de uma casta de oficiais no estado, no partido e na indústria. As derrotas internacionais reforçaram o sentimento de isolamento e cansaço. Como explicou Trotsky: “É absolutamente fora de questão e da maior importância que a burocracia soviética tornava-se mais poderosa quanto mais duros eram os golpes contra a classe trabalhadora mundial. As derrotas do movimento revolucionário na Europa e na Ásia gradualmente minaram a confiança dos trabalhadores soviéticos em seu internacionalismo. Dentro do país ainda reinava uma aguda miséria. Os representantes mais ousados e dedicados da classe trabalhadora ou tinham perecido na guerra civil ou subido mais alto, e a parte principal deles sendo assimilada nas fileiras da burocracia, depois de ter perdido seu espírito revolucionário. Cansada, devido aos terríveis esforços dos anos revolucionários, sem perspectiva, envenenada com a amargura devida à série de decepções, a grande massa caiu na passividade” (Writings 1935-37, p. 174).

A Oposição de Esquerda foi formada em 1923 por Trotsky para derrotar esta reação burocrática contra Outubro. Pouco antes da morte de Lênin, ele e Trotsky tinham organizado um bloco para lutar contra a burocracia. Em seu “Testamento”, Lênin pediu a imediata remoção de Stalin que se tornara a face desta reação. No Testamento, Trotsky foi destacado como“distinto não só por suas habilidades excepcionais” – “com certeza, o homem mais capaz no atual Comitê Central”.

Com a morte de Lênin em janeiro de 1924, Stalin e os que queriam denegrir a autoridade de Trotsky suprimiram o Testamento e, posteriormente, o denunciaram como uma falsificação trotskista! Sua autenticidade veio à tona somente em 1956 no discurso de Krushchev para a sessão fechada do 20o congresso do partido.

Ascensão do estalinismo

A derrota da revolução alemã no final de 1923, junto à morte de Lênin, resultou em rápida cristalização dos poderes da burocracia estalinista. Logo após, Stalin veio com a teoria antimarxista de “Socialismo em um só país”, que refletia os interesses da elite privilegiada. Zinoviev e Kamenev, dois velhos líderes Bolcheviques que haviam se aliado com Stalin, não puderam mais tolerar esta traição e se uniram a Trotsky para formar a Oposição Unificada em 1926.

Na época, a derrota da Revolução Chinesa foi um terrível golpe para os trabalhadores russos, que esperavam uma vitória dos trabalhadores no Oriente. Esta derrota foi um grande incentivo, no entanto, ao desenvolvimento da burocracia. Em novembro de 1927, Trotsky e Zinoviev foram expulsos do partido e Kamenev do Comitê Central.

Como resultado desta crescente repressão, Abramovich Yoffe, que tinha retornado como embaixador do Japão para trabalhar como adjunto de Trotsky, cometeu suicídio. Exilado em Alma Ata (janeiro de 1928) e mais tarde na Turquia (janeiro de 1929), Trotsky rebateu as calúnias e traições dos estalinistas, e começou a montar os quadros do verdadeiro marxismo em escala internacional. Em julho, ele publicou a primeira edição do Boletim da Oposição russa, como órgão central de seu trabalho.

Nos poucos anos que se seguiram, cruéis golpes pessoais foram cometidos contra ele; sua jovem filha Nina tinha morrido de tuberculose à idade de 26 anos. Sua outra filha, Zina, que também sofria de problemas graves de saúde, foi levada ao suicídio em Berlin no início de 1933. Os seus maridos foram enviados à Sibéria.

A primeira esposa de Trotsky, Sokolovskaya, foi presa em um campo de trabalho onde morreria mais tarde. Seu filho, Sergei, um cientista que não se interessava pela política, foi detido sob acusações forjadas – recusou-se a trair seu pai – e pereceu na prisão. Secretários e assessores de Trotsky na URSS foram executados: Glazman, Butov, Sermuks e Pozansky.

Os estalinistas, sob as ordens de Moscou, tentaram constantemente se infiltrar na casa de Trotsky, bem como na Oposição de Esquerda Internacional, causando perturbação, provocação e morte. Exemplos da infiltração estalinista são numerosos: Senin e Roman Well, Etienne Zborowski, Serge Efrom, Marcel Rollin, Louis Ducomet, François Rossie, Renata Steiner, Floyd Miller e Sylkvia Franklin, para citar apenas alguns.

Luta contra Hitler

Até a vitória de Hitler em março de 1933, Trotsky havia realizado uma campanha vigorosa por uma política de frente única contra o fascismo na Alemanha. Contudo, ele foi denunciado pelos líderes estalinistas, que continuavam a dirigir a classe trabalhadora alemã a um sangrento desastre. Ernst Thaelmann, o líder do Partido Comunista Alemão (PCA), declarou em setembro de 1932: “Em seu panfleto sobre a questão, Como o Nacional Socialismo será derrotado? Trotsky sempre dá uma resposta: ‘O Partido Comunista Alemão deve fazer um bloco com a socialdemocracia…’ Na formação deste bloco, Trotsky vê a única maneira de salvar completamente a classe trabalhadora alemã do fascismo. Ou o PCA forma um bloco com a socialdemocracia ou a classe trabalhadora alemã estará perdida por 10-20 anos. Esta é a teoria de um completamente arruinado fascista e contrarrevolucionário. Esta teoria é a pior teoria, a mais perigosa teoria e a mais criminosa que Trotsky já construiu nos últimos anos de sua propaganda contrarrevolucionária” (Internacional Comunista, no 17/18, 1932, p. 1329).

A falta de atenção ao conselho de Trotsky levou à paralisia o movimento dos trabalhadores alemães e resultou na vitória de Hitler sem qualquer resistência significativa. Foi esta a maior traição ao socialismo internacional desde 1914. Temido pela classe capitalista, a Trotsky foi recusado o direito de asilo por todas as potências europeias. Em 1933, contudo, foi-lhe permitida a entrada temporária na França, mas em pouco tempo foi expulso como indesejável pelo governo.

Os Processos de Moscou

Da França, foi permitido a Trotsky ir para a Noruega onde o Partido Trabalhista tinha acabado de chegar ao poder. Em questão de poucos meses, os julgamentos dos expurgos começaram em Moscou com Trotsky colocado como o principal acusado. Stalin pressionou ao governo da Noruega para amordaçar Trotsky. Isto é imposto através da expulsão de seus secretários e colocando-o virtualmente sob prisão domiciliar. Desesperado para responder às maiores mentiras e calúnias já fabricadas na história mundial, Trotsky avidamente aceitou a oferta de asilo do governo mexicano de Cárdenas. Ele chegou à Cidade do México em janeiro de 1937.

A burocracia buscava um acordo com as democracias ocidentais contra Hitler e, dessa forma, tentava demonstrar sua respeitabilidade. O primeiro Processo de Moscou iniciou a sistemática falsa incriminação e assassinatos da velha guarda Bolchevique. Perdido o medo do êxito da revolução espanhola e do impulso que esta daria para uma nova revolução política na URSS, a burocracia começou a destruir todas as conexões com as verdadeiras tradições de Outubro. Entre 1936 e 1938, estima-se que oito milhões de pessoas pereceram no terror, essa “guerra civil unilateral”, para usarmos as palavras de Trotsky.

Uma Comissão Internacional de Inquérito sobre os Processos de Moscou foi estabelecida sob a presidência do ilustre filósofo americano, John Dewey. Todos os testemunhos e provas foram vigorosamente peneirados. Trotsky foi pessoalmente examinado e interrogado sobre as fantásticas alegações de estar a soldo dos nazistas etc., feitas contra ele pelos estalinistas.

Ele demonstrou, com a ajuda de seus vastos arquivos, que as “confissões” forjadas nos julgamentos eram absolutamente mentirosas e que constituíam a maior falsificação da história. A Comissão Dewey concluiu que “os processos de Moscou eram uma falsificação” e concluiu: “Nós, portanto, consideramos Trotsky e Sedov (seu filho) não culpados”.

O Segundo Processo de Moscou começou dentro de 15 dias da chegada de Trotsky no México. O objetivo de Stalin, no entanto, era o da aniquilação física não somente dos velhos Bolcheviques dentro da URSS, mas também o extermínio da liderança trotskista internacionalmente.

Na Espanha, os esquadrões da morte da GPU foram sistematicamente usados para suprimir toda a oposição a Moscou, levando à execução de Andres Nin, Andrade, Erwin Wolf (um dos secretários de Trotsky) etc. Em setembro de 1937, Ignace Reiss, um ex-agente do topo da GPU que renunciou ao estalinismo e declarou-se em favor do trotskismo, foi assassinado.

Anos mais tarde, Leopold Trepper, um corajoso anti-estalinista e ex-líder da Inteligência Soviética trabalhando na clandestinidade durante a guerra, escreveu em suas memórias:“Iugoslavos, poloneses, lituanos, checos, todos desapareciam. Em 1937 já não se achava nenhum dos principais dirigentes do Partido Comunista alemão, com exceção de Wilhelm Pieck e de Walther Ulbricht. A loucura repressiva não tinha limites. A seção coreana foi dizimada, os delegados da Índia sumiram, os representantes do PC chinês estavam presos. A chama de Outubro extinguiu-se nos crepúsculos carcerários. A revolução tinha degenerado em um sistema de terror e horror…

“… E, no entanto, nós continuávamos, dilacerados, mas dóceis, triturados pela engrenagem que tínhamos posto em marcha com as nossas próprias mãos. Rodas do aparelho, aterrorizados até a loucura, estávamos transformados no instrumento da nossa própria submissão. Todos os que não se opuseram à máquina estalinista são responsáveis, coletivamente responsáveis. Eu próprio não escapo a este veredito.

“Mas, quem é que protestava nessa época? Quem se ergueu para bradar a sua condenação?

“Os trotskistas podem reivindicar esta honra.

Incitados por seu líder, que pagou a obstinação com a morte, eles combateram totalmente o estalinismo – e foram os únicos. Na época dos grandes expurgos, já não podiam gritar sua revolta senão nas imensidões geladas para onde os levaram a fim de melhor exterminá-los. Sua conduta foi digna e mesmo exemplar nos campos. Mas sua voz se perdeu na tundra.

“Hoje, os trotskistas têm o direito de acusar os que outrora uivavam à morte como lobos. Mas que não esqueçam que eles tinham sobre nós a vantagem de possuir um sistema político coerente, suscetível de substituir o estalinismo e do qual podiam lançar mão na angústia profunda da Revolução traída. Eles não ‘confessaram’, porque sabiam que suas confissões não serviam nem ao partido nem ao socialismo”.

Filho, Amigo, Lutador

Na França, os estalinistas infiltraram o centro de operações da Oposição e “colaboraram” no mais alto nível com o filho de Trotsky, Leon Sedov. Em 16 de fevereiro de 1938, Etienne Zborowski entregou-o à GPU que, por sua vez, o assassinou enquanto se encontrava no hospital.

Um Trotsky enlutado escreveu um comovedor tributo ao seu filho morto sob o título de Leon Sedov – Filho, Amigo, Lutador: “Junto com o nosso garoto morreu tudo o que ainda permanecia de jovem dentro de nós. Adeus, Leon, adeus querido e incomparável amigo. Sua mãe e eu nunca pensamos, nunca esperamos que o destino pudesse nos impor esta terrível tarefa de escrever seu obituário. Vivíamos na firme convicção de que muito depois de que fôssemos embora você seria o continuador de nossa causa comum. Mas não fomos capazes de lhe proteger. Adeus, Leon! Legamos sua irreprochável memória à jovem geração de trabalhadores do mundo. Você, com justiça, viverá nos corações de todos os que trabalham, sofrem e lutam por um mundo melhor. Juventude revolucionária de todos os países! Receba de nossas mãos a memória de nosso Leon, adote-o como seu filho – ele é digno disto – e deixem-no, doravante, participar invisivelmente de vossas batalhas, uma vez que o destino negou-lhe a felicidade de participar de sua vitória final”.

Um mês após a morte de Sedov, Stalin lançou o terceiro e mais sangrento dos expurgos. Em Paris, o corpo decapitado de Rudolf Klement – outro secretário de Trotsky – foi encontrado no rio Sena. A rede de assassinos da GPU focou sobre Trotsky, através de uma série de agentes secretos. Ramon Mercader, assassino de elite de Stalin, criou uma infiltração na família de Trotsky seduzindo uma jovem marxista americana, Sylvia Ageloff.

Enquanto isto, o primeiro ataque fracassado contra a vida de Trotsky veio em 24 de maio de 1940. Agressores estalinistas da GPU – conduzidos pelo líder do PC mexicano, Siqueiros – forçou a entrada nas dependências metralhando o quarto de dormir de Trotsky. Afortunadamente, ele, sua esposa e neto escaparam por pouco da morte. Um dos guardas de plantão, Robert Sheldon Harte, foi sequestrado e seu corpo decomposto foi descoberto em uma mina de calcário um mês mais tarde.

Grande mártir

“Haverá punição para os vis assassinos. Durante toda sua vida heroica e bela, Lev Davidovich acreditou na emancipação futura da espécie humana. Durante os últimos anos de sua vida, sua fé não vacilou; pelo contrário, tornou-se apenas mais madura, mais firme do que nunca. A futura humanidade emancipada de toda opressão triunfará sobre todo tipo de repressão…” (Como aconteceu, novembro de 1940, escrito pela esposa de Trotsky, Natalya Sedova)

A segunda tentativa em agosto de 1940 foi fatal. Leon Trotsky foi assassinado pelas mãos do assassino da GPU, Ramon Mercader. Depois de ter sido julgado culpado de assassinato, ele cumpriu uma pena de 20 anos e logo voltou para o leste europeu onde foi condecorado por seus serviços pelo regime estalinista.

Trotsky foi o maior mártir da classe trabalhadora. O trotskismo ou o marxismo foram e ainda continuam sendo a tendência mais perseguida da história. Os ataques a militantes e apoiadores são apenas uma continuação dessa campanha.

Enquanto os fracos de coração e céticos fizeram as pazes com o estalinismo, Trotsky e um pequeno grupo de correligionários defenderam as ideias do marxismo em um período histórico de retirada e reação. Este foi o maior papel de Trotsky.

Esta nova geração tem uma dívida colossal com aqueles que lutaram contra a corrente. Cabe-nos agora armar-nos com as ideias genuínas do marxismo como uma preparação concreta para as futuras tempestades e rebeliões que inevitavelmente se desdobrarão.

(Publicado pela primeira vez em Militant, 16 de agosto de 1985).

Traduzido por: Fabiano Adalberto

Luiz Gonzaga Belluzzo: A direita brasileira defende o darwinismo social


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Publicado no Correio do Brasil

Belluzzo é um dos economistas heterodoxos brasileiros mais respeitados

“A direita no Brasil defende desabridamente os princípios do darwinismo social, acolitada por intelectuais de segunda classe”. A afirmação é do economista Luiz Gonzaga Belluzzo, um intelectual de formação pluridisciplinar formado em Direito pela Universidade de São Paulo em 1965. Em recente entrevista exclusiva ao Correio do Brasil, Belluzzo, que estudou Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, faz uma análise quanto aos horizontes econômicos brasileiros. Belluzzo cursou a pós-graduação em Desenvolvimento Econômico, promovido pela CEPAL/ILPES e graduou-se em 1969. Doutorou-se em 1975 e tornou-se professor – titular na Universidade Estadual de Campinas em 1986.
No campo das políticas públicas, Belluzzo foi assessor econômico do PMDB, entre 1974 e 1992, e secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda (1985-1987), durante o governo de José Sarney. De 1988 a 1990, foi secretário de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, durante a gestão de Orestes Quércia. Foi chefe da Secretaria Especial de Assuntos Econômicos do Ministério da Fazenda (governo Sarney).
Luiz Belluzzo é considerado um dos melhores economistas heterodoxos do Brasil, devido às suas interpretações, sugestões e críticas à sociedade brasileira, sob a ótica de Karl Marx e John Maynard Keynes. Em 2001, foi incluído no Biographical Dictionary of Dissenting Economists entre os 100 maiores economistas heterodoxos do século XX.. Recebeu o Prêmio Intelectual do Ano – Prêmio Juca Pato, de 2005.
– Por que as agências de anotações decidiram baixar a nota de crédito do Brasil?
– Essa decisão foi anunciada em meados do ano passado quando as manifestações populares estavam no ápice. Isso foi interpretado pelos senhores do mercado e pela mídia como um sinal de desaprovação da política econômica dos governos do PT, sobretudo contra o “excessivo intervencionismo” do governo Dilma e até mesmo contra o “assistencialismo” das políticas sociais. O anúncio pelo Federal Reserve de redução do Quantitative Easing ateou gasolina ao fogo e formou-se um tsunami de pessimismo em torno da “vulnerabilidade” do Brasil.
Mais recentemente, a nova presidente do Fed, Janet Yellen colocou o Brasil entre os cinco países mais vulneráveis, opinião fundamentada em um relatório vergonhoso de sua assessoria, eivado de deficiências técnicas. As críticas ao relatório foram disparadas por economistas independentes, como Paul Krugman que declarou enfaticamente que o Brasil não está entre os mais vulneráveis> Disse mais: a despeito do desempenho sofrível da indústria machucada pelo câmbio valorizado e da inflação acima da meta (variando nas imediações de 5,6% ao ano), os indicadores dívida bruta /PIB, dívida líquida, dívida externa de curto prazo/PIB são considerados satisfatórios.
Quanto às manifestações, a esmagadora maioria dos manifestantes reclamava a melhoria dos serviços públicos, saúde, educação, transporte urbano. Ou seja, clamavam por mais investimento dos governos manietados pelos ditames dos mercados financeiro que gritam “fogo !” diante de qualquer ameaça a seus poderes e ameaçam os países com a chicote das agência de risco
– A grande imprensa no Brasil e a oposição parecem se jubilar com a perda de credibilidade do Brasil, Em geral os capitalistas praticam o patriotismo econômico em época de crise…no Brasil eles apostam no fracasso da economia e na degringolada geral. Inclusive destilam na imprensa internacional que a contabilidade nacional foi manipulada a fins político?
– Escreví na revista Carta Capital que a eleição presidencial vem baixando o nível do debate, com polarização de opiniões, exageros de pontos-de-vista e abandono dos argumentos, não raro substituídos por ataques “ad hominem”. A campanha eleitoral já em curso, como outras, emite sinais de pródigas manifestações de maniqueísmo. O expediente de satanizar o adversário revela, esta é minha opinião, indigência mental e despreparo para a convivência democrática. Intelectuais, incluídos os jornalistas, não escapam destes desígnios: as sagradas funções da crítica e da dúvida sistemática são atropeladas pela paixão política.
Leio sistematicamente as colunas dos jornais brasileiros. Leio sempre com o espírito disposto a considerar os argumentos, mesmo aqueles que não batem com meus juízos e julgamentos.
Pois, embrenhado no cipoal de opiniões, deparei-me com um luminar da sabedoria nativa que, do alto de sua coluna, alertava a nação para os perigos da exploração do “coitadismo”. Imagino que vislumbrasse nas políticas de redução da pobreza uma afronta aos méritos dos cidadãos úteis e eficientes.
Lembrei-me de uma palestra memorável do escritor norte-americano David Foster Wallace. Diante dos estudantes do Kenyon College, Foster Wallace começou sua fala com um apólogo:
– Dois peixinhos estão nadando juntos e cruzam com um peixe mais velho, nadando em sentido contrário.
Ele os cumprimenta e diz:
– Bom dia, meninos. Como está a água?
Os dois peixinhos nadam mais um pouco, até que um deles olha para o outro e pergunta:
– Água? Que diabo é isso?
Wallace prossegue:
– O ponto central da história dos peixes é que a realidade mais óbvia, ubíqua e vital costuma ser a mais difícil de ser reconhecida… Os pensamentos e sentimentos dos outros precisam achar um caminho para serem captados, enquanto o que vocês sentem e pensam é imediato, urgente, real. Não pensem que estou me preparando para fazer um sermão sobre compaixão, desprendimento ou outras “virtudes”. Essa não é uma questão de virtude – trata-se de optar por tentar alterar minha configuração padrão original, impressa nos meus circuitos. Significa optar por me libertar desse egocentrismo profundo e literal que me faz ver e interpretar absolutamente tudo pelas lentes do meu ser.
O povo brasileiro tem manifestado seu desacordo com os bacanas que, como os peixinhos, mergulhados em seu egocentrismo, não conseguem reconhecer o ambiente social em que vivem. Por isso, os bem sucedidos tratam os beneficiários das políticas sociais como pedintes, não enquanto sujeitos de direito.
– Como o senhor analisa este tipo de comportamento?
– Nas últimas décadas, certos liberais brasileiros julgam defender o mercado desfechando invectivas contra as políticas públicas que, em sua visão, contradizem os critérios “meritocráticos”. A direita no Brasil defende desabridamente os princípios do darwinismo social, acolitada por intelectuais de segunda classe.

Marilza de Melo Foucher é economista, jornalista e correspondente do Correio do Brasil em Paris.

Postado por Valdir Pereira às 21:00

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MARX E ENGELS: ASPECTOS DA VIDA

E DA OBRA DOS
FUNDADORES DO MARXISMO

Francisco P. Silva
Professor e membro do LEMARX
Mestre em Direito, militante marxista

I – INTRODUÇÃO

Apresentamos, numa ordem cronológica, os textos e aspectos mais importantes da vida e da obra de Karl Marx e Friedrich Engels, publicados em livros, revistas, periódicos, jornais e sites, remetendo os leitores às fontes, aos textos de Marx e Engels. Em virtude da riqueza de acontecimentos da vida revolucionária e intelectual dos dois pensadores, muita coisa importante foi preterida. O leitor pode, no entanto, aprofundar os conhecimentos fazendo a leitura das biografias existentes.

Quanto aos aspectos biográficos, existem bons livros que retratam a vida e a obra dos dois revolucionários, em sua ligação com a luta social. Entre eles podemos citar: RIAZANOV, David. Marx e Engels e a história do movimento operário. São Paulo, LPM,1990; HOBSBAWM, Eric (org.). História do Marxismo. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1985; BEER, Max. História do Socialismo e das lutas sociais. São Paulo, Expressão Popular, 2006; LÊNIN, V. I. As Três Fontes. São Paulo, Expressão Popular, 2001; Kautsky, Karl. As Três Fontes do Marxismo. São Paulo, Centauro, 2002; COGGIOLA, Osvaldo. Engels: o segundo violino. São Paulo, Xamã, 1995; MACLELLAN, David. Karl Marx: vida e pensamento. Petrópolis, Vozes, 1990; HOFMANN, Werner. A História do pensamento do movimento social nos séculos XIX e XX. Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, 1984; LUKÁCS, Georg. O Jovem Marx e Outros Textos Filosóficos. Rio de Janeiro, UFRJ, 2007; MANDEL, Ernest. A formação do pensamento econômico de Karl Marx (de 1843 até a redação de O Capital). Rio de Janeiro, Zahar, 1968; FREDERICO, Celso. O Jovem Marx: as origens da ontologia do ser social. São Paulo, Cortez, 1995; LÖWY, Michael. A Teoria da Revolução no Jovem Marx. Petrópolis, RJ, Vozes, 2002; BOTTOMORE, Tom (org.). Dicionário do Pensamento Marxista. Rio de Janeiro, Zahar, 2001.

II – ENCONTRO PARA UMA OBRA COMUM

Marx nasceu em 5 de maio de 1818 em Trier, Alemanha, morreu em 14 de março de 1883, em Londres; Engels nasceu em 28 de novembro de 1820 em Barmen, na Alemanha, faleceu em 5 de agosto de 1895, em Londres, Inglaterra. Marx era filho de um advogado judeu, convertido ao protestantismo, adepto de idéias liberais e democráticas, razão pela qual a casa de Marx se tornou um ambiente de discussão em torno de teóricos iluministas e liberais, como Voltaire e Rousseau. Engels, de outro, era filho de um rico industrial do ramo têxtil, de família religiosa e conservadora, em cujo seio teve uma formação calvinista.

Marx e Engels chegaram ao mesmo referencial por caminhos bem particulares. Marx, aos 17 anos, ingressou na Universidade de Bonn, onde cursou Direito, transferindo-se em seguida para a Universidade de Berlim, concluindo seus estudos em Filosofia. Doutorou-se em 1841, em filosofia, na Universidade de Iena, com a apresentação de uma tese sobre os filósofos materialistas da antiguidade, Demócrito e Epicuro. Engels, por sua vez, não fez faculdade. Educado para suceder o pai nos negócios, mostrou dotes literários na escola, sendo influenciado inicialmente pelos liberais democráticos. Em 1841, uniu-se ao círculo jovem-hegeliano e destacou-se na crítica da filosofia conservadora de Schelling, um teórico opositor das idéias de Hegel. Por influência de Moses Hess, revolucionário alemão, Engels se tornou comunista mais cedo que Marx.

Encontrando-se em Paris em 1844, comunistas assumidos, Marx e Engels tomaram consciência das conclusões teóricas a que haviam chegado, a partir de suas experiências e estudos filosóficos e científicos. Colocaram firmemente a tarefa de produzir uma obra em comum de crítica aos jovens hegelianos, grupo que haviam integrado, expondo a nova concepção materialista. É o início de uma longa, tortuosa e profícua vida teórica e prática revolucionária, que findaria apenas com a morte de Marx, em 1883. Vejamos os principais fatos de sua vida revolucionária e as obras que produziram:

III – DO HEGELIANISMO À CRÍTICA DA SOCIEDADE BURGUESA

(1837)

Na Carta de Marx ao pai (1837), uma das únicas preservadas, Marx apresenta um balanço de seu desenvolvimento intelectual no primeiro ano na Universidade de Berlim. Como era característico de Marx, para passar a um novo patamar intelectual, realizava uma avaliação crítica de seu passado teórico. Marx diz no texto: “Há momentos na vida que, tais quais marcas fronteiriças, colocam-se diante de um período concluído, porém, ao mesmo tempo, com determinação, para uma nova direção”.

É, portanto, o relato do encontro com as idéias de Kant e Fichte, suas debilidades, leituras de poetas e filósofos e a necessidade de superá-los a partir do novo patamar teórico que havia chegado, o sistema hegeliano. Por isso, Marx expressa já a influência de Hegel, ao dizer que, para além do formalismo kantiano, que fazia uma clivagem entre o real e o ideal (ser e dever ser), era preciso “investigar as idéias na realidade mesma”, em seu movimento, em suas contradições, em seu devir.

Expressa seu encontro inicial tortuoso com Hegel e o Clube de Doutores (Doctorclub), a ala esquerda do pensamento hegeliano, do qual faziam parte Bruno Bauer, Karl Köppen, Adolf Rutenberg, Edgar Bauer, Ludwig Buhl, Karl Nauwerk e Max Stirner. É o início de uma complexa, crítica e autocrítica relação com o pensamento hegeliano. A carta pode ser encontrada em http://www.scientific-socialism.de/KMFEDireitoCapa.htm. Os textos da juventude de Marx e Engels foram publicados em: MARX, Carlos. Escritos de Juventude. México, Fundo de Cultura Econômica, 1987.

(1841)

Marx apresentou a tese de doutoramento intitulada Diferença entre as filosofias da Natureza em Demócrito e Epicuro à Universidade de Iena, na Alemanha, recebendo o título de Doutor. É a última presença de Marx na academia. Suas esperanças de se tornar professor universitário se esvaem quando a reação monárquica prussiana expulsa Bruno Bauer da cátedra de Teologia da Universidade de Bonn.

Em sua tese, Marx desenvolve uma análise criativa e única dos filósofos materialistas da antiguidade e suas importantes contribuições para o desenvolvimento filosófico e científico. Critica os jovens hegelianos por não manterem uma atitude crítica e autocrítica em relação ao mestre, Hegel. Há as seguintes publicações em português: MARX, Karl. Diferença entre as Filosofias da Natureza em Demócrito e Epicuro. Lisboa, Presença, 1972. Há uma edição brasileira: MARX, Karl. Diferença entre as Filosofias da Natureza em Demócrito e Epicuro. São Paulo, Global, 1979.

(1842)

Marx se dedica ao jornalismo e colabora com a Rheinische Zeitung (Gazeta Renana), um jornal da burguesia liberal, que tinha como horizonte a defesa das idéias democráticas, de mudanças políticas e reforma do Estado. Nele, Marx publica textos decisivos na sua trajetória intelectual, que expressam o contato com questões sociais, como a criminalização com o avanço da propriedade privada de um antigo costume camponês de recolher lenha nas florestas comunais, a situação dos vinhateiros do Mosela, os ataques à liberdade de imprensa pelo governo monárquico, entre outros. Redige O Manifesto Filosófico da Escola Histórica do DireitoDebates acerca da Lei sobre o Furto de MadeiraSobre a Liberdade de Imprensa.

É durante este período que Marx é forçado, pela primeira vez, a tomar posição sobre as idéias socialistas pressionado por um jornal de direita. Em resposta, Marx conclui sobre a necessidade de estudar as idéias socialistas para poder manifestar-se sobre elas. Alguns destes textos podem ser lidos em: http://www.scientific-socialism.de/KMFEDireitoCapa.htm. O texto sobre A liberdade de imprensa foi publicado em português em: MARX, Karl. A liberdade de imprensa. Porto Alegre, L&PM, 1980 eNotas sobre as recentes instruções prussianas relativos à censura. In: MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. Sobre literatura e arte. São Paulo, Global, 1986.

(1843)

Por conta da censura, Marx deixa a Gazeta Renana, casa-se com Jenny von Westphalen e vai para Kreuznach. Dedica-se à crítica do pensamento de Hegel, em especial sobre o direito e o Estado. O produto deste acerto de contas é o Manuscrito de Kreuznach, também chamado de Crítica à Filosofia do Direito de Hegel ou Crítica da Teoria do Estado de Hegel, só publicada em 1927 pelo historiador marxista David Riazanov, na Rússia. Nele, Marx se mostra um democrata radical, influenciado pelo materialismo de Feuerbach, realiza uma crítica à lógica idealista hegeliana, que, no fundo, legitimava a monarquia.

Defende idéias radicais como a soberania popular, se opõe à monarquia e cita passagens que se tornaram célebres como: “A democracia é o enigma resolvido de todas as constituições”, “O homem não existe em razão da lei, mas a lei existe em razão do homem”, “não é a constituição que cria o povo, mas o povo que cria a constituição”. Enfim, encontra com seu objeto de estudo: a sociedade. No ano seguinte, iniciará o estudo da anatomia da sociedade burguesa: a economia política. O texto foi publicado em português: MARX, Karl. Contribuição à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel. São Paulo, Boitempo, 2005; MARX, Karl. Contribuição à crítica da Filosofia do Direito de Hegel. In: Manuscritos Econômico-Filosóficos. São Paulo, Martin Claret, 2004.

(1844)

No final de 1843, Marx viaja para Paris, centro das idéias e movimentos socialistas. Estuda a história da Revolução Francesa, de 1789, as idéias socialistas e os teóricos da economia política. Conhece socialistas como Proudhon e Bakunin e entra em contato com a Liga dos Justos, fundada por Weitling. Funda a revista Anais Franco-Alemães(Deutsch-Franzosische Jahrbucher), junto com Arnold Ruge. No único número, que saiu em fevereiro de 1844, Marx publicou A questão judaica e Introdução à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel. Nesta revista, Friedrich Engels também publicou o textoEsboço de uma Crítica da Economia Política. No jornal Vorwärts, Marx publicou asGlosas Críticas. Encontra-se com Engels e planejam uma obra em comum de crítica da filosofia jovem-hegeliana.

Os textos de 1844, de Marx e Engels, A Questão JudaicaIntrodução à Crítica da Filosofia do Direito de HegelManuscritos Econômico-Filosóficos; Glosas Críticas Marginais ao Artigo “O Rei da Prússia e a Reforma Social” de um Prussiano representam um avanço em suas concepções filosóficas, políticas e econômicas. Neles, Marx realiza uma crítica da cidadania burguesa limitada e defende a perspectiva da emancipação humana.

Assume-se socialista e revolucionário e, filosoficamente, encontra-se com o sujeito revolucionário da época atual: o proletariado. Estuda os economistas burgueses, aprofunda sua visão da sociedade capitalista, da propriedade privada e da alienação. Expõe a sua primeira abordagem do comunismo. Critica o reformismo social, o Estado e a política. Parte dos textos pode ser encontrada em: www.marxists.org. Há publicação em português de: MARX. Karl. Introdução à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel. In:Contribuição à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel. São Paulo, Boitempo, 2005; MARX, Karl. A Questão Judaica. São Paulo, Centauro, 2002; MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos. São Paulo, Boitempo, 2006.

(1845)

Expulso de Paris por pressão do governo alemão, Marx viaja a Bruxelas (Bélgica), onde se encontra com Engels. Elaboram e publicam sua primeira obra conjunta: A Sagrada Família. Neste texto, os dois revolucionários realizam uma crítica mordaz dos jovens hegelianos, em especial aos irmãos Bruno e Edgar Bauer, defendendo o materialismo contra o idealismo. Marx redige também as Teses sobre Feuerbach, publicadas postumamente por Engels em 1888.

Nas famosas teses Marx faz uma síntese das idéias que começará a desenvolver, junto com Engels, em A Ideologia Alemã, no transcurso do mesmo ano até 1846. É a primeira crítica aberta a Feuerbach, em cujas idéias Marx se baseou desde a crítica de Hegel em 1843.

Há passagens memoráveis como “Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-lo”, “Mas, a essência humana não é uma abstração inerente a cada indivíduo. Na sua realidade ela é o conjunto das relações sociais”, “A doutrina materialista de que os seres humanos são produtos das circunstâncias e da educação, [de que] seres humanos transformados são, portanto, produtos de outras circunstâncias e de uma educação mudada, esquece que as circunstâncias são transformadas precisamente pelos seres humanos e que o educador tem ele próprio de ser educado”, “A questão de saber se ao pensamento humano pertence a verdade objetiva não é uma questão da teoria, mas uma questão prática. É na praxe que o ser humano tem de comprovar a verdade, isto é, a realidade e o poder, o caráter terreno do seu pensamento. A disputa sobre a realidade ou não realidade de um pensamento que se isola da praxe é uma questão puramente escolástica”.

Em 1845, Engels escreveu uma obra magistral: A situação da classe trabalhadora na Inglaterra, uma análise contundente das raízes da sociedade capitalista, da industrialização, da classe trabalhadora, de suas organizações, enfim denuncia as condições de miséria e exploração dos operários. Parte dos textos podem ser encontrados em: www.marxists.org. Há publicações em português em: MARX, Karl.Teses ad Feuerbach. In: A Ideologia Alemã. São Paulo, Boitempo, 2007; MARX, Karl. A Sagrada Família. São Paulo, Boitempo, 2003; ENGELS, Friedrich. A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra. São Paulo, Boitempo, 2008.

(1846)

Marx e Engels findaram A Ideologia Alemã; Marx redige uma Carta a Pável V. Annenkov. Em Bruxelas, Marx e Engels levam à frente o projeto da unidade entre teoria e prática revolucionária, organizam um Comitê de Correspondência, com o objetivo de socializar as idéias e lutas comunistas, aproximando os revolucionários e as organizações. Concluem o manuscrito de A Ideologia Alemã, que não seria publicado por dificuldades editoriais, permanecendo inédito até 1932, quando é publicado na Rússia. É o acerto de contas final com a sua consciência filosófica anterior, o hegelianismo e os jovens hegelianos. Trata-se da primeira e mais extensa, profunda e densa crítica dos dois socialistas à filosofia idealista e a exposição da concepção materialista da história, que desenvolverão nas obras posteriores.

O materialismo histórico parte da perspectiva, empiricamente observável e historicamente demonstrada, da anterioridade da matéria sobre as idéias e a consciência. Trata-se de um fato já demonstrado pelas ciências que estudam o passado da humanidade (paleontologia, arqueologia, história) e do universo (física). A natureza inorgânica, durante bilhões de anos, e, mesmo a orgânica (animais e plantas), existiu antes do advento dos primeiros humanos e continuará a existir mesmo se a humanidade for exterminada. Somente em determinadas condições históricas, é que a consciência começou a se desenvolver, sob a base da matéria altamente evoluída (o cérebro) até chegar ao estágio atual. A consciência é, portanto, um estágio superior de desenvolvimento da matéria e só pode existir sob esta base material.

Eis um dos motivos pelos quais o materialismo é inconciliável com as diversas concepções idealistas, que se apegam ao princípio da anterioridade da idéias, da consciência, sobre a matéria, posição evidentemente sem qualquer base histórica. As concepções idealistas, desde a platônica até as mais recentes, no fundo se casam com as concepções religiosas, de modo que a idéia primeira se confunde com a própria idéia de um ser sobrenatural, superior e anterior ao mundo, que o teria criado, segundo um plano pré-estabelecido, em que o destino dos homens se encontra previamente traçado e contra o qual é impossível lutar.

Mas não se trata do materialismo mecânico do século XVIII. O materialismo de Marx é histórico e dialético. A materialidade de que Marx parte é a materialidade social: as condições de produção e reprodução da vida social. O trabalho é a atividade que faz a mediação entre os homens e a natureza na produção das condições materiais, necessárias à existência da vida em sociedade. Nenhuma sociedade é possível sem o trabalho, sem a relação metabólica do homem com a natureza. Mais trabalho ou menos trabalho, explorado ou associado, mas sempre o trabalho será, como diz Marx, a eterna relação do homem com a natureza para produzir os meios de produção e de subsistência. Mesmo a sociedade mais evoluída (comunista) terá como base o trabalho associado, livre, coletivo e destinado a atender as necessidades sociais, estando todo o processo de trabalho sob controle dos produtores.

Desta forma, no processo histórico, os homens estabelecem entre si relações de produção, de cooperação ou de exploração, que se expressam nas relações de propriedade. Ao longo da história, os homens passaram por diversas formações socioeconômicas, cada uma com determinadas formas de trabalho. São estas condições socioeconômicas, ao longo da história, que constituem a base sobre a qual se constroem determinadas formas de consciência social (arte, filosofia, religião, ciência, direito, entre outras) e as instituições jurídico-políticas (Estado).

A formação social é a articulação de modos de produção, em que um é dominante. Isto significa que numa mesma formação social permanecem resquícios de relações sociais anteriores. Na sociedade burguesa, baseada na indústria e na exploração do trabalho assalariado pelo capital, observa-se a permanência de relações sociais pré-capitalistas, particularmente nos países capitalistas mais atrasados. Entretanto, na sociedade burguesa, o modo de produção capitalista é o dominante e tende mesmo a se expandir gradualmente, mercantilizando as relações sociais e colocando-as sob o controle do capital.

O modo de produção é uma articulação de forças produtivas (força de trabalho, ferramentas, instalações etc.) e relações de produção (se expressam nas relações de propriedade). As relações de produção podem desenvolver ou obstaculizar o avanço das forças produtivas. Enquanto foi possível expandir as relações mercantis, sob a base da propriedade privada, as relações de produção capitalistas incentivaram o desenvolvimento da ciência e da técnica, aplicando-as ao processo produtivo, aumentando a produtividade do trabalho, incrementando a quantidade e qualidade das mercadorias, diminuindo o tempo de trabalho socialmente necessário para produzi-las.

Hoje, quando os mercados estão partilhados entre as potências, o emprego limitado da técnica na produção é acompanhado do desemprego crônico e de crises de superprodução, quase permanentes. As relações de produção capitalistas tornaram-se um estorvo ao desenvolvimento da ciência e da técnica e a sua aplicabilidade para resolver os problemas da humanidade. Quando isto ocorre, diz Marx, abre-se uma época de revolução social. Desde o início do século XX, vivenciamos revoluções proletárias em vários países. Esta concepção materialista da história, desenvolvida por Marx e Engels, é a base segura para a compreensão do passado e do presente, abrindo perspectivas para a luta por novas relações sociais (socialismo).

É preciso dizer ainda que o período que estamos analisando é também um momento de acerto de contas com outros socialistas como Joseph Proudhon e Weitling. Na Carta a Annenkov, Marx critica a obra de Proudhon, denominada Filosofia da Miséria. É o fim de uma simpatia que nutria por Proudhon, em particular por sua obra O Que é a Propriedade?. Marx demonstra o caráter reformista das teses de Proudhon, que sequer arranham com as relações de produção capitalista, e, por conseqüência, seu apego aos ideais burgueses abstratos (liberdade, igualdade), transmutando-os para a sua análise da sociedade burguesa. O texto de Marx pode ser encontrado em: www.marxists.org. Há publicação em português: MARX, KarlA Ideologia Alemã. São Paulo, Boitempo, 2007.

(1847)

Finalmente, Marx e Engels se integram à Liga dos Justos, uma organização que evolui para o comunismo e que se torna, por influência de Marx, a Liga dos Comunistas, inscrevendo em seu estatuto a luta pelo fim da propriedade privada. Em seu primeiro Congresso, Marx e Engels são encarregados de escrever um manifesto, apresentando as idéias e os princípios da nova organização comunista. Engels elabora um documento em forma de perguntas e respostas intitulado Princípios do Comunismo. Com base nele, Marx e Engels elaboram o Manifesto do Partido Comunista, que será publicado no ano seguinte. Além do trabalho na Liga dos Comunistas, Marx e Engels fundam uma Associação de Operários em Bruxelas.

Neste ano, Marx publica uma crítica mais acabada às idéias de Proudhon, denominada A Miséria da Filosofia, em oposição à Filosofia da Miséria. Mostra as fraquezas das teorias de Proudhon e sua adaptação às relações de produção burguesas. Expõe também de forma mais profunda a teoria materialista da história, a partir de uma análise dos teóricos da economia, consolidando, numa síntese concreta do desenvolvimento econômico-social, as aquisições teóricas anteriores. Os textos podem ser encontrados, em parte, no site: www.marxists.org. Há publicação: MARX, Karl. A Miséria da Filosofia. São Paulo, Centauro, 2001.

(1848)

Marx e Engels foram encarregados de redigir um manifesto pela Liga dos Comunistas em 1847 sobre o programa e as idéias da organização comunista. O texto só foi publicado em fevereiro de 1848, quando explodiu a Revolução de 1848 na Europa. Na França, a monarquia é derrubada e proclamada a República. Os operários demonstram a força e o vigor apresentando suas próprias reivindicações, diferenciando-se claramente da burguesia. A burguesia reage à luta operária com repressão. Expulsos de Bruxelas, Marx retorna a Paris e em seguida à Alemanha, organizando, com Engels, em Colônia, a revista Neue Rheinische Zeitung. Participam ativamente das lutas políticas, dirigindo a associação operária de Colônia e a resistência operária em Elberfeld.

Manifesto Comunista de 1848 é um marco na história do pensamento da humanidade, constituindo uma síntese do desenvolvimento histórico da sociedade burguesa e de suas contradições. Analisa as principais tendências políticas do movimento socialista e assenta o programa dos comunistas no movimento operário. Fazendo uma análise histórica do capitalismo, mostra que o comunismo não é uma utopia, como acreditavam os socialistas anteriores, mas uma possibilidade aberta pelo desenvolvimento da sociedade burguesa atual, com o processo de industrialização, articulação da economia mundial, desenvolvimento da ciência e surgimento do proletariado, classe que produz a riqueza social, apropriada pelo capital sob a forma da mais-valia, que vive inteiramente de seu próprio trabalho e que não tem, portanto, interesse em manter a sua exploração social.

Entretanto, a emancipação do proletariado deve ser realizada pelo próprio proletariado. Marx deixa patente a necessidade de organização política do proletariado em um partido de novo tipo, capaz de levar até as últimas conseqüências o processo de transformação social. O manifesto é uma obra, que, ainda hoje, representa uma fonte para os revolucionários, que lutam pela superação do capitalismo e a construção de uma sociedade socialista. Foi publicado em diversos idiomas. O texto pode ser encontrado em: www.marxists.org. Em português ver: MARX, Karl. O Manifesto Comunista. São Paulo, Boitempo, 1998.

(1849 – 1852)

Neste período, marcado pela derrota das lutas operárias e pela avassaladora contra-revolução burguesa na Europa, os revolucionários dos diversos países sofreram perseguição, repressão e condenações da justiça burguesa. São desse período:Trabalho Assalariado e Capital (1849)As Lutas de Classes na França de 1848 a 1850 (1850); 18 Brumário de Luís Bonaparte (1852)Mensagem do Comitê Central à Liga dos Comunistas (1850); Carta a Joseph Weydemeyer (1852); Revolução e Contra-Revolução na Alemanha (1852); O Recente Julgamento de Colônia (1852). Marx e Engels são processados pela justiça alemã por criticar as autoridades e participar da resistência política. São absolvidos no processo judicial de Colônia.

Os escritos do período de 1849 a 1852, particularmente As Lutas de Classes na FrançaO 18 Brumário traçam um quadro histórico dos acontecimentos revolucionários, dos quais Marx e Engels tiram importantes conclusões históricas sobre o caráter contra-revolucionário da burguesia nos acontecimentos de 1848 em diante, o papel do operariado como classe potencialmente revolucionária e a luta de classes como motor dos fatos históricos.

Trabalho Assalariado e Capital foi produto de conferências de Marx aos operários, nele se faz uma análise das relações entre capital e trabalho no capitalismo. Na Mensagem do Comitê Central à Liga dos Comunistas, Marx expõe o caráter permanente da revolução socialista e alerta para o fato dos operários manter a vigilância frente a burguesia e a pequena-burguesia, assegurando a independência de classe em todas as situações, não deixando que a revolução se esgote nas tarefas democráticas.

Marx continua suas atividades revolucionárias em Londres, onde passa a morar com a família, seja no apoio aos emigrados, seja reforçando a luta dos operários e de suas organizações. Passando por muitas privações financeiras, encontra apoio no amigo Engels. Marx escreve para o jornal New York Daily Tribune Die Revolution. Os textos podem ser encontrados em www.marxists.org.

(1853 – 1858)

Durante um longo período, com a saúde agravada, Marx afasta-se temporariamente dos estudos de economia política, que só retomará em 1857. Escreve para os periódicosNew York Daily TribunePeoples`s Paper e Neue Oder-Zeitung, sobre diversos temas e fatos da época, tais como A Guerra da Criméia, Revolução Espanhola, a dominação britânica da Índia, China, Guerra Anglo-Persa e um ensaio sobre Símon Bolívar. Foram escritos nesta fase: A Dominação Britânica na Índia (1853); A Companhia das Índias Orientais (1853); A Revolução na China e na Europa (1853); Os Resultados Eventuais da Dominação Britânica na Índia (1853); A Guerra Anglo-Persa (1856); A Guerra contra a Pérsia (1857); Cartas a Friedrich Engels (1856), Simon Bolívar (1858) e, particularmente, os Grundrisse (1857-1858).

Com o retorno aos estudos econômicos, Marx escreve entre 1857 e 1858 volumosos manuscritos preparatórios às suas obras posteriores de economia, que passaram a ser conhecidos como Grundrisse der Kritik der politischen Ökonomie (fundamentos para a crítica da economia política), que seriam publicados pelo Instituto Marx-Engels de Moscou, em 1939-1941. Este manuscrito, não publicado em vida, por se tratar de apontamentos sobre seus estudos, teve uma grande influência nos debates marxistas no século XX e continuam a despertar a atenção de muitos estudiosos. De qualquer forma, é um texto fabuloso, que deve ser estudado por todos os marxistas, porque ele nos dá um quadro de como Marx desenvolvia suas pesquisas. É uma fonte valiosa para a questão do método.

Uma parte do manuscrito, sobre as sociedades pré-capitalistas, foi publicada em português: MARX, Karl. Formações Sociais Pré-Capitalistas. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1979. O texto completo continua inédito em português. O texto em outras línguas: MARX, Karl. Elementos fundamentales para la crítica de la economia política (borrador): 1857-1858. Buenos Aires, Siglo XXI, 1972, 2 vols. Os demais textos em:www.marxists.org.

(1859)

Marx retomou aos estudos de economia em 1857, após um breve lapso de tempo, trabalhando resolutamente para a publicação de sua primeira grande obra econômica,Para a Crítica da Economia Política (1859). Para tanto, acumulou longos anos de estudo, desde a década de 1840, quando iniciou as primeiras leituras dos economistas clássicos. A obra tão esperada foi adiada por vários anos, até que finalmente veio a lume em 1859. Numa linguagem rebuscada e difícil, a obra se tornou um fracasso editorial. Poucos compreenderam a complexa análise empreendida pelo gigante Marx.

Os contornos fundamentais de sua teoria econômica estavam sedimentados. Trata-se de uma obra ímpar na história da economia, mas pouco lida pelos próprios marxistas. Marx dá continuidade aos artigos para o New York Daily Tribune e Das Volk. O texto pode ser encontrado em: www.marxists.org. Publicação em português: MARX, Karl. Para a Crítica da Economia Política. São Paulo, Global, 1979 e São Paulo, Martins Fontes, 1983.

(1860-1866)

O movimento operário renasce na década de 1860 na Europa, depois da contra-revolução da década de 1950. Envolvido nas lutas políticas, Marx inicia a redação de O Capital em 1863, ao tempo em que escreve inúmeros textos importantes de economia. Em 28 de setembro de 1864, é fundada a Associação Internacional dos Trabalhadores, conhecida como Primeira Internacional, em Londres, Inglaterra. Na Mensagem Inaugural, Marx diz: “Conquistar o poder político tornou-se, portanto, o grande dever das classes operárias” e finaliza dizendo: “Proletários de todos os países, uni-vos!”. Seu primeiro Congresso ocorreu em Genebra, Suíça, em 1866.

Em 1865, Marx pronuncia um discurso no Conselho Geral da Associação Internacional dos Trabalhadores, que deu origem ao livro Salário, Preço e Lucro, uma obra em que Marx, de forma clara e em linguagem simples, desenvolve a sua teoria econômica e conclui com as seguintes palavras de ordem: “Em vez do lema conservador de: Um salário justo por uma jornada de trabalho justa!, deverá inscrever na sua bandeira esta divisa revolucionária: Abolição do sistema de trabalho assalariado!”. Marx continua redigindo O Capital, concluindo sua redação em 1866.

São desse período os textos: Mensagem Inaugural da Associação Internacional dos Trabalhadores (1864); Salário, Preço e Lucro (1865); Maquinaria e Trabalho Vivo (Os efeitos da Mecanização sobre o Trabalhador)(1863); Produtividade do Capital, Trabalho Produtivo e Improdutivo (1863); Trabalho e Tecnologia (Manuscritos de 1861-1863); Carta a J. B. Von Schweitzer (Sobre Proudhon – 1865); Carta a Engels (1866) e Instruções para os Delegados do Conselho Geral Provisório: as diferentes questões (1866). Os textos podem ser lidos em: www.marxists.org. Publicações em português: MARX, Karl. Salário, Preço e Lucro. São Paulo, Global, 1981; São Paulo, Abril Cultural, 1982.

(1867)

Finalmente é publicado o primeiro livro de O Capital (1867), a obra magna de Marx. A partir da análise da forma mercadoria, como a célula mais simples da sociedade burguesa, Marx realiza uma análise profunda da organização capitalista e suas contradições sócio-econômicas. Para ele, o trabalho é a relação metabólica do homem com a natureza, a partir do qual se extraem os meios de produção e os meios de subsistência, indispensáveis à existência social. Portanto, a força de trabalho produz, desde as sociedades mais simples às mais complexas, o conteúdo material da riqueza social.

O trabalho, desde que surgiram as sociedades classistas, é explorado pela classe dominante. Na sociedade escravista antiga, os escravos eram explorados pelos ricos proprietários de terra. No feudalismo, os camponeses eram submetidos ao trabalho servil. Sob o capitalismo, o trabalho assalariado é explorado pela burguesia. O trabalho toma, portanto, determinações históricas, dependendo da formação social. Mas nenhuma delas pode existir sem trabalho, sem a relação com a natureza, sem a produção da riqueza social. A teoria do valor-trabalho é a base a partir da qual Marx analisa a sociedade burguesa e desenvolve suas idéias econômicas.

A mercadoria, começa Marx, é a célula da sociedade burguesa, e, esta constitui uma coleção de mercadorias. Com a expansão das relações capitalistas em todo o mundo, mercantilizam-se as relações sociais. Diversas coisas e relações passam a ser exploradas pelo capital.

No capítulo sobre a acumulação primitiva do capital, Marx analisa como foram constituídas as pré-condições para a sedimentação do capitalismo, através da transformação dos trabalhadores em assalariados, expropriando-os de qualquer meio de produção, e a acumulação de capital, por meio da exploração colonial, da expropriação de bens da igreja, da espoliação de camponeses e artesãos, entre outros. Coube aos Estados impor o trabalho assalariado através de leis de assalariamento, com penas para os que não se sujeitavam.

Criadas as pré-condições para a sociedade capitalista, Marx analisa como se dá a relação entre capital e trabalho no processo de produção. Através da exploração da força de trabalho pelo capital, os trabalhadores engendram a riqueza social, apropriada de forma privada pela burguesia. Sob a aparência de uma igualdade jurídico-formal, expressa no contrato de trabalho, o capital adquire a mercadoria força de trabalho no mercado, colocando-a a seu serviço durante uma certa jornada de trabalho. Pela utilização da força de trabalho, o capitalista paga o preço desta mercadoria, ou seja, o salário, que, no limite, é constituído pela quantidade de trabalho socialmente necessário para a reprodução da força de trabalho e de sua família. É evidente que o valor da força de trabalho depende da oferta e da procura, mas sofre também os condicionamentos histórico-sociais da luta de classes.

Marx continua: durante uma parte da jornada (necessária), produz-se o salário pago ao trabalhador. Na outra parte (excedente) o trabalhador produz a riqueza a mais, não paga, o excedente, apropriado sob a forma de mais-valia pelo capitalista. Portanto, a mais-valia é constituída na produção social, enquanto a sua realização, a sua transformação em capital-dinheiro, depende do comércio, da circulação. Estava desvendado o segredo da produção capitalista, da riqueza social, da acumulação de capital. A riqueza do capitalista não é produto de sua natural capacidade de negociar, como defendiam teóricos anteriores a Marx, nem da proteção divina, como imaginavam outros, mas da exploração da força de trabalho assalariada sob a base da propriedade privada dos meios de produção.

Marx analisa no capítulo sobre A lei geral da acumulação capitalista, a tendência do capitalismo de produzir, de um lado, uma imensa riqueza, acumulada pela burguesia, e, de outro, uma enorme miséria, vivenciada cotidianamente pelos trabalhadores. A pauperização relativa das massas é uma tendência geral do desenvolvimento capitalista, tendo em vista a desproporção crescente entre o que o trabalhador recebe, em salários, e o que o capitalista acumula, em capitais. A concorrência entre os capitalistas leva-os a inovar permanentemente, introduzindo a técnica mais moderna no processo de produção (capital constante), tendo em vista a produção de mais mercadorias, a um preço menor. Portanto, inovam para reduzir o tempo socialmente necessário para a produção das mercadorias e ganhar a concorrência com seus pares.

Na concorrência acirrada, ocorre a centralização e a concentração do capital em cada vez menos capitalistas, formando-se grandes monopólios. A mudança na composição orgânica do capital (aumento do capital investido em maquinaria) leva à tendência a queda da taxa de lucro, com a redução do capital variável, investido em salários. A ciência e a técnica se tornam, nas condições de aplicação burguesa, instrumentos de opressão dos capitalistas sobre os trabalhadores, incrementando o desemprego, que se torna cada vez mais estrutural, crônico.

Ao contrário dos economistas burgueses que defendiam um suposto equilíbrio permanente do mercado e a ausência de crises, Marx demonstrou o caráter cíclico da economia capitalista. O capitalismo desenvolve contradições internas, que, periodicamente, o leva a crises cada vez mais profundas. São as leis históricas da sociedade burguesa, estudadas em O Capital e desenvolvidas posteriormente por outros teóricos marxistas, particularmente quanto ao capitalismo monopolista, previsto em suas tendências por Marx.

Como ficou evidenciado ao longo do século XX, o capitalismo não cai de podre, por mais desagregadoras que sejam as suas contradições, que levam a humanidade a guerras, à destruição de forças produtivas, à miséria, ao desemprego e à fome. No máximo, ao desenvolver suas contradições sociais, arrasta a humanidade para a barbárie, mas descarrega sobre os trabalhadores os efeitos nefastos das crises econômicas. É o que percebemos na atual crise econômico-financeira, iniciada nos EUA e expandida para a Europa, América Latina, Ásia e África. Para quem achava que Marx estava morto e o capitalismo triunfante, surpreendeu-se com o estouro da crise e a profunda atualidade da teoria marxista.

Por fim, é preciso dizer que os livros II e III, de O Capital, foram publicados por Engels, respectivamente, em 1885 e 1894. O livro IV, também conhecido como Teorias da mais-valia foi publicado por Karl Kautsky, em 1905 e 1910. Há também um escrito intitulado O Capítulo VI Inédito de O Capital, que deveria se constituir o sexto capítulo do primeiro livro, segundo indicação de Marx, não chegou a ser publicado junto com o Livro I. Somente em 1933 seria publicado em Moscou. Parte dos textos pode ser obtido em: www.marxists.org. No Brasil, a obra foi publicada integralmente em: MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. São Paulo, Civilização Brasileira, 1968; São Paulo, Nova Abril Cultural, col. Os Economistas, 1982.

(1868-1872)

Marx e Engels se dedicam às atividades da Primeira Internacional, desde 1864, tentando organizá-la a partir de um programa proletário e revolucionário. Durante a sua existência, a Internacional realizou cinco Congressos, em Genebra (1866), Lousane (1867), Bruxelas (1868), Basiléia (1869) e Haia (1872). Neste último, ocorreu o embate com Bakunin e seus adeptos, causando uma cisão na Internacional e a transferência de sua sede para Nova York. Apesar dos esforços de Marx e Engels, a Internacional era, de fato, uma federação de organizações nacionais e grupos políticos de vários países, inclusive por adeptos de Bakunin, Proudhon, Mazzini e Lassalle. As divergências no interior da internacional se tornaram antagônicas, tendo em vista as profundas diferenças de pressupostos e concepções entre marxistas e anarquistas, particularmente quanto ao Estado, a transição ao socialismo, o partido político e as formas de organização do proletariado.

Além disso, um fato tornou-se a pedra de toque da Primeira Internacional e selou o seu destino: a Comuna de Paris. A Guerra Franco-Prussiana levou à derrota, humilhação e ruína da França. Sobre os escombros da guerra, o proletariado se levantou em Paris, em 1871, e tomou o poder. Tal acontecimento, de dimensões históricas internacionais, ficou conhecido como A Comuna de Paris. Apesar do pouco tempo em que os operários permaneceram no poder, a Comuna representou uma experiência monumental para a luta proletária internacional, fornecendo as bases reais para a elaboração por Marx da obra A Guerra Civil na França, de 1871, na qual analisa a experiência da Comuna, tirando conclusões históricas sobre a questão do Estado, da transição socialista, do papel do proletariado revolucionário e da direção política.

São deste período os textos: A Guerra Civil na França (1871); Artigo de Engels sobre O Capital de Marx (1868); Mensagem à União Operária Nacional dos Estados unidos (1869); Sobre o Direito de Herança em Face dos Contratos e da Propriedade Privada (1869); Extrato de uma Participação Confidencial (1870); Sobre a Comuna (Marx e Engels – 1871); Estatutos Gerais da Associação Internacional dos Trabalhadores (1871); Das Resoluções do Congresso Geral Realizado em Haia (1872). Os textos podem ser encontrados em: www.marxists.org. Publicado em português: MARX, Karl. A Guerra Civil na França. São Paulo, Global. São Paulo, Alfa-Ômega, 1980.

(1873-1883)

Este é um período em que Marx se encontra com a saúde abalada. Não consegue mais se dedicar com a mesma força e ritmo com que se atirou anteriormente à causa do proletariado e à produção teórica. Ainda consegue forças para intervir nos debates no Partido Social-Democrata Alemão, realizando uma crítica mordaz ao seu programa, que fazia concessões ao reformismo para justificar alianças com setores do movimento operário, como os lassallianos. Para tanto, redige a Crítica do Programa de Gotha (1875); Carta a W. Bracke (1875). Manifesta interesse sobre o movimento revolucionário russo.

Engels escreve várias obras importantes neste período, procurando estender a análise marxista a domínios vastos, dando grandes contribuições à teoria marxista na compreensão de várias temáticas. Deste período, pode-se citar entre outras obras de Engels: Sobre o Problema da Autoridade (1873); O Papel do Trabalho na Transformação do Macaco em Homem (1876); Anti-Dühring (1877-1878); Dialética da Natureza (1878-1882); Discurso diante da Sepultura de Marx (1883).

Karl Marx morre em Londres, em 14 de março de 1883. Em seu discurso diante da sepultura de Marx, Engels disse: “Pois Marx era antes de tudo revolucionário. Contribuir, de um ou outro modo, com a queda da sociedade capitalista e de suas instituições estatais, contribuir com a emancipação do moderno proletariado, que primeiramente devia tomar consciência de sua posição e de seus anseios, consciência das condições de sua emancipação – essa era sua verdadeira missão em vida”.

Os textos podem ser lidos em: www.marxists.org. Há as seguintes publicações: MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. Obras Escolhidas. São Paulo, Alfa-Ômega, 1980; ENGELS, Friedrich. Anti-Dühring. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1979; ENGELS, Friedrich. Dialética da Natureza. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1976;

(1884-1895)

Além de continuar a atividade de organização e publicação dos Livros II e III de O Capital, de Marx, Engels elabora obras formidáveis como A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado (1884); Contribuição à História da Liga dos Comunistas (1885) Ludwig Feuerbach e o fim da filosofia clássica alemã (1886); O Papel da Violência na História (1887-1888). Em 5 de agosto de 1995, falecia o principal amigo de Karl Marx e um dos maiores gênios produzidos pela humanidade. Deixou de existir um homem que soube produzir ciência e atuar entusiasticamente na organização das massas proletárias.

Junto com Marx, assimilou criticamente tudo de bom que foi produzido pela humanidade e contribuiu decisivamente para a compreensão da história dos homens e da sociedade capitalista. Por fim, Marx e Engels dedicaram toda a sua vida à luta contra a exploração social sem conformismos ou adaptações. Com suas vidas e sua obra, representam o cume a que chegou o pensamento histórico-social no século XIX e a abertura para novos conhecimentos na ciência social no século XX até os nossos dias.

Enquanto o capitalismo estiver de pé, enquanto houver exploração, miséria, fome e desemprego, a obra de Marx e Engels será atual e somente a partir da assimilação de suas idéias e da experiência internacional do proletariado é possível se pensar na luta conseqüente por uma nova sociedade, o socialismo. Parte dos textos podem ser obtidos em: www.marxists.org. Os textos foram publicados também em: ENGELS, Friedrich. A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1979; MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. Obras Escolhidas. São Paulo, Alfa-Ômega, 1980.


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Av. Reitor Miguel Calmon, s/n – Faculdade de Educação – Vale do Canela – Salvador – Bahia
Telefones: 3283-7249 –  Correio eletrônico: lemarxufba1@gmail.com

Um abraço

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Os limites das redes sociais, a aversão à teoria na política e uma velha lição de Rosa Luxemburgo

Para a revolucionária alemã, aversão à teoria era o principal combustível do oportunismo político.

Marco Weissheimer*

Para a revolucionária alemã, aversão à teoria era o principal combustível do oportunismo político.

O pragmatismo rebaixado que caracteriza boa parte do debate e da luta política hoje no Brasil apresenta alguns elementos em comum com as discussões diárias nas redes sociais sobre o atual momento político que vive o país: o império do curto prazo e do adventismo, a ausência de perspectiva história, a valorização de um empirismo radical e uma consequente aversão à teoria e à reflexão.

Há uma proliferação desenfreada de opiniões sobre tudo e todos. Uma proliferação  cercada de barulho e urgências discutíveis. Há um sistema de comunicação e de entretenimento em expansão ininterrupta que trabalha diariamente contra o silêncio, a reflexão e o sentido, oferecendo velocidade, euforia, instantaneidade, celebridade ou, simplesmente, alguma distração. Somos convocados a emitir opiniões rápidas sobre os “fatos do dia”, quer sejam ele fatos reais ou meros boatos ou especulações. E, de um modo geral, essa convocação vem sendo atendida com entusiasmo, alimentando um exército de opinadores e opinadoras, comentadores e comentadoras.

Exércitos de um homem (ou mulher) só também proliferam, lançando campanhas, abaixo-assinados, cartas dirigidas a autoridades, divulgando frases e fatos (nem sempre reais). A fauna é variada e crescentemente diversificada. Essa nova realidade não é resultado de nenhuma propriedade maligna das redes sociais ou de outras inovações tecnológicas na área da comunicação. Como ferramentas tecnológicas, elas podem servir para distintas finalidades.

Não somos mais apenas convidados e convocados a consumir, mas também a compartilhar, a curtir, a enviar torpedos, a participar de campanhas interativas, a dizer o que estamos pensando a cada instante, o que estamos fazendo, não importa se é lendo um livro de Platão ou escovando os dentes. E, por trás desses convites, cada vez mais, há uma iniciativa destinada a ganhar dinheiro. Por trás de toda essa poluição semântica há uma dimensão de acumulação econômica. Uma nova fronteira de acumulação monetária e de esvaziamento semântico.

O fascínio por novas tecnologias, com o consequente anúncio de admiráveis mundos novos, não é, de fato, novo. O que também não é novidade é a combinação de um empirismo radical com a aversão à teoria na política. Sobre esse ponto, vale a pena lembrar uma polêmica travada no início do século passado entre a esquerda alemã. Uma polêmica datada, sem dúvida, em vários aspectos, mas que ainda parece dialogar com o nosso presente.

Uma lição de Rosa Luxemburgo

Rosa Luxemburgo era uma adversária ferrenha de todo e qualquer empirismo em matéria de convicção e de ação políticas. Ela só concebia a atividade política como expressão de um conjunto articulado e coerente de convicções teóricas, orientadas por um certo método. No seu caso, o método marxista. Apoiada em Marx, Rosa Luxemburgo via na história um processo no qual as forças de classe lutam pela defesa de interesses originários da evolução de relações econômicas objetivas. A tarefa da esquerda, assumido esse método, consistiria em reexaminar, a cada etapa desta evolução, o rumo apontado pelas transformações econômicas e suas consequências sobre os interesses, as concepções e a atividade política dos diferentes grupos sociais. Essa reflexão permanente deveria orientar cada passo da atividade política.

A revolucionária alemã travou uma dura polêmica com Eduard Bernstein, líder e teórico da social-democracia alemã no início do século XX. Rosa Luxemburgo criticou o que considerava ser oportunismo teórico e prático do mesmo. É interessante relembrar alguns pontos desta polêmica, pois ela tem elementos que permanecem atuais, em especial aqueles relacionados ao conceito de oportunismo na política. Ao atacar as posições de Bernstein, Rosa Luxemburgo apontou as principais características daquilo que definiu como oportunismo:

“Qual a sua principal característica, exteriormente? A hostilidade à teoria. E é muito natural, pois nossa teoria impõe à atividade prática limites muito precisos, tanto no que diz respeito às finalidades que se têm em mira como aos meios a empregar para atingi-las, como também ao próprio método de luta. Daí o esforço natural dos que buscam somente resultados práticos imediatos para libertar-se, isto é, separar nossa prática da “teoria”, tornar uma independente da outra.” (“Reforma ou Revolução”, São Paulo: Ed. Expressão Popular, 1999; tradução de Lívio Xavier; página 114)

Não é preciso ser um marxista para extrair, destas passagens, algumas ideias importantes para refletir sobre a situação política brasileira. A aversão à teoria é uma realidade da nossa atividade política cotidiana. Os interesses eleitorais imediatos e a disputa por cargos na estrutura do Estado e dos governos continuam dando o tom dos acontecimentos políticos, pelo menos na superfície.

Jogando fora o bebê com a água do banho

A derrota das experiências socialistas no século XX fez com que muitos militantes e intelectuais de esquerda jogassem fora o bebê com a água do banho. Há elementos desta tradição que, talvez, não devessem ser sacrificados ao altar do empirismo. O respeito pela teoria e pela reflexão sobre a evolução das relações econômicas objetivas, tendo em vista a formulação da estratégia de ação política, é um deles.

A crítica que Rosa Luxemburgo dirige ao fenômeno da aversão à teoria na ação política, de certo modo, transpõe, para o terreno da política, uma máxima epistemológica kantiana: a intuição sem o conceito é cega, o conceito sem a intuição é vazio. De um lado, termos um empirismo cego, desprovido de conceito e embalado apenas pelo nosso contato imediato com a experiência. De outro, um doutrinarismo vazio, abstrato e descolado da experiência. A distância entre a política e a epistemologia é grande, mas essa transposição talvez possa servir como uma metáfora de advertência sobre os perigos que acompanham a sedução do empirismo na política.

A capitulação ao pragmatismo, aos interesses particulares mais imediatos e à lógica de curto prazo que os acompanha tem um alto preço: as concessões programáticas, a flacidez dos princípios, o abandono gradativo dos conceitos que estruturam um projeto coletivo, a degradação progressiva da qualidade da ação política. Neste sentido, talvez não seja um bom caminho para a esquerda abandonar completamente algumas ferramentas metodológicas e alguns conceitos de sua melhor tradição. Ferramentas e conceitos que não se compram no Facebook ou em qualquer outra rede social, mas sim na valorização da memória, do estudo e da perspectiva histórica.

 

Marco Aurélio Weissheimer, 42 anos, é jornalista da Agência Carta Maior, desde sua criação em 2001. Bacharel e mestre em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ufrgs). Trabalhou como tradutor e editor na introdução das edições em português do jornal Le Monde Diplomatique. É um dos autores do livro 100 propositions du Forum Social Mondial (Éditions Charles Léopold Mayer – Alliance des Éditeurs Indépendants, Paris, 2006), também lançado no Brasil (100 propostas do Fórum Social Mundial, Vozes, Petrópolis, 2006) e na Venezuela (Cien proposiciones del Foro Social Mundial, Editorial Laboratório Educativo, Caracas, 2006). Trabalhando na Carta Maior, acompanha o Fórum Social Mundial desde sua primeira edição, em 2001, dedicando-se também a cobertura de outros fóruns sociais regionais e temáticos pelo mundo.

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Para poder compreender o socialismo


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O socialismo é uma ideologia e uma prática política que, em maior ou menor grau, se definem pelas seguintes características:

1- Conceção materialista — Toda a ideologia socialista assenta numa conceção meramente materialista do homem, do mundo e da sociedade. O socialismo autodefine-se como «laico» e «republicano», mas é uma religião na qual a democracia é a divindade, a «soberania popular» é a fonte da fé, o camarada secretário-geral é o papa e a máquina partidária é o clero.

2- Sobrevalorização do conceito de povo e consequente diluição do ser humano individual — O socialismo concebe a sociedade como um grupo o mais unido e coeso possível, como uma máquina de produção de «resultados», com uma consequente diluição do indivíduo. Este valoriza-se pelos resultados que produz do seu trabalho, daí a insistência no trabalho e nos trabalhadores. É a valorização da sociedade em detrimento do indivíduo que implica a luta pela igualdade e pela democracia, em nome da «coesão social» e da «inclusão». A preocupação ecológica entende-se como alargamento da diluição do indivíduo na própria natureza e no Universo. Para o socialismo, o importante é o coletivo e as estatísticas. O indivíduo, enquanto tal, é uma mera peça descartável, só sendo valorizado pelos resultados do seu trabalho. Direitos individuais são considerados privilégios ilegítimos, que é necessário combater. O socialismo ortodoxo também não admite o direito à propriedade privada. Em última instância, resultados é tudo o que contribui para o socialismo atingir e conservar o poder, como os votos.

3- A «soberania popular», como fundamento ideológico supremo — Como o socialismo é intrinsecamente materialista, fundamenta-se a si mesmo na «soberania popular». A soberania é o topo, acima do qual nenhum poder se reconhece. O socialismo assenta no conceito de democracia «radical», divinizada, que «não é um meio para atingir outra coisa, é um fim em si mesma». Ora, o objetivo do socialismo é atingir e conservar o poder. Não reconhecendo nada acima da «soberania popular», não interessam os meios para atingir e conservar o poder, desde que por ela seja legitimado. Nesta conceção, o que serve para atingir e manter o poder é que se considera valor moral ou verdade. Por exemplo, bom e verdadeiro é o que interessa fazer e dizer para obter votos para o socialismo!

4- «Coesão social» — Diluindo o conceito de indivíduo, o socialismo tende a eliminar as diferenças individuais, em nome da coesão. Idealmente, o socialismo pretende a «coesão social», política e ideológica, o que implica que se torne um regime ditatorial. Esta coesão é imposta por ditadores, investidos do poder divinizado da «soberania popular». O ditador socialista é o intérprete supremo da «soberania popular», proveniente da divinizada democracia que «é um fim em si mesma». É ele que impõe as regras e decreta o que se deve considerar verdadeiro ou falso. Todos os indivíduos são livres de concordar com ele. Mas discordar dele é um insulto gravíssimo antidemocrático, porque é uma heresia contra a divinizada legitimação da «soberania popular», rompendo com a sociedade una e coesa. A «coesão social» obriga a praticar a «inclusão» e «políticas sociais», para «corrigir as desigualdades de resultados», anular as diferenças entre indivíduos, torná-los dependentes e daí obter votos. Na prática, a centralização do poder no ditador socialista concretiza-se através dum estruturado aparelho partidário hierarquizado e omnipresente, que tudo controla.

5- Projeto de uma nova sociedade, em luta pela «inovação» e por uma «atitude virada para o futuro» — O socialismo teoriza uma sociedade sem classes, com plena igualdade entre indivíduos. Porém, a sua prática política divide a sociedade em duas classes: a classe baixa, em que todos são pobres e totalmente dependentes do Estado; e a classe alta, que é a da máquina partidária. Baseado numa conceção materialista, o socialismo assume a atitude revolucionária de rutura com os valores tradicionais e decreta o que considera «inovação» e «progresso». Então, de acordo com a omnipresente avaliação socialista, todo o indivíduo não enquadrado nesses novos conceitos é considerado um ser inferior, incapaz de acompanhar a revolução em curso e excluído da preconizada nova sociedade.

(As citações foram extraídas da Declaração de Princípios e dos Estatutos do Partido Socialista português.)

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Pílulas sobre a história: Trotskistas ensinam


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Pílulas sobre a história: Trotskistas ensinam

Está circulando uma imagem com Marx 

num cartoon de uma página de uma rede social intitulada Trotski ensina [1], com a seguinte frase:

“A classe trabalhadora tem de aprender, que seu poder não está necessariamente  na força do voto, mas na capacidade de parar a produção, não no seu voto”.

Marx não é autor desta frase.

Tudo certo, se a frase não fosse da ANARQUISTA Voltairine de Cleyre. Porém há outros problemas, além do erro autoral. A frase original é: “A classe trabalhadora tem de aprender, que seu poder não está na força do voto, mas na capacidade de parar a produção” [“must learn that their power does not lie in their voting strength, that their power lies in their ability to stop production.]. No imaginário trotskista que justifica “taticamente” a ação eleitoreira/eleitoral, a inserção subreptícia da palavra “necessariamente” abranda a força do verbo revolucionário e categórico da militante anarquista. Não precisamos ser linguistas para saber que a adição de uma palavra muda totalmente o sentido de uma frase. Para não dizerem que cometi uma injustiça, muito provavelmente o cartoon foi pego aleatoriamente de outra página e infelizmente reproduzido às custas da verdade. Mas o que isto esconde? E qual é o debate de fundo?

Como abandonei toda ingenuidade para com a práticas deste quilate, ancorada na tríade recorrente da apropriação/deturpação/difamação de algumas doutrinas políticas, sigo na tese. Para fins de referência, ainda que seja difícil pesquisar algo pela internet, todas as referências apontam que a autoria da frase é da anarquista Voltairine de Cleyre, que agora, vê sua frase ser roubada por um homem, um grande teórico, que vez ou outra “deglute” outros pensadores “menores”. Afinal, no mundo dos mitos historiográficos foi Marx que inventou o socialismo e não os trabalhadores.

cleyre

Foto da anarquista Voltairine de Cleyre.

Para melhorar a exatidão do que estou dizendo eis o livro em que a frase é citada (no artigo Direct Action):Exquisite Rebel: The Essays of Voltairine De Cleyre – Anarchist, Feminist, Genius, Sharon Presley and Crispin Sartwell (Editors), State University of New York Press (ISBN: 0791460940). Alguns podem achar que estou sendo rigoroso. Mas o imaginário trotskista é cruel para com outras tradições do socialismo, senão um adversário implacável e persistente da diversidade ideológica dentro da esquerda. Sendo assim, o mínimo que podemos fazer é restituir as linhas e fronteiras que nos distinguem. Pois bem, outro dia (há alguns anos para dizer a verdade), vi uma agenda feita por uma legenda trotskista, com um anarquista na capa em cima de um carro virado no contexto dos movimentos anti-globalização, tudo correto, se ao fundo, uma bandeira negra tivesse sido pintada digitalmente de vermelha. Para aqueles que associam a falsificação da história apenas aos Stalinistas (como na deturpação em que Stálin some com Trótsky de uma foto clássica da Revolução Russa) fica a lição.

Foto original. Na foto adulterada, Stálin ordenou o sumiço de Trótsky da imagem.

Um ato falho alguns dirão. Apenas um ato falho sem importância. Mas não ignoremos os atos falhos, Freud nunca o fez. Do ponto de vista psicológico, os atos falhos são importantes; pois deles, descobrimos os “complexos”, ou no caso do cartoon, uma prática política duvidosa e que trata a história quando conveniente[2], como uma terrível massa de modelar [3].

Trotski ensina.

[1] A grafia de Trótsky é geralmente apresentada na duas formas: Trótski ou Trótsky.

[2] Um exemplo é o tratamento do Trotskismo a Nestor Makhno e a makhnovischina, movimento popular de inspiração anarquista que protagonizou uma Revolução Social na Ucrânia e derrotou o exército branco. Sob a égide do trotskismo a makhnovischina e Makhno serão tratados como “bandidos” e “criminosos na imprensa soviética. Tal postura prosseguirá durante o stalinismo. Que na Enciclopédia Soviética tratará a makhnovischina como um movimento apoiado pelos kulaks (proprietários de terra abastados).

[3] Um exemplo deste comportamento é o texto a-histórico publicado por Henrique Canary que compara o anarquismo ao neo-liberalismo de Margaret Thatcher. Disponível em: http://www.pstu.org.br/node/19465

Rafael V. da Silva

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SOCIALISMO: A CICLO DE VIDA


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Regis Debray

(este Senhor andou ao lado   “Che” Guevara,

CheHigh.jpg

inspirou a esquerda de toda América Latina)

O marxismo ea questão nacional 

 

Acredito que um pouco de filosofia é necessária sobre o tema da nação. Foi a nação que primeiro levou-me a questionar o marxismo sério. Esta foi a verdadeira brecha nas paredes que me deixe fazer uma excursão fora da fortaleza, ao invés de ir para penetrar mais nele. . . era o que me deixe sair, e, em seguida, situá-lo num contexto mais amplo. Em outras palavras, primeiro ele me permitiu ver o marxismo como uma etapa decisiva, mas não melhor em nossa compreensão da história.

 

Impossível compreender a natureza da vida coletiva consciente, em qualquer época, sem uma compreensão das formas materiais e processos através dos quais as suas ideias foram transmitidas-as redes de comunicação que permitem que se pensa ter uma existência social. De fato, os estágios sucessivos de desenvolvimento desses meios e as relações de transmissão, cujo conjunto que poderíamos chamar o midiasfera-sugerir uma nova periodização para a história das idéias. [1] Em primeiro lugar, o que podemos chamar de logosphere: o longo período que se estende desde a invenção da escrita (e de tábuas de argila, papiros, pergaminhos) para a vinda da imprensa. A idade dos logos, mas também a de teologia, em que a escrita é, em primeiro lugar, a inscrição da palavra de Deus, a “escultura sagrada” do hieróglifo. Deus determina, o homem transcreve-nos a Bíblia ou o Corão-e ditames de sua vez. A leitura é feita em voz alta, em companhia; tarefa do homem não é inventar, mas para transmitir verdades recebidas.

Um segundo período, o graphosphere, vai de 1448 até por volta de 1968: a partir da Revolução de Gutenberg para a ascensão de tv. A idade da razão e do livro, do jornal do partido e políticos. O poeta ou o artista surge como fiador da verdade, floresce de invenção em meio a uma abundância de referências escritas, a imagem é subordinado ao texto. A terceira, ainda em expansão, hoje, é a era do videosfera: a era da imagem, em que o livro é derrubado do seu pedestal e os triunfos visíveis sobre o grande invisíveis, Deus, História, Progresso-das épocas anteriores.

Essa periodização mediológica nos permite situar o ciclo de vida do socialismo, o grande carvalho caído de atuação política, nos últimos 150 anos da graphosphere, e explorar o seu ecossistema, por assim dizer, por meio de seus processos de propagação. O socialismo não será tratado aqui, em termos de valor intrínseco de qualquer das suas filiais. Pelo contrário, o objectivo será o de compreender a base mediológica comum que fundamenta toda a sua doutrina ramificações-de Fourier a Marx, Owen para Mao, Babeuf para Blum-a abordá-lo como um conjunto composto de homens (os militantes, dirigentes, teóricos), ferramentas de transmissão (livros, escolas, jornais) e instituições (facções, partidos, associações). O ecossistema toma a forma de um sociotope particular, um meio para a reprodução de certos tipos de vida e pensamento. O tipógrafo profissional ocupa um nicho especial dentro dela, o elo fundamental entre a teoria proletária ea condição da classe trabalhadora; aqui colocar os melhores meios técnicos de intelectualização do proletariado e proletarianizing o intelectual, o duplo movimento que constituiu partidos dos trabalhadores. Para uma impressora é essencialmente um “intelectual trabalhador ou um trabalhador intelectual”, o próprio ideal de que tipo de ser humano que se tornou o pivô do socialismo: “a consciência proletária”.

O ciclo de vida desse ecossistema começa, pelo menos na França, logo após a Revolução de Julho. Organizado Saint-simonismo nasceu numa noite de inverno em 1831, quando o carpinteiro Gauny conheceu o livreiro Thierry em Paris. Trabalho de propaganda para a “família” do Saint-Simonian foi planejado para cada distrito, e os diretores locais foram acusados ​​de formação dos trabalhadores. Assim, uma nova série de encontros entre chapeleiros, negociantes de panos, marceneiros, ladrilhadores, e os funcionários, impressoras, gravadores e tipo-fundadores responsáveis ​​pela execução de suas aulas à noite e, mais importante, produzindo seus jornais: Le Globe, então LaRuche populaire, L’Union, e muito mais. O ciclo chega ao fim, no rescaldo de maio de 1968, Ano Um dos videosfera. Mas o tempo de vida do socialismo pode ser melhor entendido dentro de um arco mais amplo de tempo: a idade da graphosphere. Nascente com a era-the early-moderna “vinda do book’-próprio graphosphere compreende três capítulos sucessivos: reforma, república, revolução.

Hélice genética

O inventor da palavra “socialismo” foi o tipógrafo genial, enciclopedista e 1848-er, Pierre Leroux. Nascido em 1797, filho de um bartender, Leroux participou da Ecole Polytechnique, em seguida, se juntou a uma gráfica onde aperfeiçoou um novo processo, o pianotype. Fundou o jornal Globe em 1824 e, com George Sand, o Indépendante Revue em 1841. Movendo-se para Boussac, ele montou sua própria editora e atraiu uma pequena comunidade de discípulos e leitores. Ele foi eleito para a Assembléia Constituinte em 1848, e formalmente homenageado pela Comuna após a sua morte em 1871. A combinação de livros, jornais, escola que seria a hélice genética do movimento dos trabalhadores é prefigurado no Leroux. O socialismo nasceu com súmula um ‘impressoras em torno de seu pescoço.

Livros, jornais, escola: a lembrança da cultura prática que precedeu os programas políticos. O socialismo era uma formação ofício antes de se tornar uma mentalidade. Sua take-off veio com um momento histórico específico-1864, a Primeira Internacional fundada em Londres, 1866, a Liga de Educação fundada em Paris, 1867, a prensa rotativa inventado por Marinoni, permitindo um aumento de dez vezes em impressões, mas também com um determinado forma de consciência. “A classe trabalhadora do século 19 abriga três aspirações”, escreveu o capataz Pierre Bruno em seu livro de memórias, publicado na véspera da Comuna. “A primeira é combater a ignorância, a segunda, para combater a pobreza, eo terceiro, para ajudar um ao outro. [2] O primeiro e mais importante foi a luta contra a ignorância, o grito de guerra das forças da razão. Socialismo da classe trabalhadora, também, era uma criatura de espírito razão governante da era do graphosphere.

Tipógrafos, intelectuais e professores foram os três pilares do movimento socialista, cada um correspondendo a uma das pernas do tripé mediológica. O que estava em oferta no lodge qualquer operário ou maison du peuple? Uma biblioteca, jornais, aulas à noite e palestras. Hoje, ainda existem plataformas, livros e jornais. Mas o eixo central de transmissão mudou para outro lugar, levando consigo o aparelho de celebração, prestígio e valores que anteriormente conferidas tal aura sobre os livros, professores ou professores itinerantes em associações educacionais dos trabalhadores e Universités populaires.

A cultura oral poderoso também desempenhou um papel importante no movimento dos trabalhadores, é claro: arengas em comícios, discursos de congressos, conferências, Jaurès em Pré-Saint-Gervais, Lênin na Praça Vermelha, Blum em Tours ou a Place de la Nation, em 1936-todos falavam sem o benefício de microfones, gritando até ficarem roucas, à beira da exaustão, diante de dezenas de milhares de ouvintes. Mas se os porta-vozes do socialismo confiou tanto em seus púlpitos públicas como em suas prensas, sua retórica foi, no entanto, estampada por uma cultura livresca e uma longa familiaridade com a palavra escrita. Mesmo seus extemporizations têm a sensação de que o leitor ou o estudioso. Muitos eram grandes parlamentares, oradores e tribunas na tradição republicana clássica, mas seus endereços foram formalmente fundada sobre a palavra escrita, a base real da lei, tanto em seus próprios olhos e aos da classificação e arquivo.

Poderes do invisível

“Desde 1789, as idéias só têm constituído a força ea salvação do proletariado. Ele deve a eles todas as sua vitória “, escreveu Blanqui (um daqueles que passaram as idéias de 1789 sobre a Comuna de Paris). Conceitos abstratos foram o abc da aprendizagem de um militante. As noções de proletariado e burguesia, como os de força de trabalho, mais-valia, as relações de produção, etc, que lhes estão subjacentes, não é apreensível pelos sentidos. Em segundo lugar, se o projeto ou mito, a idéia da revolução como “o que deve ser” é a negação e transcendência do imediato, a superação do presente. Tanto o discurso como lógica e como compromisso moral, a utopia socialista exigiu uma ruptura interior com o “fluxo da vida cotidiana”, um ato de fé que mobiliza os poderes de análise conceitual para quebrar o imaginário social aceita-se em resumos elementares, como ‘exploração ‘.

Escrita collectivizes memória individual; leitura individualiza memória coletiva. O vai-e-vem entre eles promove o sentido para a história por potenciais desenterrar dentro do presente, criando cenários e coloca em primeiro plano, é fundamental para a idéia de socialismo. Quando está frio lá fora ea noite é longa, memória significa que não estamos sozinhos. Memória em ordem alfabética, como Hegel iria colocá-lo. Contrastando “o valor educativo inestimável” de aprender a ler e escrever com caracteres alfabéticos, ao contrário de hieróglifos, ele descreveu como o próprio processo de escrita alfabética ajuda a desviar a atenção da mente de idéias imediatas e impressões sensoriais para “a estrutura mais formal de a palavra e seus componentes abstratas “, de forma que” dá estabilidade e independência para o reino interior da vida mental “. [3]

Todos os homens revolucionários de ação que eu já conheci, de Che Guevara para Pham Van Dong por meio de Castro (não o autocrata, mas o one-time rebelde), para não falar das enciclopédias pé conhecidos como trotskistas, eram leitores compulsivos, como dedicado aos livros como eram não receptivo às imagens. A hegeliana explicaria isso dizendo que a leitura leva ao descolamento crítico, e uma vez que “não há ciência que não está escondido ‘, nem futuro, sem’ ensaio ‘do passado, a antecipação utópica. Abstração incentiva ação, como lembrança leva à inovação. Os maiores modernizadores inaugurar a sua carreira com um salto para trás, e um renascimento prossegue através de um retorno ao passado, a reciclagem e, portanto, uma revolução. Colombo descobriu a América em uma biblioteca, através da leitura de textos arcanos e cosmografias. O Antigo Regime na França foi derrubado por admiradores não de Montgolfier ou Washington, mas de Licurgo e Cato. Chateaubriand e Hugo revolucionou a literatura por força de ruínas góticas, Nietzsche abobadados sobre Jules Verne, com a ajuda dos pré-socráticos, e Freud revisitada Ésquilo.

O infortúnio dos revolucionários é ter herdado um pouco mais do que a maioria das pessoas. A palavra escrita é vital para estes transmissores da memória coletiva, já que suas ferramentas analíticas são forjadas a partir de suas tradições. Um legado de ideias não é automaticamente transmissíveis, existem ambientes históricos melhor ou pior para o transporte de abstrações, assim como há bons e maus condutores de eletricidade. O ato revolucionário por excelência começa a partir de um sentimento de nostalgia, o retorno a um texto esquecido, um ideal perdido. Atrás do ‘re’ de reforma, república ou revolução de ensaiar, recomeçar, relendo-há uma mão folheando as páginas de um livro, a partir do final de volta ao começo. Considerando que o dedo que pressiona um botão, o avanço rápido de uma fita ou disco, nunca vai representar um perigo para o estabelecimento.

Cassetetes pergaminho

Se os noticiários são o meio para a história como espetáculo, o arquivo é o meio para a história como prática. A história do comunismo, como utopia revolucionária, não burocrático ditadura tem sido um conto de arquivistas e papéis velhos. O comunismo foi a invenção livresca de Graco Babeuf, especialista em direito feudal, que extrai suas idéias centrais de Rousseau, Mably e pergaminhos antigos. Ele floresceu nos grandes armazéns da palavra escrita. Para Michelet: “Minha história da Revolução Francesa nasceu nos arquivos. Estou escrevendo isso neste centro depot’-o escritório oficial de registros. Os homens teceram entre textos, textos teceu entre os homens. Mitos geram atos que geram mitos, eo movimento de narrativas estimula a circulação de pessoas. Histórias de Roma teve seus efeitos sobre os deputados de 1789, de Lamartine História dos Girondins e de Louis Blanc História da Revolução Francesa no 1848-ers, Hugo Les Misérables na Comuna e sua noventa e três sobre o nascimento da Terceira República.

O bastão foi passado ao redor do mundo, de mão em mão: a partir da sociedade de iguais, fundada pelo Babeuf medievalista, a Sociedade dos novos cidadãos, fundada pelo jovem bibliotecário, Mao Zedong. Buonarroti (1761-1837), um ano mais novo do que Babeuf (1760-1797), se esquivou de polícia do Diretório e sobreviveu a seu amigo por 40 anos. Em 1837, a conta de Buonarroti da história que viveu, Conspiração de Babeuf para a Igualdade, foi publicado em Bruxelas, onde Marx iria refugiar-se após a sua expulsão de Paris, em 1845, e iria encontrar o seu primeiro apóstolo do jovem Philippe Gigot, paleógrafo e arquivista. Exílio em Bruxelas funcionava como uma mesa de volta após a Restauração de 1815. Aqui Buonarroti reuniu-se com os ex-delegados da Convenção, Barere e Vadier, que iria organizar o Carbonari, campo fértil para as sociedades secretas que surgiram sob a Monarquia de Julho, e da qual surgiria a Liga dos Justos, que por sua vez ser remodelada para a Liga Comunista em 1847 por Marx e Engels, juntamente com delegados de Blanqui, “a cabeça eo coração do partido proletário na França. Trinta e nove anos de prisão e quatro sentenças de morte: era via Blanqui (1805-1881), “o prisioneiro”, que a passagem foi feita a partir de jacobinismo ao socialismo, a partir de 1793 com a Comuna de Paris; Blanqui que entregou a tocha para Vaillant , que iria passá-lo para Jaurès, cuja assinatura em sua coluna no La Dépêche de Toulouse foi “The Reader”, e que foi sucedido por Blum, crítico literário para La Revue Blanche.

Uma maratona olímpica: o brilho de uma carta mais vaga-lume que chama de passagem do corredor para corredor, como se o revolucionário era um despachante, e no coração da mensagem estava justamente na sua transmissão: um telégrafo piscar de pico a pico, via esses semáforos humanos. Não esquecendo os cochichos nos vales, cerca de duzentos anos de histórias passadas de avós para crianças. “Minha infância foi cheia de histórias sobre a longa marcha dos pobres, através dos tempos”, lembra o velho comunista francês Gérard Belloin.

Contos solicitado por um pedaço de pão no chão, uma queda de sopa deixado em uma tigela. Eles foram informados pelos avós, que ouviram lhes disseram quando eram jovens se. Como rios subterrâneos, cujo curso não pode ser mapeado, porque as suas águas parecem desaparecer completamente, em seguida, chegar mais à frente, a crônica do sofrimento camponês conhecia muito pouco de suas fontes. Mas ele também tinha corrido em subterrâneo, realizado por vozes anônimas, cada geração confiando seus ensaios para a próxima. Às vezes ele ficou mais insistente ou parecia desaparecer, mas nunca foi embora. É constantemente confundido o passado eo presente, para não falar dos problemas do passado uma forma de chamar a atenção para os de hoje? Isso aconteceu há muito tempo? Ah, sim, meu filho, há muito tempo atrás. Mas como você pode ter certeza? Para uma criança, o quão distante é há muito tempo? [4]

Imprensa operária e socialista da biblioteca foram cadinhos para os anarquistas, proudhonistas, leninistas e reformistas também. Saint-Simon era um copista, prova de corrector e livreiro; Proudhon, tipógrafo. Então era Pablo Iglesias (1850-1925), fundador do Partido Socialista espanhol. Era um jornalista espanhol e tipógrafo, José Mesa, que, exilado em Paris, passou a herança da Primeira Internacional para Jules Guesde, recrutamento sargento do socialismo francês. Anarquistas e socialistas foram os irmãos rivais de uma mesma família, folhetos, artigos, jornais diários, suplementos literários, encheram suas vidas. Ambos seguiram a ordem de Lutero, para poupar nem dificuldades nem dinheiro para montar “boas bibliotecas e livrarias em toda parte”. Os filhos de Marx e Bakunin compartilhavam o mesmo evangelho: para ler e fazer os outros de leitura. Onde quer que fossem, eles deixaram uma biblioteca. Hobsbawm poderia medir o grau exacto de penetração do socialismo na Europa entre 1890 e 1905, comparando o número de publicações anuais. [5]

O culto do livro teve seus momentos preacherly. Hugo ao trabalhador analfabeto:

Você esqueceu que o seu libertador
 É o livro? O livro está lá nas alturas;
 Ele brilha, porque ele brilha e ilumina,
 Ele destrói o cadafalso, a guerra ea fome;
 Ele fala: Não há mais escravos e não mais párias. [6]

Mas teve sua versão triunfal também, alegremente insurrecional no Boletim de Jules Vallès ao seu editor, alertando para “galeras dentro da quinzena, e” passar para a imprensa “, em dois meses. “Eu respiro fundo, eu inchar para fora. “Passe para a imprensa”, é tão bom quanto a ordem para atirar! Nas barricadas, é uma arma de cano enfiou por entre as ripas “E o próprio Hugo tinha escrito: ‘.. Nada muito se assemelha à boca de um canhão como uma garrafa aberta de tinta” [7]

Clandestinidade Oriental

Depois de 1945, este heroísmo alfabética migraram para o Terceiro Mundo, equipado com lâmpada de furacão, cadernos e esferográficas. Emancipação através da alfabetização, as sombras escuras da superstição enterrado gradualmente em milhões de páginas-branco este simbolismo Eluardesque do século 19 da Europa, encontraram um refúgio, em meados da década de 20, na luta contra o “Ocidente imperialista”. A primeira ação de qualquer revolução anti-colonial foi o lançamento de uma campanha de alfabetização em massa. [8] O Pequeno Livro Vermelho foi o talismã da China de Mao.

O processo foi congelado no período pós-guerra em grande conservatório de obsoleto formulários um museu da palavra, em que as fontes vivas do passado estava fossilizados. Da Europa de Leste No entanto, estudiosos e acadêmicos, o “socialismo realmente existente” tinha uma alma tipográfica. Um olhar sobre os indicadores da UNESCO para o número de livros per capita, a quantidade de bibliotecas públicas, o gasto médio das famílias em livros, etc, mostra que durante a Guerra Fria, os países comunistas, onde a economia estava lutando e cultura audiovisual mal tinha chegado, realizada todos os registros de papel impresso. Para viajar através dessas províncias do velho mundo, onde o século 19 da Europa Ocidental ainda viviam, era testemunha de um culto universal de livros e uma idolatria de estrelas escritores soviéticos eram mais propensos a ser romancistas ou poetas que atores ou músicos. Com a atrofia da imagem veio uma hipertrofia do texto, sua aura reforçada pela censura.

Partido Unidos tinham tal respeito pelo poder das palavras que os mantinha sob vigilância perpétua, mas essa repressão fez uma granada de cada samizdat, em linha com as “melhores” tradições czaristas. Tudo se repetiu, mas de cabeça para baixo. Sob o estado stalinista, a intelligentsia russa retomou o seu honrado combate de digitação, seu antigo trabalho de toupeira. Pois o que mais é dito na longa história do underground russo, a partir de Kolokol de Herzen (1855) ao Iskra de Lênin (1900), mas as histórias de imprensas clandestinas, news-folhas ilícitas, livros costurados em sobretudos? No de Dostoiévski Possessed, Verkhovensky atrai Shatov em uma armadilha, enviando-lhe para recuperar uma imprensa enterrado no pátio da escola.

Entre os vários grupos de oposição, entre os dissidentes eo Estado, as linhas de batalha foram traçadas em papel, acima de tudo, através da revista. Populistas russos (ancestrais diretos dos grupos de estudo do marxismo e festas) colocou ainda maior ênfase na importância da imprensa do que as sociedades secretas e Carbonari no Ocidente. Lenin definiu-se como um publicitário [9], nos moldes do Chernyshevsky ou Herzen, que se mudou para Londres por causa dos caracteres cirílicos indisponíveis na Rússia. Em contraste com a era Brezhnev, melhor organizado e, portanto, menos sanguinário do que a propaganda autocracia czarista escrito precedido, e alternava com a propaganda de obras. Em 1880, a Rússia, a profissão mais próximo de “editor” era “terrorista”. A ladainha da polícia czarista foi: “Onde está a imprensa? O primeiro elo da cadeia de correio? O escritório de envio? “O mentor de uma conspiração era, inevitavelmente, uma livraria ou uma impressora. O problema mais irritante era sempre como mover coisas (literatura subversiva ou bombas), profundas em sacos de viagem. [10]

A queda do comunismo no Leste, assim testemunhou a extinção das últimas sociedades alfabetizadas na Europa, o triunfo do showbiz extravagância sobre edições baratas e um público cada vez menor para os clássicos, como a velha cultura europeia de impressão seguiu para a “cultura de massa” importado da América. O seqüestro totalitário do Iluminismo, contra o novo imaginário global, poderia mesmo fazer a derrota de Diderot na mão de Disneyland parecer emancipação. Em uma ironia histórica notável, a vitória política do humanismo escrito a derrota cultural das humanidades. Tempos de prosperidade para a televisão e publicidade na Europa Oriental; tempos de vacas magras para livrarias e editoras.

Alma mater

Se a história da escola sempre foi carregada de significado político, a história política tem por sua vez, teve implicações escolares. A “batalha da educação” sempre destaque no topo da agenda da esquerda, socialismo, como a pedagogia de uma visão de mundo, sabia que a sua sobrevivência estava em jogo aqui. Qualquer militante matricular em uma escola de pensamento socialista deve primeiro ter absorvido os hábitos da sala de aula. O código do socialista de honra foi modelado em que o bom aluno: aquele que pode colocar-se com o tédio da sala de aula irá triunfar sobre o inimigo de classe.

Os primeiros movimentos de trabalhadores surgiu antes do advento da educação em massa, os trabalhadores da seda “revoltas, greves dos tecelões e companhias de seguros mútuos não esperou por escolaridade universal, a fim de existir. Mas o poder “Sindicalismo e” trabalhadores “são auto-limitados em suas idéias, e filantropia só teria gerado não mais do que centros de adulto-learning. Foi o projeto pedagógico do socialismo, que levantou a sua visão além dos sindicatos e corporações. Seus partidos foram criados com a força da convicção de que a classe é um instinto, mas o socialismo é a elevação da consciência. O trabalho da escola, portanto, não era de incubação, mas a produção. Isso explica o foco intenso sobre as questões educacionais. “Para cada escola que se abre, uma prisão é fechada. A mística da escola emancipado e emancipatório foi um tributo prestado pelos partidos da classe trabalhadora ao Estado burguês.

Numerosos professores (Guesde e Jaurès entre eles), uma vez correu para trás e para frente entre negro e tribuna. A Primeira Internacional (1864) e dos Trabalhadores da Educação League (1867) reuniram os seus funcionários, instalações e periódicos. Um dos primeiros atos da Comuna de Paris foi a de nomear uma Comissão de Educação, dirigido por Edouard Vaillant. Louise Michel, deportado para Nova Caledônia, com a supressão da Comuna, imediatamente abriu uma escola lá para os Kanaks (se ela gostava de acesso a pasta e tipo de letra, ela sem dúvida teria lançado o primeiro jornal da ilha). Desde a sua criação em 1920, o Partido Comunista Francês recrutou seus quadros estrela das fileiras dos professores e professores. O ramo mais estabelecida do Internacional entre as guerras foi a seção dos trabalhadores da educação dirigida por Georges Cogniot, um latinista praticante.

Trabalhadores da fábrica tinha fornecido um foco para o imaginário comunista durante a primeira revolução industrial, os mineiros e metalúrgicos assumiu esse papel durante o segundo. Mas é a professora primária, com sua modéstia espartano ou sentencioso, que revela o grau em que as raízes do socialismo organizado encontram-se na cultura pré-industrial do Iluminismo. O ex-comunista Gérard Belloin, uma criança do campo e da página, um homem autodidata iluminado pela Resistência, fornece uma amostra de prender ecologia militante em suas memórias: “Quando em pequenos grupos, que tinha passado a noite deslizando tratos por debaixo das portas ou em caixas de correio, nos sentimos como erguido no caminho de casa como um professor no final da aula. Belloin saiu, não para ganhar pontos, mas por pura devoção do partido. Naqueles dias (estamos em 1950, às margens do Loire):

um não sonharia em lançar calúnias sobre a legitimidade social do professor, ou duvidar do grau de esforço pessoal, este lhe tinha custado. De acordo com a escala de valores comumente aceito que substituídas por uma explicação de classe social, era completamente o oposto. Repositórios de conhecimento, eles eram praticamente as únicas pessoas reconhecidas localmente como tal, juntamente com os médicos, padres, inspectores fiscais, notários e químicos. . . Nós estávamos imbuídos do respeito popular, sagrado para a aprendizagem, livros e intelectuais. [11]

A natureza ritual de este respeito informou tanto o best-Belloin e sua turma, eo pior, que era cercar e, em seguida, esmagá-los. Um germe do stalinismo estava na franqueza de enciclopedismo, estupidez dentro de inteligência. A distinção fatal prevaleceu entre os líderes e os liderados. Autoridade intelectual tornaram-se os fundamentos da dominação política. Conhecimento tornou-se nacionalizada, porque doutrinas, como templos ou países, precisam de fronteiras, e clérigos armados para protegê-los. O déspota mais filisteu se viu envolto em os louros do conhecimento. Academismo, museomania eo cheiro de naftalina geral impregnação sociedades soviéticas se tornou endêmica quando a ‘forma tradition’ era tida como a norma do futuro: a vingança póstuma do arquivo em invenção. O didatismo, ponderousness e rigidez do discurso Soviética, sua tristeza moralista, são o que acontecer quando a escola se transforma em pensamento, e subjuga-lo com um punho de ferro. O manual torna-se o currículo, eo resultado é a simplificação bruto, estereótipos e não consigo.

Cultura socialista é, paradoxalmente, ligada a um currículo elitista refletindo “burguês”, para não dizer valores aristocrática, cujo declínio acelerou consideravelmente a do socialismo. O socialismo foi marcado durante a primeira metade do século 20 por um universo educacional que desprezaram o conhecimento técnico, comércio, indústria e até mesmo matemática, mas ensinou latim e grego como línguas vivas. Para o leitor de hoje, para vasculhar os arquivos dos trabalhadores franceses ‘movimento antes de sua “bolchevização” pelos comunistas, e padronização dos socialistas, é como passar de Olá! revista para a metafísica e Ética em Pesquisa. Jaurès e Blum possuía a mesma bagagem cultural como Marx e Trotsky, assim como seus oponentes Barrès e Maurras. Existem afinidades profundas entre Jaurès e Barres do que entre Jaurès e qualquer atual líder socialista. Isso ocorre porque a leitura do feriado de Jaurès foi De rerum natura no original; Blum gostava de relaxar com uma tradução de Lucrécio; elefante socialista de hoje vai pegar um blockbuster sazonal e um jornal escrito em franglais. Se ele escolheu Lucrécio sobre as últimas pesquisas de opinião, ele logo perde a sua liderança. O biótopo faz com que o animal, ao invés do contrário.

Jornal da manhã Santo

Livro, escola, jornal, porque o militante do partido, a ênfase maior estava no terceiro. As primeiras publicações de curta duração, da classe trabalhadora na França apareceu entre 1830 e 1840. Na verdade, foi L’Atelier, papel de Buchez, que em 1840 cunhou a expressão “classe trabalhadora”. O período de intervenção foi fundamental, pois foi então que “a criação de uma escola se transformou em” a criação de um partido. Para a Igreja, um jornal diário é um plus, para a festa, é uma obrigação. L’Humanité foi estratégica para o PCF de uma maneira La Croix nunca seria para o clero. Igrejas veio e foi muito antes da invenção da imprensa, mas as partes não dos trabalhadores existia antes do aparecimento do broadsheets populares por volta de 1860. Ideologia socialista durou a duração do formulário chamado partido, e forma-partido durou tanto tempo como o partido jornais, cerca de cem anos. Le Peuple, por exemplo, o órgão dos socialistas belgas, expirou com dignidade, em 1979, com a idade de 94. Ele tinha lutado por sufrágio universal, a emancipação das mulheres e dos direitos humanos com Jaurès, Vandervelde e Huysmans. Depois disso, apenas sobreviveu, uma entidade diferente sob o mesmo nome.

“O papel não é apenas um propagandista coletivo e um agitador, mas também um organizador coletivo” (Lenin). A sua divulgação une, criando uma rede de trocas e contatos. Jaurès, Trotsky e Lenin realizadas as mesmas tarefas (escrita, diagramação, impressão, postagem) como Vallès fez no Le Cri du peuple, Elisée Reclus em Le Révolté, Jean Grave em Temps nouveaux. Se a referência era Marx, Bakunin ou Fourier, palavras impressas foram plantadas a fim de ativistas de colheita. Lenin estabeleceu sua festa com Iskra, Guesde com L’Egalité e Jaurès com La Petite République. Cabet propagada seu sonho Icarian com as ferramentas e os métodos utilizados por Marx e Engels.

A notícia folhas político realizado sérias implicações, atestando a mediação ativa de uma idéia do homem no meio dos homens, o longa-shot no curto prazo. Principais jornais, produto de um conglomerado de mídia, são concebidos como caixas-pretas: os eventos vêm e informações sai. Um jornal de classe ou partido desempenha um papel diferente: transformar uma concepção do mundo em mudança pequena, um sistema filosófico em slogans diárias. Eventos são centralizados por e sob a idéia; energias individuais pela liderança. Em contraste com o espelho como o papel, o papel-como-guia preenche a função atribuída por Kant ao esquema: intermediário e intérprete entre o conceito puro e a aparência das coisas. Na tradição da imprensa socialista, o autor da doutrina é seu próprio intermediário, é o que o distingue de seu contemporâneo, o belle-lettriste. “Para” intelectuais “, a outra profissão que eles deveriam sempre praticar ao lado de sua própria é certamente o de impressão”, escreveu Andler, em sua Vida de Lucien Herr. ‘Um tempo certamente virá quando os escritores e cientistas sabem como operar um linotipo. Se quiserem publicar um livro, que será capaz de alugar uma prensa rotativa, tal como se contrata um carro de motor para conduzir a si mesmo “. [12]

Se Herr foi um pioneiro nesse sentido. Bibliotecário na École Normale, prompter para Jaurès e Blum, foi por vários anos o editor anônimo da página de notícias estrangeira em L’Humanité (um nome que ele inventou). Aragão, Nizan ou D’Astier fez tanto em seu caminho. Até muito recentemente, o conhecimento de impressão e gestão de uma imprensa eram indispensáveis ​​para o trabalho de intelectuais que nunca delegados tais tarefas a outros, preferindo ser seu próprio líder-escritores, copy-escritores, revisores, designers e gerentes. Executando o papel e funcionamento do partido, muitas vezes sobrepostas, era impensável para o líder ser analfabeto. Enquanto o jornal político serviu como órgão interno para as lutas de poder dos intelectuais, o jornal foi destinado para leigos e amadores. Ele formou uma ponte entre “a teoria da vanguarda” eo “movimento espontâneo da classe”, no idioma de Lenin, ou entre “metafísica” e “o mundo”, em Jaurès do. Ele reuniu o pensador eo trabalhador, que prevê que o socialismo hífen dia-a-dia entre o intelectual e as pessoas que a escola fornecidos para os republicanos.

Enquanto impressão permaneceu central reunião de terreno para este tipo de intercâmbio, a profissão da política ea do intelectual do grande escritor ao tipógrafo, tinha uma base comum. Na sua ausência, a caneta eo torno viraram as costas para o outro. A especialização dos políticos, como voto-perseguindo técnicos-se equiparou ao do setor de impressão, jornalismo e editoração. A partir do século 17 até o dia 20, as impressoras eram pontos de encontro, pontos de contato entre pessoas de diferentes profissões e classes, onde a polinização cruzada era quase inevitável. Escritores e parlamentares já não compartilham um conjunto comum de ferramentas. Uma relação que já foi prático e profissional deteriorou na irrelevância cocktail-party.

O partido

Muito tem sido escrito sobre o declínio do partido político e, portanto, do projeto socialista. Mas um fator que tem sido amplamente ignorado é a transição da escrita (flexível, descentralizada e acessível) para o áudio-visual (industrial, caro), a diminuição da estatura de impressão ea modificação das técnicas de impressão. Fotocomposição destruiu os últimos bases culturais do movimento operário, tanto as casas de apostas ‘ofício e sua casta tradicional de especialistas e comentaristas foram prestados tecnologicamente redundante. Imprimir perdeu a sua liderança, a crítica intelectual seu meio, a política socialista a sua referência, todos os três foram jogados em crise. Se “a primeira liberdade de imprensa é que ela não é uma indústria ‘, deve-se acrescentar que, 1881-1970, a imprensa também foi uma indústria. Agora é uma indústria em primeiro lugar. É difícil conceber que, em 1904, Herr, Blum e Lévy-Bruhl, um bibliotecário, um advogado e um acadêmico, poderia ter lançado um jornal diário, como L’Humanité, com uma primeira edição de 138 mil exemplares, em um único unidade de subscrição de 850 mil francos. As empresas de mídia mudaram sua natureza, juntamente com o seu tamanho. A concentração de títulos, o peso determinante dos orçamentos de publicidade e do tamanho do investimento necessário ter empurrado o preço de uma diretoria jornal bem além das capacidades carteira e técnica de um punhado de intelectuais sem um tostão.

A separação do produtor de seus meios de produção na esfera jornalística impressão coincide com a teoria com a prática no domínio político. Embora existam eleitoral máquinas de ainda chamado «partes», fora da inércia que emitem boletins internos aos seus representantes indiferentes, o arco que a ação, uma vez ligado e para o futuro, os partidos e os intelectuais, foi quebrado. As partes deixaram de ser os emissores de idéias alternativas, enquanto os escritores e pensadores deve jogar em seu lote com as redes de radiodifusão que adquiriram uma vida industrial e comercial própria, como estrangeiro para a criação intelectual como a ideologia utópica. A mudança de graphosphere para videosfera se dissolveu a conexão entre a base técnica do partido e sua lógica doutrinária. A distinção entre esquerda e direita na política invocadas um meio de produção de dissidência: uma rede baseada em ofício de jornais, revistas, institutos de pesquisa, clubes de livros, conferências, sociedades e assim por diante. Sem a luta de classes sem classes sociais, mas nenhuma luta entre facções sem um choque de opiniões, sem política, sem polêmicas, e nenhuma batalha de idéias, quando o dinheiro tornou-se o único tendão na guerra de ondas. Em seu lugar, vem a luta de imagens e personalidades, as batalhas da colher e do soundbite. Não há necessidade para festas aqui.

O processo de congressos socialistas foram anteriormente publicados na íntegra, seis meses depois, os da 1879 o Congresso de Marselha, que uniu o movimento operário francês, pegou 800 páginas-em um volume que se tornaria a Bíblia até a próxima sessão. O mundo político nunca viu tantos fóruns, congressos, convenções, como existem hoje, mas você iria procurar as livrarias em vão por seu registro vinculado. Idéias ‘falar’ os participantes como uma fala roupas. Os movimentos (impresso) são meros pretextos para alianças táticas entre campeões telegenic. Em termos mediológica, seria apenas um pequeno exagero dizer que, porque os debates não são publicados, não há nenhuma chamada para idéias; televisão o novo teste de desempenho não tem necessidade para eles. Assim, a nova ideologia “anti-ideológico” ea substituição de propostas individuais para programas dos partidos, posições pessoais para os teóricos.

Quantitativamente, é claro, livros, escolas e jornais estão se saindo melhor do que nunca. Nunca houve tantos volumes, estudantes, autores e editoras. Mas mediaspheres não são uma questão de estatística. De fato, pode muito bem haver uma relação inversa entre o eclipse da forma e da proliferação de conteúdo, entre a escala de produção e seu status. Educação em massa diluído em primeiro lugar, em seguida, obliterada, o simbolismo da universidade ou escola. Educação é agora um serviço público, como o metrô ou fornecedor de electricidade, lidando com os clientes, em vez de discípulos. Existem muitas bibliotecas públicas mais sob o videosfera que sob o graphosphere, mas o que costumava ser “a oficina do espírito humano” (Abbé Grégoire) está se tornando um lugar de trânsito, de acesso à informação. Nunca tantos livros apareceu-35, 000 novos títulos por ano em França ou em tantas cópias. Mas o público está encolhendo, ea aura do livro, ou o que resta dele, foi transferido para o rosto do autor, que é o que aparece na TV. A palavra impressa pode ainda, excepcionalmente, matar. Mas pode ainda dar origem a alguma coisa? E se sim, o quê?

O tempo, a velocidade e ambiente

O primeiro elemento de uma resposta: temporalidade. Metáforas para a difusão, seja de calor ou líquidos, tendem a implicar um processo bastante lento. Em 1850 ou 1880, uma ideia que a princípio não passou despercebido foi perdido para sempre. A química teve tempo para trabalhar. A mensagem poderia sobreviver na prateleira, à espera de um encontro mais tarde. O melhor exemplo desse mecanismo de ação retardada é a propagação da obra de Marx. Demorou vinte ou trinta anos para suas obras publicadas para entrar em vigor, bem como o atraso que separa a produção de transmissão provou ser crucial para a influência final da doutrina. A primeira edição francesa da Capital Volume I levou 25 anos para vender para fora. Na famosa carta de “Cidadão Maurice Lechâtre ‘de 1872, que prefacia o livro, Marx escreveu:” Eu aprovo a sua idéia de publicar a tradução de Das Kapital em prestações. Nesse formulário, o trabalho será mais acessível para a classe trabalhadora, e esta consideração supera todos os outros por mim. ‘Demorou algum tempo para que a classe trabalhadora, disse a ganhar “acesso” ao conhecimento da sua própria exploração. Entre 1872 e 1875, Lechâtre teve a entrega de 44 seções de 40 páginas cada. A primeira parcela foi corajosamente trouxe em 10.000 exemplares e custa dez cêntimos. Vendas atingiu o primeiro dia: 234 cópias foram vendidas. Em seguida, veio o desastre. Não havia dinheiro para a publicidade, nem apoio de qualquer organização política. Não foi até 25 anos depois, com a ajuda de Jules Guesde Parti Ouvrier, que os restantes cadernos foram vendidos. [13] Na verdade, não foi até 1890 e sete anos depois da morte, que o Capital de Marx começou a ser levado a sério entre um punhado de grupos militantes e científica. Até então, só haviam sido lidos de forma condensada (resumo de 1883 da Delville numerada 253 páginas), ou apresentados em seminários como o de Lafargue.

O Manifesto Comunista, publicado em Londres, em alemão, causou mal uma ondulação. Na época da Comuna, em 1871, foi considerado como uma “curiosidade bibliográfica. Somente em 1872 foi que aparecem em francês, 24 anos depois que ele foi escrito, cortesia de Marx filha Laura Lafargue, em 1885, ele estava começando a desfrutar de um sucesso modesto. A Miséria da Filosofia foi auto-publicada em Paris, em junho de 1847. Seis meses depois, 96 exemplares tinham sido comprados. A editora enviou amostras grátis para amigos do autor, pedindo apenas para os 15 sous Custou-lhe para embalagem e postagem: cada um deles foi devolvido a ele. Alfred Sudre Histoire du Communisme (1848) não teve uma palavra sobre Marx ou Engels em suas 532 páginas. A primeira edição do Capital mereceu dois comentários em francês, tanto em obscuras revistas high-brow. Uma delas foi por Maurice Bloch, no Journal des économistes, o outro era por Roberty em Philosophie Positive, e censurou o autor de ‘não fazer nada, mas criticar, sem oferecer propostas concretas para o futuro “. Um artigo sobre o seu trabalho em um jornal Inglês ainda era um evento raro o suficiente para que, no inverno de 1881 Marx iria mostrá-la a sua esposa em seu leito de morte “, para iluminar seus momentos finais”, como ele escreveu. Olhando para trás, de um mundo em que a vida eo status de o autor sustentar escolas inteiras de pesquisa teórica nas ciências humanas, a questão é como um escritor praticamente desconhecido dos livros difíceis, nenhum dos quais causou um rebuliço, poderia, posteriormente, ter ‘informado’ todo o mundo por cem anos.

Um segundo elemento: o meio ambiente. Mamíferos foram incapazes de espalhar por todo o planeta durante os 140 milhões de anos da era Mesozóica, somente a extinção abrupta dos dinossauros no final do Cretáceo lhes permitiu aventurar-se a partir de seus nichos altamente especializados e multiplicar sobre a terra seca. Até a convulsão geofísica das massas continentais provocou uma mudança auspiciosa clima (e assim de flora e fauna), a concorrência com os répteis voadores e brachiosaurs 50 toneladas era impensável, tal era a desproporção dos meios de sobrevivência entre as espécies.

Biótopos culturais não são menos delicadamente equilibrado, e na selva de idéias sociais a sobrevivência do mais apto, pressupõe uma certa proporção dos meios de luta. Marx beneficiou as condições excepcionalmente temperadas do graphosphere pré-industrial: uma população menor do mundo e alfabetização restrito no Ocidente significou menos livros no mercado e, portanto, uma batalha mais fácil de reconhecimento, todas as armas ser mais ou menos igual. Nos dias de Marx, Hugo e Michelet, a circulação de um livro “difícil” em relação a um best-seller ficou em uma proporção aproximada de um a dez, ou mais comumente 04:59. Hoje, é um a mil. Volta de 1848, o jovem Marx estava publicando em torno de mil cópias de cada panfleto ou periódico (800 exemplares de The Poverty of Philosophy; 1000 do Anuário franco-alemão, no qual “Sobre a Questão Judaica” e “Contribuição à Crítica da Hegel Filosofia do Direito “apareceu). Mas os escritores de primeira linha não ir além de três ou quatro mil. Apesar do grande crescimento do público leitor, esse número ainda é a média de obras sobre teoria política, história econômica ou a sociologia, o autor de uma obra de investigação crítica que vai contra a natureza pode se sentir abençoado com dois mil leitores. Mas os meios de comunicação massivos lançamento-pads à disposição daqueles que dominam as vendas também servem para pulverizar as pequenas produções acadêmicas, mais complexas e, portanto, mais vulnerável, e que não tem tempo para esculpir um nicho para si, devido à redução drástica na a média da expectativa de vida dos livros e três meses para que uma publicação bem sucedida, o resto pode estar em janelas livraria para três semanas. Figuras dos editores foram inflados, mas a taxa de mortalidade aumentou também.

A crítica marxista do capitalismo não teria sido capaz de se espalhar, ao que parece, tinha o capitalismo industrial já anexou a esfera de bens simbólicos. Marx lucraram com o atraso dos circuitos culturais em relação aos da produção para o mercado. Cem anos mais tarde, ele teria perdido sua chance. Todas as coisas são iguais em outras frentes, dentro da lógica da imagem e mercados (talkshows literárias semanais top-dez), Das Kapital teria permanecido o que era quando ele apareceu pela primeira vez: a extravagância acadêmica para livro-amantes, e não a fonte de a atual política de massas. Marx e Engels estavam escrevendo na junção de duas eras tecnológicas, a da “máquina mecânica”, aliviando o esforço muscular, ea “máquina energética”, as forças naturais aproveitamento. Socialismo de Estado desenvolvido em um segundo momento: a máquina em movimento e as informações da máquina, carro e televisão. Da mesma forma, o século da depilação Comunista e diminuindo também girou em torno de duas eras: dois tipos de memória, literal e analógico. “Socialismo científico” não iria sobreviver a mudança da transmissão eletro-mecânico (rotativo imprensa, telégrafo) para transmissão eletrônica. O único partido não se encaixava bem com o telefone, que sobreviveu ao sem fio, mas o rádio transistor foi o limite. O tubo catódico eo chip de silício escrito crise atacado. Transmissões de rádio transfronteiriços varreu as relíquias, eo satélite ao vivo transmissão presidiu o funeral.

A crise de reprodução cultural, como o socialismo de tende a lançar as leis que regem outras culturas em uma luz similar. Devemos tomar cuidado com emulando o trotskista norte-americana que, registrando a extinção do trotskismo nos Estados Unidos no pós-guerra, postulou a morte de todas as ideologias do planeta. Para confundir cultura com uma cultura, a fim de uma época, com o fim de tempo, o erro é tradicional da traditionalist. Cada queda é o arauto de um renascimento, e os deuses que fugiram pela porta da frente vai voltar, mais cedo ou mais tarde, através da janela.

Prisão, exílio, telefone

Uma ecologia do socialismo deve também ter em conta o extra-cultural, para não dizer os fatores anti-culturais que, uma vez assegurada a coesão da comunidade. Como um muçulmano ou um cristão, um militante nunca está realmente isolado, ele é sempre um membro do coletivo. Engajamento recursos políticos através de uma transferência de imagem do grupo sobre o indivíduo, ea intensidade do sentido do militante de pertença é a medida de suas capacidades de iniciativa. Etologia nos ensinou que uma sociedade de primatas é muito unida em proporção à hostilidade do seu ambiente, a este respeito, os revolucionários, como todos os crentes, são um pouco mais do que a maioria dos primatas. [14] Eles têm uma necessidade visceral de exílio e prisão. Essas foram as condições históricas para a criação de contextos da pensamento teimosamente refratário. Promovido ao funcionalismo, o movimento ‘dos ​​trabalhadores “se desfez, por seu cérebro deixou de funcionar no momento em que negociadas seu status oprimidos invejável para a posição fatal de opressor. Daí a imensa superioridade espiritual dos dissidentes do Leste Europeu ao longo dos burocratas dirigentes, como o ex-recuperado de todos os recursos da antiga intelligentsia secessionista, prisão e exílio, tudo entre eles. A lição a ser tirada do século de expansão e contração do socialismo: enquanto houve repressão, não havia esperança.

Para explicar: o socialismo foi uma tentativa de estabelecer um contra-meio de disseminação dentro de um ambiente hostil. Será que a idéia se tornou uma “ideologia” se os micro-circuitos de solidariedade não havia estabelecido uma mini-ambiente para si, dentro deste espaço sem forma? Baratos, redes de informação sustentáveis, comunidades alternativas e contra-culturas que devidos a sua capacidade de resistência às forças que os sitiados de fora. Para saltar a faísca do mito escrito à ação social, os eletricistas de emancipação dos trabalhadores tiveram que desconectar os cabos principais e da plataforma até a fiação improvisada própria. Métodos de organização subterrânea serviu como um invólucro protetor, para proteger telegrafia proletária atole burguesa e interferência. O romance da clandestinidade era essencialmente um pragmatismo comunicativo. Seguindo os caminhos da revolução ao longo dos últimos dois séculos levaria uma pelas paredes abrigam e cantos sombrios que Rabelais evocados como locais inevitáveis ​​para ‘murmúrio e enredo.

Mas, com todos os olhos e ouvidos ocupado todas as noites pelo mesmo boletim de notícias em quatro versões, as paredes da célula ou seita são os primeiros perfurado, em seguida, levados pelas ondas. Até agora, tinham mais ou menos suficiente para manter uma diferença de pressão ou de temperatura do mundo exterior. A homogeneização dos fluxos simbólicos tende a dissolver os núcleos não-conformista em um gás hegemônica comum. Televisão, agora a principal interface entre todos os grupos sociais, corrói os limites entre dentro e fora, e os níveis de acesso à informação. Como uma das bases militantes, por que eu deveria me preocupar para assistir às reuniões do partido quando o noticiário da TV vai me dar a essência do debate oito horas, e quando o meu vizinho do outro lado do salão vai descobrir o máximo que pude sobre o meu partido, sem perdendo seu tempo? Quanto ao jornalista, ele sabe tanto e muitas vezes mais do que o líder do partido, já que ele fala com todos e eles a ele. O porão ideológica da televisão substitui a espera da festa, porque o seu modo de organizar a população abraça e homogeneíza todos os grupos especializados.

Por outro lado, os dois nichos evolutivos privilegiadas do revolucionário socialista eram prisão e exílio. Prisão, para se concentrar; exílio, para fazer campanha. A leitura ea escrita são atividades de luxo, por definição, uma vez que implica tempo de lazer. Onde se poderia desfrutar de mais tempo para si mesmo do que nos cárceres da polícia do século 19? Prisão foi a segunda universidade do dissidente, seu assento de ensino superior e de maior consciência moral. ‘Quando um homem sabe que ele deve ser enforcado dentro de quinze dias “, disse Samuel Johnson,” concentra-se sua mente maravilhosamente. E Proudhon: “Tudo o que eu sou, devo ao desespero. ‘Burocrata, cuidado com os intelectuais que surgem a partir da prisão: eles amadureceram e têm músculos. Contra o capitalismo no Ocidente e do comunismo no Leste, os laboratórios de protesto social foram os centros de detenção e campos de prisioneiros de ditadores. Direita e esquerda, revolucionários e contra-revolucionários (Joseph de Maistre ou Solzhenitsyn, Dostoiévski ou Maurras) foram beneficiados por sua vez, a partir desses privilégios mediológica. A religião ortodoxa emergiu das colônias penais soviéticas em muito melhor forma do que eles tinham entrado.

A lista de honras de prisões europeias 1840-1930 fornece uma rollcall de laureados marxista. Ele termina no Oriente com o campo de trabalho stalinista (e Victor Serge). No Ocidente, os prisioneiros do capital formar os elos de uma cadeia anti-capitalista, de Babeuf de Proudhon para Gramsci, Blanqui a Bebel para Guesde. Foi a deportação para a Sibéria que permitiu Lenin para terminar sua primeira grande obra, O Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia, começou em uma prisão de São Petersburgo. Liebknecht, Luxemburg, Trotsky, Blum (que escreveu sua maior obra na prisão): quase todos os que deixaram sua marca no pensamento socialista passou um tempo atrás das grades. Exilado nos trouxe “Marx-Engels e ‘banido em sua juventude. Por meio século, a maior parte da intelligentsia russa foi forçado a clandestinidade e para a organização, pelo regime czarista. Socialismo francês nasceu na Inglaterra; italiano, o comunismo chinês e vietnamita nasceu na França. Expulsos de todos os lugares, o velho socialismo cresceu adepto de border-crossing e emergiu como um puro produto da cultura europeia. O nível de uma civilização, disse Lucien Herr, pode ser medida pelo seu grau de cosmopolitismo. Para ser arrancadas desperta razão ao sugerir comparação sempre um bom começo.

Stalin e Mao estão ausentes da lista de chamada do exílio: Stalin raramente deixou a Rússia ou a China de Mao (exceto para ir para Moscou, onde ele fechou-se afastado para evitar ver o mundo do lado de fora). Os déspotas de-feudalismo sociais tinham alma sedentárias. Como regra geral, os grandes paranóicos só falam a sua língua materna. Rebitada ao seu solo, falta-lhes toda a curiosidade sobre o outro, todos impulso de desafiá-la ou se fundir com ele. Autocratas medo de viajar, a redução de desorientação e encontros desagradáveis.

No entanto, o midiasfera parece ter tirado as diásporas de sua produtividade. Dispersão usado para favorecer a criatividade intelectual, estimulando a troca de escrita. Corpos se encontraram com menos freqüência, mas as mentes estavam em contato mais próximo. Considere a dívida por escrito socialista para a arte epistolar: Marx e Engels trabalhou metade de suas teorias em letras, e praticamente toda a sua actividade política teve que passar por uma pillarbox, a Primeira Internacional foi concebido por Marx como um bureau de correspondência central da classe trabalhadora. Hoje em dia os militantes socializar mais e saber menos das idéias uns dos outros. Mais conversa significa menos controvérsia. O telefone destruiu a arte de correspondência, e no processo diminuiu a estatura moral de tentativas de sistematização racional; email não restaurou. Raramente nós pegar o telefone para transmitir uma seqüência complexa de princípios e temas: podemos usá-lo para conversar. O discurso geral tornou-se indexados às armadilhas da intimidade e da vida privada. O celular, internet, laptop e avião são bons para a internacionalização, mas eles prestam solidariedade orgânica menos letal do internacionalismo. Eles ampliar a esfera das relações individuais, mas privatizá-los, ao mesmo tempo, eles particularizar mesmo tempo em que globalizar. O telefone celular é permanente para um. Ele dirige o universal a partir de nossas cabeças.

A crise do socialismo, então, é que mesmo que possa retomar seus princípios fundadores não pode retornar à sua lógica cultural fundação, seus circuitos de pensamento, produção e difusão. O colapso da graphosphere obrigou a arrumar suas armas e se juntar ao videosfera, cujo pensamento-redes são fatais para a sua cultura. Um exemplo prático: para descobrir o que está acontecendo alguém tem que assistir tv, e assim ficar em casa. A prisão domiciliar burguês, para abaixo de ‘casa de um homem é seu castelo “sempre se esconde,” cada um por si “. A desmobilização do cidadão começa com a imobilização física do espectador.

Que outras implicações para o pensamento social pode nos tirar dos três estados “de logosphere, graphosphere, videosfera-a palavra, a imprensa, a tela? Seria possível para tabular uma série de normas e funções inerentes a qualquer colectividade sociais, e mapear os modos particulares e formas que responderam a eles em cada época (ver oposto). Assim, a autoridade simbólica para a logosphere é o invisível, pois o graphosphere, a palavra impressa, pois o videosfera, o visível. Estado do indivíduo: sujeito, cidadão, consumidor. Maxim de autoridade pessoal: “Deus me disse”, “Eu li ‘;’ eu vi na tv.

 

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No entanto, embora esses três regimes se sucedem no tempo histórico, cada um afirmando suas próprias formas e modos predominantes, ele deve ir sem dizer que qualquer um de nós contém todas as idades ao mesmo tempo. Dentro de cada um de nós encontra-se uma Leste caligráfica, uma Europa impressa, a América widescreen, e os continentes negociar dentro de nós, sem perder seu respectivo lugar. Cada um de nós é, ao mesmo tempo, Deus, Razão e Emoção; teocrata, ideocrat, videocrat; santo, herói e estrela. Sonhamos com nós mesmos como estando fora do tempo, nós pensamos sobre o nosso século, nós queremos saber o que fazer com a nossa noite.

  

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[1] Ver Cours de médiologie générale, Paris 1991, este ensaio é retirado do ‘Neuvieme leçon: Vie et mort d’un écosystème: le Socialisme’.

[2] Citado em Georges Duveau, La pensée ouvrière sur l’éducation pendant la Seconde République et le Segundo Império, Paris 1947.

[3] G. W. F. Hegel, Encyclopaedia, § 459. Passagem analisada em Jacques Derrida, De la grammatologie, Paris 1967, pp 36-45.

[4] Gérard Belloin, rêves NOS, Camarades, Paris 1979.

[5] Eric Hobsbawm, “La Diffusione del Marxismo (1890-1905) ‘, Studi Storici, vol. 15, n. 2 (1974), pp 241-69.

[6] Victor Hugo, ‘A qui la faute?, L’Année terrível (1872).

[7] Jules Vallès, L’insurgência, Lausanne 1968, pp 48-9; Victor Hugo, Oeuvres completes, Paris 1968, vol. vii, p. 678.

[8] Para participar, em 1961, na campanha nacional cubano que levou um milhão de camponeses analfabetos em contato com a escrita era como um encontro físico com o imaginário progressista do livro.

[9] “Nós teóricos, ou, como eu prefiro dizer, publicitários da social-democracia”: VI Lenin, “Duas táticas da social-democracia na revolução democrática” (1905), Obras Completas, Moscou 1965, vol. 9, pp 15-140.

[10] Observe-se, de passagem, como estrangeiros os modos de “socialismo realmente existente” eram para o Camboja de Pol Pot, como remota a mística urbana de alfabetização e aprendizagem a partir desse culto selvagem da ignorância rural. O Khmer Rouge decretou: há livros, nem escolas. Eles saquearam as imprensas e bibliotecas de Phnom Penh, fechou a universidade, cadeados nas escolas de ensino médio. O único meio permitido era o rádio. Um partido sem um papel! Sistema de back-to-the-jungle de Pol Pot foi consistente: matança dos educado, um qualquer termo abrangente que tinha ido além do ensino primário; atacado xenofobia; rejeição da civilização urbana, e gerontophobia como um axioma político (ninguém mais de 23 poderia pertencer a Organização).

[11] Belloin, NOS rêves, camarades.

[12] Charles Andler, La Vie de Lucien Herr, Paris 1977.

[13] Ver Maurice Dommanget, L’Introdução du Marxisme en France, Lausanne 1969.

[14] Primate: mamíferos placentários com dentição completa e mãos preênseis.

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18º Congresso do PCC

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Carlos Barria/Reuters

O que esperar da transição política na China

Troca de comando no alto escalão do Partido Comunista ocorre em momento de incertezas e turbulência popular

Terminada a eleição nos EUA, é hora de voltar as atenções para a próxima troca de comando mais importante em anos: o 18 º Congresso do Partido Comunista Chinês. Dezessete congressos se passaram e quase ninguém prestou muita atenção, incluindo a maioria dos chineses, mas desta vez as circunstâncias são um pouco diferente.

Leia também: O que o próximo premier chinês e a indústria do tabaco têm em comum Leia também: As famílias que mandam na China

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Em discurso pouco ortodoxo, presidente chinês Hu Jintao alertou para as ameaças que a corrupção representa ao partido (Reprodução/Internet)

Além da pompa habitual e dos elogios efusivos e previsíveis aos feitos do PCC desde a época de Mao, há também grandes intrigas assombrando este congresso. Para começar, considere os personagens da trama. Será que o premier Wen Jiabao, acusado de enriquecimento ilícito durante a sua gestão, vai inesperadamente desviar do roteiro para negar que a fortuna adquirida por sua família nos últimos anos seja fruto da corrupção? Quantas vezes ouviremos o presidente Hu Jintao pronunciar as palavras “desenvolvimento científico” e “sociedade harmoniosa” em referência ao país em seu discurso? Especulações à parte, a pergunta mais importante é: o que estará em jogo para o futuro político e econômico da China?

Em uma reação ao crescente descontentamento popular diante de relatos de abusos de poder pela elite chinesa, manifestado principalmente em blogs e redes sociais do país, Hu Jintao começou seu discursou de abertura nesta quinta-feira, 8, alertando a população para a urgência de o Partido Comunista enfrentar a corrupção em suas próprias fileiras.

“Se fracassarmos em lidar com o assunto bem, isso pode ser fatal para o partido”, afirmou Hu. “Todo o partido precisa ter em mente a confiança que o povo colocou em nós e a grande expectativa que tem em nós.”

Líderes chineses raramente mencionam o risco de a corrupção ameaçar o partido em linguagem tão direta e em um evento tão importante para o país. O discurso foi transmitido em cadeia nacional pela televisão estatal e parece ter tido como objetivo aplacar os ânimos da população.

O chamado “socialismo com características chinesas” é a bandeira do progresso contemporâneo da China e também a bandeira sob a qual o Partido Comunista sempre operou. Mas as ambições da China de se tornar uma potência global moderna permanecem atreladas a um sistema político sigiloso em que o verdadeiro poder reside em recessos sombrios. Isso pode trazer problemas para o sucessor presumido de Hu, Xi Jianping, seu atual vice-presidente, que ainda tem de estabelecer suas próprias credenciais como autoridade máxima do partido.

Quando o congresso terminar na próxima semana, haverá 20 membros aposentados da comissão permanente do partido, a maioria dos quais espera manter alguma voz no comando do país e na nomeação de aliados. A apresentação oficial dos novos líderes da China só acontece no último dia do evento.

Fontes:The Atlantic – China´s leadership transition: what to look for, Valor – Partido Comunista da China troca comando e presidente ataca corrupção