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O sistema de controle e os olhos femininos…


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Propaganda de maquiagem com Cara Delevingne é considerada ‘enganosa’ e é banida: Comercial com a modelo é acusado de ‘falsificar’ e ‘exagerar’ os resultados do produto

A empresa de maquiagem Rimmel foi forçada a retirar uma campanha publicitária da TV no Reino Unido com a modelo Cara Delevingne, depois que o órgão de publicidade do país decidiu que havia manipulação demais no comercial, com técnicas de pós-produção, o que daria um ar exagerado e falso aos resultados do produto anunciado. O rímel da marca Scandaleyes Reloaded promete “cílios perigosamente NEGROS”. A ASA encontrou as fotos pós produção que mostravam Delevingne com ” cílios mais uniformemente exibidos na parte superior e inferior das pálpebras, o que os fez parecer ter mais volume. 

Fonte: http://veja.abril.com.br/

O comercial para o rímel da marca Scandaleyes Reloaded promete “cílios perigosamente NEGROS” com “volume extremo”. A Advertising Standards Authority (ASA), órgão que regula a publicidade britânica semelhante ao Conar no Brasil, recebeu uma queixa de que o anúncio exagerava de forma enganosa o efeito do produto, segundo o jornal The Guardian.

A Coty UK, dona da Rimmel, defendeu o anúncio e disse à publicação britânica que, embora tenha havido tratamento pós-produção, ainda assim ele fornece uma representação precisa do produto e de suas características.

A empresa disse que preparou o olhar de Delevingne antes de aplicar o produto “usando cílios individuais postiços, mas apenas para preencher lacunas e criar uma linha uniforme”. Depois, na pós-produção, alguns cílios foram redesenhados para torná-los mais visíveis contra a sombra escura do modelo.

A empresa negou alongamento ou espessamento artificial dos cílios de Cara Delevingne, e disse que a modelo tem cílios naturalmente longos. A ASA, que examinou as fotos de antes e depois, discordou, e baniu a propaganda por levar os espectadores a uma expectativa irreal do volume dado pelo produto. Confira a propaganda banida no vídeo mais abaixo.

A Advertising Standards Authority (órgão regulador) recebeu uma queixa de que o anúncio exagerava de forma enganosa o efeito do produto.

A ASA encontrou as fotos pós produção que mostravam Delevingne com ” cílios mais uniformemente exibidos na parte superior e inferior das pálpebras, o que os fez parecer ter mais volume. “Embora não tenha sido claro se isso foi devido às inserções de cílios ou ao redesenho de alguns cílios em pós-produção, ou ambos, consideramos que o efeito geral foi cílios mais longos com mais volume”, afirmou.

O JOGO DA “SEDUÇÃO DOS OLHOS NEGROS”:

“Como o anúncio transmitiu um efeito de volume, alongamento e espessamento do produto, consideramos que o uso de inserções de cílios e a técnica de pós-produção eram susceptíveis de exagerar o efeito além do que poderia ser alcançado pelo produto entre as consumidoras”.

“Vamos torná-los dóceis e fracos perante nós, usando nosso poder. Eles crescerão com depressão, devagar e obesos, e quando vierem nos pedir ajuda, vamos dar a eles mais venenos.

Usaremos metais suaves, aceleradores de idade e sedativos nos alimentos e água (FLÚOR), também no ar (CHEMTRAILS). Eles estarão cobertos de venenos em todo lugar que residirem por sua vez. Os metais suaves irão causar-lhes a perda de suas mentes. Iremos prometer encontrar a cura em nossas muitas frentes de pesquisa, no entanto nós iremos alimentá-los com mais venenos.

Os venenos serão absorvidos pela sua pele (produtos de “beleza”), boca (como os batons) e respiração, eles vão destruir as suas mentes e sistemas reprodutivos. De tudo isso, seus filhos nascerão mortos, ou defeituosos e nós iremos esconder esta informação. Os venenos estarão escondidos em tudo que os rodeiam e usam, no que eles bebem, comem, respiram e que os desgastam.

MARILYN MONROE, o expoente MÁXIMO da corrupção, manipulação e prostituição do feminino, levado ao extremo. Foi satanista e manipulada pelo Programa de Controle Mental Monarch. Morreu aos 36 anos e ainda hoje sua imagem de “mulher sensual” é PERSEGUIDA POR MILHÕES DE MULHERES INCONSCIENTES DE SI MESMAS…e que também são manipuladas e controladas pelo sistema …

Temos que ser espertos na disseminação dos venenos, pois eles veem longe. Nós vamos ensinar-lhes que os venenos são bons, com imagens divertidas e tons musicais na propaganda. Aqueles que assistem até vão nos ajudar. Nós iremos recorrer a eles para empurrar os nossos venenos. Eles irão ver os nossos produtos sendo usados em filmes (n.T. e em tempos mais modernos através da televisão) e irão crescer acostumados com eles e nunca saberão os seus verdadeiros efeitos.

Vamos centrar a sua atenção para o dinheiro e o desfrute dos bens materiais, de modo que muitos nunca se conectem com seu eu interior. Iremos distraí-los com fornicação e depravação sexual, com prazeres externos e jogos para que eles nunca possam ser um com a unicidade de tudo. Suas mentes nos pertencerão e eles farão o que dissermos e determinarmos.

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Usaremos todas as ferramentas (propaganda, televisão, Filmes de Hollywood) que temos para fazer isso. As ferramentas serão fornecidas pelo trabalho deles. Vamos torná-los inimigos entre si e que odeiem seus vizinhos. Nós iremos sempre esconder a verdade divina deles, de que somos todos um. Eles nunca devem saber!

Suas mentes estarão limitadas por suas crenças, COMPORTAMENTOS  e HÁBITOS, POR NÓS CRIADOS, as MESMAS crenças e hábitos que nós estabelecemos desde tempos imemoriais (desde  o surgimento da Babilônia)” FIM DE CITAÇÃO.}

Uso excessivo do celular “diminui a inteligência”, diz estudo científico…


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Pesquisadores da Universidade do Texas comprovaram que o uso e a presença constante de celulares provoca estímulos cerebrais que reduzem significativamente a inteligência e a capacidade de atenção das pessoas. — Embora esses dispositivos tenham um imenso potencial para melhorar nosso bem-estar, sua presença persistente pode provocar um custo cognitivo — afirmou Adrian Ward, autor principal do estudo, publicado em uma revista da Universidade de Chicago.

Usar constantemente o celular diminui a (já pouca) inteligência (restante), diz estudo científico. Pesquisa mostra que dispositivos reduzem desempenho intelectual em exercícios de memória e raciocínio

Fonte: https://oglobo.globo.com/

RIO DE JANEIRO — Pesquisadores da Universidade do Texas comprovaram que o uso e a presença constante de celulares provoca estímulos cerebrais que reduzem significativamente a inteligência e a capacidade de atenção das pessoas.

Após a realização de dois exames, os cientistas concluíram que as pessoas têm pior desempenho em tarefas se estiverem com um aparelho ao seu lado ou mesmo no bolso, mesmo que estejam desligados.

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Saiba mais sobre o sistema de controle:

A equipe de Ward conduziu testes de inteligência e memória com 520 estudantes universitários. Eles foram orientados a realizar provas de matemática, memorização e raciocínio com um smartphone em sua mesa, no bolso, ou mesmo em outra sala, e com alertas desligados, para que não causassem distrações.

Aqueles que deixaram seus celulares na mesa tiveram notas 10% inferiores aos estudantes que deixaram os dispositivos em outra sala, fora de seu alcance. A nota dos universitários que deixaram os aparelhos no bolso foi apenas um pouco melhor do que a de seus amigos que estavam com o telefone na mesa.

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 Estudantes que deixaram celulares na mesa tiveram nota 7,8 no quesito inteligência fluida, que é a capacidade de pensar e raciocionar de forma abstrata e resolver problemas. Quem deixou o celular no bolsou pontuou 8,2; em outra sala, 8,4.

Os pesquisadores descobriram que o efeito negativo de ter um telefone ao alcance da visão era significativamente maior entre aqueles que diziam que eram dependentes de seus smartphones. Participantes que se identificaram com frases como “Eu teria problemas para passar por um dia normal sem o meu celular” e “usar meu celular me faz sentir feliz”. No entanto, sua nota melhorava quando deixavam o dispositivo em outra sala.


— Nós vemos uma tendência que sugere que, à medida que o smartphone se torna mais visível, a capacidade cognitiva disponível dos participantes diminui — disse Ward. — Até o processo de tentar não pensar no smartphone sacrifica nossos recursos cognitivos.


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A Matrix (o SISTEMA de CONTROLE) “A Matrix é um sistema de controle, NEO. Esse sistema é o nosso inimigo. Mas quando você está dentro dele, olha em volta, e o que você vê? Empresários, professores, advogados, políticos, carpinteiros, sacerdotes, homens e mulheres… As mesmas mentes das pessoas que estamos tentando salvar.  “Mas até que nós consigamos salvá-los, essas pessoas ainda serão parte desse sistema de controle e isso os transformam em nossos inimigos. Você precisa entender, a maioria dessas pessoas não está preparada para ser desconectada da Matrix de Controle. E muitos deles estão tão habituados, tão desesperadamente dependentes do sistema, que eles vão lutar contra você  para proteger o próprio sistema de controle que aprisiona suas mentes …

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Star Wars: a verdadeira e oculta história por trás da saga


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Gostaria de compartilhar com vocês minha experiência pessoal de colaboração durante três dias no início dos anos 70 com Marcia Lucas e uma pequena equipe de estudiosos da Antroposofia na criação do roteiro da saga STAR WARS e minhas recentes descobertas sobre como esse trabalho fundamental afetou a escrita, edição e as sequências da Trilogia original.

STAR WARS: A verdadeira história oculta do por que a saga se tornou a “religião” mais recente do mundo. A Fonte da Força (O PODER) – O SEGREDO POR TRÁS DA INSPIRAÇÃO DE STAR WARS

Douglas Gabriel, 2016. – Fonte: http://cosmicconvergence.org

Em primeiro lugar, parece adequado que meu primeiro encontro com as origens de Star Wars – um conto de fadas moderno, em última análise sobre o retorno da CONSCIÊNCIA HUMANA ao espírito – aconteceria no Natal, uma época em que a humanidade recorda seu sentido de esperança no espírito (a FORÇA-PODER).

Eu era um estudante no Waldorf Institute na época, e me lembro do dia em que conheci os personagens de Luke Skywalker, os robôs R2D2, C3PO e toda a comitiva dos personagens de Star Wars. No entanto, quando eu os encontrei pela primeira vez, eles eram mais parecidos com bonecos de papel bidimensionais em um roteiro inacabado, antes que seu verdadeiro significado (“o espírito”) tivesse sido soprado neles.

Por exemplo, Luke Starkiller como eu o conheci estava muito longe do Skywalker que ele depois se mostrou ser. Você pode se surpreender ao saber que a história na sua forma inicial foi retratada através dos olhos mecânicos dos dois robôs, ainda não era o épico familiar, agradável à multidão que se tornaria um dos filmes mais famosos e cativante do mundo cinematográfico.

Isto é, naturalmente, antes que eu e meus os colegas do Waldorf Institute passássemos três dias como parte de uma sessão de trabalho de think-tank com a talentosa então esposa de George Lucas e editora de filmes profissionais, Marcia Lucas (née Marcia Griffin), para transformar uma história que originalmente se baseava em dois robôs em um conto de fadas moderno que ainda hoje evoca um sentido intemporal do destino humano.

Encontro com Marcia

Naquela época, como os personagens, eu estava em desenvolvimento (uma condição humana básica) , também, como são todos os estudantes sérios. Além de ser um estudante de Antroposofia – uma disciplina do conhecimento desenvolvida por Rudolph Steiner {Ele a apresenta como um caminho da busca da verdade que preenche o abismo historicamente criado desde a escolástica entre fé e ciência, a antroposofia é a “ciência espiritual” (conhecimento-CONSCIÊNCIA)} preocupado com todos os aspectos da vida humana, espiritualidade e evolução futura – também administrei a livraria Waldorf, que era um tesouro de conhecimento espiritual.

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Rudolf Steiner

Aquele período de Natal EU estava ocupado, e eu estava trancando a loja e pronto para ir para casa quando meu professor, Werner Glass, se aproximou de mim. Também nascido na Áustria, como Steiner, Werner era um instrutor muito querido no Instituto Waldorf e incontestavelmente o mais proeminente erudito antroposofista da América. Só posso dizer hoje que foi uma grande honra ser seu aluno. Naquele dia, havia um brilho de muita alegria em seus olhos. Pensando que ele simplesmente iria me desejar um feliz feriado, fiquei surpreso quando ele me pediu para segui-lo.

“Onde?” Eu disse, seguindo-o cegamente como um filhote de cão fiel.

Sem responder, ele me levou para uma das salas de aula mais espaçosas, onde outros quatro alunos já estavam sentados ao redor de uma mesa, conversando com o co-diretor do Instituto, Hans Gebert. Uma mulher que eu não reconheci parecia estar no centro da conversa – uma morena de aparência agradável com um ar amigável, mas sofisticado.

Quando todos viram Werner na entrada, eles olharam para cima com uma sensação de expectativa, como a maioria dos estudantes geralmente faziam quando Werner entrava em uma sala. Ele era como um pai para todos nós. Ele me fez um gesto para sentar-me, depois sentou-se e começou a explicar a situação.

“Estou muito satisfeito por apresentar a todos vocês a Marcia Lucas”, disse ele.

“Seu marido (George Lucas) é um diretor de cinema bem conhecido que está trabalhando em um roteiro para um filme de ficção científica – uma espécie de ópera espacial – e eles gostariam da perspectiva nossa do Waldorf. Não sei se você já ouviu falar de George Lucas?”

Era a primeira vez que ouvia o nome de George Lucas. Eu certamente não tinha visto o seu críticamente aclamado e comercialmente bem sucedido filme “American Graffiti”. Eu também não sabia que sua esposa, Marcia, era uma editora de cinema completa por seu próprio mérito e direito.

“Bem, Marcia está familiarizada com a Antroposofia e o trabalho de Rudolph Steiner, e ela precisa de nossa ajuda com o roteiro, para torná-lo mais inspirado por Waldorf de modo que terá bom mérito como um filme e uma história de saga espiritual”.

Marcia assentiu e ofereceu mais contexto. Ela disse que a “grande tela (de cinema)” devia ser usada para entregar mensagens importantes para o público e contar uma história mais espiritual, que tivesse uma boa base na verdade, não apenas ser um sonho de outro diretor.

Isso começou a me inspirar, como contar histórias é o centro do nosso currículo de ensino em escolas Waldorf. Os filmes são a exposição da massa a histórias. Histórias, como contos de fadas, ajudam a inspirar a psique daqueles que as testemunham, semelhante aos sonhos compartilhados. Na escola Waldorf, o professor vai contar uma história para as crianças, que aprendem de cor e recitá-la de volta na sala de aula no dia seguinte. Uma vez memorizada, as histórias são mais interpretadas através da música, dança, desenho, pintura e qualquer número de outras respostas criativas.

Marcia precisava de nossa contribuição, ela nos disse, porque o roteiro estava entrando em seu terceiro rascunho e faltava um elemento de espiritualidade nele. Eu podia ver que ela estava resolvendo problemas, procurando sinceramente uma maneira de fazer o roteiro funcionar.

“Tenho certeza de que estamos prontos para a tarefa”, disse Werner, olhando para mim.

Nos últimos minutos, eu estava sentado lá, perguntando: “Por que estou aqui? Ninguém me tinha contado sobre essa reunião. “Então, eu olhei ao redor e percebi que eu era o estudante mais experiente lá. Os outros eram muito jovens, menos estudados na Antroposofia e certamente não até este nível de trabalho. Fiquei imensamente aliviado que Werner estivesse lá para nos guiar durante a sessão, e sentou-me, relaxado.

“O diálogo é um pouco fraco”, disse Werner. “Eu disse a Marcia que poderíamos ajudar com isso também.”

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A esposa de George Lucas (à direita) entre 1969-1983, a influência de Marcia Lucas nos filmes American Graffiti e a trilogia Star Wars foi profunda e definitiva para seu sucesso.

Com isso, Werner levantou-se de seu assento e disse: “Bem, então. Minha família está esperando em casa e devo ir. Nenhum de nós pode acreditar. O principal antroposofista americano ia deixar este importante projeto em nossas mãos? Werner acrescentou:

“Douglas é a minha mão direita, e vou verificar seu trabalho ao longo dos próximos dias.”

Em seguida, deu as boas-vindas a Marcia aos recursos e à hospitalidade do Instituto e nos deixou polidamente. Com Werner indo embora, todos nós olhamos para o co-diretor do Instituto, Hans, para liderar a sessão. Hans levantou-se.

“Bem, devo admitir que a ciência e a matemática são minha verdadeira especialidade”, disse Hans, em sua forma característica. “Então, eu tenho medo de não ser de muita ajuda para este grupo.”

Ele amavelmente pediu-nos desculpas e disse adeus, depois saiu. Neste ponto, fiquei um pouco em pânico. Meus líderes me deixaram em um grande vácuo desconhecido! Marcia Lucas, que eu não sabia que na época já era uma das maiores editoras de filmes do mundo, olhava para mim com expectativa.

De repente, tive a sensação de que Werner tinha dito algo a ela sobre mim, semelhante ao seu comentário sobre eu ser sua “mão direita”. Tive uma vaga compreensão de que ela e eu estávamos aqui apenas por causa de Werner. Tendo sido um ator brilhante na Escola de Teatro de Londres, Werner tinha sido o antroposofista primário da escola Waldorf em North Hollywood em lidar com atores, diretores e produtores. Ela estava aqui por causa dele e eu estava aqui porque ele trouxe um estudante promissor para a mesa para este projeto especializado. Certamente, ele sabia o que estava fazendo, então eu decidi confiar nisso.

“Bem, então, vamos começar,” eu disse. – Conte-nos a história, Marcia.

Enquanto ela falava, eu me levantei e fui até o quadro-negro da sala de aula. Marcia teve dificuldade em articular a história; não fluía facilmente. Com giz colorido, comecei a esboçar o story-board (N.T. Um storyboard é um organizador gráfico em forma de ilustrações ou imagens exibidas em sequência com a finalidade de pré-visualização de uma imagem em movimento, animação, motion graphic ou sequência de mídia interativa)

“É uma história de dois robôs, você vê – o filme é visto através dos seus olhos”, disse ela. “Os robôs são elementos-chave da história. Eles devem ser mantidos”.

Compreendi que os robôs não eram negociáveis. Devemos trabalhar de alguma forma com eles.

“Ok”, eu disse. “Você pode nos ler o diálogo inicial?”

Ela começou. Foi difícil para nós ouvirmos. Como editora experiente, Marcia sabia disso. Os personagens não funcionaram. Eles não estavam vivos. Ela sinceramente queria reescrever o roteiro do filme de seu marido para o seu pleno potencial, mas neste momento, era descontinuado. Só mais tarde que eu aprendi mais sobre o contexto de sua parceria – como George era um gênio preocupado com o tema de máquinas e tecnologia, e Marcia era o lado humanista, focado em contar uma história significativa que ressoaria com o público. Eu não sabia disso, mas ela estava aqui, basicamente, tentando salvar o roteiro.

A FONTE DA FORÇA: O SEGREDO POR TRÁS DA INSPIRAÇÃO DA SAGA STAR WARS:

Eu decidi ser franco com ela.

– Primeiro, a história não é arquetípica – disse eu. “O autor não sabe a verdadeira natureza e valor dos personagens que ele está prestes a colocar juntos.”

Marcia começou a escrever notas rapidamente em seu caderno.

“O diálogo é irreal e banal. Ele serve apenas a um propósito – para passar para a próxima cena. Assim, a mensagem da história acontece na ação entre cenas”.

Ela assentiu, escrevendo. Eu continuei.

“Não há desenvolvimento de caráter, personalidades. Ninguém se identificará com esses personagens”.

Então, em uma nota positiva, eu disse: “No entanto, seu marido tem aproveitado a verdadeira realidade espiritual do nosso tempo. Sua obsessão por ver o mundo através dos olhos de dois robôs é genial, mas um pouco confuso. Podemos trabalhar com isso”.

Como todo mundo ali, incluindo Marcia, era um estudante de Antroposofia, comecei a fazer o que Werner sabia que viria naturalmente para mim tanto como professor quanto como aluno – aplicar os princípios que eu havia estudado ao nosso problema atual com o roteiro.

“George descreveu o desafio de nossos tempos”, eu disse, “A guerra com as máquinas, simbolizada nos dois robôs companheiros de jornada de Luke Starkiller (matador de estrelas e mais tarde Skywalker-andarilho das estrelas)”.

Agora, uma nota lateral interessante sobre os nomes. Como Luke Starkiller, nenhum dos nomes do personagem que Marcia nos lia estava em sua forma final. De fato, mais tarde recomendei que o herói, Luke Starkiller, fosse mudado para “Luke Skywalker”, de tradições indianas, tibetanas e das nações peles vermelhas norte americana, significando andarilho das estrelas (a condição de uma alma humana). Então, desde que Luke significa “luminoso”, e eu também tinha o conceito de um sabre de luz, uma arma que tanto defende como um escudo e é usada para ataques como uma força formidável. (Em termos antroposóficos, o sabre de luz representa a coluna vertebral humana.)

Esses detalhes viriam mais tarde. Agora, nós tínhamos que nos concentrar em moldar a própria história.

“Eu acho que precisamos voltar ao conceito de um conto de fadas”, eu disse, explicando que todos os contos de fadas começam com uma referência da história fora do tempo e do espaço e terminam com alguma referência à sua própria continuidade.

“Eu penso que o que você pode querer é um conto de fadas de ficção científica adulto que é espiritualmente (envolvendo um PROCESSO EVOLUTIVO NO AMADURECIMENTO DA ALMA) preciso, mas fascinante e interessante.”

Marcia concordou.

Com sua entrada, decidimos começar com Luke Starkiller. Tentamos descrever seu desenvolvimento do caráter em termos da polaridade que cada pessoa tem em sua alma – os caminhos do mal, da esquerda e da direita. No final, é o caminho do meio, “a FORÇA”(o EQUILÍBRIO), que o guerreiro Jedi deve escolher vivenciar. No entanto, sem explorar os caminhos da esquerda e da direita (o CONHECIMENTO DO BEM E DO MAL), o Jedi é enfraquecido por não conhecer seu (PRÓPRIO) inimigo (INTERNO).

“Então, cada frequentador de cinema será confrontado com a necessidade de tomada da mesma decisão, não importa qual seja a sua vida?”, Disse um dos alunos.

“Sim, esse é o caminho da maioria dos contos de fadas”, eu disse. A questão é: “Qual dos três caminhos você escolherá?”

Aqui novamente, fiquei impressionado com o brilho de George Lucas. Sua obsessão com as máquinas ressaltou o maior desafio da nossa era – o caminho do ocultismo mecânico à direita como descrito por Rudolph Steiner e o caminho do pensamento esquerdo que se tornou maligno. Se eu tivesse visto seu primeiro filme, THX-1138, eu teria reconhecido isso ainda mais claramente.

“Os dois robôs podem representar o pensar e querer”(o frio e mecânico intelecto), eu propus.

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Os robôs C3PO e R2D2

Como os heróis da história original de George, tanto C3PO e R2D2 permitem ao público “ver através dos olhos das máquinas.” Em seu relacionamento e interações com eles, Luke usa seus robôs para melhorar seu pensamento (C3PO) e disposição (R2D2) em uma era de domínio das máquinas, mas finalmente encontra o caminho do meio – o do sentimento (o do CORAÇÃO, onde esta alojada a ALMA no corpo humano, no Chakra Anahata).

“Vamos explorar os dois extremos: o caminho da esquerda do pensamento e o caminho da direita do querer”, eu disse.

Passamos tempo falando sobre isso. Tanto C3PO quanto o Imperador do Mal estão no caminho da esquerda do “pensamento” (meramente INTELECTUAL, EGÓTICO) que se transformou no mal. Por exemplo, C3PO pode pensar, mas não pode agir,  e o Imperador precisa de Darth Vader para realizar suas ações desejadas. Em contraste, os robôs R2D2 e Darth Vader estão no caminho do lado direito do “querer”. Tendo a capacidade de querer, eles ainda precisam ser informados sobre o que fazer. Darth Vader é o ser que conhecemos como Ahriman – acrescentei.

“Ele representa a inteligência composta de todas as máquinas, encarnada em um ser humano”.

“Então, o que dizer de um caminho do meio? Existe um? “, Perguntou um dos alunos.

“Excelente pergunta”, eu disse.

“O caminho do meio é o que os caminhos da direita e da esquerda perdem. Incapaz de compreender o caminho do meio, ambos os lados procuram destruí-lo. Os mestres Jedi como Obi-Wan Kenobi e Yoda desenvolveram-se no caminho do meio, já tendo dominado os outros dois caminhos. Representam o desejado encontro do centro equilibrado entre os dois extremos”.

De fato, esta dinâmica de dois pólos do mal é o motivo central da primeira trilogia de Star Wars.

Mestre das máquinas

Uma vez que entendemos a história no contexto deste quadro antroposófico, o próximo passo foi focar ainda mais no personagem de Luke Skywalker.

“Eu acho que Luke precisa desenvolver seu personagem interagindo com os dois robôs, tanto a mão esquerda quanto a mão direita”, eu disse.

Discutimos então cada robô. Como um robô no lado “pensante”, C3PO pode falar muitas línguas e é programado para a etiqueta e tradução de inúmeras línguas, um uso verdadeiramente inspirado para máquinas que raramente vemos. Ele representa um mal que tem existido enquanto as línguas em todas as culturas desde o início do desenvolvimento intelectual humano – o nome de Lúcifer, que encarnou em um corpo físico na China em 2000 aC.

Como o “caminho do lado esquerdo do mal”, Lúcifer é um arquétipo de Prometeu que traz o fogo, a linguagem intelectual fria, a filosofia, a escrita e a cultura para a humanidade (a instrumentação para a evolução da Alma). Acorrentado a uma montanha, ele sofria cada dia com um abutre comendo seu fígado até ser resgatado por Hércules. Ao representar Lúcifer / Prometeu, C3PO serviria como um contra-ponto para a encarnação quatro mil anos depois, em 2000 AD de Ahriman, o rei das máquinas e da fria tecnologia, também conhecido como Darth Vader.

Lucas, que modela o Hércules original ou o herói em todos nós, eventualmente quebra as correntes para libertar Prometeu, o que traz o fogo, mas que está no caminho da esquerda. Assim, também, o Imperador do Mal em Star Wars representa o poder do fogo (demonstrado como um raio de suas mãos e a sabedoria maligna dos Sith) que o consome cada vez mais na medida em que ele o usa para mal, para exercer CONTROLE.

“Luke está situado entre os dois robôs, entre os dois caminhos, como sua irmã gêmea, a Princesa Lea (arquétipo do feminino sagrado). Sua espiritualidade perdida está atraindo-o para cima em espírito “, eu disse.

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Luke Skywalker, representa a ALMA humana no caminho da BUSCA pela sua EVOLUÇÃO…

Todos os guerreiros Jedi transformaram seu sangue, no que mais tarde foi chamado de “midi-chlorians” contido no sangue. À medida que equilibram as forças dos caminhos esquerdo e direito, eles elevam sua consciência, o que aumenta o potencial espiritual no sangue, um processo que Steiner chama de “eterização do sangue”. Como Steiner ensinou, as pessoas espirituais carregam seu sangue com uma Consciência que os conecta ao espírito (a FORÇA-PODER). No entanto, ao contrário do filme, a habilidade de acessar o espírito ou a Força não é transmitida através da hereditariedade. Então, depois de discutir todos esses conceitos e lançar as bases para o entendimento comum, aqui está a história de Star Wars que planejamos:

Era uma vez, numa galáxia distante, muito distante, Luke Skywalker (o homem arquetípico EM EVOLUÇÃO) encontra sua vida envolvida, se não consumida, por máquinas. Lucas é o mestre dessas máquinas, porque ele tem consciência e, portanto, é puxado pela mão esquerda e pela mão direita. Ele é um órfão, como todos os seres humanos modernos se encontram (sentindo-se separado da sua fonte criadora), e sabe que algo grande vive dentro dele. Ele tem esperança em um universo sem esperança.

O pai (o Negro e robótico Darth Vader) de Luke sucumbiu presa do caminho do lado direito do mal das máquinas que o transformou em um homem parcial apenas – uma abominação parte máquina e parte ser humano que luta contra seu próprio espírito e deseja dominar a galáxia, mesmo que isso signifique matar seu próprio filho.

O caminho do lado esquerdo da magia negra pessoal vive no Imperador Maligno que também deseja matar todos os Jedi e, mais especialmente, o filho de Darth Vader.

Luke é protegido pelo humilde Jedi, Obi-Wan Kenobi. Eventualmente, este Jedi o leva ao seu professor do “caminho do meio” (a FORÇA-PODER) e se sacrifica para poder ajudá-lo na compreensão do mundo espiritual. Este caminho do meio é como o caminho para acessar o seu próprio EU SUPERIOR, a parte divina em cada ser humano.

No caminho, assim como Dorothy na Yellow Brick Road, Luke ganha alguns companheiros de viagem. Assim como o Mágico de Oz foi uma destilação de rituais maçônicos de iniciação, Star Wars apresentaa o público as partes da alma. Isso é necessário para tornar a história arquetípica, de modo que ela será sempre fresca. Por exemplo, Obi-One Kenobi representa a mais alta das três partes da alma, a alma com consciência do bem e do mal, que funde o espírito com a matéria assim como seus poderes Jedi lhe dão o poder da mente controlar a matéria.

Chewbacca, companheiro de Han Solo, personagem de Harrison Ford, representa a alma inferior, a alma sensível ou astral que deve transformar o animal em nós em um humano com características espirituais. Han Solo representa a alma intelectual que primeiro começa a despertar para o pensamento superior. Embora inteligente, o EGOÍSTA Han Solo não tem a capacidade de ver o grande quadro como Obi-One Kenobi.

Entre os três companheiros de Luke, assim como como o Leão, o Homem de Lata, e o Espantalho, cada um contribui com uma qualidade especial para Luke ao longo do seu caminho do despertar para sua FORÇA interior. Steiner chama essas qualidades da alma de “pensar, sentir e querer”. No centro da história, Luke representa o EGO, ou o ser humano pensante, e deve dominar os três passos do desenvolvimento da alma.

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Até as cores usadas na obra Star Wars são verdadeiras, VERMELHO e PRETO são as CORES de LÚCIFER… de baixa vibração e que incitam o INSTINTO ANIMAL…

UM RETORNO AO ESPÍRITO (O filho Pródigo)

Agora que construímos a estrutura subjacente, que era a parte mais hercúlea de nossa tarefa, estava claro para mim que precisávamos desenvolver esses personagens em arquétipos. Sabendo agora o que motivaria cada personagem, poderíamos facilmente ouvir as palavras que cada um iria naturalmente dizer e até mesmo imaginar suas reações realistas para o desdobramento do enredo.

Ao fazê-lo, mantivemos em mente uma verdade fundamental: o CAMINHO para o bem o para o mal são ESCOLHAS, que são feitas DIARIAMENTE. O Imperador Malvado e Darth Vader não nasceram maus; eles escolheram seus próprios caminhos. Luke Skywalker, o homem arquetípico, também deve fazer suas escolhas e viver com o bem ou o mal que resultará destas suas escolhas. Ainda assim, depois de todo esse trabalho que tínhamos feito, uma coisa estava faltando.

“Ainda temos um problema”, eu lembrei a Marcia. – Onde está a história de Luke?”

Intensamente faltando na versão original da história, esta questão teve que ser resolvida de modo que tudo mais fizesse sentido.

“Não é Luke, essencialmente, um arquétipo do filho pródigo?” Eu disse.

Outros concordaram que Luke estava separado da casa de seus pais e desejava retornar. Este é um elemento universal com o qual todos poderiam se identificar. Como Luke, cada um de nós tem nosso destino particular. Em nossa vida, embarcamos na busca para encontrá-lo e retornar ao nosso reino (a “casa” de nossos pais originais) no espírito. Desenvolvemos ainda mais a direção e o papel de Lucas na história da seguinte maneira:

Luke sabe que ele é especial, mas não sabe o por quê. Ao longo da história, ele deve evoluir para sua missão de enfrentar sua verdadeira identidade como filho de Darth Vader (arquétipo da ESCURIDÃO), aceitá-la e decidir o que fazer com ela. Em última análise, Luke nega o poder frio das máquinas que tentam obter controle sobre ele. Em vez dos híbridos homem-máquina de coração cruel, calculista, teimoso, egótico, rebelde e frio, Luke escolhe o amor. Ele só deve chegar a esse despertar depois de receber a ajuda de seus companheiros.

Sua irmã Leia (que eu sugeri que deveria ser chamada de Maya-ilusão em sânscrito, arquétipo da matéria) representa seu eu espiritual. Embora primeiramente atraído a ela através do desejo físico, sem saber que ela era sua própria irmã, Skywalker transforma essa atração em amor espiritual e vincula seu destino ao dela, como a alma que se liga ao espírito, na busca do retorno “para casa”.

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O ARQUÉTIPO DO FEMININO (a Sophia) é representado pela princesa Leia, na luta da Luz contra as Trevas o feminino é sacrificado e vilipendiado…

Mais segura de si mesma, Leia foi tratada como a princesa que ela é intrinsecamente. Luke tem lutado para “alcançar” a consciência onde ela estava, mas no final, seus destinos estão permanentemente entrelaçados. Porque ele está no caminho espiritual do auto-desenvolvimento versus o caminho físico da gratificação das necessidades físicas, egoístas e terrenas, Luke não “ganha o coração da princesa” – essa parte da história é deixada para outro personagem, para Han Solo.

Como parte de sua jornada, Luke usa o caminho do meio, o de desenvolver em si mesmo a FORÇA-PODER para conquistar tanto o Imperador do Mal como (SEU PAI) Darth Vader. Quanto mais os caminhos da esquerda e da direita tentam conquistar Luke, mais eles são vítimas dos efeitos colaterais do uso do mal para ganho pessoal EGOÍSTA.

Como o ser humano moderno, Luke conquista os inimigos do mal da tecnologia representada pelas frias máquinas, os dois robôs com a ajuda de seus companheiros (os cavaleiros Jedi) e desenvolve duas poderosas “forças” que as máquinas não podem controlar: a busca da alma pela liberdade (da ilusão-MAYA) e o amor humanos. Desta forma, Luke aprende a “ver através dos olhos das máquinas”. Ele até sacrifica sua mão humana por negar a tentativa de seu pai de conquistá-lo para o LADO NEGRO das máquinas.

No final, Luke ama seu pai e testemunha a morte de Darth Vader E SUA LIBERAÇÃO, arquétipo de Ahriman, o senhor das trevas, o rebelde, egoísta e teimoso, diante de seus próprios olhos. Este é o mesmo desafio moderno que cada um de nós enfrenta: quem é seu (verdadeiro) pai?

“O que você esta escolhendo: os prazeres mundanos do mundo físico, rebelde, automático, da teimosia, intelectual e frio das máquinas e da tecnologia ou o caminho do meio, o do espírito, o caminho da FORÇA e do PODER, da autodisciplina, da vontade de VENCER A SI MESMO, do autocontrole, do altruísmo, do serviço ao próximo?”

UM BELO CONTO DE FADAS

Durante os próximos dois dias, construímos nosso quadro inicial e polimos as idéias para representar todas as perspectivas possíveis em nosso arquétipo de ficção científica, a história do filho (arquétipo do CRISTO) pródigo. O roteiro estava se transformando em um belo conto de fadas que eu tinha certeza de que tinha méritos, mesmo se ele nunca chegasse a “grande tela do cinema”. Fiquei muito feliz em trabalhar com esses conceitos, porque eu podia ver meu próprio caminho de volta para o espírito (casa), desdobrando-se na história. (Claro, Werner sabia que isso seria parte do meu (des)envolvimento!)

Eu também apreciei a prioridade de Márcia de contar histórias eficazes. Em nossos tempos modernos, eu tenho visto um declínio do contar histórias em nossa cultura. Isso é perigoso, pois à medida que as histórias arquetípicas desaparecem, nossa imaginação se enfraquece como fonte de inspiração interior para a EVOLUÇÃO de nossa alma. Os filmes tomaram o lugar da narrativa e os atores tomaram o lugar dos heróis e heroínas encontrados em todas as histórias arquetípicas, seja mito, religião, lenda, conto de fadas, fábula ou qualquer outra fonte transcendental. No entanto, como aprendemos no desenvolvimento da saga Star Wars, se uma história não é arquetípica, não vai durar ao teste do tempo. A saga é um sucesso até hoje, mesmo depois de 40 anos em que ela foi lançada, Star Wars provou que sua MENSAGEM é verdadeira, pois tocou milhões de almas em todo o planeta.

Depois que nosso trabalho foi terminado, eu disse adeus a Marcia e desejei que tudo corresse bem com o filme. Ela agradeceu a mim e a todos os que contribuíram com suas idéias para o nosso maravilhoso e moderno conto de fadas. Eu não ouvi mais nada da estória até 1977, quando o filme estava prestes a ser lançado e gerando um frenético acúmulo de atenção da mídia.

Eu estava trabalhando na livraria quando Werner entrou para me contar a notícia: Marcia e George Lucas estavam tão felizes com a nossa ajuda que eles estavam oferecendo à todas as escolas Waldorf nos EUA a chance de mostrar uma exibição antecipada do filme como um levantador de fundos local. Esta foi uma oferta emocionante, porque eu sabia que uma boa quantidade de dinheiro poderia ser levantada com essa atitude. No entanto, mantendo-se fiel à sua prática de oposição à TV, filmes e tecnologia em geral, o Instituto Waldorf recusou educadamente a oferta, para minha profunda decepção.

Eu finalmente vi a Trilogia, depois de esperar impacientemente por todas as três partes, e estava feliz de que ela permaneceu fiel à ideia de conto de fadas que tínhamos desenvolvido em nosso Waldorf think tank.

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Voce é um DIAMANTE ou um “mero pedaço de CARVÃO NEGRO“…

Ao assistir aos filmes, percebi que a Guerra das Estrelas (STAR WARS) tinha afetado os caminhos de todos nós envolvidos no projeto. Assim como traçamos um caminho para Luke, estávamos todos em uma jornada em nossos caminhos para os nossos próprios destinos (a volta para CASA). Os arquétipos que construímos tinham feito muito bem o seu trabalho!

Por exemplo, trabalhando através dos conceitos filosóficos, eu vi meu próprio caminho na busca da volta para o espírito refletido na história, como Werner sabia que assim seria – o processo tinha ainda encorajado a minha própria compreensão do estudo da Antroposofia. Também me lembrei de que Werner, que era como um pai erudito, me apresentara a Marcia como sua “mão direita”, enquanto Luke Skywalker sacrificara sua própria mão direita na batalha com seu pai, Darth Vader, que escolheu o caminho das TREVAS – ambas as situações ligadas à busca do  conhecimento espiritual. Como um “da mão direita” substituto para Werner no projeto com Marcia, eu cresci em meu papel de liderança como um professor. Assim também, com a substituição de sua mão direita, Luke adquiriu uma postura mais magistral como um guerreiro Jedi que tinha com sucesso REJEITADO TOMAR O CAMINHO (mais fácil) do LADO NEGRO e se tornou mais conectado com a sua própria FORÇA (EU SUPERIOR) E PODER INTERIOR (espiritual).

O próprio George Lucas estava no caminho para que seu gênio fosse reconhecido com sucesso comercial e crítico. Ele mais tarde abriria seu famoso Rancho Skywalker, que eu acho que é um nome muito melhor do que “Starkiller” Ranch, não é?

No entanto, quando a sua mão direita, Marcia Lucas, foi cortada simbolicamente em seu divórcio de 1983, ele perdeu uma parte da humanidade que tinha ficado evidente nos filmes anteriores, e alguns dizem que faltou nas versões posteriores da série Star Wars.

Por sua parte, Marcia Lucas iria subir no palco para ser cerimoniosamente honrada, assim como os personagens no final de Star Wars. Muito elegante e elegantemente ao lado de uma apresentadora dourada Farrah Fawcett no Oscar de 1977, Marcia aceitou um Oscar como prêmio pela melhor edição de um filme que tinha começado como uma desconhecida ópera espacial para tornar-se um nome familiar em todo o planeta. Nessa cerimônia de entrega do Oscar, em 1977, um de seus colegas editores falaria por ela, e ela não teria a oportunidade de agradecer a ninguém publicamente, nem mesmo ao marido, George Lucas. Se tivessem dado uma chance para ela ao microfone, imagino que Marcia talvez tenha agradecido ao Waldorf Institute, embora o processo de estar envolvido nesse projeto influente fosse, para mim, minha própria recompensa.

De fato, mais tarde, ao trabalhar com a produtora Kathleen Kennedy durante a gravação dos filmes de Indiana Jones (de novo inspiração de George Lucas, agora em trabalho com Steven Spielberg), eu estava ciente de minha participação na criação de pequenos momentos nos filmes, onde a verdadeira sabedoria e luz brilham através da história. Isto é o que eu tentei fazer em todos os meus escritos: compartilhar o amor pelo busca da conexão com o espírito (FORÇA-PODER) que eu tento viver cada dia e trazer esse espírito para as almas de todos que eu tenho o privilégio de conhecer ou tocar de alguma forma pequena – mesmo Através de uma simples história que é a repetição onipresente da história original, o retorno DA alma HUMANA ao espírito, A VOLTA DO FILHO PRÓDIGO PARA CASA.

Apenas alguns dias atrás, com todo o ressurgimento das memórias de Star Wars e o recente lançamento da última parcela da série, eu pesquisei o nome de Marcia Lucas e descobri que ela e George se divorciaram em 1983. Ela havia voltado a usar seu nome de solteira, Marcia Griffin. Quando eu tinha trabalhado com ela, eu não tinha idéia de que ela era uma das maiores editoras de filmes do planeta, suas habilidades tendo sido regularmente em demanda pelos principais diretores, incluindo Scorsese e Coppola. Fiquei muito contente por saber sobre seu Oscar e acredito que ela é uma heroína não reconhecida na história de Star Wars.

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Afinal, quantas vezes um ser humano mortal cria algo eterno – uma história que dura para sempre? Deixo-vos com um link com um artigo sobre Marcia Griffin que dá uma bela imagem de suas contribuições para a realização da saga Star Wars:

Http://fd.noneinc.com/secrethistoryofstarwarscom/secrethistoryofstarwars.com/marcialucas.html

Aprecie, e possa a “FORÇA” estar com você!

Douglas e Tyla Gabriel estão encantados em compartilhar esta história com você como parte do projeto Nosso Espírito, que é uma nova Inspiração e Imaginação da Antroposofia em nossos tempos. Se você recebeu este link ou PDF de um amigo, agradeça a eles e retorne a bênção compartilhando livremente este papel com seus amigos e colegas espirituais e fãs de Star Wars. Estes materiais estão disponíveis para os leitores que recebem nosso boletim de www.ourspirit.com .

O site inclui vídeo palestras sobre uma variedade de tópicos, incluindo um de Douglas sobre a criação de Star Wars, mas mais proeminente em nossas obras é o desvelamento de Sophia (a Sabedoria). Conversas de vídeo podem ser encontradas na seção intitulada nossas conversas sobre o Espírito .

Gostaríamos também de agradecer a nossa editora, Karen Dell Kinnison, que amorosamente se derrama sobre nossos manuscritos, certificando-se de que os leitores tenham uma experiência agradável lendo o que escrevemos. Você pode reproduzir este documento para fins não comerciais, desde que seja inclusivo, incluindo esta página de confirmação.

Conheça-a (a Sophia, a sabedoria, que é FEMININA). Conhece a ti mesmo. Seja puro e AMOROSO. Seja curioso. Transforme-se…NA FORÇA DO ESPÍRITO…

 

Balzac e os rolezinhos


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Balzac e os rolezinhos

 

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Lucien de Rubempré, personagem pequeno-burguês de Balzac: um mano do século XIX?

Quando jovens da periferia são impedidos de entrar num shopping, desenrolam-se os capítulos contemporâneos da “Comédia Humana”

Por Fábio Salem Daie

Há cerca de duzentos anos, mais precisamente entre 1842 e 1848, Honoré de Balzac reunia o conjunto de sua obra para a publicação do ciclo romanesco que ficou conhecido como La Comédie Humaine (A Comédia Humana). Resultado de vinte anos de labuta literária, o empreendimento colossal (com mais de oitenta narrativas, muitas interligadas) registrava um dos grandes traços sociais de seu tempo: o esforço da classe burguesa ascendente em firmar-se como classe dominante, não apenas economicamente, senão culturalmente. Isto porque, se a revolução de 1789 havia soado a badalada final à imemorial supremacia política da aristocracia francesa, o período napoleônico e a Restauração mostrariam que havia ainda “feijão a comer” até a substituição de hábitos e valores há muito consagrados.

É nesse contexto que se move Lucien Chardon de Rubempré, famosa personagem deIlusões Perdidas. Fruto da união entre um farmacêutico e a filha de uma família nobre decaída, o pobre e provinciano Lucien planeja vencer na vida por meio de seus talentos literários. Sua beleza, juventude e brilho conquistam o coração da Sra. de Bargeton, rica nobre da cidade de Angoulême, responsável por sua ruidosa acolhida no salão da aristocracia provinciana e que carregará consigo o poeta à capital parisiense.

O rolezinho de Lucien Chardon na Ópera

Censura

Uma das passagens mais importantes do romance tem lugar durante a apresentação de Les Danaïdes, ópera de Antonio Salieri (sim, aquele “arquirrival” de Mozart, emAmadeus). É por meio da Sra. de Bargeton que Lucien tem acesso ao camarote da Sra. D’Espard, prima daquela e marquesa influente da alta sociedade de Paris. É ali também, no entanto, em meio aos grandes brasões da França, que o herói vê tolhidos, pela primeira vez, todos os seus esforços para subir na vida. Jogado entre aqueles de uma classe superior à sua, Lucien fornecerá, sem perceber, as pistas de sua origem humilde e de seu nome vulgar (Chardon).

– Eis o senhor du Châtelet – disse nesse momento Lucien, levantando o dedo para mostrar o camarote da senhora de Sérizy (…). A esse sinal, a senhora de Bargeton mordeu os lábios em sinal de desprezo, pois a marquesa não pôde deixar de escapar um olhar e um sorriso de surpresa, que dizia tão desdenhosamente: ‘De onde saiu esse jovem?’ (…).

– Como fazem o senhor e a senhora de Rastignac, que todos sabem não dispor de mil escudos de renda, para manter seu filho em Paris? – disse Lucien à senhora de Bargeton (…).

– É evidente que o senhor veio de Angoulême – respondeu a marquesa bastante ironicamente, sem deixar o seu lornhão.

Após a ópera, questionada pela prima marquesa se tivera a ousadia de levar o filho de um boticário ao seu camarote, a Sra. de Bargeton se vê obrigada a expiar seus erros, desculpar-se pelo atrevimento e negar três ou dez vezes aquele Cristo vaidoso e belo. Abandonado à própria sorte, Lucien Chardon parte então para o verdadeiro conhecimento de Paris, suas ruas escuras, pensões sujas, figuras miseráveis; bem como seus salões, teatros e galerias vedados à gentalha: tais espaços, somente os burgueses muito ricos ou os artistas muito célebres possuíam a vênia (às vezes não dada) para adentrar.

O desprezo que a nobreza européia dispensava ao burguês era, também, o desprezo por aquele que desconhecia a etiqueta e as boas maneiras da alta sociedade. A detalhes tão eloqüentes (a ponto de denunciarem Lucien) unia-se um universo que poderia girar entre Vivaldi, Bach e Beethoven; Dante, Racine e Milton; os pensadores políticos ingleses, Hobbes, Locke, Bacon; os filósofos da tradição clássica (Platão e Aristóteles) e os filósofos cristãos (Santo Agostinho, Thomás Aquino); francês e latim; noções de arte, história e geo-política; a destreza no manejo de armas; o sentido de dever com o rei e com os servos da terra.

Sangue Bom, Vai no Rolezinho do Bem

Pese a opressão do período feudal e, posteriormente, das monarquias absolutistas europeias, o burguês era encarado como filisteu e ordinário não somente porque escancarava o privilégio como advindo da exploração das camadas mais baixas (fossem camponeses ou operários). Importava o fato de que não dominava o código: a tradição cultural erguida, sepultada e mil vezes refeita através dos séculos, ao longo da ascensão e queda dos impérios. Isto era, em sentido forte, distintivo.

Zoar, dar uns beijos, rolar umas paqueras”

Quando jovens da periferia são impedidos de entrar num shopping center de São Paulo, desenrolam-se aí os capítulos contemporâneos da Comédia Humanabalzaquiana. Os Luciens Chardon de nosso tempo são meninos e meninas que almejam igualmente melhorar de vida, buscando para isso os símbolos de status e os objetos de desejo pelos quais se sentem menos excluídos de um universo (mesquinho) de valores. Se esses objetos são valor em si, também são os espaços de socialização em que o indivíduo se afirma como integrado.

Todos aqueles elegantes fidalgos usavam luvas magníficas, e ele tinha luvas de policial! Aquele brincava com uma bengala deliciosamente cravejada. Aquele outro usava uma camisa com punhos presos por delicados botões de ouro. Falando a uma senhora, outro torcia uma charmosa gravata (…). Um quarto retirava do bolso de seu colete um relógio liso como uma peça de cem sous (…). Observando essas pequenas bagatelas de que nem suspeitava, o mundo das superficialidades apareceu a Lucien e ele estremeceu pensando que era necessário um enorme capital para chegar ao estado de belo rapaz!

Última atualização da segregação econômica (e racial) que vigora em São Paulo, a repressão ao rolezinho vem escancarar que, em passeata ou arrastão, pesa mais a condição da pobreza do que a de manifestante ou fora-da-lei. Qualquer reunião é suspeita. Ao morro só se concede descer em grupos no carnaval. Fora de época, o morro não desce: ou corre ou marcha. Por essas a elite, quando decide desembolsar cem reais “apenas para entrar” numa casa noturna, sabe, no fundo, que não se trata “apenas” disto. Trata-se, de fato, de comprar a exclusividade do espaço junto àqueles que partilham do mesmo berço (por menos ornado de outras qualidades que não o puro e bom dinheiro). Em São Paulo e no Rio, pagar para entrar é, também, medida social.

Lucien via-se separado deste mundo por um abismo, perguntava-se por que meios poderia transpô-lo, pois desejava se assemelhar àquela esbelta e delicada juventude parisiense. Todos esses rapazes saudavam mulheres divinamente vestidas e belas, mulheres pelas quais Lucien se deixaria cortar em pedaços em troca de um único beijo (…).

La Comédie Humaine completa o ciclo com requintes de histeria. A elite e a classe média escarceam acusações que vão da “falta de modos” a tumulto e vandalismo. Na realidade, a quebra do decoro dos atuais Luciens difere daquela do jovem Chardon. Lucien, à ópera, deixava revelar à aristocracia seu aspecto de impostor, que em vão deseja parecer fidalgo. Lucien adivinhou que tinha ares de quem se vestira pela primeira vez na vida. Os Luciens contemporâneos não pagam esse tributo. Não só derrubam a exclusividade de consumo e de espaços de socialização, mas o fazem sem pedir, criando eles mesmos sua forma de socialização: o (inédito) rolezinho. A classe considerada subalterna inventa para si modalidades de inserção, com capacidade de aglomeração que a classe média apenas conhece em dias de festa.

Gravrara

Quem tem motor faz amor / Quem não tem passa mal (MC Daleste)

Em algum lugar, Jorge Luis Borges explica que a poesia gauchesca – que tanto cantou os feitos do homem do campo na Argentina – é, e só poderia ser, criação de literatos da classe média de Buenos Aires. Isto porque aquilo que os gaúchos reais de fato cantavam ao pé do fogo não era o pampa, o cavalo, o laço: coisas pertencentes ao cotidiano. O gaúchos falavam de coisas a que aspiravam e suas letras, explica Borges, traziam elementos incríveis (causos, personagens…) e algo de tendência reflexiva: um pouco à moda dos repentes e da literatura de cordel nordestinos.

O funk ostentação canta os desejos do jovem da periferia, e que só à primeira vista se resumem à necessidade de consumo. Embora relacionado sem dúvida ao progressivo acesso ao mercado consumidor, facultado pelo aumento da renda e do crédito nos últimos anos, caberia perguntar: assim como as reflexões gauchescas não aspiravam a ser verdadeira filosofia, seria o consumo do funk ostentação tão pretensiosamente sério?

Carros de luxo, helicópteros, aviões e até submarinos surgem nas letras, numa sucessão delirante de marcas e objetos caros, cobertos de ouro. Não algum ouro: mas quilos de ouro. Este toque de (talvez não seja equivocado dizer) “exagero” parece indicar algo óbvio, mas pouco notado nas canções: ostentar e possuir são coisas diferentes.

Se na matriz norte-americana as excentricidades de consumo estão, de fato, à mão derappers milionários, no Brasil tudo parece tomar novas dimensões, próprias à realidade local. Basta ver que boa parte das letras gringas que falam sobre dinheiro vem acompanhada de, por assim dizer, questões práticas: fundos de investimento, transações vantajosas, negócios imobiliários, especulações arriscadas etc. O motivo é simples: os cantores de rap e hip-hop mais bem sucedidos nos Estados Unidos são também empresários, a ponto de, em 2013, a revista Forbes ter organizado as dez melhores dicas de finanças retiradas das letras de hip-hop1. Assim, a posse efetiva de carros luxuosos e iates se expressa, nas letras, pelos problemas que naturalmente assediam este mundo; diríamos, os ossos do ofício.

Esta constatação, comparativamente, deixa ver o peso que a palavra “ostentação” carrega no contexto brasileiro. O “exagero” presente nas letras aponta, sem querer, para o que há de limite na própria ascensão econômica. Pese o dinheiro conquistado por alguns funkeiros da ostentação, é como se dissesse: “vamos passear de helicóptero, porque trabalhar é de ônibus, mesmo”. Não há contradição. A parte do helicóptero é o sonho, o que resiste de lúdico num contexto em que, se há uísque, faltam ainda educação, saúde e moradia de qualidade.

Rebeldes

Talvez isto seja a conexão mais profunda entre os rolezinhos e o funk ostentação. Paquera-se não só pessoas, mas as coisas, sem que isso implique tê-las. É passear antes de possuir, ainda que a posse se mantenha no horizonte. Estar próximo ao universo desejado, dentro dele (nos shoppings), entre um cabedal de objetos que vale mais pelo que tem de possibilidades do que de custo-benefício ou prazo de garantia. Daí a sucessão sem fim de marcas e formas, que atravessam umas as outras, sem fixar-se.

Contudo, o funk ostentação e os rolezinhos também podem ser, ironicamente, o primeiro tempo da questão social no Brasil em 2014, recuperando, quem sabe, ecos de junho do ano passado. Ainda há o que ver nesse rolê.

 

Um abraço

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O Brasil e a cultura do automóvel — ou melhor, “egomóvel”


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PESSOAS GOSTAM TANTO DE AUTOMÓVEIS

QUE POEM A MULHER NA GARAGEM

E O CARRO NA CAMA

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Publicado originalmente na DW.

O Brasil ainda mantém a tradição de privilegiar o automóvel em detrimento do transporte coletivo, e alterar esse panorama demanda não só políticas públicas, mas uma mudança na mentalidade do brasileiro. Essa é a opinião Martin Gegner, do doutor em sociologia urbana da Universidade Técnica de Berlim e professor visitante da USP.

Gegner organizou na quarta-feira (09/10) um painel com especialistas brasileiros e alemães para discutir o tema mobilidade em grandes cidades. O debate é parte do 2° Diálogo Brasil-Alemanha de Ciência, Pesquisa e Inovação, evento integrante do Ano Alemanha + Brasil.

“O Brasil ainda vive a influência do ideal modernista de urbanismo, em que as cidades são planejadas em função do carro, com prédios e garagens grandes, com bairros ligados por grandes vias rodoviárias. O grande exemplo disso é Brasília”, diz Gegner, que tem origem alemã.

Para ele, esta concepção de metrópole vem sendo questionada há mais de 30 anos na Alemanha, principalmente pelos movimentos verdes. “Os jovens alemães das grandes cidades já não valorizam o carro, mas no Brasil isso ainda é muito forte. É o que chamamos de ‘egomóvel‘, porque não é funcional, é mais um símbolo de status”, defende.

O professor critica ainda a mentalidade da classe política, que, segundo ele, associa o transporte público às classes baixas, focando apenas no preço, sem oferecer qualidade no serviço.

“Na visão dos políticos brasileiros, menos de cinco pessoas por metro quadrado significa que a linha está subutilizada. Isso é um absurdo”, protesta. Ele diz que é preciso tornar o transporte coletivo mais confortável, o que aumentaria a aceitação entre as classes altas.

Inovações sociais

Gegner acredita que a maioria dos debates sobre mobilidade trata de soluções tecnológicas, quando a inovação deve ser de ordem social. Ele cita como exemplo a bicicleta: “No Brasil ela é vista como lazer e não como transporte. Na Alemanha, as grandes cidades estão cobertas de ciclovias e as pessoas usam a bicicleta para ir trabalhar”.

Por isso, o painel no evento também discutiu a adaptação de projetos de sucesso na Alemanha, como o Car Sharing e o Call a Bike, em que é possível alugar um automóvel ou uma bicicleta por horas ou minutos. “Você procura no celular onde está o ponto mais próximo, busca o carro ou bicicleta, e devolve em outro local da cidade”, explica o professor.

Outro tema abordado no evento é a implementação do veículo leve sobre trilhos, ou VLT, uma espécie de metrô na superfície. De acordo com o especialista, este tipo de transporte é uma solução rápida e barata. “O custo do VLT é muito menor que o do metrô, porque qualquer obra subterrânea é muito cara e lenta. As pessoas associam isso ao bonde de antigamente, mas não tem nada a ver. É um transporte rápido, de massa e confortável”.

Um abraço

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Adolescência agora acaba aos 25 anos, segundo psicólogos


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A adolescência acompanha a atual compreensão de maturidade emocional, desenvolvimento hormonal e atividade do cérebro

A ideia busca evitar que crianças e jovens se apressem e se sintam pressionados a atingir marcos importantes Foto: Getty Images
A ideia busca evitar que crianças e jovens se apressem e se sintam pressionados a atingir marcos importantes
Foto: Getty Images

Adulto aos 18 anos?

Não mais. Agora a adolescência termina aos 25 anos, de acordo com diretrizes atualizadas e dadas a psicólogos infantis. A ideia busca evitar que crianças e jovens se apressem e se sintam pressionados a atingir marcos importantes, o que pode levar a um complexo de inferioridade caso não os atinjam.

Os dados são da BBC.

“A ideia de que, de repente aos 18, você é um adulto não soa verdadeira”, diz a psicóloga infantil Laverne Antrobus, que trabalha na Tavistock Clinic de Londres. “Minha experiência com os jovens é a de que eles ainda precisam de uma quantidade bastante considerável de apoio e ajuda para além dessa idade”, completou.

A mudança acompanha os acontecimentos na compreensão de maturidade emocional, desenvolvimento hormonal e atividade do cérebro. O desenvolvimento cognitivo de uma pessoa jovem, por exemplo, continua em um estágio mais tardio e a maturidade emocional, a autoimagem e julgamento serão afetados até que o córtex pré-frontal do cérebro esteja totalmente desenvolvido.

Agora, existem três fases da adolescência: início da adolescência entre 12 e 14 anos, adolescência média entre 15 e17 anos, e adolescência final de 18 a 25 anos. “Alguns adolescentes podem querer ficar mais tempo com suas famílias, porque eles precisam de mais apoio durante esses anos de formação e é importante que os pais percebam que os todos jovens não se desenvolvem no mesmo ritmo”, completou Laverne.

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Por que a mídia não quer que mude nada


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Por Paulo Nogueira – de Londres

Como mostra a lista de bilionários da Forbes, as famílias lucram extraordinariamente com os privilégios que têm.

Como mostra a lista de bilionários da Forbes, as famílias lucram extraordinariamente com os privilégios que têm.

Como mostra a lista de bilionários da Forbes, as famílias lucram extraordinariamente com os privilégios que têm. Na rarefeita lista dos bilionários brasileiros montada pela revista Forbes estão quatro donos de empresas de mídia: os três irmãos Marinhos – Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto – e Giancarlo Civita, o Gianca, primogênito e um dos herdeiros de Roberto Civita.

Essa simples informação – a lista da Forbes não é científica, mas ao longo de décadas seus editores desenvolveram métodos sofisticados de apuração – explica por que a mídia brasileira luta tanto contra qualquer mudança que represente o fim de seus imensos privilégios e mamatas.

O número 1 é o investidor Jorge Paulo Lemann. Mas se você combinar as fortunas dos três herdeiros de Roberto Marinho, Lemann é ultrapassado com folga.

Um olhar de floresta sobre a listagem mostra que 124 pessoas concentram 12,3% do PIB brasileiro.

Eis um número que se pode classificar de miserável: é a representação da extrema iniquidade do país.

Vi a notícia no site da Exame, da Abril, e evidentemente fui lê-la. Um bom texto, exceto por uma omissão que mostra como é difícil a vida dos jornalistas profissionais no Brasil de hoje: entre os setores que abrigam os bilionários não estava citada a mídia. Presumo que o editor, ou o próprio redator, tenham tirado a menção por cuidado.

A voz rouca das ruas não tem ideia das facilidades que as grandes empresas de mídia têm recebido ao longo dos tempos do Estado. Ou, para sermos mais precisos, do contribuinte.

O papel usado, por exemplo, é isento de impostos. É o chamado “papel imune”, no jargão interno das empresas de jornalismo.

Tampouco elas pagam ISS sobre as vendas de publicidade.

O Estado oprime a I....

Ao longo da história, órgãos como o BNDES e o Banco do Brasil concederam empréstimos a juros maternos para a mídia, sempre com dinheiro público.

Nos anos 1980, o Jornal do Brasil pagava suas dívidas perante o Banco do Brasil com anúncios. Mesmo assim, quebraria por causa de uma gestão ruinosa.

É um clássico na mídia: a administração é lastimável. Isso se explica, em parte, pela absurdamente anacrônica reserva de mercado mantida para as grandes corporações jornalísticas.

A reserva – que a mídia combate em todos os setores exceto o dela mesma – impede a concorrência estrangeira. Mas o preço pela facilidade são gestões trôpegas, típicas de quem goza de reserva. Para as famílias acionistas é uma coisa boa, mas para a sociedade é péssimo.

Administrações atrapalhadas ajudam a entender por que, mesmo com tantas vantagens bancadas com dinheiro público, as empresas de mídia frequentemente estiveram à beira da quebra. Muitas foram além disso e se instalaram no cemitério.

SOCIEDADE INDEC

Veja a diferença.

No exterior, Rupert Murdoch, da News Corp, construiu um império global à base de risco.

Murdoch foi da Austrália para o Reino Unido, e de lá para os Estados Unidos, com base em apostas que poderiam levá-lo ao céu ou ao inferno.

No final da década de 1980, ele decidiu investir em tevê por satélite. Pegou dinheiro emprestado em bancos e montou a Sky. Mas as coisas não correram como o esperado, e ele esteve à beira de ir à bancarrota.

Foi obrigado pelos credores a se juntar em tevê por satélite com a rival da Sky, a BSB. Pouco tempo atrás, ele estava com o dinheiro pronto para comprar a parte da BSB por mais de 20 bilhões de reais. O negócio só não foi feito porque o escândalo de seu tabloide levou o governo britânico a proibir a aquisição.

Veja, em contraste, como a Globo construiu sua supergráfica que foi concebida, pausa para rir, para uma tiragem de mais de 1 milhão de exemplares do Globo.

A Globo foi buscar dinheiro no lugar de sempre, o BNDES. Ou seja, a viúva e os pensionistas foram convocados para ajudar a família Marinho.

A mídia tem tido no Brasil um “Estado-babá”. Isso é bom para seus acionistas, como se vê pela Forbes.

Para a sociedade, é uma tragédia.

Paulo Nogueira é jornalista, baseado em Londres, é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

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A ciência da boa lábia


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A ciência da boa lábia

Estudos mostram que brechas na maneira como pensamos podem ser usadas para convencer. Saiba quais são as estratégias mais certeiras para persuadir e aprenda a se defender de discursos manipuladores

por Diogo Sponciato | ilustrações: Tiago Lacerda
 
NINGÉM ME COMPREEDE

Persuasão é coisa de político, marqueteiro e vendedor, gente com uma habilidade natural para seduzir, certo? Errado. Novos estudos revelam que a habilidade de convencer está impregnada em cada ser humano e teria, inclusive, contribuído para a evolução do nosso raciocínio. Mesmo que existam pessoas com o dom da lábia, técnicas de influência amparadas na ciência podem ser aprendidas por qualquer um. É o que afirma o Ph.D. em psicologia social Robert Cialdini, um dos maiores especialistas na área. Conheça a seguir essas táticas e entenda como e por que funcionam.

Nossa mente evoluiu para argumentar e persuadir os outros, sustentam artigos recém-publicados pelos renomados cientistas cognitivos Hugo Mercier e Dan Sperber, do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França. Eles analisaram diversos estudos que mostram como o pensamento coletivo resolve melhor que o individual uma ampla gama de questões. Na medida em que nossos antepassados desenvolviam a linguagem, dizem os estudiosos, eles tiveram de tornar essa capacidade de raciocinar em grupo mais eficiente para chegar a consensos.

Basta uma rápida reflexão para perceber o quanto essa necessidade de persuadir está presente em nosso dia a dia.

Ela dá as caras ao pedir passagem no trânsito, pleitear aumento ao chefe ou quando queremos demover a namorada de assistir àquela comédia romântica no cinema (ou o namorado de ver um filme de ação). Ser bem-sucedido ou não nessas tarefas, mostram experimentos de psicologia social, não depende apenas de bons argumentos. Requer saber usar os chamados atalhos mentais, atitudes que, mesmo sem ter uma relação com a ideia que você tenta passar, fazem ela ser aceita com mais facilidade.
A investigação desses atalhos começa com os estudos do psicólogo e Prêmio Nobel Daniel Kahneman, que descreveu o mecanismo rápido de tomada de decisões do cérebro. Kahneman demonstrou que nosso pensamento segue padrões baseados na experiência. Quando percebemos, por exemplo, que produtos caros normalmente têm qualidade superior, fazemos uma associação automática na nossa mente. Depois disso, todas as vezes que olharmos para um produto caro, a tendência será pensar que ele é melhor, mesmo que nada mais indique isso. Esse tipo de pré-conceito mental entra em cena várias vezes durante uma argumentação. Se dissermos que a ideia que estamos passando é amparada por um Prêmio Nobel (como acabamos de fazer), aumentam as chances de você se mostrar mais receptivo a ela, mesmo que seja um absurdo — o que, vamos deixar claro, não é o caso aqui.
Esses pensamentos intuitivos foram batizados de Sistema 1 (ou associativo) e, embora não pareçam, são benéficos. Eles economizam energia e tempo cerebral. Imagine o caos se a gente fosse parar para pensar com calma a cada pequena decisão. O contraponto é o Sistema 2 (ou analítico), usado quando precisamos meditar por um tempo antes de agir. As estratégias de persuasão operam principalmente em cima do Sistema 1, tentando capturar o interlocutor sem que ele reflita demais sobre o assunto, e se valem do fato de que uma parte da nossa maneira de pensar não se guia apenas pela racionalidade.
Um dos indícios disso é que a probabilidade de absorver ou não as mensagens de um interlocutor depende bastante de elementos que nada têm a ver com o que a pessoa diz. O psicólogo Albert Mehrabian, professor da Universidade da Califórnia, estabeleceu, depois de anos de pesquisas, uma regra clássica para mensurar como as mensagens são retidas. Segundo ele, 7% da chance de ter o discurso registrado se deve às palavras escolhidas, 38% às variações na entonação da voz e no ritmo da fala e 55% ao aspecto visual — gestos e expressões do rosto. “O que toca o outro é o comportamento não-verbal. Ele é útil para criar um canal de empatia, sem o qual fica muito difícil convencer alguém”, diz a fonoaudióloga Cida Coelho, doutora em psicologia social e professora do Centro Universitário Monte Serrat, em Santos.

A fórmula da persuasão

Entender esses elementos não-racionais que nos ajudam a convencer é o que faz possível aprender a ser mais persuasivo. “Décadas de estudos revelam que persuasão não é uma arte inata. Há hoje um corpo de evidências mostrando que existem maneiras eficazes de tornar nossa postura convincente”, diz Cialdini, que é professor da Universidade Estadual do Arizona e lançou recentemente no Brasil o livro As Armas da Persuasão. A obra reúne parte das investigações de quase 40 anos do pesquisador sobre os fatores que aumentam a predisposição de alguém a aceitar uma mensagem ou proposta. Cialdini agrupa os resultados de mais 300 pesquisas na área em seis categorias: reciprocidade, compromisso, aprovação social, afeição, autoridade e escassez (veja um resumo delas ao longo da matéria).
Um dos princípios mais impactantes para convencer o outro é se mostrar simpático ou oferecer algo a ele. Se um motorista quer entrar na frente do seu carro e acena gentilmente, você vai negar passagem? Difícil, não? Um estudo clássico do psicólogo Dennis Regan, da Universidade Cornell, nos EUA, esmiuçou esse comportamento na década de 1970. No experimento, duplas foram convocadas a avaliar pinturas, só que um dos participantes era ator. Este pedia um favor ao outro voluntário: se ele podia ajudá-lo comprando umas rifas. No primeiro grupo de participantes, depois de um intervalo, o ator trazia ao companheiro um refrigerante; no segundo, não lhe dava nada. Regan percebeu que os indivíduos contemplados com a bebida compraram o dobro de bilhetes, a despeito de gostar ou não do ator. “Eles sentiram uma obrigação de retribuir”, diz Cialdini.

O preceito do “é dando que se recebe” abrange desde a sutileza de sorrir antes de solicitar algo até dar presentes.

Uma pesquisa da Universidade de Toronto, no Canadá, revelou que todos os médicos que publicaram resultados positivos sobre um remédio para o coração haviam recebido viagens ou trabalhos do laboratório antes, enquanto só 37% dos cientistas que questionaram a droga haviam sido patrocinados de alguma forma.
O mero contato com as farmacêuticas, e sua rotina de almoços e brindes, já seria capaz, segundo levantamentos nos EUA, de influenciar o que o doutor receita. E é por isso que se combate hoje a chamada “prescrição não-racional”.

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Maria vai com as outras

Saber que a maioria das pessoas apoia uma ideia também nos faz mais propensos a aceitá-la, mesmo não havendo motivo racional para isso. É muito mais fácil ser convencido a incluir seu nome num abaixo-assinado se já há outros na lista. Esse é o efeito da conformidade, e ele parece mexer até mesmo com nossas percepções sensoriais, como aponta uma experiência do neuroeconomista Gregory Berns, da Universidade Emory, nos EUA. Ele pediu que um voluntário, sozinho em uma sala, comparasse formas geométricas na tela do computador e dissesse se eram iguais ou não. Mais tarde, a cobaia fazia o mesmo, mas acompanhada de outros quatro participantes, todos atores que davam respostas erradas de propósito. Na primeira parte do estudo, o voluntário acertava 90% das questões. Na segunda, o índice de acertos caía para 50%, mostrando o quanto a influência alheia repercutia na decisão. Ocorre que o voluntário tinha um scanner conectado à cabeça. “Pelas imagens notamos alterações em áreas do cérebro associadas à percepção visual quando ele estava na companhia dos atores”, conta Berns.

A opinião dos outros parece moldar nossa crença a ponto de distorcer o que enxergamos de fato.

A influência externa em nossas opiniões é ainda maior quando existe algum tipo de relação afetiva com quem se tenta convencer. É por isso que diversas empresas (no ramo dos cosméticos, por exemplo) se apoiam num time de vendedoras-amigas: elas levam novidades à casa das colegas imbuídas de um poder de convencimento muito mais emocional. Afeição também pode ser construída e não é à toa que lojas enviam cartões de Natal e vendedores buscam elementos em comum para conquistar o cliente — nacionalidade, time, religião. A aparência ou o modo como as pessoas nos veem também conta: pesquisas sugerem que tendemos a concordar mais com indivíduos que nos pareçam simpáticos, honestos e inteligentes.

O jeito de falar é outro fator determinante para construir a empatia e convencer.

Segundo Cida Coelho, quatro atitudes estabelecem esse canal: o olhar — o olho no olho sugere confiança —, a altura da voz — tons mais graves passam credibilidade e os mais agudos, despreparo —, o ritmo da fala — rapidez dá sensação de ansiedade, enquanto a lentidão indica falta de conhecimento — e a articulação ou dicção, que é a clareza e a fluidez ao transmitir a mensagem. Seguir esses preceitos não significa virar um robô com a voz empostada. “Hoje se valoriza mais a naturalidade, até porque as pessoas costumam desacreditar em quem não parece natural”, diz Cida.

Até mesmo tocar alguém ajuda a convencer.

Um estudo da Universidade do Sul da Bretanha, na França, usou uma atriz abordando pessoas num ponto de ônibus vazio. Ela pedia informações e depois simulava um tropeção, derrubando seus pertences. O teste foi feito de duas formas: com e sem um toque sutil no braço do desconhecido. Resultado: 63% dos indivíduos que não foram tocados ajudaram a atriz a pegar suas coisas, enquanto 90% dos agraciados com um toque fizeram esse favor à moça. O mesmo acontece na paquera ao encostar no braço ou joelho da parceira (só não vale grudar!)

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Ilustrações: Tiago Lacerda

Foi ele quem disse

Se você quer vencer um debate de ideias custoso, a saída é pedir ajuda aos universitários, ou melhor, filósofos, cientistas, literatos… Citar nomes e frases de gente famosa funciona porque os atalhos mentais nos levam a aceitar mais rapidamente a opinião de autoridades. “Nossa tendência é respeitar e até se encantar diante de alguém reconhecido por seus feitos”, diz Martha Hübner, professora do Instituto de Psicologia da USP. Repare como isso é usado nos anúncios publicitários: dentistas viraram garotos-propaganda de cremes dentais. O poder de influência da imprensa também não só é calcado na figura da autoridade, como a reforça. Dados colhidos nos EUA entre o final dos anos 1980 e início dos anos 1990 apontam que quando a posição de um expert sai no jornal The New York Times, ela provoca um deslocamento de 2% na opinião pública sobre o assunto; se a posição é defendida na TV, o impacto sobe para 4%.
Aliás, já que falávamos em marketing, outro princípio persuasivo que recorre aos atalhos mentais é o da escassez: se você disser que a promoção acaba no próximo final de semana ou que são as últimas peças à venda, tenha certeza de que mais clientes baterão à sua porta. Num experimento com estudantes da Universidade do Estado da Flórida, nos EUA, a avaliação da comida da cantina do campus, normalmente ruim, melhorou quando eles foram informados de que o estabelecimento teria de fechar por duas semanas em razão de um incêndio. Os especialistas afirmam que associamos automaticamente a característica de ser raro ou escasso a um valor maior.

Outra linha de pesquisa sobre as técnicas persuasivas se debruça sobre nossa noção de compromisso.

Se dissermos que faremos alguma coisa, sobretudo por escrito, nos sentimos na obrigação de cumprir a promessa. Em outro estudo clássico, este da Universidade de Indiana, americanos que responderam numa entrevista que concordariam em doar dinheiro para pacientes com câncer acabaram doando para valer quando, uma semana depois, funcionários de uma associação de combate à doença passaram por suas residências — o auxílio à campanha aumentou em 700% quando comparado à coleta sem as entrevistas anteriores. Quando o compromisso é de certo modo público (os voluntários expressaram que fariam uma doação), nos obrigamos ainda mais a ser coerentes.

Vai cair na rede?

As estratégias de convencimento já começam a ser atualizadas na era da internet. Um exemplo é a relativização dos argumentos de autoridade. “No mundo virtual se prioriza a opinião dos semelhantes”, nota Cialdini. Levantamento recente do instituto Deloitte confirma isso: 62% dos consumidores online nos EUA leem os comentários dos outros antes de comprar e 98% acreditam nessas opiniões.
Pesquisas preliminares também mostram que o poder de convencimento tende a se manter igual na internet, mas só no caso dos homens. Num experimento de bate-papo online versus convencimento pessoal, a psicóloga Rosanna Guadagno, diretora do Programa de Psicologia Social da Fundação Nacional de Ciência dos EUA, observou uma diferença considerável entre as mulheres. “O contato cara a cara teve um impacto maior entre elas, porque possuem uma maior necessidade de estabelecer conexões, algo comprometido pelo distanciamento imposto pelo computador”, explica. Rosanna avalia agora de que forma os contatos no Facebook repercutem nas influências da vida real. É provável que, antes de pedir um favor pessoalmente, valha a pena curtir um post do camarada.

Coisa do diabo?

Nos últimos anos, marqueteiros e grandes corporações têm usado e abusado desses atalhos mentais para aumentar as vendas e motivar funcionários a fazer o que os chefes desejam. Talvez por isso não seja raro pessoas persuasivas serem vistas como manipuladoras e arrivistas. Chega a ser irônico, já que a retórica, disciplina que visa à construção de um discurso eficaz e influente, nasceu com propósitos mais nobres na Grécia antiga. “A ideia era usar a força da palavra para convencer e expulsar os invasores da ilha da Sicília, oferecendo uma alternativa à guerra”, conta Lineide do Lago Mosca, professora de Letras Clássicas e Vernáculas da USP. Aliás, técnicas persuasivas continuam sendo empregadas com propósitos éticos. É o caso de profissionais da saúde. “Interessa-nos usar estratégias que maximizem as chances de convencer o paciente a sair da cama, se livrar do medo de uma cirurgia ou aderir a um tratamento”, exemplifica Martha.

“A persuasão é uma ferramenta que pode ser usada com boas ou más intenções.

E é importante conhecer suas táticas inclusive para se defender de pessoas que as utilizam de maneira antiética”, diz o Ph.D. em comunicação John Seiter, da Universidade do Estado de Utah, nos EUA. Embora compreender seus mecanismos e treiná-los possa nos deixar mais convincentes e atentos a tentativas de manipulação, essas estratégias, sozinhas, não fazem mágica. Sem referências, ideias e bons argumentos, não há técnica que resista. “Habilidades como erudição e negociação são relevantes, mas o discurso precisa ter sustância, sob pena de ser encarado como picaretagem”, diz a psicóloga Ana Cristina Limongi-França, da Faculdade de Economia e Administração da USP. É aquela velha história dos políticos de frases vazias.

E eles, você há de concordar, já não convencem mais ninguém, não é mesmo?

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Ilustrações: Tiago Lacerda

15 truques para convencer melhor

(ou 15 alertas para não cair na lábia dos outros) 1. Antes de pedir um favor ou iniciar uma conversa penosa, sorria e faça elogios ao interlocutor. Só não exagere na dose para não soar artificial.
2. Imite gestos e expressões faciais e verbais do seu colega. Pesquisas demonstram que copiar o parceiro de conversa, sem bancar o mímico, claro, aumenta a chance de persuadi-lo.
3. Traga lembrancinhas das férias, curta um status no Facebook, ofereça uma carona…         Presentes e favores criam para o beneficiado uma necessidade de retribuir a gentileza.
4. Numa discussão com um chefe ou interlocutor difícil de lidar, introduza suas objeções fingindo aceitar as proposições dele. Exemplo: “Eu concordo com isso, mas também temos que considerar…”.
5. Busque elementos em comum, como time de futebol, preferência musical, nome e origem, para estabelecer uma maior intimidade. A afinidade garante mais sucesso nos pedidos e debates.
6. Se você quer convencer alguém de que X supera Y, aponte as qualidades de X, mas ressalte sobretudo os defeitos de Y. Há indícios de que nosso cérebro guarda melhor aspectos negativos de uma pessoa ou produto.
7. Ao defender uma tese, não perca tempo elencando mil argumentos. Tenha foco e dê subsídios para os principais. Isso evita a impressão de que você tem conhecimento superficial do assunto.
8. Nada de recorrer demais a “hmm…”, “deixe-me ver…” e expressões que denotam hesitação e incerteza. A fluidez do discurso é importante para que ele cole.
9. Sempre dê motivos. Um estudo mostrou que a chance de você conseguir furar a fila apresentando uma razão (“Posso passar na frente porque estou com pressa e minha mulher está no carro?”) é maior do que se simplesmente você pedir (“Posso passar na frente? Tenho pressa!”).
10. Numa discussão, coloque-se sempre como superior ou use informações de foro privilegiado. Exemplos: “Sei disso porque morei em Londres…” ou “Então, uma prima que morou em Londres disse…”.
11. Jamais entre numa discussão cansado. O cérebro demanda muita energia. Ao ficar extenuado, multiplica o risco de se embolar e ceder.
12. Se você quer de fato convencer alguém a fazer algo, certifique-se de selar o compromisso por escrito. Há evidências de que o comprometimento por meio de um e-mail ou bilhete tem maior chance de ser cumprido.
13. Se quer que lhe façam um favor e suspeita que vão recusar, comece pedindo algo mais difícil. Exemplo: você precisa de R$ 10, mas pede primeiro R$ 30. Caso o interlocutor negue, você questiona se não teria pelo menos uns R$ 10. É alta a chance de a rejeição virar um “sim”.
14. Aparência faz diferença. Pesquisas indicam que o jeito de vestir e a adequação ao contexto elevam a confiança em quem profere o discurso.
15. Nas discussões mais complexas, aprenda com o filósofo alemão Arthur Schopenhauer: procure expandir ou generalizar as ideias do interlocutor para encontrar brechas nelas ou invalidá-las. E faça com que ele concorde com cada um dos seus argumentos antes de arrematar. Essa tática o força a aceitar sua conclusão.

Obstáculos olímpicos no Rio de Janeiro


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Obstáculos olímpicos no Rio de Janeiro

Plano de construção de Parque Olímpico ressuscita fantasma das remoções e expõe dificuldade de preparativos para eventos esportivos na capital fluminense

O governo brasileiro celebrou os planos de construção de um “Parque Olímpico”, que contará com um parque aquático e vilas atléticas, promovendo a construção como “uma nova porção da cidade”.

Só havia um problema: as 4 mil pessoas que vivem na porção do Rio de Janeiro na velha favela que a cidade quer destruir. Recusando-se a aceitar seu destino em silêncio, os moradores levaram sua luta aos tribunais e ruas da cidade, e se tornaram uma pedra no sapato do governo nos últimos meses.

“O governo acha que progresso significa demolir nossa comunidade por conta de um evento que durará algumas semanas”, diz Cenira dos Santos, 44, que tem uma casa na comunidade conhecida como Vila Autódromo. “Mas nós os surpreendemos com nossa resistência”.

Para muitos brasileiros, sediar a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 é a expressão máxima da elevação nacional no cenário mundial, e os eventos são símbolos perfeitos do progresso econômico e da nova posição do país no cenário internacional.

Mas algumas das forças que justificam o crescimento democrático do Brasil como um poder regional – a vigorosa expansão da classe média, a independência da mídia, e as expectativas cada vez maiores da população – são problemas para as preparações de ambos os eventos.

Obras quase sempre paradas

Nas obras dos estádios, operários – que também querem sua porção da riqueza que começa a surgir na sociedade brasileira – recentemente fortalecidos pelos índices de desemprego mais baixos da história, estão cada vez mais buscando aumentos salariais.

Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa pede desculpas

Os sindicatos já realizaram greves, em pelo menos oito cidades nas quais estádios para a Copa estão sendo construídos ou reformados, e os atrasos na construção estão aumentando os problemas com a FIFA, e fazendo com Jerome Valcke, secretário-geral da organização criticasse o país com palavras que foram consideradas “ofensivas” pelo ministro dos Esportes, Aldo Rebello.

'Por tudo o que o Brasil representa, as declarações são inaceitáveis', diz Rebelo - Arquivo/AE - 14/11/2011
Arquivo/AE – 14/11/2011
‘Por tudo o que o Brasil representa, as declarações são inaceitáveis’, diz Rebelo

“Esses eventos deveriam celebrar os feitos do Brasil, mas o oposto está acontecendo”, diz Christopher Gaffney, um professor da Universidade Federal Fluminense. “Estamos vendo um padrão que se repete como um pesadelo, com os direitos dos mais pobres sendo ignorados e os orçamentos sendo ultrapassados”. A cultura política do país também ajudou a aumentar os atrasos, com escândalos de corrupção envolvendo figuras do alto escalão do esporte.

“Ninguém será removido, exceto por razões de extrema importância” diz Jorge Bittar, secretário municipal de habitação do Rio Janeiro.  Ainda assim, o fantasma das remoções está mexendo com os ânimos dos ativistas, que afirmam que cerca de 170 mil pessoas podem ser obrigadas a deixar suas casas.

“A vila Autódromo não tem qualquer infraestrutura”, diz Bittar. “As ruas não são asfaltadas, e a rede de esgotos desemboca diretamente na lagoa, sem qualquer tratamento. È uma área de condições absolutamente precárias”. Jornalistas entraram na briga, relatando que o governo municipal pagou mais de US$ 11 milhões a duas imobiliárias para que elas realocassem os residentes da Vila Autódromo. Ambas as companhias doaram dinheiro para a campanha do atual prefeito Eduardo Paes, que não admitiu nenhum erro no procedimento, mas cancelou a compra dos terrenos.

Ilustração de parte da Vila Olímpica do Rio - Reprodução
Reprodução
Ilustração de parte da Vila Olímpica do Rio

Ainda assim, o governo diz que pretende derrubar construções no local para construir ruas ao redor do Parque Olímpico. “Somos vítimas de um evento que não queremos”, diz Inalva Mendes Brito, uma professora, moradora da Vila Autódromo. “Mas talvez, se o Brasil souber respeitar nosso direito de permanecer em nossas casas, os Jogos Olímpicos acabem sendo algo digno de celebração no fim das contas.

Fontes:The New York Times – Slum Dwellers Are Defying Brazil’s Grand Design for Olympics

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QUANDO A MEDIOCRIDADE VENCE


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QUANDO A MEDIOCRIDADE VENCE

Roldo Goi Júnior*

No ambiente de trabalho, assim como na vida comum, a mediocridade é maioria: a maioria das pessoas não arrisca, não inova, não se compromete, se preocupa o tempo todo em armar a própria defesa e nunca se expõe. Passa o tempo atirando pedras sobre aquelas que inovam, que arriscam, que se expõem. Para sorte dos medíocres, os inovadores correm riscos. Às vezes esses riscos se transformam em perda, os inovadores se vão, e os medíocres ficam.

 

A mediocridade é, também, muito conveniente: não questiona, não ameaça, não põe à prova. Convive facilmente com qualquer situação, e participa de qualquer jogo de poder. Por isso, essas pessoas ficam, E ficam também porque sabem que, se forem embora, não vão mais conseguir uma situação semelhante.

A mediocridade está presente em todos os níveis de cada sociedade ou organização. Mantém presença intensa mesmo onde a criatividade onde a criação são elementos básicos como, por exemplo, nas artes.

Na verdade, ser medíocre é o mais fácil. Como o mato, que cresce onde nada mais nobre foi plantado. E uma vez crescido, impede o nascimento de qualquer coisa. Precisa ser removido por um trabalho externo para dar lugar a plantação mais produtiva. Com as pessoas não é diferente, mas esse trabalho externo de remoção, é muito penoso, combatido, porque a mediocridade, ao contrário do mato, reage. E reage a seu modo, trançando teias de amarração por debaixo do pano, minando as ações, lançando as pequenas armadilhas, criando obstáculos, e tudo muito nebuloso, pardacento, para que não tenha de ser assumido. E acaba dando certo, porque é pouco freqüente que haja vontade política suficiente para fazer essas remoções a qualquer custo. Eis porque a mediocridade vence. Não é uma vitória justa, bonita. Mas é real, na prática.

Percorra-se todas as empresas comerciais, de serviços industriais, artísticas, etc., e na grande maioria se vai encontrar a mesma situação: a mediocridade plantada, entrincheirada, e histórias de profissionais que tentaram isso ou aquilo e passaram. E não faltará um sorriso irônico na boca de um ou outro medíocre, como a dizer “nós é que sabemos o que é bom ou ruim para esta empresa”. São esses que iniciam imediata destruição de tudo o que os inovadores fizeram, tão logo conseguem afastá-los de seus territórios. As exceções são empresas em que a inovação encontrou espaço próprio, domesticou a mediocridade, e a utiliza onde não pode ser mais daninha. Essas empresas são, invariavelmente, bem sucedidas e se caracterizam também por não fazer alarde disso.

Medíocres e inovadores são como água e azeite: nunca se misturam. Mas diferentemente desses dos elementos, não se ignoram: os inovadores se obrigam sempre a incluir a participação com os atos dos medíocres em seus planos de ação, e os medíocres estão sempre atentos aos passos dos inovadores para encontrar a chance de colocar cascas de banana no caminho . Medíocres se aliam a medíocres e inovadores a inovadores. As ligações dos medíocres, entretanto, são mais perigosas, porque são baseadas em ameaças veladas, do tipo “fica comigo porque senão jogo cascas de banana no seu caminho também”. Para um medíocre, uma casca representa risco maior que para o inovador, porque não tem energia para se levantar e prosseguir, sem dano moral.

O preço que o medíocre paga é nunca se destacar positivamente. Isso não chega a ser um problema, porque o medíocre não quer destaque. Ao contrário, quanto menos notado, melhor. Às vezes, acontece o acidente inverso: o medíocre é pilhado onde seria necessário inovar. Aí é um vexame, mas acontece pouco e não chega a afetar a maioria.

Não há nenhuma categoria intermediária entre inovadores e medíocres: ou se é inovador, ou se é medíocre. Dentro desses dois grupos existe a divisão em grupos com diferentes graus de honestidade, energia, carisma, inteligência, etc, mas permanecem as atitudes básicas.

Não é só em nosso país que existe essa realidade , mas também no dito Primeiro Mundo. Variam as razões de disputa, e os cacifes dos envolvidos, mas as situações se repetem. E como somos dependentes econômicos de um sem número de multinacionais, importamos mediocridade também. Recebemos dirigentes, funcionários e decisões tão medíocres que levamos algum tempo para acreditar que é aquilo mesmo, e que não há mais nada a entender.

Qual o destino dos inovadores? Em geral, num primeiro momento, a marginalidade profissional. Depois, os que tiverem sorte, acabam encontrando um nicho de trabalho onde a mediocridade está controlada. Outros, com tenacidade, iniciam nichos desse tipo. O restante permanece na marginalidade, ou se bandeia para atuar disfarçado dentro da mediocridade. Essa realidade é perversa, mas é realidade, e é necessário conviver com ela. Inovadores do mundo, uni-vos! Os medíocres não sabem, mas já estão automaticamente unidos pela própria mediocridade. Cabe aos inovadores realizar esforços para mudar essa condição. Este artigo irá provavelmente trazer algum estímulo aos inovadores. Quanto aos medíocres, não irão se ver neste espelho. Mais ainda, irão considerar o artigo vago e inconsistente: “não sei do que o autor está falando”.

* o autor é engenheiro mecânico, formado pela Escola Politécnica da USP.

 Publicado no O ESTADO DE SÃO PAULO em 19.8.1994