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Os Reinos Perdidos (10): Tiahuanaco, a Baalbek do Novo Mundo


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Capítulo 10 – A BAALBEK DO NOVO MUNDO

Todas as lendas na Cordilheira dos Andes, independentemente de sua versão, apontam para o lago Titicaca como o lugar onde a vida humana se iniciou, onde o grande deus Viracocha criou o mundo e as criaturas. É o local onde a humanidade reapareceu depois do Dilúvio, onde os an­cestrais dos incas receberam um cetro de ouro para fundar a civilização andina. Se isso for ficção, é apoiada por um fato in­contestável: exatamente   às margens do Titicaca encontramos primeira e maior cidade das Américas, Tiahuanaco.

Livro, OS REINOS PERDIDOS (The Lost Realms), da série de livros Crônicas da Terra, Capítulo 10 – A BAALBEK DO NOVO MUNDO  de Zecharia Sitchin

Capítulo 10 – A BAALBEK DO NOVO MUNDO

Sua magnitude, o tamanho de seus monólitos de pedra, as intrincadas gravações sobre os monumentos, suas estátuas, surpreendem to­dos os visitantes que estiveram em Tiahuanaco (como é chamado o local), desde que o primeiro cronista a descreveu para os eu­ropeus. Todos se perguntam quem construiu essa cidade, e de que forma, além de ficarem intrigados pela sua antiguidade.

Ain­da assim, o maior enigma é o próprio local: um local desolado, quase sem vida, situado a quase 4 quilômetros de altitude, elevado entre os picos andinos permanentemente cobertos de neve. Por que alguém se daria ao trabalho de levantar construções ciclópicas de pedra, que precisavam ser extraídas e trazidas de muitos quilômetros de distância, nesse deserto sem árvores, frio e varrido por ven­tos fortes?

O Lago Titicaca e ao fundo picos das montanhas nevadas da Cordilheira dos Andes.

Esse pensamento abalou Ephraim George Squier quando ele chegou ao lago Titicaca, um século atrás. Ele escreve em Peru Illustrated (“Peru Ilustrado”): “As ilhas e promontórios do lago Titicaca são, em sua maior parte, desertas. As águas escondem uma va­riedade de peixes estranhos, que contribuem para sustentar uma população escassa, numa região onde a cevada só amadurece em condições muito favoráveis e o milho, de tamanho diminuto, tem o seu desenvolvimento mais precário; onde a batata, enco­lhida às menores proporções, é amarga; onde o único grão exis­tente é o quina e onde os únicos animais nativos que servem de comida são a Viscacha, a Lhama e a Vicunha”.

Ainda assim, “nesse mundo sem árvores, se a tradição for nossa guia, foi desenvolvido o germe da civilização incaica”, a partir de uma “civilização original, mais antiga, que esculpia suas memórias em pedras enormes, dei­xando-as na planície de Tiahuanaco, e de quem não sobrou nenhuma tradição, exceto a de que o trabalho ali executado fora obra de gigantes dos tempos antigos, que o teriam feito numa única noite”.

Um pensamento diferente, entretanto, atingiu Squier enquanto ele subia um promontório que dominava o lago e o antigo local. Talvez ele tivesse sido escolhido pelo seu isolamento, talvez pelas montanhas ao redor, ou por causa da vista entre os picos. De uma serra a sudoeste da planície onde o lago está situado, perto de onde as águas fluem para o rio Desaguadero, ele podia divisar não só o lago, com suas ilhas e penínsulas ao sul, mas também os picos nevados para o leste.

Lago Titicaca e ao fundo a Cordilheira dos Andes.

Squier fez um esboço do local e escreveu: “Aqui, a grande cadeia de picos nevados dos Andes explode em toda a sua ma­jestade. Dominando o lago está o vulto maciço do Illampu, ou Sorata, a coroa do continente, a maior montanha nas Américas, rivalizando em altura aos monarcas do Himalaia, ou até igua­lando-os, cuja altitude, segundo estimativas, deve se situar entre 7.600 e 8.200 metros”. Mais ao sul, a cadeia de montanhas e picos “termina no grande Illimani, com 7.467 metros de altitude”.

Entre a cadeia ocidental, em cuja ponta Squier esteve, e as mon­tanhas gigantes para o leste, estende-se a depressão ocupada pelo lago Titicaca e suas margens meridionais. “Talvez em nenhum lugar do mundo, um panorama tão diversificado e grandioso possa ser con­templado de um único ponto de observação”. O grande altiplano central do Peru e da Bolívia, em sua parte mais larga, com os seus rios e lagos, planícies e montanhas, emoldurado pela cordilheira dos Andes, faz com que qualquer observador sinta-se olhando para um mapa.

Seriam essas características geográficas e topográficas a razão para a escolha do local — na borda de uma grande bacia plana, com dois picos que não se destacam apenas no solo, mas também no céu — assim como aconteceu com os dois picos do monte Ararat (5.180 e 3.960 metros) e as pirâmides de Gizé, que serviram para marcar o caminho para os anunnaki aterrissarem na Terra?

Titicaca_lago-mapa

Sem o saber, Squier levantou a analogia, pois intitulara o ca­pítulo descrevendo as ruínas antigas como “Tiahuanaco, a Baalbek do Novo Mundo”. Essa foi a única comparação na qual ele pôde pensar — comparação com um lugar que identificamos como o ponto de pouso dos nefilim, onde Gilgamesh colocou os pés, há cerca de 5 000 anos passados.

O grande explorador de Tiahuanaco, neste século, sem dúvida foi Arthur Posnansky, um engenheiro europeu que se mudou para a Bolívia e devotou sua vida a descobrir os mistérios dessas ruínas. Em 1910 ele se queixava de encontrar, a cada visita, menos peças, pois tanto os nativos locais, como os construtores de La Paz, e até mesmo o próprio governo, arrancavam sistematica­mente os blocos de pedra, não por seu valor artístico ou arqueo­lógico, mas para utilizar como material de construção, principal­mente nas estradas de ferro. Meio século antes, Squier fizera a mesma queixa.

Ele observara que a cidade mais próxima, Copa­cabana, fora construída, da igreja às casas dos habitantes, com pedras arrancadas das ruínas antigas, utilizadas como se fossem uma pedreira. Descobriu que até mesmo a catedral de La Paz fora erigida com pedras de Tiahuanaco. Ainda assim, o pouco que sobrou — principalmente por causa do tamanho — o im­pressionou a ponto de perceber que eram as ruínas de uma ci­vilização desaparecida muito antes do surgimento dos incas, uma civilização contemporânea à do Egito e às do Oriente Médio.

As ruínas indicam que as estruturas e os monumentos foram construídos por um povo dotado de uma arquitetura única, per­feita e harmoniosa — mas, “sem sinais de ter tido uma infância, um período gradual de desenvolvimento”. Não era de admirar, portanto, que os nativos dissessem aos espanhóis que essas es­truturas haviam sido feitas por gigantes, do dia para a noite.

Pedro de Cieza de León, que viajou pelo território do Peru e da Bolívia entre 1532 e 1550, em suas Crônicas, considera as ruínas de Tiahuanaco como “o local mais antigo de todos os que já descrevi”. Entre os edifícios que o impressionaram, estava uma “colina feita pelas mãos dos homens, numa grande fundação de pedra, cuja base media 275 por 122 metros e 36 metros de altura”.

tiahuanaco-estátua

Além, ele viu “dois ídolos de pedra, na forma de figuras humanas, com as feições esculpidas com tamanha habilidade, que pareciam ter sido criadas pela mão de um mestre”. “São tão grandes que lembram pequenos gigantes e agora está claro que usavam um tipo de roupa diferente das usadas pelos nativos daquelas pa­ragens e parecem ter algum tipo de ornamento na cabeça.”

Nas cercanias, ele encontrou as ruínas de outro edifício, com uma parede “muito bem construída”. Tudo parecia erodido e antigo. Em outro lado do sítio arqueológico, deparou-se com pedras tão grandes, “que ficamos maravilhados de pensar nelas e refletir sobre a força humana que pode tê-las transportado até o local onde hoje repousam”, muitas delas “esculpidas de várias formas, algumas como um corpo humano, que poderiam ter sido ídolos”.

Perto do muro e dos blocos largos de pedra ele viu “muitos buracos e lugares ocos no chão”, que o intrigaram, e para oeste, “outras ruínas antigas, entre elas muitos portais, com seus um­brais, lintéis e soleiras feitos de um só bloco”. Ele imaginou, corretamente, que dos portais saíam rochas ainda maiores, sobre as quais eles estavam dispostos, com quase 10 metros de largura, 5 ou mais de comprimento e 2 de profundidade. Ele afirma, chocado: “todo o conjunto — o portal, os umbrais e o lintel — era feito de um único bloco de pedra”.

Acrescenta ainda: “o tra­balho é grandioso, suntuoso, quando se considera tudo”. E: “não consigo entender com que instrumentos ou ferramentas puderam fazer isso. E’ certo que para trabalhar essas grandes pedras e deixá-las como as encontramos, as ferramentas precisariam ser muito melhores do que as utilizadas atualmente pelos índios”.

De todos os artefatos encontrados pelos primeiros espanhóis, descritos com tanta sinceridade por Cieza de León, os portais colossais em monobloco ainda estão onde caíram. O local, a pouco menos de dois quilômetros a sudoeste do corpo principal das ruínas de Tiahuanaco, era considerado pelos índios Puma-Punku como uma área separada. Porém, hoje em dia, é considerado parte da metrópole maior que circundava Tiahuanaco, uma área medindo 1,5 x 3 quilômetros.

tiahuanaco_mapa

As ruínas impressionaram cada viajante que colocou os olhos nelas durante os últimos dois séculos. Contudo, quem as des­creveu cientificamente foram dois pesquisadores alemães, A. Stübel e Max Uhle (Die Ruinenstaetíe von Tiahuanaco im Hochland dês Alten Peru – “As Ruínas de Tiahuanaco no Altiplano do Alto Peru”), em 1892. As fotografias e esboços que acompanharam seu trabalho mostraram que os gigantescos blocos caídos com­punham várias estruturas de grande complexidade, como, por exemplo, o edifício a leste do local.

O edifício, que caiu, era composto de quatro partes e possuía uma enorme plataforma, com ou sem as partes que formavam um corpo só, tanto na vertical, como em outros ângulos. As partes individuais, quebradas, pesavam cerca de 100 toneladas cada uma. São compostas de arenito vermelho. Posnansky (Tiahuanacu: The Cradle of American Man – “Tiahuanaco: O Berço do Homem Americano”) provou, de forma conclusiva, que a fonte desses blocos, pesando três ou quatro vezes mais quando formavam uma única peça, ficava na margem ocidental do lago Titicaca, a 15 quilômetros de distância.

Tais blocos de pedra, alguns medindo 4×3 metros, e mais de meio metro de largura, estão cobertos de depressões, sulcos, ângulos precisos e superfícies em vários níveis. Em certos pontos, os blocos possuem depressões que com certeza tinham a função de segurar grampos de metal, possivelmente, para pren­der cada secção vertical às que ficavam ao redor — um “truque” técnico que vimos em Ollantaytambu. A suposição de que tais grampos fossem feitos de ouro (o único metal conhecido dos incas), não se sustenta, pois o ouro não possui resistência.

Na verdade, esses grampos eram feitos de bronze. Esse fato é conhe­cido porque foram encontrados alguns deles. Esta descoberta teve enorme significado, pois o bronze é uma liga metálica difícil de produzir, exigindo a combinação de cobre, em certa proporção (cerca de 85-90%), com estanho. Mas, se o cobre pode ser en­contrado em seu estado natural, o estanho precisa ser extraído do minério através de processos metalúrgicos complexos.

Como teria sido obtido esse bronze? Isso pode ser parte do enigma, mas também, uma pista para a sua solução. Deixando de lado a explicação costumeira de que as estruturas colossais de Puma-Panku eram um “templo”, surgem as inevi­táveis perguntas. A que intrincado propósito prático serviriam? Por que despender tamanho esforço e utilizar tecnologias tão sofisticadas?

Ruínas ciclópicas em Ollantaytambo

O arquiteto alemão Edmund Kiss (cuja visualização de como seriam essas construções inspiraram seus planos para os monu­mentais prédios nazistas) acreditava que os montes e as ruínas ao redor da secção de quatro partes eram elementos de um porto, partindo da pressuposição de que o lago se estenderia até ali, na Antiguidade. Essa hipótese deixa aberta, e até reforça, a ques­tão: o que estava acontecendo em Puma-Punku? O que importavam os habitantes e que produtos embarcavam naquela altitude tão erma?

Escavações em andamento em Puma-Punku descobriram uma série de espaços semi-subterrâneos, construídos com blocos per­feitamente trabalhados em pedra. Lembram os da praça rebai­xada em Chavin de Huantar, levantando a possibilidade de que fossem elementos — reservatórios, depósitos e compartimentos-comporta — de um sistema hídrico parecido.

Outras intrigantes descobertas no local podem oferecer mais respostas. Foram encontrados blocos de pedra, completos ou que­brados, componentes de blocos maiores, extraídos, cortados em ângulos, separados e escavados de uma forma assombrosa, com uma precisão que seria difícil reproduzir, usando apenas as fer­ramentas modernas conhecidas. A melhor forma de descrever esses milagres é mostrá-los.

Não existe explicação plausível para essas peças, a não ser sugerir — com base em nosso atual estágio de desenvolvimento tecnológico — que fossem matrizes e formas para a confecção de intrincadas peças de metal; partes de um equipamento complexo e sofisticado, que o homem, seja nos Andes, ou em qualquer outro lugar, não poderia ter, absolutamente, na época pré-incaica.

Vários arqueólogos e pesquisadores que visitaram Tiahuanaco a partir da década de 30 — como Wendell C. Bennett, Thor Heyerdahl, Carlos Ponce Sangines, entre os nomes mais conhe­cidos — apenas centraram suas discussões em torno das con­clusões de Arthur Posnansky, o primeiro a apresentar um estudo completo sobre a região. Sua vasta obra começou a ser publicada em 1914, quando apareceram os vários volumes de Una Metrópole Pré-historica en Ia America del Sur (“Uma Metrópole Pré-histórica na América do Sul”), seguida depois, em 1945, por Tiahuanaco: Cuna dei Hombre de Ias Americas (“Tiahuanaco: Origem do Homem das Americas”). Essa edição, comemorativa aos 12.000 anos de Tiahuanaco, foi honrada com um prefácio oficial do governo bo­liviano (o local terminava na margem boliviana do lago, depois da fronteira com o Peru).

Ruínas de pedras megalíticas de Puma-Punku em Tiahuanaco

Por esse motivo, depois de tudo o que foi dito ou feito sobre Tiahuanaco, a conclusão mais surpreendente (e controvertida) foi a de Posnansky. Segundo o pesquisador, a cidade tinha sido fundada há milênios, constituindo sua primeira fase quando o nível do lago estava cerca de 30 metros mais alto, num período anterior à invasão da área por uma avalanche de água — talvez o famoso Dilúvio — e milhares de anos antes da Era Cristã.

Combinando as descobertas arqueológicas com estudos geológi­cos, da flora e da fauna, e com medidas de crânios encontrados em tumbas e representados em pedra, e utilizando toda a sua perícia técnica de engenheiro, Posnansky concluiu: existiram três fases distintas na história de Tiahuanaco; ela foi habitada por duas raças, pêlos mongolóides e, depois, pelos caucasianos do Oriente Médio e nunca pelo povo negróide.  

O lugar sofreu duas catástrofes, uma motivada por uma forte inundação (o dilúvio, quando a região e o lago estavam ao nível do mar) e, a outra, por algum desastre de natureza não identificado (elevação de toda a região em cerca de mais 3.800 metros de toda a Cordilheira dos Andes no evento cataclísmico durante o dilúvio).

Sem necessariamente concordar com essas conclusões de im­pacto, ou com a datação estabelecida por Posnansky, o fato é que todos os estudiosos que o sucederam nos 50 anos após suas descobertas arqueológicas e sua monumental obra têm aceito e utilizado seus dados e suas ideias. O mapa que realizou do local, com medidas, orientações, e localização dos edifícios principais tem sido usado como plano básico da cidade. Algumas das estruturas em ruínas que ele apontou como importantes, realmente produziram peças arqueológicas de interesse. A aten­ção principal concentrava-se, e ainda se concentra, sobre três ruí­nas básicas.

Uma delas, próxima à parte sul da área, forma uma colina conhecida como Akapana. Provavelmente, foi uma pirâmide com degraus e deve ter servido como fortaleza, conclusão a que se chega pela existência, no seu topo, de uma superfície oval escavada no centro, alinhada com cantarias, certamente para servir como reservatório de água. Presume-se que tenha sido construída para recolher água da chuva e assim garantir o fornecimento de água para os defensores, num eventual cerco à cidadela.

As len­das sobre o lugar, entretanto, falavam que ali havia ouro escon­dido. No século 18, um espanhol chamado Oyaldeburo chegou a receber uma concessão de mineração para o Akapana. Ele cor­tou o lado oriental da colina para retirar a água, procurou no fundo do reservatório, destruiu estruturas de belas cantarias, e cavou fundo na colina, encontrando apenas canais e tubulações.

Tiahuanaco-Akapana-piramide

A destruição, apesar de tudo, revelou não ser o Akapana uma colina natural, mas sim uma estrutura complexa. Escavações atuais mal arranharam a superfície da colina. Elas deram segui­mento, no entanto, ao trabalho de Posnansky, que demonstrou ser o reservatório de arenito provido de engenhosas comportas para regular o fluxo de água pelos canais de cantarias, dotados de encaixes precisos.

O complexo interior do Akapana foi cons­truído de forma a permitir que a água passasse de um nível para outro, alternando secções verticais e horizontais, numa al­tura de 15 metros. Porém, como o percurso corria em ziguezague, essa distância tornava-se muito maior. Ao final, pouco abaixo do fundo do Akapana, a água, que fluía por um bico de pedra, caía num canal artificial (ou dique) com cerca de 30 metros de largura, circundando completamente o local. Seguia dali para ancoradouros ao norte e, de lá, para o lago.

Se o propósito fosse apenas o de drenar a água para prevenir inundações durante a época das chuvas, um simples canal inclinado (como o que foi encontrado em Tuia) teria dado maior vazão de saída. Ali, porém, temos canais em ângulo, construídos com pedras trabalhadas e encaixadas engenhosamente de forma a regular o fluxo de água de um nível para outro. Isso indica alguma técnica de proces­samento — o uso de água corrente para lavar minérios, talvez?

Chegou a ser aventada a possibilidade de algum processa­mento mineral no Akapana pela descoberta, na superfície e no solo removido do “reservatório”, de grandes quantidades de “pedriscos” verde-escuros, variando em tamanho de 2 a 5 centíme­tros. Posnansky declarou que eram cristalinos. Mas nem ele, nem outros (que seja do nosso conhecimento) realizaram testes para determinar a natureza e origem dessas pedrinhas.

A estrutura localizada mais ao centro da cidadela (“K”, no mapa de Posnansky) possuía tantos subterrâneos e semi-subterrâneos que Posnansky achou que poderia ser um local reservado às tumbas. Por todos os lados havia secções de blocos de pedra cortados para funcionar como condutores de água. Porém, esta­vam totalmente desordenados, fato que ele atribui não apenas aos caçadores de tesouros, mas também a exploradores anterio­res, como o conde Crequi de Montfort, que durante suas escavações no local, em 1903, praticamente destruiu tudo o que estava em seu caminho, carregando muitas peças.

O relatório sobre as descobertas e conclusões dessa equipe francesa foi apresentado num livro de George Courty e numa conferência no Congresso Internacional de Americanistas de 1908, pronunciada por Manuel Gonzales de La Rosa. A essência destas descobertas era de que havia “duas Tiahuanacos”, uma de ruínas visíveis, e outra sub­terrânea e invisível.

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O próprio Posnansky descreveu as tubulações, canais e uma comporta (como no topo do Akapana) que encontrou entre as desarrumadas porções subterrâneas da estrutura. Ele descobriu que essas tubulações levavam a vários níveis, conduzindo talvez ao Akapana, e estavam interligadas a outras estruturas subter­râneas na direção oeste (direção do lago). Ele descreveu em palavras e desenhos algumas das estruturas subterrâneas e semi-subterrâneas que encontrou, sem esconder seu assombro pela precisão do trabalho, pelo fato de que as can­tarias eram feitas de andesita, uma rocha dura, e pela sua im­permeabilidade à água.

Ao longo das juntas, especialmente nas gran­des rochas do teto, havia sido espalhada uma camada de cal puro, com cerca de cinco centímetros de espessura, que produzia um efeito estanque. Ele afirma: “Esta foi a primeira e única vez que encontramos o uso do cal em construção pré-histórica na América”. O que se passava naquelas câmaras subterrâneas e porque foram construídas daquela forma tão específica, ele não conse­guiu descobrir. Talvez contivessem tesouros. Sendo assim, há muito teriam desaparecido nas mãos dos caçadores de riquezas.

De fato, ele percebeu que algumas dessas câmaras tinham sido despidas e saqueadas por mestiços iconoclastas da moderna Tiahuanaco. Partes das ruínas que escavou — pedaços de todos os tamanhos e diâmetros — podiam ser vistas na igreja próxima, ou nas pontes e dormentes da moderna estrada de ferro e até mesmo em La Paz. As indicações apontaram para a existência de grandes instalações hídricas em Tiahuanaco. Posnansky de­votou a elas um capítulo inteiro de seu último trabalho, intitulado Rydraulic Works in Tiahuanacu (“Trabalhos Hidráulicos em Tia­huanaco”). Escavações recentes descobriram mais tubulações e canais hídricos, confirmando suas conclusões.

O segundo edifício impressionante de Tiahuanaco não preci­sou de muitas escavações, porque se elevava em sua majestade para que todos o vissem — um colossal portal de pedra, que se ergue sobre a uniformidade do cenário como o Arco do Triunfo em Paris, mas sem desfiles embaixo e sem ninguém para assistir e aplaudir.

Conhecido como a Porta do Sol, foi descrito por Posnansky como “o mais perfeito e importante trabalho […]”, como “um le­gado e um testemunho elegante desse povo culto e da sabedoria e civilização de seus líderes”. Todos os que o viram concordam. Ele é impressionante não apenas por ter sido cortado e esculpido em um único bloco de pedra (medindo “apenas” 3×6 metros e pesando cerca de 100 toneladas), mas também pelos relevos in­trincados e surpreendentes em sua superfície.

O Portal do Sol em Tiahuanaco

Existem nichos, aberturas e relevos esculpidos geometricamente sobre a parte mais baixa do portal e na parte de trás, mas o que impressiona são as esculturas na parte superior frontal. Elas representam uma figura central, quase em três dimensões, embora se trate de um relevo, flanqueada por três fileiras de figuras aladas; imagens representando apenas o rosto da figura central, emolduradas por uma linha em meandros completam a composição.

Há consenso geral de que a figura central e dominante é a de Viracocha, segurando um cetro, arma, ou um raio na mão direita, e um forcado na outra mão. Essa imagem aparece em muitos vasos, panos e peças encontrados do sul do Peru e nas terras circundantes, indicando o raio de influência que os estudiosos julgam ter tido a cultura de Tiahuanaco. Ao lado desse deus se alinham atendentes com asas, dispostos em três fileiras horizontais, oito em cada lado da representação central. Posnansky ob­servou que apenas os primeiros cinco de cada lado são esculpidos no mesmo relevo pronunciado que a divindade; os outros, si­tuados nos extremos, são menos profundos, indicando que foram esculpidos posteriormente.

Ele desenhou a figura central, os meandros abaixo dela e os quinze espaços originais em cada lado, concluindo que aquele era o calendário do ano de doze meses, começando no equinócio de primavera (setembro no hemisfério sul). A figura central, mostrando sua divindade de corpo inteiro, segundo Pos­nansky, representava o mês e o equinócio da primavera. Como o “equinócio” representa a época do ano em que o dia e a noite são iguais, ele concluiu que o segmento sob a figura central, que se situava no centro da linha em meandros, representava o outro mês de equinócio, ou seja, março.

Ele, então, designou os meses em sucessão aos outros segmentos no interior dos meandros, observando que os dois segmentos da ponta seriam os meses extremos, quando o Sol se afasta, nos solstícios de junho e de­zembro, época em que os sacerdotes soavam as trompas para chamá-lo de volta. A Porta do Sol, em outras palavras, era um calendário de pedra.

Em detalhe, os entalhes no Portal do Sol

Para Posnansky, tratava-se de um calendário solar, porque não só estava aparelhado para marcar o equinócio da primavera, como também marcava os outros equinócios e solstícios. Era um calendário de 11 meses de 30 dias cada um (o número de atendentes alados sobre o meandro), mais um mês “grande” de 35 dias, o Mês de Viracocha, completando o ano solar de 365 dias. Ele deveria ter mencionado que um ano solar de doze meses, começando no equinócio de primavera, caracterizava o início do calendário do Oriente Médio, em Nippur, na Suméria, por volta de 3.800 a.C.

A imagem da divindade, assim como aquelas dos atendentes alados e o resto dos meses, é representada com traços que possuem um significado próprio, quase sempre apresentando formas geométricas. Também aparecem em outros monumentos e es­culturas de pedra, assim como em objetos de cerâmica.

Posnansky os classificou pictograficamente segundo o objeto representado (animal, peixe, olho, asa, estrela etc), ou a ideia (Terra, Céu, movimento e assim por diante). Ele determinou que os círculos e ovais, dispostos numa variedade de formas e cores, represen­tavam o Sol, a Lua, os planetas, os cometas, e outros corpos celestes ; que a ligação entre o Céu e a Terra aparecia freqüentemente, e que os símbolos dominantes eram os da cruz e da escadaria.

Na escadaria, ele viu a “marca” de Tiahuanaco, seus monumentos e sua civilização mais recente. Na sua opinião, ali se encontrava a origem, de onde o símbolo se espalhara pelas Américas. Sabia que esse glifo era baseado nos zigurates da Mesopotâmia, mas obser­vou que não reparara antes em indícios da presença de sumé­rios em Tiahuanaco. Tudo isso reforçou a idéia de que a Porta do Sol fazia parte de uma estrutura mais complexa em Tiahuanaco, cujo propósito e função era servir de observatório, gerando a sua mais impor­tante, e também mais controvertida, conclusão.

Dados oficiais da Comissão para a Destruição e Expiação da Idolatria, criada pelos espanhóis exclusivamente para esse fim (em­bora alguns suspeitem que se tratava de um disfarce para procurar riquezas), atestam que os homens dessa comissão chegaram a Tiahuanaco em 1625. Um relatório de 1621 do padre Joseph de Arriaga listava cerca de 5.000 “objetos de idolatria”, destruídos pela força, fundidos ou queimados. O que fizeram em Tiahuanaco não é conhecido. A Porta do Sol, como mostram as primeiras fotografias, foi encontrada no século 19, quebrada no topo, com a parte da direita apoiando-se perigosamente na outra metade.

Quando e por quem foi endireitada e colocada de volta perma­nece um mistério. De que modo foi quebrada, também é um dado desconhecido. Posnansky não acha que tenha sido trabalho da Comissão. Acredita que o portal escapou da ira dos espanhóis porque havia caído, ou estava escondido da vista, quando os fanáticos da Comissão chegaram. Como aparentemente foi colocado outra vez em pé, alguns se perguntam se foi recolocado em seu local original.

O motivo para a suspeita recai sobre o fato de que o portal não era um edifício solitário na superfície plana, e sim parte de uma grande estrutura para o leste. A forma e tamanho dessa estrutura, chamada o Kalasasayaera delineada por uma série de pilares ver­ticais de pedra (que corresponde ao significado do nome “Os Pilares Em Pé”), formando uma área retangular de cerca de 137 x 122 metros. Como o eixo da estrutura parece ser leste-oeste, alguns imaginam se o portal não teria ficado no centro, ao invés de na extremidade nordeste da parede oeste (onde está agora).

Enquanto antes apenas o peso da estrutura seria um obstáculo para a sua remoção por quase 70 metros, como se imaginou, agora, com a descoberta de outras evidências arqueológicas, acre­dita-se que se ergue no local original, uma vez que o centro da parede oeste está ocupado por um terraço, cujo próprio centro está alinhado segundo o eixo leste-oeste do Kalasasaya. Posnans­ky descobriu ao longo desse eixo várias pedras esculpidas de forma a permitir a observação dos astros. Por isso, suas conclu­sões de que o Kalasasaya era um engenhoso observatório de astronomia são hoje aceitas como um fato.

As ruínas mais atrativas do Kalasasaya têm sido os pilares que formam um recinto levemente retangular. Mas nem todos eles foram suportes da parede; alguns parecem estar associados com o número de dias do ano solar e do mês lunar. Posnansky deteve-se no estudo de onze deles, erigidos ao longo do terraço que se projeta do centro da parede oeste. As medidas das linhas de mira, em pedras especialmente orientadas, a orien­tação da estrutura, os leves e propositais desvios dos pontos cardeais, o convenceram de que o Kalasasaya foi construído por um povo que possuía um conhecimento ultramoderno de astro­nomia, capaz de fixar, com precisão, equinócios e solstícios.

O Kalasasaya, e a marcação da passagem do tempo nos pilares de pedra, dos equinócios e solstícios.

Os desenhos arquitetônicos de Edmund Kiss (Das Sonnentor von Tiahuanaku), baseados no trabalho de Posnansky, assim como nas suas próprias medidas e avaliações, mostram (provavelmente com acerto) a estrutura interior como uma pirâmide com degraus, mas oca: uma estrutura cujas paredes exteriores elevam-se em estágios, mas apenas para cercar um pátio central aberto. A es­cadaria principal localizava-se no centro da parede oriental e os principais pontos de observação situavam-se no centro dos dois terraços largos que completavam a “pirâmide” do lado oeste.

Foi nesse ponto que Posnansky fez sua descoberta mais estarrecedora, com consequência explosivas. Ao medir os ângulos e as distâncias entre os dois pontos de solstício, ele percebeu que a obliqüidade da Terra em relação ao Sol, na qual eram baseados os aspectos astronômicos do Kalasasaya, não combi­nava com a inclinação do eixo do planeta dos 23° e 30 segundos de nossa era.

A inclinação da eclíptica, como termo científico atual, para a orientação da mira astronômica do Kalasasaya, seria 23 graus, 8 minutos e 48 segundos. Baseado nas fórmulas determinadas pelos astrônomos da Conferência Internacional de Efemérides, realizada em 1911, em Paris, que levam em conta a posição geográfica e a elevação do local, isso significa que o Kalasasaya foi construído por volta de 15.000 a.C.

Anunciando que Tiahuanaco era a cidade mais antiga do mun­do, construída “antes do Dilúvio”, Posnansky inevitavelmente despertou a ira da comunidade científica de seu tempo (os eruditos, como sempre). Até então, segundo as teorias de Max Uhle, a data de fundação de Tiahua­naco era calculada em torno do início da era cristã.

A inclinação da eclíptica não deve ser confundida (como fi­zeram alguns críticos de Posnansky) com o fenômeno da Pre­cessão. O último altera a esfera celestial no fundo (constelações de estrelas) contra o qual o Sol se levanta ou age em determinado momento, tal como o equinócio da primavera. A mudança, em­bora pequena, chega a 1 grau em 72 anos e até 30 graus (uma casa inteira do Zodíaco) em 2.160 anos. As mudanças de incli­nação resultam do quase imperceptível balanço da Terra, como se fosse um navio erguendo e abaixando em relação ao horizonte. A mudança do ângulo no qual a Terra está inclinada contra o Sol pode variar 1 grau em cerca de 7.000 anos.

Intrigados pelas descobertas de Posnansky, os membros da Comissão de Astronomia Alemã decidiram enviar uma expedição ao Peru e à Bolívia. Dela faziam parte Hans Ludendorff, diretor do Observatório Astronômico e Astrofísico de Potsdam, Arnold Kohlschütter, diretor do Observatório Astronômico de Bonn e astrônomo honorário do Vaticano e Rolf Müller, astrônomo do Observatório de Potsdam. Todos fizeram estudos e observações em Tiahuanaco entre novembro de 1926 e junho de 1928.

As investigações, medidas e constatações visuais confirmaram, em primeiro lugar, que o Kalasasaya era de fato um observatório de astronomia. Os cientistas alemães descobriram, por exemplo, que o terraço oeste com onze pilares, devido à largura, à distância e às posições dos pilares, permitia medidas precisas dos movi­mentos sazonais do Sol, levando em conta um número levemente diferente do número de dias do solstício para o equinócio, e vice-versa.

Esses estudos confirmaram que em seu ponto mais contro­vertido Posnansky estava essencialmente correto: a inclinação do Kalasasaya diferia bastante do ângulo de inclinação de nosso tempo ATUAL. Baseados em dados que lançam nova luz sobre o pro­blema, com observações da China e da Grécia antigas, os astrônomos sabem que sua curva de movimentos oscilatórios está correta apenas para alguns milênios atrás. A equipe de astrônomos alemães concluiu, portanto, que os resultados poderiam in­dicar uma data para Tiahuanaco de 15000 a.C, mas também em 9.300 a.C. (a mais correta, em época POSTERIOR ao dilúvio), dependendo da curva utilizada.

Desnecessário dizer que mesmo a data mais recente não foi aceita pela comunidade científica. Provocando críticas, Rolf Müller conduziu novos estudos no Peru e na Bolívia, juntando-se a Posnansky em Tiahuanaco. Descobriram que os resultados po­deriam sofrer alterações, quando determinadas variáveis eram consideradas. Em primeiro lugar, se a observação do solstício não se realizasse do ponto escolhido por Posnansky, mas de outro lugar, o ângulo entre as extremidades do solstício (e portanto a inclinação) era levemente diferente; da mesma forma, não havia maneira de saber, com certeza, se o momento do solstício era determinado quando o Sol passava pela linha do horizonte ao meio-dia ou ao poente.

tiahuanaco-angulo da terra

Com essas variáveis, Müller publicou um relatório definitivo no importante jornal científico Baesseler Ârchiv (vol. 14), no qual expõe todas as alternativas e conclui que se o ângulo de 24 graus e 6 minutos for aceito como o mais preciso, a curva de inclinação repetiria essa leitura em 10.000 ou 4.000 a.C.

Posnansky foi convidado a manifestar-se sobre o assunto no 23º. Congresso Internacional de Americanistas. Aceitou, então, como correto, o ângulo de inclinação de 24 graus, 6 minutos e 528 segundos, o que deixava uma alternativa entre 10.150 e 4.050 a.C. Considerando o assunto como “delicado”, deixou a matéria pendente, concordando que seriam necessários estudos mais aprofundados.

Tais estudos de fato foram feitos, embora não diretamente em Tiahuanaco. Já mencionamos que o calendário dos incas indicava um Início na Era de Touro, e não de Aries (o carneiro). O próprio Müller, como já vimos, chegou à data de 4.000 a.C. como idade aproximada das ruínas megalíticas em Cuzco e Machu Pichu. Também nos referimos às pesquisas, seguindo linhas diferentes de investigação, de Maria Schulten de D’Ebneth, que concluiu ter a Grade de Viracocha uma inclinação de 24 graus e 8 minutos, o que indicaria a época de 3.172 a.C. (segundo os próprios cál­culos).

A medida que objetos, textos, e múmias com a imagem de Viracocha foram sendo descobertos por todo o sul do Peru e em outros locais, mais ao norte e ao sul, tornou-se possível fazer comparações com outros dados, não provenientes de Tiahuanaco. Baseado nisso, mesmo arqueólogos persistentes, como Wendell C. Bennett continuaram recuando a idade de Tiahuanaco, da me­tade do primeiro milénio d.C. até quase o início do primeiro milénio a.C.

Datações por radiocarbono, entretanto, levam as datas aceitas cada vez mais para trás. No início dos anos 60, o CIAT (Centro Boliviano de ïnvestigaciones Arqueológicas en Tiwanaku) con­duziu escavações sistemáticas e realizou trabalhos de preservação no local. Seu maior feito foi a escavação e restauração de um “pequeno templo” enterrado, a leste do Kalasasaya, onde um bom número de estátuas e cabeças de pedra foram encontrados. Descobriram um pátio semi-subterrâneo, talvez um local para oferendas rituais, cercado por uma parede de pedra com cabeças esculpidas na pedra — como em Chavin de Huantar.

O relatório oficial de Carlos Ponce Sangines, diretor do Instituto Arqueoló­gico Nacional da Bolívia (Description Sumaria dei Templete Semi-subterrâneo de Tiwanaku – “Sumário Descritivo do Pequeno Templo Semi-Subterrâneo de Tiahuanaco”), de 1981, afirma que as amostras de matéria orgânica encontradas nesse local, submetidas à datação por radiocarbono, acusaram o ano de 1580 a.C. Baseado nisso, Ponce Sangines, em seu estudo Panorama de Ia Arqueologia Boliviana (“Panorama da Arqueologia Boliviana”), considera essa época como o início de Tiahuanaco.

Tais datações por radiocarbono indicam a idade dos restos orgânicos encontrados no local, porém não excluem uma idade mais antiga para as estruturas de pedra. Na verdade, o próprio Ponce Sangines revela, num estudo subsequente (Tiwanaku: Space, Time and Culture – “Tiahuanaco: Espaço, Tempo e Cultura”), que uma nova técnica de datação, chamada Hidratação da Obsidiana, fornecera uma data anterior de 2.134 a.C. para os objetos de obsidiana encontrados no Kalasasaya.

Este portal megalítico é tudo o que resta das paredes de um edifício em um pequeno monte perto do Kalasasaya. Grande parte da alvenaria de fácil acesso na ruína foi usado para construir a igreja católica na vila. A ponte da estrada de ferro nas proximidades também tem Tiahuanaco pedra.

Em relação a esse assunto é interessante ler nos trabalhos de Juan de Betanzos (Suma y Narracion de los incas – “Sumário e Histórias dos incas”) de 1551, que quando Tiahuanaco foi fun­dada sob as ordens de Con-Tici Viracocha, “ele tinha vindo com um certo número de pessoas”!…] Mas, depois, quando saiu do lago, foi para um lugar próximo de lá, onde hoje existe uma vila chamada Tiáguanaco. Dizem que uma vez, quando o povo de Con-Tici Viracocha já estava estabelecido, houve escuridão na Terra”. Mas Viracocha “ordenou que o Sol se movesse no curso que hoje percorre; abruptamente, ele fez o Sol começar o dia”.

A escuridão resultante da parada do Sol e o “começo do dia” quando o movimento continuou, sem dúvida, refere-se ao mes­mo evento que já localizamos, em ambos os lados da Terra, que teria ocorrido por volta de 1.400 a.C. Deuses e homens, segundo o registro de Betanzo sobre as lendas locais, já estavam em Tiahuanaco desde tempos antigos — tão antigos quanto indicam os dados arqueoastronômicos?

Mas por que Tiahuanaco foi fundada, nesse local, e nessa época antiga?

Em anos recentes, os arqueólogos encontraram semelhanças arquitetônicas entre Tiahuanaco, na Bolívia, e Teotihuacán, no México. José de Mesa e Teresa Gisbert (Akapana, Ia Pirâmide de Tiwanaku – “Akapana, a Pirâmide de Tiahuanaco”) observaram que o Akapana possuía um plano, ao nível do chão (quadrado com acessos proeminentes) como a Pirâmide da Lua, em Teotihuacán, e com praticamente a mesma medida da base e a mesma altura (cerca de 15 metros), a partir do primeiro degrau, que a Pirâmide do Sol e sua relação altura-largura.

Os extraterrestres Annunakis e sua conexão com os Incas, na América do Sul, após o Dilúvio:

Em vista de nossas próprias conclusões sobre o propósito original (e prático) de Teotihuacán e seus edifícios, expresso pelas construções hídricas no seu interior e ao longo das duas pirâmides, os canais de água no interior do Akapana, e através de Tiahuanaco, assumem um papel central. Tiahuanaco teria sido fundada naquele local como instalação de processamento? Se isso for verdade, o que proces­saria?

Dick Ibarra Grasso (The Ruins of Tiahuanaco – “As ruínas de Tiahuanaco” e outros trabalhos) contribuiu com a visão de uma Tiahuanaco maior, abrangendo toda a parte de Puma-Punku, es­tendendo-se por quilómetros ao longo de um eixo leste-oeste, não muito diferente do “Caminho dos Mortos”, em Teotihuacán, com várias vias norte-sul. A margem do lago, onde Kiss imagi­nara um porto, encontraram evidências arqueológicas de grandes paredes de retenção, que construídas em meandros criavam ma-rinas fundas onde barcos carregados pudessem aportar. Se isso aconteceu, que produtos Tiahuanaco importaria e quais expor­taria?

Ibarra Grasso fala sobre a descoberta das “pequenas pedras verdes” que Posnansky encontrou no Akapana e em outros lu­gares de Tiahuanaco, vistas nas ruínas de uma pequena pirâmide parecida com o Akapana mais para o sul, onde os rochedos que serviam para retenção também haviam se tornado esverdeados; na área das estruturas subterrâneas a oeste do Kalasasaya; e entre as ruínas de Puma-Punku, em grandes quantidades.

Significativamente, os rochedos nas paredes de retenção do ancoradouro de Puma-Punku também estavam verdes. Aquilo só podia significar uma coisa: exposição ao cobre, pois é o cobre oxidado que confere à pedra e ao solo a coloração verde (assim como a presença de ferro oxidado produz um tom marrom-avermelhado). Seria esse cobre processado em Tiahuanaco? Provavelmente. Contudo, isso poderia ser feito em algum lugar de mais fácil acesso e mais perto das minas de cobre. Parece que o cobre era trazido para Tiahuanaco e não extraído de lá.

Templo de Kalasasaya, conforme desenho de Kiss.

O próprio significado do nome da sua localização pode dar uma pista: Tüicaca. O nome do lago vem de uma das duas ilhas ao largo da península de Copacabana. Foi ali, na ilha chamada Titicaca, contam as lendas, que os raios do Sol atingiram Tüikalla, a rocha sagrada, assim que o astro apareceu depois do dilúvio. (E por isso também conhecida como Ilha do Sol.) Foi ali, ao pé da rocha sagrada, que Viracocha entregou o cetro dourado a Manco Capac.

E o que significam todos esses nomes? Titi na linguagem aimara era o nome de um metal — chumbo ou estanho, segundo os linguistas. Tüïkalla, sugerimos, significa a “Rocha do Estanho”. Titicaca significava “Pedra de Estanho”. E o lago Titicaca era o lago que produzia estanho.

Estanho e bronze, portanto, eram os produtos pelos quais Tia­huanaco fora fundada — exatamente no local onde ainda se en­contram as ruínas que nos encantam. 

Chiribiquete: Amazônia abriga a “Capela Sistina” da pintura rupestre


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Uma localidade no sul da Colômbia abriga algumas das pinturas rupestres mais impressionantes do mundo. Chiribiquete é conhecida entre os arqueólogos latino-americanos como a “Capela Sistina” da Amazônia. Esse parque nacional foi declarado patrimônio cultural e biológico da humanidade pela UNESCO em 2018. 

No idioma karijuna, falado pelos indígenas que habitavam a região, Chiribiquete significa “colina onde se desenha”. Pouco se sabia sobre esse lugar, até que Carlos Castaño, arqueólogo e antropólogo colombiano, teve que fazer uma viagem à Amazônia colombiana em 1986. Lá, ele encontrou um tesouro perdido: mais de 75 mil pinturas rupestres que retratam a rica diversidade biológica da região.


Imagem: Parques Nacionales de Colombia

“É um lugar absolutamente transcendente devido ao seu significado simbólico e cosmogônico, que talvez remeta aos primeiros momentos na América”, explica Castaño. Segundo ele,  a arte rupestre de Chiribiquete, que inclui pinturas de animais como a onça-pintada, é uma das manifestações culturais mais antigas do continente. Os pesquisadores estimam que alguns dos desenhos possam ter sido feitos há cerca de 20 mil anos

Segundo o especialista, o apelido de “Capela Sistina” é perfeito para definir o local. Isso porque os desenhos que estão ali apresentam grande qualidade e requinte, além de ter um caráter sagrado. “Existem poucos lugares no mundo com essas condições”, afirma Castaño.


Imagem: Parques Nacionales de Colombia

https://history.uol.com.br/noticias/chiribiquete-amazonia-abriga-capela-sistina-da-pintura-rupestre?fbclid=IwAR0oeb21n5HdTxew70I3BG-C1hT3pFVuZJ2yGDMVdxM1nnKJRNFmAK3R5QI

Fumaça de incêndios na Amazônia transforma tarde em noite em São Paulo


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Day became night on the afternoon of Monday (Aug. 19) in São Paulo, Brazil. (Image: © Bruno Rocha/Fotoarena/Newscom)

Há tanta fumaça de incêndios florestais ocorrendo na floresta amazônica que São Paulo mergulhou na escuridão na tarde de segunda-feira (19 de agosto), com o dia se transformando em noite.  A atmosfera, lembrando Mordor em “O Senhor dos Anéis”, lembrou que os incêndios florestais na Amazônia cresceram 82% este ano em comparação com o mesmo período do ano passado (de janeiro a agosto), segundo dados do próprio governo brasileiro. do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do governo (INPE),  conforme relatado pelo El Pais.

Fumaça de incêndios na Amazônia transforma tarde em noite em São Paulo. Os incêndios na Amazônia são feitos pelo homem.

Fonte: https://www.livescience.com/ – Por Laura Geggel 

Essa fumaça, combinada com nuvens e uma frente fria (é inverno no hemisfério sul), levou à escuridão da meia-noite em plena tarde em São Paulo, informou o The Washington Post. Os incêndios estão ardendo em grande parte no norte do Brasil e levaram o estado brasileiro do Amazonas a declarar estado de emergência. 

“A fumaça não vem de incêndios no estado de São Paulo, mas de incêndios muito densos e extensos que vêm acontecendo há vários dias na região amazônica no estado de Rondônia e na Bolívia,” Josélia Pegorim, meteorologista da Climatempo, disse em entrevista à Globo (traduzida do português com o Google Translate). “A frente fria mudou de direção e seus ventos transportaram a fumaça das queimadas para os céus da já poluída cidade de São Paulo.”

fires wildfires Brazil Bolivia

Mapa mostrando calor (os pontos vermelhos) e fumaça na Bolívia e no Brasil detectados por um satélite 14 de agosto de 2019. Clique para ampliar

O incêndio de Rondônia, localizado perto da Bolívia, queimou quase 2.500 acres (1.000 hectares). A fumaça espessa deste incêndio está provocando problemas de saúde e já forçou um avião a ser desviado devido a preocupações de visibilidade, de acordo com o Painel Político , uma publicação brasileira. Este fogo é supostamente humano, disse o Painel Politico, o que é bastante comum em incêndios na Amazônia. 

Durante grande parte do ano, os incêndios são raros na Amazônia. Mas durante os meses mais secos de julho e agosto, “muitas pessoas usam o fogo para manter terras cultiváveis ​​e pastagens ou para limpar a terra para outros fins” , informou o Earth Observatory da NASA na semana passada. 

(Essa situação de incêndio humano não é tão diferente do que os Estados Unidos enfrentam. De 1992 a 2012, 84% dos 1,5 milhão de incêndios registrados nos EUA foram causados ​​por pessoas, enquanto 16% foram incendiados por um raio, 2017 estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences encontrado.

Enormes áreas da floresta amazônica estão queimando de incêndios provocados pelo homem, como mostrado por esta imagem de satélite tomada em 13 de agosto.  (Crédito da imagem: Imagens do Observatório da Terra da NASA por Lauren Dauphin, usando dados MODIS da NASA EOSDIS / LANCE e GIBS / Worldview, dados VIIRS da NASA EOSDIS / LANCE e GIBS / Worldview, e a Parceria Nacional Polar-orbitando de Suomi)

“Os incêndios florestais na Amazônia não são eventos naturais, mas em vez disso são causadas por uma combinação de secas e atividades humanas”, pesquisadores de um estudo de 2018 na revista Nature Communications escreveu em The Conversation“Tanto a mudança climática antropogênica quanto o desmatamento regional estão ligados ao aumento da intensidade e frequência das secas na Amazônia”.

A alternância de fogo-seca leva a um ciclo de feedback desagradável. As árvores armazenam menos água durante as secas, então o crescimento delas diminui, o que significa que elas não podem remover tanto dióxido de carbono, um gás de efeito estufa, da atmosfera, escreveram os pesquisadores em The Conversation. Essas árvores, em seguida, soltam folhas extras ou morrem, fornecendo, com efeito, iscas para incêndios. E sem uma densa cobertura para manter a umidade, a floresta perde sua já pouca umidade, o que normalmente  impede o fogo de começar.

Fumaça de incêndios na Amazônia transforma tarde em noite em São Paulo. Os incêndios na Amazônia são feitos pelo homem.

“Essas mudanças são exacerbadas pela ‘extração seletiva’ de espécies específicas de árvores, que abrem a cobertura e secam ainda mais o sub-bosque e as bordas da floresta, que ficam mais secas do que os interiores”, escreveram os pesquisadores. “O resultado: florestas normalmente à prova de fogo tornam-se inflamáveis.”

Os incêndios são tão ruins que a hashtag #PrayforAmazonia estava no Twitter nesta manhã (20 de agosto).  Esta notícia segue os passos de outra sobre desenvolvimento: o desmatamento na Amazônia disparou 278% em julho, de acordo com dados de satélites do INPE . O presidente brasileiro Jair Bolsonaro, um cético das mudanças climáticas que prometeu abrir a Amazônia à indústria, contestou as descobertas dos satélites e prontamente demitiu o diretor-geral do INPE, Ricardo Galvão.

Enquanto isso, estudos mostram que o desmatamento poderia alterar completamente a Amazônia. Se 20% a 25% da Amazônia for desmatada, a paisagem poderá se transformar de uma floresta úmida em uma seca savana. Atualmente, o desmatamento é de 17%, informou o Mongabay .

Leandro Mota@leandromota_

São Paulo, 3:30 PM #gothamcity

Ver imagem no Twitter

O que está claro é que o desmatamento afeta mais do que apenas a Amazônia, como os moradores de São Paulo descobriram ontem. Um usuário do Twitter até o chamou de #gothamcity , fazendo referência à sombria metrópole de Batman.

Descobertas Cavernas espetaculares na Amazônia


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O misterioso mundo subterrâneo das incríveis e misteriosas cavernas no planalto amazônico, na fronteira entre o Brasil, a Venezuela e a Guiana. Os tepuyes, mesetas impressionantes na fronteira entre o Brasil, a Venezuela e a Guiana, escondem cavernas que deslumbraram o pesquisador Francesco Sauro pela primeira vez em 2009.

É um lugar único no mundo pelas paisagens, morfologia. Todos os que têm a sorte de vê-las têm uma experiência incrível“, disse ele à BBC.E

O misterioso mundo subterrâneo das cavernas amazônicas, na fronteira entre o Brasil, Venezuela e Guiana

Fontehttp://www.bbc.co.uk

Os tepuyes, são mesetas impressionantes na fronteira entre o Brasil, a Venezuela e a Guiana, escondem cavernas que deslumbraram o pesquisador Francesco Sauro pela primeira vez em 2009.

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O pesquisador explica que a logística para explorar as cavernas é complicada e arriscada. “Usamos helicópteros, mas não se pode chegar apenas por cima. Precisamos escalar (as montanhas) e é difícil levar todo o equipamento dessa maneira”.

“Primeiro encontramos a entrada da caverna e depois a exploramos. Há muito pouco tempo disponível para a pesquisa científica.” (Vittorio Crobu/La Venta)

Sauro é membro do grupo de exploração geográfica internacional La Vent, composto por pesquisadores venezuelanos, brasileiros e italianos. Na região, além de vastas cavernas subterrâneas, a equipe já descobriu animais e novas espécies de minerais.

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Os tepuyes, mesetas impressionantes na fronteira entre o Brasil, a Venezuela e a Guiana, escondem cavernas que deslumbraram o pesquisador Francesco Sauro pela primeira vez em 2009. “É um lugar único no mundo pelas paisagens, morfologia. Todos os que têm a sorte de vê-las têm uma experiência incrível“, disse ele à BBC. (Alessio Romeo/La Venta)

A equipe inclui pessoas com vasta experiência em rapel, escalada. “E temos um código muito rigoroso de segurança”, conta Sauro. “Descemos as paredes de montanhas de 200, 300, até 400 metros de profundidade. As pedras podem cair. Os rios também são arriscados.”

Em suas viagens, Sauro coleta dados sobre a química e a microbiologia das formações que encontra. Mas o lado científico é apenas um atrativo das cavernas – o outro são as suas belezas e os seus mistérios.

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Sauro explica que, diferente de cavernas em outras partes do mundo, estas não são compostas de calcário, e sim feitas de uma rocha mais diversificada e antiga, criada há cerca de 1,8 bilhões de anos. “É um novo mundo que você tem que ir descobrindo e estudando lentamente“, se anima. (Riccardo De Luca/La Venta)

Os tepuyes, são mesetas impressionantes na fronteira entre o Brasil, a Venezuela e a Guiana, no local se escondem cavernas que deslumbraram o pesquisador Francesco Sauro pela primeira vez em 2009. “É um lugar único no mundo pelas paisagens, morfologia. Todos os que têm a sorte de vê-las têm uma experiência incrível”, disse ele à BBC. (Alessio Romeo/La Venta)

Parte da aventura é também a pesquisa pela ciência, já que os pesquisadores passam horas analisando os dados sobre a química mineral e microbiologia das formações. “Descobrimos um novo mineral que é muito interessante. Também encontramos outros minerais raros”, disse. 

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Sauro explica que o risco é compensado pelo ‘mistério’ que emana das cavernas.”Elas são completamente escuras e só a sua luz te ilumina, de modo que o visual é muito pessoal”, descreve. “Tem também a ideia de ir aonde ninguém foi e, acima de tudo, de encontrar algo inesperado. Nas cavernas, essa sensação é muito forte“. (Riccardo De Luca/La Venta)

As cavernas são um testemunho preservado do passado, diz Sauro. e um ecossistema único que deve ser protegido. “Nós temos um protocolo de proteção muito rigoroso. Nos descontaminamos antes de entrar e não deixamos nada para trás, lixo ou dejetos humanos”, disse Sauro. (Alessio Romeo/La Venta).

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Há também formações de silício amorfo que descem como serpentes a partir do teto, como nesta foto, na caverna Imawarí Yeuta. O fundo do rio é vermelho pela presença de ácidos orgânicos. (Vittorio Crobu/La Venta)

Algumas das formações mais curiosas são compostas de óxido de silício e foram moldadas ao longo dos anos por microorganismos (provavelmente bactérias). Acredita-se que estes estromatólitos tenham 350 mil anos. 

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Imagine encontrar um tanque elétrico de água azul causado pelas bactérias que vivem lá“, disse um animado Francesco Sauro. (La Venta)

Salomão no Brasil


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O reino de Ophir – parte 1

A_IDADE_DAS_LUZESSe parece estranho a voce o conhecimento de terras a Ocidente/Oeste da Europa e África antes de Colombo, é por pura desinformação histórica (deliberadamente feita pelo sistema, pois quanto mais ignorante nós formos melhor para quem nos controla). 

 O historiador brasileiro Cândido Costaescreveu já em 1900: “Diodoro de Sicília (90-21 a.C.), 45 anos antes da Era Cristã, escreveu grande número de livros sobre os diversos povos do mundo; em seus escritos, designa claramente a América com o nome de ilha, porque ignorava sua extensão e configuração. Essa expressão de ilha é muitas vezes empregada por escritores da antigüidade para designarem um território qualquer …

Trechos extraídos do livro “A Idade das Luzes”, de Arthur Franco:  

… Assim vimos que Sileno chama ilhas à Europa, Ásia e África. Na narração de Diodoro, não é possível o engano quando ele descreve a ilha de que falamos: “Está distante da Líbia (ou seja, da África) muitos dias de navegação, e situada no Ocidente (a Oeste da África). Seu solo é fértil, de grande beleza e regado de rios navegáveis“. Esta circunstância de rios navegáveis não se pode aplicar senão a um continente, pois nenhuma ilha do oceano tem rios navegáveis. Diodoro continua dizendo:

Ali, vêem –se casas suntuosamente construídas”;sabemos que as Américas possuem belos edifícios em ruínas e da mais alta antiguidade.  “A região montanhosa é coberta de arvoredos espessos e de árvores frutíferas de toda espécie. A caça fornece aos habitantes grande número de vários animais; enfim, o ar é de tal modo temperado que os frutos das árvores e outros produtos ali brotam em abundância durante quase todo o ano.” 

Esta pintura do país e do clima por Diodoro se refere de todo o ponto à América do Sul equatorial. Este historiador conta depois como os Fenícios (re)descobriram aquela região:

“Os Fenícios tinham-se feito à vela para explorarem o litoral situado além das colunas de Hércules (o atual Estreito de Gibraltar, saída do Mar Mediterrâneo para o Oceano Atlântico entre Espanha e a África); e, enquanto costeavam a margem da Líbia (África) foram lançados por ventos violentos mui longe do oceano.

Batidos pela tempestade por muitos dias (como Cabral mais tarde…também foram levados por correntes oceânicas), abordaram enfim na ilha de que falamos. Tendo conhecido a riqueza do solo, comunicaram sua descoberta a todo o mundo. Portanto os Tyrrhenios (outra tradução chamam aos Fenícios de Tyrios, por causa de sua principal cidade e Porto:TIRO)

“Poderosos no mar, quiseram também mandar uma colônia ; porém foram impedidos pelos Cartagineses, que receavam que um demasiado número de seus concidadãos, atraídos pelas belezas desta ilha, desertasse na praia.”  (“Cândido Costa , As Duas Américas, 1900 (pp.108 – 109, citado em Arthur Franco, A Idade das Luzes, Wodan, 1997, p. 113”). 

Nota: os Fenícios são oriundos do território hoje conhecido como o LÍBANO, ao norte de Israel.

Esta descrição coincide com os relatos do que ocorreu com a frota de Cabral 2.500 anos depois, desviada pelas mesmas correntes até o continente do Brasil (não por acaso pois que Cabral já “sabia” o que iria encontrar assim como tinha conhecimento prévio das correntes). Na descrição mais completa do texto do historiador romano vemos com exatidão a descrição do continente sulamericano há 2000 anos atrás: 

“No mais profundo da Líbia (África), há uma ilha de considerável tamanho que, situada como está no oceano, se acha a vários dias de viagem a oeste da Líbia (África). Seu solo é fértil pois, ainda que montanhosa, conta com uma grande planície (referência ao planalto central).

” Percorrem-na rios navegáveis que se utilizam para a irrigação , e possui muitas plantações de árvores de todos os tipos e jardins em abundância, atravessados por correntes de água doce e também há mansões de dispendiosa construção, e nos jardins construíram-se refeitórios entre as flores. 

Ali passam o tempo seus habitantes durante o verão, já que a terra proporciona uma abundância de tudo quanto contribui para a felicidade e o luxo. A parte montanhosa da ilha está coberta de densos matagais de grande extensão e de árvores frutíferas de todas as classes, e para convidar os homens a viverem entre as montanhas. Há grande número de  vales  acolhedores e fontes de água. Em poucas palavras, esta ilha está bem provida de poços de água doce que não só se convertem num deleite para quem ali reside senão também para a saúde e vigor de seu corpo. cristo-redentor-rio-bandeirabrasil

 “Há igualmente excelente caça de animais ferozes e selvagens de todo o tipo e os habitantes, com toda essa caça para as suas festas, não carecem de nenhum luxo nem extravagância. Pois o mar que banha as costas da ilha contém uma multidão de peixes, e o caráter do oceano é tal que tem em toda sua extensão peixes em abundância, de todas as classes. 

 Falando em geral, o clima desta ilha é tão benigno que produz grande quantidade de frutos nas árvores e todos os demais frutos da estação durante a maior parte do ano, de modo que parece que a ilha, dada sua condição excepcional, é um lugar para uma raça divina , não humana.  (n.T. referência ao surgimento da sétima raça, no planalto central do Brasil, a raça dourada, que já esta em pleno florescimento…

Na antigüidade, esta ilha estava encoberta do conhecimento dos povos devido à sua distância do mundo habitado, mas foi descoberta mais tarde pela seguinte razão:

“Os fenícios comerciavam desde muito tempo com toda Líbia (o norte da África) e muito o fizeram também com a parte Ocidental da Europa. E como suas aventuras resultaram exatamente de acordo com suas esperanças , acumularam uma grande fortuna e planejaram viajar além das colunas de Hércules (o estreito de Gibraltar, porta de saída do Mediterrâneo para o Oceano Atlântico), para o grande mar que os homens chamam de oceano. 

E, em primeiro lugar , à saída do estreito, junto às colunas de Hércules, fundaram uma cidade nas costas da Europa, e como a terra formava uma península chamaram à cidade por Gadeira (Cádiz, na hoje Espanha, já de frente para o Oceano Atlântico). Nelas construíram muitas obras adequadas à natureza da região , entre as quais se destacava um rico templo de Hércules (Melkarth), e ofereceram magníficos sacrifícios que eram conduzidos segundo o ritual fenício”…(p.114).

Quanto ao porte dos navios para semelhantes viagens naquela época, as trirremes fenícias em nada deviam às caravelas de vinte cinco séculos mais tarde. Seu comprimento podia atingir de sessenta a setenta metros, comportando até cento e oitenta remadores e uma tripulação de duzentos a trezentos soldados e marinheiros.

Pouco se comenta do esplendor das naus gregas ou romanas, mas não se pode negar que Erik, o vermelho e seu filho, Leif Erikson, seguiram estes antigos passos até mesmo no estilo de seus Knerrir (transatlânticos) e Knorr (navios menores que comportavam os colonos), no século X d.C., vencendo mares tão perigosos como os do Atlântico norte para atingir a Vinland, nome que deram às terras onde aportaram, na América do Norte entre o Canadá e os Estados Unidos em torno do ano 1.000 de nossa era !!!

Segundo Cândido Costa, em sua obra de 1900: 

“Num escrito de Aristóteles (De Mirab. Auscult. Cap. 84) diz-se que foi o receio de ver os colonos sacudirem o jugo da metrópole cartaginesa e prejudicarem o comércio da mãe pátria que levou o senado de Cartago a decretar pena de morte contra quem tentasse navegar para esta ilha. Aristóteles descreve também uma região fértil, abundantemente regada e coberta de floresta, que fora descoberta pelos cartagineses além do Atlântico (p. 115) 

A participação ampla dos fenícios no conhecimento das terras ocidentais explica a grande participação dos hebreus nas grandes navegações. Desde o tempo de Salomão, as casas de Hiram, deTiro, na Fenícia e do grande soberano hebreu se uniu de tal forma que a construção do Templo de Jerusalém foi feita por arquitetos e pedreiros fenícios, e as misteriosas viagens para descobrir ouro e madeiras

para a construção do templo foram feitas conjuntamente.Este vasto conhecimento adquirido dos fenícios pelos hebreus  (n.T.: que os Cavaleiros Templários viriam a descobrir no começo do século XII quando escavaram o Monte do Templo durante dez anos ininterruptos) sobre a ciência da navegação e da construção naval dos fenícios não passou desapercebido por alguns soberanos europeus à época da diáspora, especialmente D. Manuel, de Portugal.

Em 1412 foi fundada a escola de Sagres, primeira academia portuguesa de navegação e construção naval. Portugal, nesta época, tonara-se o último reduto dos judeus na Europa, assim como e principalmente dos Cavaleiros Templários quando houve a sua extinção em 1.314. A proteção concedida pelos soberanos portugueses aos judeus e principalmente aos Cavaleiros Templários, visava declaradamente atrair os largos conhecimentos deles e dos judeus nas matemáticas, na geografia e na astronomia, (o principal navegador do cavaleiro Templário da Ordem de Cristo Pedro Álvares Cabral era um judeu) para calcar os grandes desenvolvimentos levados a cabo nas pesquisas náuticas para lançar Portugal como potência marítima mundial.  O conhecimento das terras do Brasil por Salomão e por Hiram (rei da Fenícia), ainda no século X a.C. conforme a explanação feita por Cândido Costa , é difícil de ser refutada. 

As Inscrições Fenícias na Bahia, no Rio de Janeiro (na Pedra da Gávea) e na Paraíba. 

Entre 1000 a.C. a 700 a.C., período da colonização fenícia no Ocidente, na direção de Cartago, Malta, Sardenha e Espanha. Vários documentos em pedra encontradas no Brasil e nos EUA, por exemplo, atestam a expansão Fenícia no Ocidente. As inscrições em Pouso Alto, no Estado da Paraíba, são constantes, de pedra lavrada, segundo Cândido Costa, foi submetida ao juízo do sábio orientalista francês Ernesto Renam, sendo por ele considerada de origem fenícia,conforme se vê a seguir:

 Tradução da inscrição fenícia (acima) de Pouso Alto, na Paraíba, que diz: 

“Somos filhos de Canaã, de saída, a cidade do rei. O comércio nos trouxe a esta distante praia, uma terra de montanhas. Sacrificamos um jovem aos deuses e deusas exaltados no ano de 19 de Hiram, nosso poderoso rei.

Embarcamos em Ezion Geber, no Mar Vermelho, e viajamos com 10 navios. Permanecemos no mar juntos por 2 anos, em volta da terra pertencente a Ham (África), mas fomos separados por uma tempestade, nos afastamos de nossos companheiros e, assim, aportamos aqui: 12 homens e 3 mulheres. Numa nova praia que eu, o almirante, controlo. Mas auspiciosamente possam os exaltados deuses e deusas intercederem em nosso favor”

Abaixo a localização de Ezion Geber, no Golfo de Ácaba, na Península do Sinai.

Outros detalhes sobre a vinda dos povos semitas para o Ocidente do ano 970 a.C. a 900 a.C. 

{n.T. Na Bíblia esta escrito: “Também as naus de Hiram, que de Ofir levavam ouro, traziam de Ofir muita madeira de almugue, e pedras preciosas. E desta madeira de almugue fez o rei balaústres para a casa do SENHOR, e para a casa do rei, como também harpas e alaúdes para os cantores; nunca veio tal madeira de almugue, nem se viu mais até o dia de hoje“.  1 Reis 10:11-12

“Também todas as taças de beber do rei Salomão eram de ouro, e todos os vasos da casa do bosque do Líbano eram de ouro puro; não havia neles prata, porque nos dias de Salomão ela não tinha valor algum. Porque o rei tinha no mar as naus de Társis, com as naus de Hiram; uma vez a cada três anos voltavam as naus de Társis, e traziam ouro e prata, marfim, e bugios, e pavões. Assim o rei Salomão excedeu a todos os reis da terra, tanto em riquezas como em sabedoria“.  1 Reis 10:21-23}

Assume Hiram, o grande rei de Tiro (970 – 936), aliado de Davi e Salomão. Em 965 a.C, Salomão assume o trono de Israel. No seu reinado um fato extraordinário originou concretamente a ligação perene que teria o Ocidente com os mistérios Bíblicos; a construção do Templo de Jerusalém.

Um cálice de ouro do tempo de Salomão que poderia ter sido feito com metal obtido no Brasil(Ofir/Társis)

Curiosamente tudo indica ter sido da América do Sul de onde saíram os materiais exóticos, metais e pedras preciosos, necessários à construção do templo de Salomão. Como se não bastasse o acesso físico aos materiais – ouro, pedras preciosas, madeiras nobres e especiais, animais exóticos, etc, os fenícios também foram os próprios construtores do templo, contratados por Salomão.  Quanto ao conhecimento do continente americano, os Fenícios e outros povos antigos  já davam notícias há muito tempo da existência desse continente.

Tal como ocorreu no início do século XIX com as grandes migrações de italianos e alemães para a América, as antigas populações que tinham notícia da existência deste paraíso terrestre facilmente se viam tentadas a emigrar das desoladas e assoladas regiões em que viviam. 

Abaixo as inscrições encontradas na Pedra da Gávea, marcadas na foto a seguir em amarelo, escritas em fenício arcaico:

Em 1963 um arqueólogo e professor com habilidades linguística  chamado Bernardo A. Silva Ramos traduziu as inscrições fenícias existentes na cabeça da Pedra da Gávea que seria nada mais nada menos do que uma esfinge fenícia! (Inscrições são vistas assinaladas em amarelo na  têmpora direita da “cabeça” na Pedra da Gávea) como: 

LAABHTEJBARRIZDABNAISINEOFRUZT,  

Que significa: 

TZUR FOENISIAN BADZIR RAB JETHBAAL 

Ou: TIRO, FENÍCIA, BADEZIR PRIMOGÊNITO DE JETHBAAL

No texto da Bíblia, no livro de 1 Reis, Cap. XVI encontramos menção a Jethbaal (assim chamado no texto dos Setenta) e Ethball neste versículo: “31 …..ainda mais tomou por mulher a Jezabel, filha de Ethbaal, rei dos sidônios. E foi e serviu a Baal (Lúcifer/Marduk), e o adorou”

Jethbaal reinou sobre Tyro na Fenícia ou Phoenicia entre 887 a 856 a.C. e seu filho mais velho o sucedeu em 855 a.C., e chamava-se BADEZIR e por “alguma razão” abandonou o seu reinado juntamente com dois filhos gêmeos após seis anos no poder, deixando para sucedê-lo seu outro filho Mattenes que governou Tyro até o ano 821 a.C..

“O Rei David, quando morreu, deixou a Salomão para a construção do templo 7.000 talentos de prata e 3.000 talentos de ouro oriundos de Ophir. O velho rei não possuía nenhum navio que navegasse nos mares exteriores. Recebia, pois, o ouro de Ophir pelo comércio com os fenícios, os quais, segundo a Bíblia, conheciam todos os mares. Salomão, para por em execução seus grandes projetos, recorreu a Hiram, rei dos fenícios. Chegou a interessá-lo nas suas empresas e a contratar com ele aliança sólida.

O receio de excitar a susceptibilidade e curiosidade dos povos do Mediterrâneo foi sem dúvida o motivo que decidiu Salomão a construir em Ezion-Gaber, no Mar Vermelho, os navios que destinava às viagens para Ophir (pois as colunas de Hércules estavam fechadas aos gregos pelos Cartagineses e o comércio para o Atlântico era muito vigiado”. (Cândido Costa , op., cit., p. 113)

Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e a quem bate, abrir-se-lhe-á.   Mateus, 7, vers. 7 e 8

Publicado originalmente em setembro de 2012.

 

Brasil: As cidades perdidas da Amazônia


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As cidades perdidas da Amazônia. A floresta tropical amazônica não é tão selvagem quanto parece

Quando o Brasil criou o Parque Indígena do Xingu em 1961, a reserva estava longe da civilização moderna, aninhada bem no limite ao sul da enorme floresta amazônica. Em 1992, na primeira vez em que fui morar com os índios cuicuro, uma das principais tribos indígenas da reserva, as fronteiras do parque ainda ficavam dentro da mata densa, pouco mais que linhas sobre um mapa. Hoje o parque está cercado de retalhos de terras cultivadas, com as fronteiras frequentemente delimitadas por um muro de árvores.

As cidades perdidas da Amazônia. A floresta tropical amazônica não é tão selvagem quanto parece.

Sciam

Fonte: http://www2.uol.com.br/

Por Michael J. Heckenberger

Para muitos forasteiros, essa barreira de torres verdes é um portal como os enormes portões do Parque Jurássico, separando o presente: o dinâmico mundo moderno de áreas cultivadas com soja, sistemas de irrigação e enormes caminhões de carga; do passado: um mundo atemporal da Natureza e de sociedade primordiais. Muito antes de se tornar o palco central na crise mundial do meio ambiente como a gigantesca joia verde da ecologia global, a Amazônia mantinha um lugar especial no imaginário ocidental.

A mera menção de seu nome evoca imagens de selva repleta de vegetação respingando água, de vida silvestre misteriosa, colorida e com frequência perigosa, de um entremeado de rios com infinitos meandros e de tribos da Idade da Pedra. Para os ocidentais, os povos da Amazônia são sociedades extremamente simples, pequenas tribos que mal sobrevivem com o que a Natureza lhes oferece. Têm conhecimento complexo sobre o mundo natural, mas lhes faltam os atributos da civilização: o governo centralizado, os agrupamentos urbanos e a produção econômica além da subsistência.

Kuikuros-do-Xingú

Os índios cuicuros, também chamados kuikuros, cuicurus e guicurus, são um grupo indígena que habita as aldeias Ipatse, Akuhugi e Lahatuá, no sul do Parque Indígena do Xingu, no estado do Mato Grosso, no Brasil.

Em 1690, John Locke proclamou as famosas palavras: “No início todo o mundo era a América”. Mais de três séculos depois, a Amazônia ainda arrebata o imaginário popular como a Natureza em sua forma mais pura, e como lar de povos aborígines que, nas palavras de Sean Woods, editor da revista Rolling Stone, em outubro de 2007, preservam “um estilo de vida inalterado desde o primórdio dos tempos”. A aparência pode ser enganosa. Escondidos sob as copas das árvores da floresta estão os resquícios de uma complexa sociedade pré-colombiana.

Trabalhando com os índios cuicuro, escavei uma rede de cidades, aldeias e estradas ancestrais que já sustentou uma população indígena talvez 20 vezes maior em tamanho que a atual. Áreas enormes de floresta cobriam os povoados antigos, seus jardins, campos cultivados e pomares que caíram em desuso quando as epidemias trazidas pelos exploradores e colonizadores brancos europeus dizimaram as populações nativas. A rica biodiversidade da região reflete a intervenção humana do passado. Ao desenvolverem uma variedade de técnicas de uso da terra, de enriquecimento do solo e de longos ciclos de rotatividade de culturas, os ancestrais dos cuicuro proliferaram na Amazônia, apesar de seu solo natural infértil.

Suas conquistas poderiam atestar esforços para reconciliar as metas ambientais e de desenvolvimento dessa região e de outras partes da Amazônia.

O Povo da Natureza

A pessoa mais conhecida a buscar civilizações perdidas no sul da Amazônia foi Percy Harrison Fawcett. O aventureiro britânico esquadrinhou o que denominou “selvas não mapeadas”, buscando uma cidade antiga – a Atlântida – na Amazônia, repleta de pirâmides de pedra, ruas de seixos e escrita alfabética. Suas narrativas inspiraram Conan Doyle em “O mundo perdido” e talvez os filmes de Indiana Jones. O recente e empolgante livro de David Grann, The lost city of Z (Z, a cidade perdida), refez o trajeto de Fawcett antes de seu desaparecimento no Xingu, em 1925. Na verdade, cinco expedições alemãs já visitaram os xinguanos e suas terras.

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Em 1894, o livro de Karl von den Steinen, “Unter den Naturvölkern Zentral Brasiliens”(Entre os aborígines do Brasil Central), que descreveu suas expedições anteriores, tornou-se um clássico instantâneo da antropologia, ainda em desenvolvimento na época. O livro marcou o tom para os estudos do século 20 sobre os povos amazônicos como pequenos grupos isolados vivendo em delicado equilíbrio com a floresta tropical: “O povo da Natureza”. Mais tarde, frequentemente os antropólogos viram o ambiente florestal, em geral, como não propício à agricultura; a pouca fertilidade do solo parecia excluir os grandes assentamentos ou as densas populações regionais.

Por esse motivo, a Amazônia do passado parece ter sido muito semelhante à Amazônia dos tempos atuais.Porém, essa visão começou a cair por terra na década de 70, conforme os acadêmicos revisaram os relatos dos primeiros europeus sobre a região, que falavam não de tribos pequenas, mas de densas populações. Conforme o best seller de Charles Mann “1491“ descreve com eloquência, que as Américas eram densamente habitadas na véspera do desembarque dos europeus, e a Amazônia não era exceção. Gaspar de Carvajal, o missionário que escreveu as crônicas da primeira expedição espanhola rio abaixo, observou cidades fortificadas, estradas largas com boa manutenção e muitas pessoas. Carvajal escreveu em seu relato de 25 de junho de 1542:

“Passamos entre algumas ilhas que pensávamos ser desabitadas, porém ao chegarmos por lá, tão numerosos eram os povoados que vieram à nossa vista… que nos afligiu… e, quando nos viram, saíram para nos encontrar no rio em mais de duas centenas de pirogas [canoas], carregando 20 a 30 índios em cada uma, e algumas até com 40… estavam enfeitados com cores e vários emblemas, e portavam várias cornetas e tambores… e em terra, uma coisa maravilhosa de ver foram as formações de grupos que ficavam nas aldeias, todos tocando instrumentos e dançando em toda parte, manifestando grande alegria ao nos ver passando pelas suas aldeias”.

A pesquisa arqueológica em várias áreas ao longo do rio Amazonas, como a ilha do Marajó na foz do rio e sítios próximos às modernas cidades de Santarém e Manaus, confirma esses relatos. Essas tribos interagiam em sistemas de comércio que se espalhavam até localidades remotas. Sabe-se menos das localidades mais próximas dos limites ao sul da Amazônia, mas um trabalho recente em Llanos de Mojos nas várzeas da Bolívia e no estado do Acre sugere que eles também apresentaram sociedades complexas. Em 1720, o guarda de fronteira Antonio Pires de Campos descreveu uma paisagem densamente habitada na cabeceira do rio Tapajós, pouco a oeste de Xingu:

“Esses povos existem em um número tão enorme que não é possível contar seus povoados ou aldeias, [e] muitas vezes em um dia de marcha passa-se por 10 a 12 aldeias, e em cada uma há de 10 a 30 habitações, e dentre essas casas há algumas que medem 30 ou 40 passos de largura… até mesmo suas ruas, que eles fazem bem retas e largas são mantidas tão limpas que não se encontra nenhuma folha caída… Uma Antiga Cidade Murada

Quando me aventurei no Brasil, no início da década de 90, para estudar a profunda história do Xingu, as cidades perdidas nem sequer passavam pela minha mente. Eu lera Steinen, mas mal ouvira falar de Fawcett. Embora muito da vasta bacia amazônica fosse terra arqueológica desconhecida, não era provável que os etnógrafos, muito menos os xinguanos, tivessem ignorado um enorme centro monolítico se erguendo sobre as florestas tropicais.

No entanto, resquícios de algo mais elaborado que as aldeias ainda hoje existentes estavam em toda a parte. Robert Carneiro, do American Museum of Natural History, de Nova York, que morou com os cuicuro na década de 50, sugeriu que o estilo de vida organizado e a economia produtiva agrícola e pesqueira poderiam suprir comunidades muito mais substanciais, mil a 2 mil vezes maiores – várias vezes a população contemporânea de algumas centenas de indivíduos. Ele também registrou evidências de que, na realidade, a área já teve um sítio pré-histórico (designado X11 em nossa pesquisa arqueológica) cercado de imensos fossos. Os irmãos Villas Boas – indianistas brasileiros indicados para o Prêmio Nobel da Paz pela sua participação na criação do Parque do Xingu – já tinham relatado esses trabalhos no solo perto de muitas aldeias.

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Em janeiro de 1993, logo após eu ter chegado à aldeia dos cuicuro, o principal chefe hereditário, Afukaka, me levou a uma das valas no sítio (X6) por eles denominada Nokugu, que recebeu o nome do espírito de onça que se pensa lá habitar. Passamos por moradores locais que construíam um enorme açude de peixes ao longo do rio Angahuku, já cheio devido às chuvas sazonais. O fosso, que corre por mais de 2 km, tinha 2 a 3 metros de profundidade e mais de 10 metros de largura. Embora eu tivesse a expectativa de encontrar uma paisagem arqueológica diferente da atual, a escala dessas comunidades antigas e de suas construções me surpreendeu. Os assistentes de pesquisa cuicuro e eu passamos os meses seguintes mapeando esse e outros trabalhos no solo no sítio de 45 hectares.

Desde essa época, nossa equipe estudou vários outros sítios na área, analisando mais de 30 km em linha reta em transectos através da floresta, mapeando, examinando e escavando os sítios. No final de 1993, Afukaka e eu voltamos para Nokugu, para que eu relatasse o que aprendi. Seguimos os contornos do fosso externo do sítio e paramos ao lado de uma ponte de terra, por onde costumava passar uma estrada enorme que tínhamos desenterrado. Apontei para uma antiga estrada de terra, totalmente reta, com largura de 10 a 20 metros, que levava para outro sítio antigo, Heulugihïtï (X13), a cerca de 5 km de distância. Atravessamos a ponte e entramos em Nokugu.

A estrada, margeada por meios-fios baixos de terra, abriu-se até 40 metros – largura das autoestradas modernas de quatro pistas. Percorridas algumas centenas de metros, passamos por cima do fosso interno e paramos para observar o interior da trincheira escavada recentemente, onde tínhamos encontrado uma base em forma de funil, para uma paliçada de tronco de árvore. Afukaka contou-me uma história a respeito de aldeias construídas sobre paliçadas e ataques-surpresa em um passado remoto. 

Caminhamos por trechos de floresta, arbustos e áreas desmatadas que agora cobrem o sítio, marcas de atividades variadas no passado. Saímos em meio a uma clareira gramada cercada de enormes palmeiras que marcavam uma antiga praça. Girei devagar e apontei a borda perfeitamente circular da praça, marcada por uma elevação de um metro de altura. Expliquei a Afukaka que as altas palmeiras lá se instalaram séculos atrás, a partir de jardins de compostagem em áreas domésticas.

Deixando a praça para explorar as redondezas, nos deparamos com altos sambaquis, depósitos de restos, que muito se assemelhavam aos de trás da casa do próprio Afukaka. Estavam repletos de recipientes quebrados, exatamente iguais, nos mínimos detalhes, aos utilizados pelas esposas da tribo para processar e cozinhar a mandioca. Em uma visita posterior, quando escavávamos uma casa pré-colombiana, o chefe curvou-se dentro da área central da cozinha e retirou um enorme fragmento de cerâmica.

Disse que concordava com minha impressão de que o cotidiano da sociedade antiga era muito semelhante ao atual. “Você está certo!”, Afukaka exclamou. “Veja, um apoio de panela” – um undagi, como os cuicuro o chamam, usado para o cozimento da mandioca. Essas ligações fazem dos sítios dos xinguanos locais muito fascinantes, que se encontram entre os poucos assentamentos pré-colombianos na Amazônia onde a evidência arqueológica pode ser conectada diretamente com os costumes atuais. Em outros locais, a cultura indígena foi totalmente dizimada ou o registro arqueológico está disperso. A antiga cidade murada que mostrei a Afukaka era muito parecida com a aldeia atual, com sua praça central e estradas radiais, apenas as antigas eram dez vezes maiores.

Da Oca à Organização Política

“Suntuosa” não é uma palavra que, em geral, venha à mente para descrever uma casa com um tronco central e teto de sapé. Ocidentais pensam em uma “cabana”. Mas a casa que os cuicuro erguiam para o chefe em 1993 era enorme: bem mais de 1 mil m2. É difícil imaginar que uma casa construída como um cesto gigante virado para baixo, sem uso de pedras, cimento ou pregos pudesse ficar tão grande. Mesmo a casa comum de um xinguano com 250 m2 é tão grande quanto uma casa média americana.

O que faz a casa do chefe sobressair não é apenas o tamanho, mas também a sua posição, localizada no ponto mais ao sul da praça central circular. Quando se entra na aldeia pela estrada de acesso formal, as famílias de boa posição moram à direita (sul) e à esquerda (norte). O arranjo reproduz, em escala maior, a planta de uma casa individual, cujo ocupante de posição destacada pendura a sua rede à direita, ao longo do comprido eixo da casa. A estrada de acesso corre aproximadamente de este a oeste; na casa do chefe, sua rede fica posicionada na mesma direção. Quando um chefe morre, ele também é deixado em uma rede com a cabeça voltada para o oeste.

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Kuhikugu, conhecida pelos arqueólogos como sítio X11, é a maior cidade pré-colombiana já descoberta na região do Xingu na Amazônia. Abrigava mil pessoas ou mais e servia como o eixo central de uma rede de aldeias menores.

Este cálculo corpóreo básico é aplicado em todas as escalas, de ocas a toda a bacia do Alto Xingu. As aldeias antigas são distribuídas pela região e interconectadas por uma rede de estradas alinhadas com precisão. Quando cheguei pela primeira vez à área, levei semanas para mapear valas, praças e estradas usando as técnicas padrões de arqueologia. No início de 2002, começamos a usar o GPS, o que nos permitiu mapear a maior parte dos trabalhos no solo em questão de dias. Descobrimos um grau impressionante de integração regional. O planejamento parece quase determinado, com um lugar específico para tudo.

No entanto, fundamentava-se nos mesmos princípios básicos das aldeias atuais. As estradas principais correm do leste para o oeste, as secundárias se irradiam para fora do norte e do sul e as menores proliferam em outras direções. Mapeamos dois agrupamentos hierárquicos de povoados e aldeias em nossa área de estudo. Cada um consistia em um centro principal cerimonial e várias aldeias satélites grandes em posições precisas em relação ao centro.

Essas cidades provavelmente tinham mil ou mais habitantes. As aldeias menores estavam localizadas mais longe do centro. O agrupamento do norte está centrado no sítio X13, que não é uma cidade, e sim um centro de rituais, semelhante a um terreno para festividades. Dois grandes povoados murados estão distribuídos de forma equidistante ao norte e ao sul do X13, e dois povoados murados, de tamanho médio, estão em posições equidistantes ao nordeste e sudoeste.

O agrupamento do sul é ligeiramente diferente. Está centrado no X11, que é ao mesmo tempo uma aldeia e um centro de rituais, ao redor do qual estão povoados de tamanho médio e pequeno. Na área de terra, cada núcleo populacional ocupava mais de 250 km2, dos quais cerca de um quinto consistia em área central construída o que, grosso modo, é equivalente a uma pequena cidade moderna. Nos dias de hoje, a maior parte da paisagem antiga está coberta por vegetação, mas a floresta nas áreas centrais tem uma concentração distinta de certas plantas, animais, solos e objetos arqueológicos, como muita cerâmica.

O uso do solo foi mais intenso no passado, mas os vestígios sugerem que muitas práticas antigas eram semelhantes às dos cuicuro: pequenas áreas de plantio de mandioca, pomares com árvores de pequi e campos de sapé – o material preferido para coberturas de choupanas. O campo era uma paisagem de retalhos, intercalada por áreas de floresta secundária que invadiram as áreas agrícolas não cultivadas.

Acima: A PEDRA DO INGÁ, no Brasil e suas misteriosas inscrições. A Pedra de Ingá, ou Itacoatiara, é formada por blocos de gnaisse divididos em três paineis, tendo o bloco principal dimensão de 24 metros de comprimento por 4 m de altura. Há muitos sulcos e pontos capsulares seqüenciados, ordenados, que lembram constelações, embarcações, serpentes, fetos e variados animais e simbologia ainda desconhecida em seu significado, todas parecendo o modo que os indígenas ou os visitantes de outras latitudes (ou de outros planetas) tinham para anunciar idéias ou registrar fatos e lendas, que apresenta um grande potencial turístico e cultural, entretanto explorado de maneira extremamente irregular.

Zonas úmidas, agora infestadas de buritis, a mais importante cultura industrial, preservam diversas evidências de piscicultura, como lagos artificiais, calçadas elevadas e fundações de açudes. Fora das áreas centrais, existia um cinturão verde menos povoado e até uma densa faixa florestal entre as diversas aldeias. A floresta também tinha seu valor como fonte de animais, plantas medicinais e de certas árvores, além de ser considerada a morada de vários espíritos da natureza.

As áreas dentro e ao redor de sítios residenciais estão marcadas por terra escura, egepe segundo os cuicuro, um solo extremamente fértil, enriquecido por lixo domiciliar e atividades especializadas de manejo de solo, como queimadas controladas da cobertura vegetal. Em todo o planeta o solo foi alterado, tornando-o mais escuro, mais argiloso e rico em certos minerais. Na Amazônia, essas mudanças foram especialmente importantes para a agricultura de muitas áreas, já que o solo natural é bem pobre. No Xingu, a terra escura é menos abundante em certas áreas, já que a população nativa depende principalmente do cultivo da mandioca e dos pomares, que não necessitam de solo muito fértil.

A identificação de grandes núcleos populacionais murados, espalhados numa área comparável à de Sergipe, sugere que havia, no mínimo, 15 agrupamentos espalhados pelo Alto Xingu. Entretanto, como a maior parte da região não foi estudada, a quantidade correta pode ter sido muito superior. A datação por radio-carbono dos sítios já escavados sugere que os ancestrais dos xinguanos chegaram à região, vindos do oeste, e começaram a modificar as florestas e a zona úmida a seu critério cerca de 1.500 anos atrás ou até antes disso.

Nos séculos que antecederam a descoberta da América pelos europeus, os sítios foram reformados, passando a compor uma estrutura hierárquica. Os registros existentes chegam apenas até 1884, portanto os padrões de povoação acabam sendo a única forma de estimar a população pré-colombiana; a escala dos povoamentos sugere uma população muito superior à atual, chegando de 30 a 50 mil indivíduos.

Cidades-Jardins da Amazônia
Há um século, o livro Garden cities of tomorrow (Cidades-jardins do futuro), de Ebenezer Howard, propôs um modelo para um crescimento urbano sustentável de baixa densidade populacional. Um precursor do movimento ecológico atual, Howard idealizou cidades interligadas como uma alternativa para um mundo industrial, repleto de cidades com arranha-céus. Sugeria dez cidades com dezenas de milhares de habitantes, que teriam a mesma capacidade funcional e administrativa que uma só megacidade.

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Vista aérea de um antigo assentamento indígena.

Os antigos xinguanos parecem ter construído esse sistema, um tipo de urbanismo de estilo verde ou protourbanismo – uma incipiente cidade-jardim. Talvez Percy Fawcett estivesse no lugar certo, mas com o foco equivocado: cidades de pedra. O que faltava aos centros em termos de pequena escala e elaboração estrutural, os xinguanos conseguiam alcançar pela quantidade de cidades e por sua integração. Se Howard tivesse conhecimento de sua existência, poderia ter-lhes devotado um trecho no Garden cities of yesterday (Cidades-jardins do passado).

O conceito comum de cidade como uma densa rede de prédios de alvenaria remonta à época das antigas civilizações dos oásis nos desertos, como na Mesopotâmia (Babilônia), mas que não possuíam as mesmas características ambientais. Não só as florestas tropicais amazônicas, como também as paisagens das florestas temperadas da maior parte da Europa medieval, eram pontilhadas por cidades e vilarejos de tamanhos similares a essas no Xingu.

Essas visões são especialmente importantes na atualidade por causa da retomada do desenvolvimento do sul da Amazônia, desta vez pelas mãos da civilização ocidental. A floresta do sul amazônico, em transição, está se convertendo rapidamente em áreas cultivadas e de pastagens. Seguindo o ritmo atual, no decorrer da próxima década a floresta se reduzirá a 20% de sua área original. Muito do que resta ficará restrito a reservas, como as do Xingu, onde os povos indígenas são os comandantes da biodiversidade restante. Nessas áreas, sob muitos aspectos, a salvação das florestas tropicais e a proteção da herança cultural indígena são partes de um só todo.

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Brasil – 513 Anos de Misterios


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Vem surgindo UMA NOVA RAÇA … Gestada nos últimos 512 anos em terra brasilis … o Sagrado GRAAL do planeta é aqui, em terra brasilis !!

“A história do Brasil que nossos avós e  professores não conheciam está repleta de referências à presença de fenícios e outros povos em nossa terra milênios antes da chegada de Cabral.“

Gilberto Schroeder:  O Brasil não foi descoberto em 1500 (há exatos 513 anos no passado…). Nem a América em 1492. Milhares de anos antes de Colombo e Cabral colocarem seus pés no chamado Novo Mundo, povos de várias partes do mundo antigo já haviam se estabelecido no continente. Os sinais dessa presença são perceptíveis em inúmeros pontos do Brasil e outros países das américas, em inscrições na rocha ou nos restos das cidades que haviam construído.

Essa teoria é aceita por muitos arqueólogos, antropólogos, paleontólogos, filólogos e pesquisadores autônomos que se dedicaram a descobrir e interpretar esses sinais, elaborando uma história que não é contada nas escolas e muito menos tida como oficial.

É verdade que um número crescente de historiadores rejeita por completo a versão portuguesa e espanhola da descoberta, ou do achamento, apresentando evidências de que tanto Cristóvão Colombo quanto Pedro Álvares Cabral sabiam muito bem para onde se dirigiam e o que poderiam encontrar do outro lado do oceano.

Cartas náuticas (ainda remanescentes de Atlântida via Biblioteca de Alexandria) que, na época, já eram conhecidas há séculos — segundo alguns, há milênios —, indicavam o caminho da mina, literalmente.(VER  O MAPA DE PIRI REIS à esquerda acima).  Outra linha de estudos levanta uma nova proposta: que os sinais encontrados no Brasil e outros pontos das Américas não foram deixados por civilizações que vieram da África, Europa ou Oriente Médio, mas sim, de povos que se desenvolveram por aqui mesmo e, por alguma razão, desapareceram. As idéias mais radicais, ou apenas mais ousadas, afirmam que o território brasileiro poderia ser o berço de algumas das grandes civilizações do planeta, ou que na América Central estaria a verdadeira Atlântida.

Ondas de colonos teriam se espalhado pelo planeta a partir da América e, apesar de terem florescido em outras regiões, não tiveram o mesmo sucesso aqui. Levanta-se também a possibilidade de que o mundo antigo era um tanto diferente do que imagina a maioria dos historiadores, e que a comunicação entre os povos era bem difundida, com as mais diferentes culturas interagindo e negociando, uma influenciando a outra.

Um dos raciocínios lógicos que levou pesquisadores a pensarem no Brasil como o centro de desenvolvimento de uma sociedade refere-se à idade geológica do nosso terreno, em alguns pontos (o grande planalto central que vai desde a serra gaúcha até Palmas, em Tocantins) superior a 650 milhões de anos, com rochas que chegam a atingir 2,5 bilhões de anos. Segundo os cientistas calculam, o planalto central brasileiro já havia se elevado acima do nível do mar, enquanto a maior parte das terras do planeta ainda estava submersa ou formando pequenas ilhas (como é o caso da Europa, muitíssimo mais recente).

É verdade que um número crescente de historiadores rejeita por completo a versão portuguesa e espanhola da descoberta, ou do achamento, apresentando evidências de que tanto Cristóvão Colombo quanto Pedro Álvares Cabral sabiam muito bem para onde se dirigiam e o que poderiam encontrar do outro lado do oceano. Cartas náuticas (provavelmente ainda remanescentes de Atlântida) que, na época, já eram conhecidas há séculos — segundo alguns, como Charles Hapgood, há milênios —, indicavam o caminho da mina. literalmente.

Em 9 de novembro de 1929, enrolado em uma prateleira empoeirada do famoso Museu Topkapi, em Istambul, dois velhos mapas foram encontrados.

Tratava-se das cartas de um almirante turco, Piri Reis, célebre capitão da marinha turca, que nos deixou um extraordinário livro de memórias intitulado Bahrye, onde relata como ele próprio preparou estes mapas.

Outra linha de estudos levanta uma nova proposta: que os sinais encontrados no Brasil escritos em pedra e outros pontos das Américas não foram deixados por civilizações que vieram da África, Europa ou Oriente Médio, mas sim, de povos que se desenvolveram por aqui mesmo e, por alguma razão, desapareceram.

As idéias mais radicais, ou apenas mais ousadas, afirmam que o território brasileiro poderia ser o berço de algumas das grandes civilizações do planeta, ou que na América Central estaria a verdadeira Atlântida.

Os Colonizadores

Por volta de 1844, o naturalista e arqueólogo dinamarquês Peter Wilhelm Lund descobriu ossadas humanas e de animais em Lagoa Santa, Minas Gerais, cuja idade atribuída é de 20 a 40 mil anos, dependendo dos especialistas que se manifestem a respeito. Alguns estudiosos entendem que esses homens eram os Laguidas, os mesmos cujas ossadas também foram encontradas em Tiahuanaco, Peru, o que confirmaria a antigüidade da civilização sulamericana e, em especial, da brasileira. Da mesma forma, essa datação levou alguns cientistas a recusar a tradicional suposição de que as Américas foram colonizadas a partir do estreito de Behring.

Seguindo nessa linha, vários pesquisadores entendem que os sinais de qualquer provável cultura autóctone só podem ser encontrados em lendas, artefatos e inscrições existentes no território brasileiro, e são mais numerosos do que se imagina. Esses mesmos sinais, gravados nas rochas, também são mostrados como prova da presença de fenícios, sumérios e egípcios por aqui.

Estudando vestígios encontrados na região amazônica e em outros pontos da América do Sul, o historiador paraguaio Marcelino Machuca Martinez entendeu que navegadores fenícios teriam vindo para a foz do rio Amazonas, onde fundaram um reino ao qual ele (Martinez) deu o nome de Mairubi. Segundo Martinez, informações a esse respeito podem ser encontradas em textos do historiador Selênio, dirigidos ao rei da Frigia, em 1329 a.C., nos quais ele informava ao monarca sobre o estabelecimento da colônia em terras distantes.

Por volta de 1100 a.C. os colonizadores teriam partido em dois grupos de exploração: um seguindo pela costa do Brasil até a região do Rio da Prata, e o outro, penetrando na Amazônia até atingir os Andes e o lago Titicaca, onde deram origem à civilização de Tiahuanaco.  Os sinais que Martinez viu são os mesmos estudados por Peregrino Vidal ou Bernardo da Silva Ramos, e podem ser vistos em locais como a Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro, em Itapeva, Itaquatiá, Arruoca, Lapa Vermelha, Sete Cidades, Pouso Alto, Monte Alegre e muitos outros lugares.

Estudos Antigos

Não é de hoje que se acredita que as Américas tenham sido colonizadas a partir do Oriente Médio. Em 1571, o pesquisador espanhol Arius Montanus, ou Arias Montano, publicou um mapa-múndi onde era levantada a proposta de que o povo de Jectão, descendente de Noé, ( Gênesis, cap 10, vers. 29) teria sido guiado para cá por um homem chamado Ophir, que chegou até o Peru e fundou um reino com seu nome. Outro grupo, liderado por Jobal, teria permanecido no Brasil. Alguns estudiosos desenvolveram teses semelhantes, como Manassés ben Israel, Lorde Kingsborough e Gregório Garcia, este último em 1607.

Já o historiador Onffroy de Thoron afirmava que o reino de Ophir existiu, mas no alto Amazonas, de onde embarcações fenícias partiam levando madeira e metais preciosos para o rei Salomão, que havia feito um pacto com o rei fenício Hiram, de Tiro (cerca de 970–936 a.C.) para a construção do Templo de Jerusalém. Os fenícios eram os grandes navegadores da época e já tinham um contato anterior com o rei Davi. O Livro de Mórmon, a bíblia da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos  Dias, também cita a colonização das Américas por tribos de Jerusalém, a mais antiga tendo chegado na época em que “o Senhor confundiu as línguas na Torre de Babel”, o que recuaria o descobrimento da América em mais de mil anos.

Diz-se que essa torre foi reconstruída por Nabucodonosor II entre 604 e 562 a.C., mas C.W. Ceram — autor de “Deuses, Túmulos e Sábios” — afirmou não ter dúvidas de que na época de Hamurabi (1955–1913 a.C.) a torre d Babel original já havia desaparecido. Na segunda viagem, por volta de 600 a.C., teriam se estabelecido no Peru e construído a civilização conhecida hoje como Chavín de Huánta. A história e a arqueologia oficialmente não reconhecem a validade dessas especulações, e nem dos estudos do filólogo Peregrino Vidal, que dedicou grande parte de sua vida ao tema.

Ele acreditava que o nome original do Brasil seria Be-ra-zil, significando o domínio dos cantores escuros, e que duas levas de colonos chegaram aqui, a segunda de tribos hamitas. As lendas vão ainda mais longe ao se referirem a Tupi e Guarani como dois irmãos que vieram de uma região distante para povoar o Brasil (a lenda é correta mas a origem dos irmãos seria Atlântida, ao norte). Hoje em dia, antropólogos e historiadores confirmam a existência da lenda e também o fato de que, na época em que os portugueses chegaram ao Brasil, os grupos tupi e guarani já se encontravam há anos em fase de migração para o nordeste. Segundo suas lendas, eles estavam retornando ao local de onde tinham vindo, uma terra mítica além do oceano.

Inscrições gravadas em pedra em Língua Aramaica em Los Lunas, Novo México-EUA

Acima: As Inscrições em Aramaico encontradas em Los Lunas- INTERIOR do Novo México-EUA – http://nyudraa.blogspot.com

Esta rocha foi encontrada no estado norte americano do Novo México e possui escrita inscrições em hebraico antigo e o mais surpreendente na tradução dos caracteres gravados na rocha é que o significado em tudo e por tudo é semelhante aos dez mandamentos dados ao provo hebreu, por Moisés, aos pés do monte Sinai, durante o êxodo conforme descrito na bíblia, o que demonstra a autenticidade e antiguidade das inscrições e o conhecimento que os povos semitas tinham do que viria a ser descoberto mais tarde e denominado de “Novo Mundo”.

  1. Data da inscrição:  cerca 700 a.C; –
  2. Localização dos Descobrimentos: Região de Los Lunas, Novo México, EUA;
  3. Data da Descoberta : Desconhecida; levadas ao conhecimento dos estudiosos no ano de 1850.
  4. Língua: Hebraico/aramaico antigo;
  5. Escrita Superfície: na rocha:

Tradução dos caracteres:

1. Eu sou YHWH seu Elohim (plural para deuses), que trouxe você para fora da terra

2. Nenhum (outro) Elohim terás diante de mim

3. E uma casa de servos? Não fazem a você? Não fazem

4. YHWH o nome em vão. lembre o dia de

5. Shabat para torná-lo santo honra teu pai e tua mãe, para que

6. Seus dias mais longos ser sobre a terra que YHWH teu Elohim

7. Dá para você, não matar, não cometerás adultério, não roubar, não

8. Humilhar seu vizinho, um falso testemunho. Não cobice a mulher do teu próximo

9. E tudo o que pertence ao teu próximo

A seguir uma tabela comparativa do Tetragramaton (as quatro letras do nome divino hebraico) de Los Lunas com alguns outros encontrados em velhas inscrições históricas:

Tetragramaton de Los Lunas 

amostra tetragrama

Registro Moabita (Moab) em pedra do nono século antes de Cristo

amostra tetragrama

Cerâmica Lachish do sétimo século antes de Cristo

amostra tetragrama

Manuscritos do Mar Morto do terceiro século antes de Cristo

amostra tetragramaModerna Inscrição hebraica do Tetragammaton

Há outra inscrição em uma pedra menor no Pináculo sul da mesa em Los Lunas. Ela pode ter servido como um altar. A foto foi tirada por David Moore em uma viagem de campo para Hidden Mountain em 1993. A primeira linha contém o Tetragrama em letras paleo-hebraico. As letras são semelhantes em estilo à inscrição na pedra Decálogo de Los Lunas, mas parecem estarem mais gastas pela erosão. Para comparação de tamanho foi colocada uma moeda ao lado.A inscrição do Decálogo de Los Lunas usa o Tetragrammaton em três lugares. Eles são esculpidos na superfície da rocha em letras hebraicas antigas. E eles são, provavelmente, uma das mais antigas (cerca de três mil anos) amostras de escrita do Tetragrammaton sobreviventes do mundo! E ESTÃO LOCALIZADAS NA AMÉRICA DO NORTE !!!!!

Fotos: http://www.mhccorp.com/archaeology/decalogue-tetragrammaton.html

Foto: David Moore em 1993

Abaixo está um desenho da mesma inscrição e uma tradução interlinear:

amostra tetragrama

Tradução: Jeová, o nosso deus.


Fenícios e Hebreus no Brasil há mais de 3 mil anos?

Ludwig Schwennhagen, outro pesquisador que passou muito tempo investigando os sinais encontrados no norte e nordeste do Brasil, acreditava que os fenícios tinham chegado à América por volta de 1100 a.C., estabelecendo-se e realizando uma série de expedições exploratórias ao interior. Além disso, nas constantes viagens que faziam pelo oceano, traziam pessoas de outras nacionalidades, como os etruscos, que teriam criado a riquíssima cerâmica marajoara. Schwennhagen também viu nos nomes de algumas localidades brasileiras uma origem lingüística distante, especialmente fenícia. Assim seria com a cidade de Tutóia, no litoral do Maranhão, tida como a mais antiga da região cujo nome original o pesquisador entende que seria Tur-Tróia.

Os fenícios apoiaram os troianos na guerra contra os gregos e, após a derrota, teriam ajudado levando milhares de sobreviventes para suas colônias, algumas das quais receberam o nome da cidade original. O nome Tur seria referente à metrópole dos fenícios. Também na Argentina, na região de Santiago del Estero, foram realizadas escavações que revelaram vasos e pratos considerados iguais aos encontrados em Tróia, conforme os arqueólogos Emilio e Duncan Wagner publicaram no livro La Civilización Chaco-Santiagueña, em 1935.

Além dos troianos, os fenícios também teriam trazido as amazonas, originalmente residentes na África. Os egípcios teriam sido trazidos por volta de 940 a.C.. As lendas dizem que as amazonas eram as responsáveis pela fabricação dos muiraquitãs, pedras talhadas com figuras variadas e utilizadas como amuletos, encontradas na região amazônica. J. Barbosa Rodrigues, estudioso dos muiraquitãs, via nos amuletos a prova de um relacionamento entre a Ásia e a América num período anterior à chegada dos conquistadores, uma vez que essa técnica de entalhe não era conhecida na região.

Schwennhagen desenvolveu uma linha de pensamento complexa, mas que chamou a atenção de muitos estudiosos. Segundo ele, a Atlântida original seria a região das Antilhas, onde, em meados do século XX, descobriram-se as ruínas submersas de Bimini — local conhecido na época pelo nome de Caraiba, significando terra dos caras ou caris, o povo que estaria ligado aos cários do Mediterrâneo. Saindo das Antilhas, eles se estabeleceram na Venezuela e eram as sete tribos da nação tupi. Schwennhagen propôs que a língua tupi seria um ramo do sumério e que existiriam provas disso nos textos do rei Urgana, gravados em placas de barro e guardados no Museu Britânico.

No entanto, a base histórica para a ligação com os cários não é facilmente sustentada. O domínio dos fenícios no Brasil teria se estendido até cerca de 146 ou 147 a.C., quando os romanos destruíram Cartago durante as guerras púnicas, a poderosa colônia fenícia, e interromperam o contato marítimo. Segundo Schwennhagen, nessa época iniciou-se o êxodo de fenícios e egípcios no Brasil em direção ao norte e oeste, chegando ao Peru, Bolívia e México.

Milhares de Inscrições em rochas

O arqueólogo Bernardo de Azevedo da Silva Ramos trabalhou durante 30 anos na identificação e catalogação de sinais e inscrições do Brasil, coletando cerca de 1500 que foram reunidos no livro Inscrições e Tradições da América Pré-Histórica, publicado pela Imprensa Oficial do Rio de Janeiro. Essa obra foi examinada pela Comissão de Arqueologia, em 1919, que chegou à conclusão de que os desenhos correspondiam a caracteres fenícios, gregos, hebraicos e árabes.

Uma das gravações mais famosas do país está na Pedra do Ingá, na Paraíba.  A rocha, que tem 20 metros de comprimento, foi descoberta em 1598 e estudada pelo cientista Elias Eckerman, em 1641, a mando de Maurício de Nassau (Um judeu holandês interessado na história de seu povo semita). Em 1874 o historiador Vernhagen também estudou as inscrições e, mais recentemente, o professor José Anthero Pereira Jr.. Alguns pesquisadores dizem que não foi possível decifrá-las — entre as inscrições existe uma representação da Constelação de ÓRION.

Acima: A PEDRA DO INGÁ, no Brasil e suas misteriosas inscrições. A Pedra de Ingá, ou Itacoatiara, é formada por blocos de gnaisse divididos em três paineis, tendo o bloco principal dimensão de 24 metros de comprimento por 3,8 m de altura. Há muitos sulcos e pontos capsulares seqüenciados, ordenados, que lembram constelações, embarcações, serpentes, fetos e variados animais e simbologia ainda desconhecida em seu significado, todas parecendo o modo que os indígenas ou os visitantes de outras latitudes (ou de outros planetas) tinham para anunciar idéias ou registrar fatos e lendas, que apresenta um grande potencial turístico e cultural, entretanto explorado de maneira extremamente irregular.

Outras inscrições foram pesquisadas por Marcel Homet, na Pedra Pintada, em Roraima. No local, próximo à divisa com a Venezuela, os desenhos espalham-se por uma área de 600 metros quadrados, muitas vezes apresentando perfis, como era costume na arte egípcia.

Homet dizia que os indígenas encontrados pelos portugueses no Brasil seriam incapazes de fazer tais representações de cavalos, carros, rodas e alfabetos desconhecidos.Inscrições semelhantes surgem na pedra de Itamaracá, no Xingu, analisadas por Ladislao Neto.

A rocha somente é visível em época de seca, o mesmo ocorrendo no Rio Negro, quando a escassez de água descobre grutas em cujos tetos estão figuras de animais, homens, círculos e outros sinais que, segundo Ladislao Neto, lembram os alfabetos semíticos. Existem desenhos também em Itacoatiara, no rio Amazonas, estudados por Silva Ramos e, posteriormente, por Roldão Pires Brandão, para quem tratava-se de escrita fenícia relacionada a uma civilização extinta há 3 mil anos.

Acima: A Pedra Pintada, em Roraima próximo à divisa com a Venezuela, os desenhos espalham-se por uma área de 600 metros quadrados, muitas vezes apresentando perfis, como era costume na arte egípcia.

Cidades Perdidas

As inscrições misteriosas estendem-se por todo o território brasileiro, mas em nenhum lugar são tão visíveis quanto na Pedra da Gávea, um dos cartões postais do Rio de Janeiro. Ali podem ser encontrados sinais que alguns pesquisadores consideram como inscrições fenícias, enquanto outros se recusam a aceitá-los como algo feito por mãos humanas. A própria pedra apresenta a forma de um rosto imenso esculpido, interpretação também recusada por muitos estudiosos, que vêem nela um fenômeno natural de erosão, como o atribuído a Sete Cidades, no Piauí.

Possíveis vestígios de uma cidade pré-descobrimento podem ser encontrados em Paraúna, cerca de 160 quilômetros de Goiânia, onde existem muralhas feitas de pedras com formato hexagonal. As explicações são as mais variadas, e existem mais histórias do que estudos científicos sobre o local, mas tudo indica que se trata efetivamente de algo construído por uma civilização bem antiga.

Também em Monte Alto, na Bahia, no local conhecido como Riacho das Pontas, foram encontradas o que podem ser ruínas de uma cidade desaparecida. O arqueólogo Angyone Costa, que estudou o local, disse existir ali um alinhamento de pedras com cerca de um metro e meio de altura, colocadas eqüidistantes numa extensão de um quilômetro, além de outras ruínas. Não se sabe se essa descoberta está ligada a uma outra, ainda mais sensacional, relatada por exploradores em 1753, na Serra do Sincorá, e dada a público em 1838, quando um funcionário do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro encontrou um relato da viagem e da descoberta na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.

Acima a misteriosa Pedra da Gávea no Rio de Janeiro. (Uma esfinge semita dos fenícios?)

A expedição liderada pelo bandeirante Francisco Raposo encontrou uma cidade impressionante, repleta de construções imensas, templos, praças e estátuas. Um dos membros da expedição teria encontrado moedas de ouro com a imagem de um jovem e algumas inscrições.

Depois disso, a cidade jamais pôde ser encontrada novamente. Os sinais da existência de civilizações desenvolvidas no Brasil são inúmeros e dão pano para muitas mangas. Mas chama a atenção que os estudos a respeito parecem não avançar, mantendo uma desnecessária aura de mistério em torno das inscrições, objetos e ruínas.

Independente de serem culturas de outras partes do mundo trazidas para cá, ou de civilizações que aqui se desenvolveram, parece cada vez mais claro que a história do Brasil precisa ser reavaliada. Especialmente aquelas anteriores à chegada dos europeus que, segundo um grande número de pesquisadores acredita, nada descobriram. Apenas tomaram posse de um território há muito conhecido pelo mundo (muito) antigo.

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Galeano:

“A austeridade da fala é um antigo e familiar na América Latina”

Destaque, Europa, América Latina, América do Norte

“Este é um mundo violento e um mentiroso, mas não podemos perder a esperança eo entusiasmo pela mudança”, diz Eduardo Galeano.

O escritor uruguaio, historiador literário do continente através de obras como “As Veias Abertas da América Latina” e da trilogia “Memória do Fogo”, falou à BBC sobre os últimos acontecimentos na América Latina e da crise capitalista mundial.

De sua mesa habitual no café central brasileiro, deixando a janela frio do inverno austral, insiste que “a grandeza do homem está nas pequenas coisas, você faz todo dia, todo dia, você não sabe anônimo que fazê-lo. “

Portanto, as respostas alternativas aos episódios de seu último livro, “Filhos de dias”, que compreende 366 histórias verdadeiras, uma para cada dia do ano, que contêm mais verdade do que falar sobre o prêmio de risco.

A crise europeia está a ser tratada pelos líderes políticos de um discurso do sacrifício da população.

É igual ao discurso oficial quando eles enviam recrutas para morrer, menos cheiro de pólvora, mas não menos violenta.

Esta é uma sistemática em todo o mundo para jogar em conquistas dos trabalhadores do lixo de dois séculos, que volta a humanidade em nome da recuperação nacional.

Este é um mundo organizado e especializado no extermínio de outros.

E então veio para condenar a violência dos pobres, os famintos, o outro é aplaudido, merecem medalhas.

Está apresentando a “austeridade” como a única solução?

De quem? Se os banqueiros que causaram esse desastre foi e continua sendo os principais ladrões de banco e são recompensados ​​com milhões de euros que são pagos como compensação…

É um mundo muito mentiroso e muito violento. A austeridade de um antigo discurso na América Latina. Assistimos a uma peça que estreou aqui e já sabemos.

Sabemos tudo fórmulas, receitas mágicas, o Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial …

Você acha que o empobrecimento da população é mais violenta?

Se a luta contra o terrorismo era real e não uma desculpa para outros fins, teria de papel do mundo, com sinais que dizem “está procurando os sequestradores de países, exterminadores de emprego assalariado para os assassinos, os traficantes medo “, que são os mais perigosos porque você está condenado à paralisia.

Esta é uma casa mundo a você que a desconfiança dos outros, a ser uma ameaça e uma promessa nunca.

É alguém vai machucá-lo e para isso temos que defender.

Isso justifica o nome, o poético militar indústria criminosa.

Isso é um exemplo perfeito de violência.

Virando-se para a política latino-americana, o México continua nas ruas protestando contra os resultados oficiais das eleições …

A diferença de votos não foi tão grande e pode ser difícil provar que não havia fraude.

No entanto, há outra fraude mais profunda, mais fina e é mais nocivo para a democracia: os políticos que fazem da promessa simples o oposto do que viria a fazer no poder. Então, eles estão agindo contra a fé na democracia para as novas gerações.

Quanto à demissão de Fernando Lugo no Paraguai, pode falar golpe se for baseado nas leis do país?

Claro, no Paraguai, é simplesmente um golpe de Estado.

Eles bateram o governo do “progresso cura” não é o que eles tinham feito, mas pelo que ele poderia fazer.

Eu não tinha feito muito, mas, tal como proposto reforma agrária em um país que tem o grau de concentração de poder na terra mais alto na América Latina, e, portanto, mais desigualdade injusta, teve algumas atitudes de dignidade nacional contra alguns todo-poderosas empresas internacionais como a Monsanto e proibiu a entrada de algumas sementes GM …

Foi um golpe preventivo, apenas no caso, não por quem você é, mas o que você pode fazer.

Será que você se surpreenda ao continuar dando essas situações?

O mundo hoje é muito surpreendente.

A maioria dos países europeus parecia estar vacinada e golpes passam a ser regidos governos nas mãos de tecnocratas escolhidos a dedo pelo Goldman Sachs e outras grandes empresas financeiras que não foram votadas por ninguém.

Até mesmo a linguagem reflete isso: os países que são supostos ser soberano e independente, devem fazer sua lição de casa como crianças propensas ao mau comportamento e professores são os tecnocratas que vêm para puxar suas orelhas.

Paula Vilella / BBC