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Arquivo mensal: agosto 2022

Carl Sagan – infelizmente – tinha razão


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#DivulgaçãoCientífica

Mais de 25 anos atrás, astrofísico americano previa um futuro distópico em que prevaleceria a desinformação e a pseudociência, levando ao “emburrecimento” dos EUA e a uma “celebração da ignorância” através da mídia. Verônica Lima”

Sagan em 1994

Felipe Espinosa Wang

Há 27 anos, o astrofísico e grande divulgador da ciência Carl Sagan (1934-1996), conhecido mundialmente pela série de televisão Cosmos, lançou uma previsão extremamente acertada sobre o futuro, na qual parecia antecipar o auge das grandes tecnologias e da desinformação.

Ainda que a previsão dissesse respeito especificamente ao futuro dos Estados Unidos, os temas de que trata possuem um caráter mais universal; uma premonição geral da sociedade moderna.

Além de seu trabalho como astrônomo, cientista planetário, cosmólogo, astrofísico, astrobiólogo e promotor da ciência, Sagan também era um escritor prolífico. Em 1995, publicou O mundo assombrado pelos demônios: A ciência vista como uma vela no escuro, no qual aborda desde questões espirituais até desmentidos sobre abduções alienígenas.

Mas, bem além desses temas, seu livro constrói uma defesa apaixonada da ciência e do método científico, e explica como ela ajudou a iluminar muitos dos rincões mais sombrios do universo. Dessa forma, o astrofísico demonstra como a busca pela paz e pela verdade era minada por dois velhos conhecidos da humanidade: a superstição e a pseudociência.

Redescoberta oportuna

Hoje, passados 27 anos  da publicação da obra, o que mais chama a atenção nas redes sociais é uma passagem descritiva na qual Sagan faz uma previsão sobre futuro dos Estados Unidos, inquietantemente similar à realidade em que se vive.

“A ciência é mais do que um conjunto de conhecimentos, é uma forma de pensar. Tenho um pressentimento sobre uma América, na época dos meus netos ou bisnetos, quando os EUA serão uma economia de serviços e informação; quando quase todas as principais indústrias de manufatura terão escapado para outros países; quando impressionantes poderes tecnológicos estarão nas mãos de alguns poucos, e ninguém que represente os interesses públicos conseguir compreender os problemas; quando os seres humanos tiverem perdido a capacidade de estabelecer seus próprios objetivos ou de questionar com conhecimento de causa os que detêm a autoridade; quando, apegados aos nossos cristais e consultando nervosamente nossos horóscopos, com nossas faculdades mentais 3m declínio, incapazes de distinguir entre o que nos faz sentir bem e o que é verdade, retrocedemos, quase sem perceber, à superstição e às trevas.”

Ainda que Sagan costumasse projetar visões otimistas, o trecho descreve uma possível sociedade distópica, repleta de divisão, confusão, desconfiança nas autoridades e uma separação cada vez maior entre os mais ricos e os mais pobres, sob lideranças cada vez mais autoritárias.

“Emburrecimento” dos EUA

No capítulo em questão, Sagan trata, ainda, de alguns fenômenos culturais americanos da época, como o programa de televisão Beavis e Butthead e o filme Debi e Lóide, que ele considerava exemplos da decadência intelectual nos EUA:

“O emburrecimento dos Estados Unidos é mais evidente na lenta degradação dos conteúdos substanciais na mídia enormemente influente, nas frases de efeito de 30 segundos (agora reduzidas a dez segundos ou menos), as programações baseadas no mínimo denominador comum, apresentações crédulas sobre pseudociência e superstição, mas, sobretudo, numa espécie de celebração da ignorância.” 

Pode-se apenas imaginar qual seria sua opinião sobre o futuro dos Estados Unidos se ele estivesse vivo hoje e testemunhasse o fenômeno das novas redes sociais, desde o YouTube e o Instagram até a ascensão vertiginosa dos serviços de streaming, entre outros. 

Muitos, talvez, considerem que a previsão feita há 27 anos não seja realmente uma revelação, e estão, provavelmente, corretos, uma vez que vislumbrar um futuro distópico não é especialmente complicado.

Mesmo assim, Sagan, com sua grande sensibilidade e inteligência, foi capaz de captar grande parte da essência das mudanças que começavam a se formar naquela época, e que hoje parecem óbvias. Escutar as vozes do passado pode ajudar a recordar e refletir mais sobre o que se pode melhorar na sociedade atual.

As primeiras imagens do telescópio espacial James Webb

Sete meses após seu lançamento ao espaço, Nasa divulga as primeiras imagens obtidas pelo maior e mais poderoso telescópio espacial do mundo, que revelam detalhes inéditos do cosmos.

Foto: NASA, ESA, CSA, STScI, Webb ERO Production Team

A picture of the galaxy cluster SMACS 0723 captured by the James Webb Space telescope

Estágios finais de uma estrela

A chamada Nebulosa do Anel Sul é uma nebulosa planetária – ou seja, uma nuvem de gás e poeira que envolve uma estrela em vias de morrer. Ela tem quase meio ano-luz de diâmetro, e a estrela em seu centro vem emitindo anéis de gás e poeira há milhares de anos em todas as direções. Já os pontos de luz multicoloridos que aparecem ao redor nesta imagem são galáxias, e não estrelas.

Foto: NASA, ESA, CSA, STScI, and The ERO Production Team

Nebulosa do Anel Sul

O invisível tornado visível

O que pode parecer uma paisagem montanhosa brilhante é na verdade a borda de uma região de formação de estrelas chamada NGC 3324, na Nebulosa Carina. Esta gigantesca cavidade gasosa está a cerca de 7.600 anos-luz de distância. A imagem obtida pelo telescópio Webb revela pela primeira vez áreas de nascimento de estrelas que até então eram invisíveis.

Foto: NASA, ESA, CSA, STScI, Webb ERO Production Team

Borda de uma região de formação de estrelas chamada NGC 3324, na Nebulosa Carina

Uma lente para galáxias distantes

Esta foi a primeira imagem do Webb revelada pela Nasa, e mostra o aglomerado de galáxias Smacs 0723, composto de milhares delas, conforme ele aparentava há 4,6 bilhões de anos. Segundo a agência espacial americana, trata-se da “mais profunda e nítida imagem infravermelha do universo primitivo já capturada”.

Foto: NASA, ESA, CSA, STScI, Webb ERO Production Team

O aglomerado de galáxias Smacs 0723

Casa de milhões de estrelas

Este é o Quinteto de Stephan, um grupo de cinco galáxias na constelação de Pégaso. A imagem mostra detalhes nunca antes vistos, como aglomerados cintilantes de milhões de estrelas jovens. É a maior imagem entre as capturadas pelo Webb, cobrindo o equivalente a um quinto do diâmetro da Lua e composta de mais de mil arquivos separados.

Foto: NASA, ESA, CSA, STScI, Webb ERO Production Team

Quinteto de Stephan

Bola gigante de gás

O Wasp-96b é um enorme planeta fora do sistema solar da Terra que foi descoberto em 2014. Composto principalmente de gás, o exoplaneta tem cerca de metade da massa de Júpiter e orbita uma estrela como o Sol a cada 3,4 dias. Ele está localizado a cerca de 1.150 anos-luz da Terra.

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Laureano G Gonçalves  · rtoSneopsd62u5u10ash 1fAu0t857mtg4cf4 a4m14t54 7:98c 142PfMg  · 

REATIVAÇÃO DA COLUNA VERTEBRAL

Arcanjo Gabriel

Canalizado por Elsa Farrus

Amado ser de luz, sou o arcanjo Gabriel, eu venho em nome da luz e do amor.

Suas frequências vibratórias no nível da articulação crânio-sacral, serão ativadas nas próximas horas, com uma intensidade energética na coluna vertebral, especialmente na região do coccix, indo para a região ilíaca, ganhando intensidade na Remodelação do DNA, muita prudência ao caminhar e fazer gestos bruscos, pois seus canais internos da coluna e pernas, vão ser regulados como receptores de grandes frequências de energia, para serem ancoraradas na superfície do planeta, como verdadeiros tubos naturais de códigos solares, reativados em sua coluna vertebral.

Tudo isso para ajudar na modulação das mudanças no inconsciente coletivo nos próximos meses, para a polaridade máxima, enquanto algumas realidades desaparecem e outras novas se criam.

Amamos vocês amados seres de luz, e estamos junto com vocês regulando seu sistema nervoso e canal, peça assistência aos Irmãos Arcturianos e médicos Pleiadianos,

Gratidão dos seus irmãos desde o Grande Sol Central.

Mãos que doam amor nunca ficam vazias..

Surpresa na Física:


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#DivulgaçãoCientífica

Próton pode ter seu próprio quark charme

Próton tem um quarto quark charme

Impressão artística de um próton – as grandes esferas vermelhas são quarks para cima e a grande esfera azul um quark para baixo.
[Imagem: CERN- https://pt.wikipedia.org/wiki/Organiza%C3%A7%C3%A3o_Europeia_para_a_Pesquisa_Nuclear]

Componentes do próton

Os livros didáticos afirmam que um próton, a partícula encontrada no coração de todos os átomos, contém três partículas menores – dois quarks para cima e um quark para baixo.

Mas uma nova análise dos dados de colisões de partículas, realizadas em vários colisores, encontrou fortes evidências de que o núcleo atômico também contém um quark charme, o que torna o próton um tetraquark.

Já se pensou que os átomos fossem indivisíveis, depois os cientistas passaram a crer que os prótons é que seriam indivisíveis; mas já nos anos 1960 ficou claro que cada próton contém três partículas menores, chamadas quarks. Os quarks vêm em seis tipos, ou sabores (para cima, para baixo, charme, estranho, superior e inferior), e o próton contém dois quarks para cima e um quark para baixo.

Mas na mecânica quântica a estrutura de uma partícula é governada por probabilidades, o que significa que, teoricamente, há uma chance de que outros quarks possam surgir dentro do próton na forma de pares matéria-antimatéria.

Mas ninguém havia conseguido demonstrar isto até agora de forma conclusiva.

Surpresa na Física: Próton tem um quarto quark

Recentemente foram descobertas partículas formadas por quatro e cinco quarks.
[Imagem: CERN]

Prótons hipotéticos

Para tentar resolver o dilema, uma equipe internacional, conhecida como Colaboração NNPDF, começou desenvolvendo um sistema de aprendizado de máquina para chegar a estruturas hipotéticas de prótons consistindo de todos os diferentes sabores de quarks.

O aprendizado de máquina foi importante porque ele gerou modelos que os físicos não necessariamente pensariam por si mesmos, reduzindo a chance de medições tendenciosas.

A equipe então comparou seus modelos hipotéticos com mais de 500.000 colisões do mundo real, feitas ao longo de décadas em aceleradores de partículas, inclusive no LHC.

Os pesquisadores descobriram que, se o próton não contiver um par de quarks charme-anticharme, há apenas 0,3% de chance de chegar aos resultados que eles chegaram. Os físicos chamam isso de resultado “3 sigmas”, que normalmente é visto como um sinal potencial de algo interessante.

Para ser considerada uma descoberta, contudo, será necessário levar os resultados para o nível de 5 sigmas, o que significa cerca de 1 em 3,5 milhões de chances de um resultado dever-se ao acaso.

Próton tem um quarto quark charme

massa dos quarks foi confirmada por um cone morto no LHC.
[Imagem: CERN]

Confiança no charme

A equipe também analisou os resultados recentes do experimento LHCb Z-bóson e modelou a distribuição estatística do momento do próton com e sem um quark charme. Eles concluíram que o modelo combina melhor com os resultados se se assumir que o próton tenha um quark charme.

Isso significa que a equipe está mais confiante em propor a presença de um quark charme no próton do que o nível sigma por si só sugere. “O fato de estudos muito diferentes convergirem para o mesmo resultado nos deixou especialmente confiantes de que nossos resultados são sólidos,” disse Juan Rojo, da Universidade Vrije de Amsterdã (Países Baixos).

Bibliografia:

Com informações da New Scientist –

Artigo: Evidence for intrinsic charm quarks in the proton
Autores: The NNPDF Collaboration
Revista: Nature
Vol.: 608, pages 483-487
DOI: 10.1038/s41586-022-04998-2

A primeira imagem do buraco negro no centro da Via Láctea


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#DivulgaçãoCientífica

Anel de fótons de um buraco negro é visto pela primeira vez

Anel de fótons do buraco negro M87*

A emissão do M87* foi decomposta até restar apenas um anel fino e brilhante (laranja), decorrente da infinita sequência de imagens da região de emissão. A imagem primária mais difusa foi produzida pelos fótons que vêm diretamente em direção à Terra (contornos azuis).
[Imagem: Avery E. Broderick et al. – 10.3847/1538-4357/ac7c1d]

Anel de fótons

Astrônomos conseguiram extrair novas informações dos mesmos dados usados para gerar a primeira imagem de um buraco negro, captada em 2019.

Acontece que simulações previam que, escondido atrás do difuso brilho laranja, deveria haver um fino e brilhante anel de luz, criado por fótons girando ao redor do buraco negro, temporariamente presos por sua intensa gravidade.

A equipe então começou a escarafunchar os dados, criando algoritmos sofisticados para tentar encontrar o tal anel do buraco negro.

“Nós desligamos o holofote para ver os vagalumes,” disse Avery Broderick, da Universidade de Waterloo, no Canadá. “Conseguimos fazer algo profundo – desenredar uma assinatura fundamental da gravidade em torno de um buraco negro.”

Para que o ambiente ao redor do buraco negro aparecesse com clareza, os algoritmos essencialmente “descascaram” o buraco negro, tirando elemento por elemento que compunha a agora famosa imagem.

Deu certo, aparecendo dois elementos interessantes: O tão procurado anel de luz, e indícios de um jato poderoso saindo do buraco negro, como aparece em várias ilustrações baseadas nas descrições teóricas – o indício do jato ainda é muito tênue, e não é mostrado na imagem.

A gravidade do buraco negro é tão forte que alguns fótons, as partículas de luz, podem circundar o buraco negro – alguns nem sequer dando uma volta, e outros dando várias voltas, dependendo de sua origem e energia – antes de escapar. São esses fótons que escapam que chegam até nós, revelando o “anel de fótons’.

Na verdade, não se trata de um anel único, mas de uma série de anéis concêntricos, círculos de luz cada vez mais tênues e, portanto, mais difíceis de serem vistos.

Horizonte de eventos

A equipe pretende continuar trabalhando, para tornar as imagens dos buracos negros cada vez mais nítidas.

“À medida que continuamos a adicionar mais telescópios e a construir o EHT de próxima geração, o aumento da qualidade e quantidade de dados nos permitirá colocar restrições mais definitivas sobre essas assinaturas, das quais agora estamos obtendo apenas nossos primeiros vislumbres,” disse Paul Tiede, da Universidade de Harvard.

EHT é a sigla do Telescópio Horizonte de Eventos (EHT: Event Horizon Telescope), um telescópio virtual do tamanho da Terra, conectando radiotelescópios nos EUA, no Polo Sul, no Havaí, na América do Sul e na Europa.

Em 2019, o EHT produziu a imagem do buraco negro da galáxia M87, que foi posteriormente batizado de Powehi.

Neste ano, a equipe do telescópio apresentou a primeira imagem do buraco negro no centro da Via Láctea, chamado Sagitário*.

Bibliografia:

Artigo: The Photon Ring in M87*
Autores: Avery E. Broderick, Dominic W. Pesce, Roman Gold, Paul Tiede, Hung-Yi Pu, Richard Anantua, Silke Britzen, Chiara Ceccobello, Koushik Chatterjee, Yongjun Chen, Nicholas S. Conroy, Geoffrey B. Crew, Alejandro Cruz-Osorio, Yuzhu Cui, Sheperd S. Doeleman, Razieh Emami, Joseph Farah, Christian M. Fromm, Peter Galison, Boris Georgiev, Luis C. Ho, David J. James, Britton Jeter, Alejandra Jimenez-Rosales, Jun Yi Koay, Carsten Kramer, Thomas P. Krichbaum, Sang-Sung Lee, Michael Lindqvist, Iván Martí-Vidal, Karl M. Menten, Yosuke Mizuno, James M. Moran, Monika Moscibrodzka, Antonios Nathanail, Joey Neilsen, Chunchong Ni, Jongho Park, Vincent Piétu, Luciano Rezzolla, Angelo Ricarte, Bart Ripperda, Lijing Shao, Fumie Tazaki, Kenji Toma, Pablo Torne, Jonathan Weintroub, Maciek Wielgus, Feng Yuan, Shan-Shan Zhao, Shuo Zhang
Revista: The Astrophysical Journal
Vol.: 935, Number 1
DOI: 10.3847/1538-4357/ac7c1d

Espaço


Decepção: Sonda InSight não encontra água subterrânea em Marte

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#DivulgaçãoCientífica

Sonda InSight não encontra água subterrânea em Marte

Os instrumentos da sonda foram colocados sobre o solo por seu braço robótico. Infelizmente, a perfuratriz, que fica embaixo da sonda, não funcionou.
[Imagem: NASA/JPL-Caltech]

“Não há água aqui”

Contrariamente a todas as expectativas, a primeira análise ampla dos dados da sonda marciana InSight teve como conclusão uma decepcionante mensagem de “Gelo não encontrado”.

“Nós descobrimos que a crosta de Marte é fraca e porosa. Os sedimentos não são bem cimentados. E não há gelo ou muito gelo preenchendo os espaços dos poros,” resumiu o professor Vashan Wright, da Universidade da Califórnia de San Diego.

A sonda InSight (sigla em inglês para Exploração Interior usando Investigações Sísmicas, Geodésia e Transporte de Calor) pousou em Marte no início de 2019 e é uma das menos conhecidas sondas marcianas, talvez porque seja fixa, e não um rover, como os exploradores marcianos mais famosos.

Além de detectar martemotos, os terremotos de Marte, a sonda possui um instrumento cujos dados fornecem estimativas da velocidade das ondas sísmicas dentro da crosta do planeta.

Essas velocidades mudam dependendo do tipo de rocha e do material que preenche os poros das rochas. Os materiais de preenchimento de poros possíveis incluem gás, água líquida, gelo e outros cimentos minerais. Esses possíveis minerais de cimentação, como calcita, argila, caulinita e gesso, também afetam as velocidades sísmicas.

“Nós rodamos nossos modelos 10.000 vezes cada um para incorporar as incertezas em nossas respostas,” contou Richard Kilburn, coautor da análise. No final, porém, somente as simulações mostrando uma subsuperfície consistindo principalmente de material não cimentado e sem gelo se ajustaram aos dados.

Sonda InSight não encontra água subterrânea em Marte

Após quase três anos de pesquisas, agora a sonda está toda coberta de poeira.
[Imagem: NASA/JPL-Caltech]

Sem sinais dos antigos oceanos de Marte

A primeira surpresa é que os 300 metros do subsolo a partir da superfície contêm pouco ou nenhum gelo. Quando se lembra que a temperatura na superfície de Marte, mesmo na região equatorial, onde a sonda está pousada, tem temperaturas abaixo dos 50 ºC negativos, este é um resultado inesperado.

Um dos objetivos da missão era justamente quantificar o gelo e outros minerais na subsuperfície rasa de Marte, o que pode ajudar a determinar se Marte já abrigou vida, entender sua história climática, entender o sistema geológico do planeta e preparar futuras missões de exploração humana.

A segunda surpresa contradiz uma ideia fundamental sobre o que aconteceu com a água em Marte. Há inúmeros indícios de que o planeta tenha abrigado oceanos de água no início da sua história, por isso os cientistas acreditavam que grande parte da água tivesse se tornado parte dos minerais que compunham o antigo leito oceânico – e esses minerais deveriam estar lá, mesmo depois que o oceano secou.

“Se você colocar água em contato com rochas, você produz um novo conjunto de minerais, como argila, então a água não é um líquido. É parte da estrutura mineral,” explicou o professor Michael Manga, da Universidade de Berkeley. “Há algum cimento, mas as rochas não estão cheias de cimento,” acrescentou ele, referindo-se àqueles minerais que funcionam como agregadores das rochas.

A água também pode entrar em minerais que não atuam como cimento. Mas o que os dados mostram é uma subsuperfície não cimentada, que os pesquisadores chamam de “fraca e porosa”. E um material assim não é bom para preservar registros de vida ou atividade biológica no passado geológico.

Refazendo os planos

Era virtualmente um consenso que a subsuperfície marciana estaria cheia de gelo, mas essas expectativas agora literalmente derreteram.

“Como cientistas, estamos agora confrontados com os melhores dados, as melhores observações. E nossos modelos previam que ainda deveria haver solo congelado naquela latitude com aquíferos embaixo,” comentou Manga.

As conclusões apresentadas agora são coerentes com duas outras análises recentes, feitas por outras equipes, que mostraram que encontrar indícios de vida em Marte exigirá cavar mais fundo, tomando por base dados de uma área mais ampla, coletados pelo robô Curiosity.

Por outro lado, grandes mantos de gelo e solo congelado permanecem nos pólos marcianos, e é para lá que as expectativa se voltarão a partir de agora.

Bibliografia:

Redação do Site Inovação Tecnológica

Artigo: A minimally cemented shallow crust beneath InSight
Autores: Vashan Wright, Jhardel Dasent, Richard Kilburn, Michael Manga
Revista: Geophysical Research Letters
DOI: 10.1029/2022GL099250