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Desvelando o estatuto teórico da crise: a exaustão dos paradigmas na aporia do racionalismo


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Qualquer pesquisa levado nas fronteiras do conhecimento
tem por característica o fato de não sabermos jamais aonde ela levará …

3.1 A miséria da concepção cartesiana de mundo

As últimas duas décadas de nosso século vêm registrando
um estado de profunda crise mundial.
É uma crise complexa, multidimensional,
cujas facetas afetam todos os aspectos de nossa vida –
a saúde e o modo de vida, a qualidade do meio ambiente e das relações sociais, da economia, tecnologia e política.
É uma crise de dimensões intelectuais, morais e espirituais;
uma crise de escala e premência
sem precedentes em toda a história da humanidade

Esta crise, da qual nos fala Fritjof Capra nesta passagem, na verdade, não irrompeu abruptamente no interior da civilização humana, porém teria sido urdida pela própria dinâmica de nosso modelo de desenvolvimento e como uma consequência inefável e inexorável de nossa própria concepção de mundo.

Em sua essência, o último momento de passagem cíclica, que teria permitido a sedimentação desta visão de mundo que hoje tende a ser questionada, tem um corte histórico específico e pode ser resumido da seguinte maneira:

Até 1500, o que ainda hoje reconhecemos como mundo conhecido, conseguia vivenciar uma visão orgânica e interdependente dos fenômenos espirituais e materiais. A estrutura desta visão particular conseguia conformar o modelo aristotélico de apropriação da realidade com a contextualização teológica do universo, numa formulação unificada, que atendia ao processo de hegemonização da Igreja, enquanto estrutura dominante. A natureza da ciência medieval baseava-se na razão e na fé e tinha como finalidade a compreensão do significado das coisas, numa relação imanente. Os arquétipos dos cientistas medievais, por conseguinte, estavam centrados em Deus, na alma humana e na ética.

Um dos grandes sistematizadores desta visão coletiva de mundo vai surgir, no entanto, quase no decurso dos extertores históricos deste período, ou seja, por volta do século XIII, quando Tomás de Aquino consegue estabelecer uma combinação extremamente fértil e convincente do abrangente sistema de natureza aristotélico com a própria teologia e ética cristãs, estabelecendo toda a estrutura conceitual que permanece inconteste por todo o final da Idade Média.

Progressiva e irreversivelmente, no entanto, esta visão tomista da realidade, conjugada a uma percepção comunal da esfera pública, vai cedendo lugar à uma visão atomística da sociedade humana, cada vez mais consubstanciada na afirmação do individualismo, dos direitos de propriedade e, mais tarde, na corporificação da representatividade ao nível governamental.

Para tal ruptura dialética, muito teria contribuído a prática do mercantilismo – evoluindo na direção da substantivação de mudanças significativas na esfera da produção e na ubiquidização da troca de mercadorias – a própria Revolução Industrial – como momentum desta ruptura – e o ideário do Iluminismo – como sustentáculo da nova visão de mundo que se instaurava.

A noção do mundo como máquina então, rompe com a noção de um universo orgânico, que havia perdurado por mais de mil anos e contribui para alavancar a Idade da Revolução Científica. Na verdade, ela já havia sido esboçada a partir da oposição à concepção geocêntrica, de origem bíblica e reificação ptolomaica, consubstanciadamente em Copérnico e Galileu.

Neste momento histórico específico, estabelece-se, portanto, um novo paradoxo:

O mundo-máquina, alimentado pelo homem através da ubiquidização do valor trabalho, realiza a incorporação da visão heliocêntrica do universo referência, através da ruptura da visão geocêntrica, que foi o resultado de um conceito de universo orgânico, referenciado historicamente. Essencialmente, no entanto, tal ruptura teria acontecido, no sentido de convalidar um projeto de ampliação do macrocosmo, porém, ao mesmo tempo, ela teria se dado no sentido de aprofundar o próprio alcance da unidade-indivíduo numa acepção dicotômica , portanto exclusivista, dentro do crescendum do processo de materialização de nosso ciclo evolutivo.

3.1.1 A ruptura da ruptura

Hoje, no entanto, é esta visão de mundo, subsidiada pela concepção mecanicista da vida e corporificada no paradigma newtoniano-cartesiano, que começa a ser confrontada.

Mas, como nos dizia Weiner Heisenberg, um dos fundadores da teoria quântica e, junto com Albert Einstein e Niels Bohr, um dos gigantes da física moderna, tal tarefa não é nada fácil. Isto porque

… a cisão cartesiana penetrou fundo na mente humana nos três séculos após Descartes e levará muito tempo para ser substituída por uma atitude realmente diferente diante do problema da realidade .

Daí porque, mais de um século após as primeiras defenestrações do ideário da ciência moderna, com os estudos de Faraday, Maxwell, Hertz, Michelson-Morley, Lorentz, Fermi, a teoria geral e especial da relatividade, a concepção atômica de Bohr, a mecânica ondulatória de Schröndinger e a mecânica matricial e o princípio de incerteza de Heisenberg , etc, ainda nos encontramos tateando neste novo terreno movediço.

Quais poderiam ser consideradas as razões básicas para a existência de tal gap?

Em primeiro lugar, o que a própria história convencional e cronologicamente explicitada tem nos ilustrado proficuamente, uma ruptura paradigmática não se constrói no vazio e nem tampouco por decreto. As rupturas costumam ser, inclusive, bastante traumáticas. Bastaria-nos lembrar das experiências de Sócrates (470 ou 469 a.C.) , Nicolau Copérnico (1473-1543), Giordano Bruno (1548-1600) e Galileu Galilei (1564-1642), que, de formas diferenciadas, tenderam a antagonizar as ordens vigentes ou os sistemas particulares de hegemonia .

Em segundo lugar, e malgrada toda a nossa visão nominalista do desenvolvimento da ciência, parece ser, igualmente, sintomático o fato de que, em ciência, o trabalho do indivíduo tende a estar em estreita ligação com o trabalho de seus contemporâneos e o seu produto real costuma aparecer como um produto impessoal de toda uma geração. Esta é, inclusive, uma das características fulcralmente socializadoras da própria atividade científica enquanto tal, determinadora de seus próprios avanços e recuos.

Em terceiro lugar, e isto foi magistralmente expressado por Pasteur, a ciência e os cientistas começaram a descobrir que as próprias teorias científicas só podem ser concebidas como aproximações da verdadeira natureza da realidade e não como instrumentos de uma adequabilidade absoluta a esta.

Para este cientista,

a ciência avança através de respostas provisórias, conjuncturais, em direção a uma série cada vez mais sutil de perguntas que penetram cada vez mais fundo na essência dos fenômenos naturais .

No entanto, no campo do real, também não se pode esquecer a dessintonia que sempre existiu, historicamente comprovada, entre o terreno exclusivo das idéias e o de sua pragmatização. Desta forma, e como quarto elemento provisoriamente explicativo, nem mesmo a celeuma, que de uns tempos para cá, começou a ocupar os espaços cada vez mais desprestigiados das cátedras acadêmicas, com um discurso, muitas vezes, xaropeizado, em torno da necessidade de construção de um novo paradigma, também parece ter sido suficiente para perpetrar, de fato, uma nova ordem.

Grosseiramente, isto se dá porque a massificação do discurso em torno da necessidade de um novo paradigma, muitas vezes, parece ser capaz de conseguir produzir um efeito boumerang: enquanto se discute o conceito, petrificam-se as práticas em conformação com uma necessidade de comprovação de algo antes mesmo que este algo se torne cientificamente aceito. Neste caso, estabelece-se um círculo vicioso e o próprio discurso de ruptura, muitas vezes, termina sendo esquecido nos cantos.

3.1.2 O caráter constritor do apego paradigmático

Neste sentido, inclusive, continua constrangedor reconhecer que, enquanto a nova física se desenvolvia no século XX – com reflexos extremamente significativos (e lucrativos) no interior do próprio modelo industrialista, que ainda hoje alimenta a sociedade humana nesta fase de seu desenvolvimento – a visão de mundo cartesiana e os princípios da física newtoniana continuaram hegemômicos no próprio cerne do pensamento ocidental.

Na biologia, por exemplo, a concepção cartesiana dos organismos vivos, como se fossem máquinas, constituídos de partes separadas, ainda é a base da estrutura conceitual dominante. Malgradas as conquistas espetaculares em certas áreas – compreensão da natureza química dos genes, das unidades básicas da hereditariedade e na revelação do código genético – onde biólogos, biofísicos, bioquímicos, neurobiólogos e geneticistas se defrontam com a necessidade de incorporar visões integrativas, orgânicas, holísticas ou sistêmicas em seus próprios estudos, a visão separativista das coisas ainda permanece forte.

No entanto, os problemas que resistiram à abordagem reducionista da biologia molecular, tornaram-se evidentes por volta de 1970, quando a estrutura do DNA e os mecanismos moleculares da hereditariedade de simples organismos unicelulares, como as bactérias, se tornaram conhecidos, mas ainda tinham de ser elaborados os dos organismos multicelulares. Os biólogos, portanto, foram colocados face a face com os problemas de desenvolvimento e diferenciação celulares, que tinham sido eclipsados durante a decifração do código genético. Isto significava reconhecer que, embora eles conhecessem o alfabeto do código genético, não pareciam possuir nenhuma ideia de sua sintaxe. Sua abordagem, essencialmente reducionista, dificultava um avanço ainda mais significativo.

O próprio Darwin – cuja teoria da evolução havia obrigado os cientistas a abandonarem a imagem newtoniana do mundo como uma máquina, que havia saído totalmente construída das mãos do Criador, substituindo-a pelo conceito de sistema evolutivo e em constante mutação e cujos conceitos de variação aleatória e de seleção natural ainda representam as pedras angulares de toda a teoria evolucionista moderna – também não se teria furtado a este tipo de influência. Apesar da natureza revolucionária de sua teoria, suas idéias ainda estavam impregnadas de forte preconceito patriarcal de seu tempo. Ou seja, daquele caráter dominador, que, diferentemente da concepção filosófica chinesa – que concebe o equilíbrio dinâmico entre o ying e o yang como a flutuação cíclica de dois pólos arquetípicos, que sustentariam o ritmo fundamental do universo – tenderiam a explicar o mundo e, ao mesmo tempo, conformá-lo, como o resultado de uma sujeição necessário à evolução da própria sociedade humana .

A economia também sofreu uma influência avassaladora do paradigma newtoniano-cartesiano. Organizada, tal como ainda hoje a concebemos, no momento mesmo da organização da sociedade capitalista, esta ciência não poderia, historicamente, se abster de uma imanência natural com a própria sociedade em construção. Não é outra a razão pela qual o sistema de valores, que se desenvolveu durante os séculos XVII e XVIII, tenha substituído, gradualmente, um conjunto coerente de valores e atitudes medievais – a crença na sacralidade do mundo natural; as restrições morais contra o empréstimo de dinheiro a juros; o requisito de preços justos; a convicção de que o lucro e o enriquecimento pessoal deviam ser desencorajados; de que o trabalho devia servir como valor de uso para o grupo e ao bem-estar da alma; de que o comércio somente se justificava para restabelecer a suficiência do grupo; e de que todas as verdadeiras recompensas seriam dadas no outro mundo .

Tal mudança de valores, na verdade, acompanha, fundamentalmente, a própria ascensão do capitalismo nos séculos XVI e XVII.

Neste período, os novos valores do individualismo, dos direitos de propriedade e do governo representativo passam a compôr o processo econômico e político responsável pelo esfacelamento do sistema feudal, contribuindo, igualmente, para minar o próprio poder da aristocracia tradicional.

Para tanto, muito teria contribuído as teorias de Adam Smith (1723-1790) , cuja filosofia moral acha-se vinculada a uma linha de pensamento, que, na Inglaterra do século XVIII, nasce como reação ao selfish system de Hobbes , ou seja, à afirmação de um estado natural, no qual cada comportamento humano somente possui como objetivo a mera autoconservação ou egoísmo.

Sua concepção de trabalho é inseparável da noção de liberdade individual. Contrário à intervenção do Estado, quer nos negócios particulares, quer no comércio internacional, Adam Smith exalta o individualismo, na medida em que considera que os interesses individuais livremente desenvolvidos seriam harmonizados por uma mão invisível de mercado e terminariam sendo benéficos para toda a coletividade.

A idéia smithoniana da mão invisível do mercado, implícita na noção do laissez-faire, laissez-aller, ainda hoje é extremamente influente no pensamento econômico tradicional. Antes de Smith, no entanto, teríamos de situar a própria contribuição de PETTY (1623-87) , um contemporâneo de Isaac Newton, que, por volta de século XVII, ou seja, cem anos antes do próprio Smith, já trabalhara com muitos conceitos fundamentais à economia moderna.

Basicamente, em seus estudos, Petty procurava conferir um caráter científico aos fatos econômicos, fornecendo-lhes regra e método e tratando-os matematicamente, dentro da mais pura tradição do empirismo inglês. Contrastando com a literatura da época, dos tipos descritivos, históricos e analíticos, Petty também teria contribuído, enormemente, para o desenvolvimento da metodologia relacionada com o cálculo da renda e da riqueza nacional, bem como para o cálculo estatístico. Neste sentido, Petty teria discutido precocemente, as noções newtonianas de quantidade de moeda e de sua velocidade de circulação, que ainda hoje também continuam a ser debatidas e fetichizadas pela escola monetarista atual. Também teria se antecipado a Keynes, em mais de dois séculos, ao sugerir a execução de obras públicas como remédio para o desemprego .

John Locke (1723-1790) , o mais notável filósofo do Iluminismo, cujo conceito de direito natural funciona como um dos esteios básicos do ideário político e social que se estabelece com o capitalismo, representa uma outra pedra angular da economia moderna. Na esfera filosófica, este autor contribuiu, significativamente, para concretizar o lócus do individualismo no processo constitutivo da nova sociedade que se avizinhava. Para ele, inclusive, a concepção de sensação estaria na origem de todas as ideias e, consequentemente, do próprio pensamento. .

Dentro do marco referencial do racionalismo, no entanto, Locke o faz dentro de um plano que estabelece limites ao alcance das próprias faculdades humanas e às instituições políticas. Em parte, ele, antecipando à crítica kantiana, se opõe à análise metafísica das faculdades do conhecimento, tal como praticada pelos cartesianos. Ele o faz, porém, postulando o primado da racionalidade, na medida em que recoloca a física newtoniana dentro da análise econômica, plantando a ideia do equilíbrio da oferta e da procura como algo facilmente encaixável ao cálculo diferencial.

Dentro da construção cartesiana da ciência moderna clássica, não se pode deixar de lado a importância de Ricardo . Essencialmente, enquanto Smith havia definido a economia como a ciência da riqueza das nações , Ricardo, organicamente plasmado no interior da sociedade que mais crescia em decorrência da Revolução Industrial, passa a se preocupar com a distribuição do produto social entre as classes nas quais se achava dividida a própria sociedade. Assim procedendo, ele avança teoricamente, no sentido de reconhecer a importância da taxa de lucros como a grandeza econômica fundamental do capitalismo. Como industrial, Ricardo, igualmente, contribui para ampliar o conhecimento em torno da correlação entre lucro agrícola (ou seja, a renda fundiária) e lucro capitalista, tendo como base o conceito que ele concebe como trabalho comandado.

Já Karl Marx (1818-1894), cuja obra principal continua ainda hoje a se afirmar como uma das críticas mais contundentes do capitalismo , poderia ser considerado como um divisor de águas, num papel equivalente ao que Tomás de Aquino teria desempenhado no decurso da Baixa Idade Média, quando consegue estabelecer uma estrutura conceitual adequada (enquanto modelo explicativo) ao mundo circundante.

Neste sentido, enquanto Tomás de Aquino explica e consegue contribuir para a manutenção do pensamento hegemônico de sua época, apesar das transformações materiais que, progressivamente, contribuíam para minar o próprio corpus daquele sistema, Marx também consegue explicar o funcionamento fulcral da sociedade capitalista, porém almeja conflituá-la. Esta é, inclusive, a essência de sua crítica social.

Sua crítica, por sua vez, e do ponto de vista filosófico, manteria uma certa semelhança com o papel desempenhado por Platão (408 a.C. a 348 A.C.) , no período anterior ao início da era cristã, quando este autor descobre e busca aprofundar o método de investigação filosófica. Daí porque, e numa analogia próxima ao discurso de Sócrates, do qual o próprio Platão teria sido discípulo , Marx tende a sistematizar o seu método da crítica social.

Essencialmente, o que Marx almeja enquanto filósofo, transcendendo aos seus estudos de Hegel , do qual também pode ser considerado um continuador, é ultrapassar o sentido meramente especulativo da filosofia. Suas idéias, inclusive, não teriam nascido apenas de uma visão crítica da História, como também teriam amadurecido num constante contato com as contradições políticas da segunda metade do século XIX.

Neste sentido, e com a finalidade de dar à filosofia o caráter de instrumento de transformação da sociedade, Marx procura conferir ao método dialético de Hegel um sentido concreto, de forma que a teoria se torne, verdadeiramente, um meio de compreensão do movimento histórico, das contradições sociais e possa indicar uma maneira de superá-las através da instauração de uma sociedade sem classes.

Além disso, ao desenvolver o método do materialismo histórico, Marx, obviamente, estabelece um contraponto à metafísica – da qual Parmênidas teria sido um inciador e cuja concepção teria prevalecido ao longo da história, porque correspondia, nas sociedades divididas em classes, aos interesses das classes dominanates .

O confronto com a metafísica também estivera presente na própria origem do método cartesiano, que, de início, instala o princípio da dúvida metafísica. Descartes, na verdade, fazendo uso das quatro regras descritas em seu Discurso do Método , procura perseguir a ordem das razões e não apenas das coisas. Assim procedendo, este autor parece se aproximar da teologia de Santo Anselmo e se opor à de Tomás de Aquino. No entanto, em suas intenções, ele difere tanto de uma concepção quanto da outra, basicamente porque o que ele persegue é a certeza. E, para Descartes, essa certeza é possível, conquanto se tenha a condição de ser puramente intelectual, como o é, por exemplo, a certeza da matemática .

É nessa busca de precisão, ou seja, de cientificidade, que parecem se aproximar o método cartesiano e o método marxista. Esta aproximação parece ser ainda mais visível no campo das obras econômicas de Marx, onde o rigorismo atinge níveis insuspeitáveis .

É como nos chama a atenção Hazel Henderson:

Marx, como a maioria dos pensadores do século XIX, estava muito preocupado em ser científico. Daí porque teria, muitas vezes, tentado formular suas teorias em linguagem cartesiana .

Neste sentido, é que parece deslocada a crítica que lhe fazem alguns apologistas do capitalismo e que, coincidentemente, permeiam, com segurança, pelos caminhos do paradigma newtoniano-cartesiano. Ou seja, tais críticos, principalmente os que Marx denominaria de economistas vulgares, continuam insistindo em questionar a obra mais cartesiana de Marx, que, dentro dos parâmetros paradigmáticos vigentes, deveria ser símbolo de deferência…

Daí porque talvez pudéssemos dizer que Marx, na verdade, conseguiu produzir uma obra epigonal, que, malgrados as críticas, continua fundamental na interpretação do mundo moderno dentro da construção cartesiana deste mundo.

É como nos diz CAPRA:

Enquanto Marx, o revolucionário, era canonizado por milhões no mundo inteiro , os economistas tinham de se defrontar com suas previsões e vaticínios embaraçosamente acurados, entre eles, a ocorrência de ciclos de boom e de colapso e a tendência das economias orientadas para o mercado de manter uma parte da população operária como exército de reserva de desempregados, que consistem hoje, de modo geral, em minorias étnicas e mulheres .

Daí se pode extrapolar, teórica e historicamente, no sentido de vislumbrar que:

… o corpo principal da obra de Marx, exposto nos três volumes de O Capital, representa uma completa crítica do capitalismo. (A partir dela, no entanto, também fica claro que ele viu) a sociedade e a economia a partir da perspectiva explicitamente enunciada da luta entre trabalhadores e capitalistas (muito embora) suas idéias básicas sobre evolução social também lhe permitissem examinar (igualmente) os processos econômicos de modo muito mais amplo .

É, exatamente, esta amplitude de abordagem que estamos buscando reconstituir neste trabalho específico, quando estabelecemos como objetivo o estudo da privatização enquanto processo histórico, filosófico, científico, social, econômico e político. Só que acreditamos que tal projeto talvez estivesse a demandar, do ponto de vista metodológico, uma ruptura paradigmática, passível de deslindar a plausibilidade de desdogmatização da ciência tradicionalmente sedimentada no pensamento cartesiano, enquanto um método- tentativa sedimentado em aproximações sucessivas com a realidade. Com isto, estaríamos perseguindo o objetivo de transcender os limites do formalismo e da desconstrução argumentativa, buscando identificar abordagens alternativas de formas de convivência humana diferentes da que privilegia o conflito e a exploração.

O momento atual parece, inclusive, ser bastante significativo no subsidiamento deste tipo de tentativa, já que, concomitantemente com a segunda lei da termodinâmica – que funciona como uma interface da própria forma clássica de ver o mundo, e, portanto, ainda dentro do próprio paradigma hegemônico – estamos hoje submergidos num estágio evolutivo de entropia máxima. E, neste caso, a própria visão cartesiana de mundo já mostraria os seus sinais de colapso…

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3.1.3 A ruptura paradigmática: O formalismo teórico, a desconstrução argumentativa, a visão sistêmica e a holologia cósmica

Para acercar-se (de um outro tipo de) ensinamento de modo sério, é preciso antes se ter decepcionado; deve-se ter perdido toda a confiança, antes de tudo em si mesmo, isto é, em suas próprias possibilidades e, por outro lado, em todos os caminhos conhecidos. O homem não poderá sentir o que há de mais válido em nossas idéias, se não tiver decepcionado em tudo o que fazia, em tudo o que buscava.
Se era homem da ciência, é preciso que a (própria) ciência o tenha decepcionado…
(Mas) estar decepcionado com a ciência não significa que se deva ter perdido qualquer interesse pelo conhecimento. Significa (pelo contrário) que se chegou à convicção de que os métodos científicos habituais não apenas são inúteis, mas nefastos, pois só levariam à construção de teorias absurdas e contraditórias…

Essencialmente, talvez pudéssemos começar supondo que qualquer busca incontida de conhecimento ou de experiência consciencial, que venha a ter como objetivo a ampliação de nosso próprio domínio sobre a realidade, bem como a nossa própria conceituação de paz interior e exterior – e que possa ser incluída num novo processo de construção paradigmática – precisaria ser capaz de transcender os limites do formalismo e da desconstrução argumentativa. O caminho deste novo processo passa, portanto, e obrigatoriamente, por uma ruptura metodológica, que inclui, no mínimo, três elementos balizadoras, a saber: a necessidade de transcendência da experiência individual e da ditadura dos sentidos e a necessidade de ampliação do conceito de mundo ou de universo. Tal postura, na verdade, parece estar inextricavelmente conectada com um processo-tentativa de desatar a maior parte dos pontos de estrangulamento contemporaneamente identificados em quase todos os terrenos científicos e da para-cientificidade.

Rudimentariamente, talvez pudéssemos começar supondo que todos nós, em maior ou menor grau, conseguimos reconhecer que a experiência individual é um fator limitante para a nossa compreensão do mundo visível, já que a manifestação de individualidade guarda uma relação de proporcionalidade muito intensa com o alcance ou o desenvolvimento dos próprios sentidos.

Mas, essencialmente, o que são os nossos sentidos? E qual o fator constante de proporcionalidade entre os nossos sentidos e a realidade circundante? Seria então concreto falarmos de infinitas realidades em sintonia com o desenvolvimento diferenciado dos sentidos de uma série infinita de indivíduos? Neste caso, as realidades também seriam infinitas e proporcionalmente dependentes do observador?

Nesta linha de raciocínio, na verdade, a primeira questão concreta que aparece estaria relacionada com a nossa concepção trivial de espaço geométrico, tridimensional, euclidiano: estaria ela em correspondência direta com o espaço físico?…

Historicamente, e dentro do próprio processo evolutivo da ciência, é significativo reconhecer que, apenas no final do século XVIII e início do XIX, é que a idéia de uma não-correspondência do espaço geométrico com o espaço físico começou a se tornar insistente . Até então a dúvida quanto à correção desta identificação não tinha interferido no próprio desenvolvimento das ciências físicas.

Essa dúvida foi levantada, em primeiro lugar, pelas tentativas de uma reavaliação dos valores geométricos, (como uma forma de se) provar os axiomas de Euclides, ou a sua incorreção; e, em segundo lugar, pelo próprio desenvolvimento da física, mais exatamente, da mecânica, isto é, da parte da física que trata do movimento, pois esse desenvolvimento levou à convicção de que o espaço físico não podia estar alojado no espaço geométrico e continuamente colocado além dele .

(Na verdade), o espaço geométrico só podia ser considerado como espaço físico, se se fechasse os olhos ao fato de que tudo está imóvel no espaço geométrico, (e) de que ele não contém nenhum tempo necessário para o movimento; (além disso, teria de se esquecer) de que o cálculo de qualquer figura resultante do movimento, tal como uma hélice, por exemplo, exige quatro coordenadas .

Tal questionamento teria, no mínimo, contribuído para preparar o espírito dos homens em relação à plausibilidade da ocorrência de uma não-correspondência do mundo pensado com o mundo real. Contudo, isto ainda não parecia ser o bastante. Outras descobertas e polêmicas ainda se faziam necessárias .

3.1.3.1 A questão problema em torno da contextualização e transcendência da experiência individual

A. Os elementos constritores do paradigma clássico

Buscando amplificar a nossa própria visão de mundo ou a esfera de nosso mundo pensado, precisaríamos ainda vencer alguns obstáculos. Em primeiro lugar, começaríamos por reconhecer que a experiência (ou experienciação) individual, na verdade, nunca deixou, propriamente, de estar incluída no rol das preocupações científicas mais relevantes.

Isto teria sido, particularmente, significativo no decurso do processo de construção da própria hegemonia paradigmática representada pelo cartesianismo, quando a preocupação com a certeza, a correção, a isenção e a objetividade demandavam uma atenção constante com o lócus e o status (porém nunca com a plausibilidade de seu movimento) do sujeito enquanto cientista e de sua relação com o mundo pensado, ou seja, com o mundo por ele produzido.

A noção pontual, portanto, unidimensional, do cientista enquanto observador, ou seja, colocado numa certa distância do objeto pesquisado, de forma a não interferir no resultado da pesquisa propriamente dita, continuava a prevalecer, e até mesmo nunca deixou de compor o nosso quadro de referência científica.

Neste sentido, muito teria contribuído os trabalhos de Durkheim , Comte e Spencer , nos quais a noção de organismo social permeia o discurso e contribui para estabelecer o contraponto do próprio paradigma cartesiano no terreno das ciências sociais em processo de substantivação teórica. No caso de Durkheim, por exemplo, a proposição segundo a qual os fatos sociais devem ser tratados como coisas estaria no cerne do próprio procedimento metodológico deste autor, guardando uma relação muito íntima com a forma particular de se ver o mundo, de índole cartesiana.

No entanto, desde o século passado, e, particularmente, desde que a teoria marxista passou a conclamar por uma teoria da ação social, não no sentido weberiano, mas de forma a granjear ao cientista um papel ativo (enquanto participante) no processo de transformação de hipóteses em teoria pela via da história , a contextualização do cientista enquanto sujeito neutro no âmbito da pesquisa passa a ser redimensionada. Na essência deste movimento , contudo, estaria uma tentativa de reinstalar o ainda ubíquo primado da objetividade .

Mais recentemente, C.W. Mills teria buscado discorrer sobre a questão da própria objetividade científica, propondo a noção de desvelamento, como uma explicitação pública dos vieses e como uma precondição da objetividade possível nas ciências sociais .

Buscando contribuir também nesta discussão, Pierre Bordieu também nos fala do conceito de vigilância epistemológica . Para este autor, que manifesta, sobremaneira, uma preocupação com os entraves culturais ao processo de apreensão do conhecimento, "as preocupações com o etnocentrismo (por exemplo) são de pouco peso se não forem reavivadas e reinterpretadas pela vigilância epistemológica". Este mesmo autor também afirma que "dentre todos os supostos culturais que o investigador deixa implicar em suas interpretações, o ethos de classe, (enquanto um) princípio a partir do qual se organiza a aquisição dos modelos inconscientes, exerce sua ação de uma maneira muito forte e sistemática” •.

Uma outra tentativa de proscrever a questão de bias no discurso científico teria sido sugerida por Boaventura Santos, ao discutir a problemática da reflexividade. Para este autor, a "ciência torna-se reflexiva sempre que a relação normal sujeito-objeto é suspensa, e, em seu lugar, o sujeito epistêmico analisa a relação consigo próprio, enquanto sujeito empírico, com os instrumentos científicos de que se serve, com a comunidade científica em que se integra e, em última instância, com a sociedade nacional de que é membro".

Na verdade, e apesar da manifestação de uma certa tautologia no tratamento desta questão, Boaventura Santos parece avançar um pouco, principalmente quando, ao invés de apologizar apenas a própria reflexividade, enquanto um instrumento de redução das subjetividades, ele também consegue flagrá-la como um dos próprios sintomas da crise na qual estamos todos inseridos.

Para este autor, no domínio das ciências sociais, a problemática da reflexividade teria se ampliado e aprofundado a partir do momento em que a própria ortodoxia positivista entra em crise . Daí porque ele também considera que a eclosão desta crise não pode ser considerada apenas como uma simples coincidência temporal: tratar-se-ia, sobretudo, de uma relação lógica, ainda que a lógica dessa relação não fosse unívoca .

B. A ênfase no indivíduo e o conceito de dualidade revisitada:
o aparente avanço do paradigma da pós-modernidade

A nostalgia pós-moderna de individualidade é, em sua essência, indistinguível da nostalgia de individualismo da Nova Direita … O pós-modernismo é parte de um processo de assimilação ideológica ao invés de uma explicação teórica ou crítica…

Os pós-modernistas pareceriam avançar um pouco mais na direção da desconstrução do universo simbólico construído sob a égide do paradigma newtoniano-cartesiano. O anarquismo metodológico, por exemplo, funcionaria como uma contração do valor absoluto do método e do rigor cartesianos. Isto se daria através de uma recusa radical do caráter privilegiado do conhecimento .

Contrariamente a uma percepção irracional deste radicalismo, porém percebendo a existência de uma certa proximidade entre as práticas científicas dos tradicionalistas e dos feyerabendistas , Santos argumenta:

Não é preciso concordar com as premissas de Feyerabend – nomeadamente, com a recusa radical do caráter privilegiado do conhecimento científico – para reconhecer que as conclusões a que chega estão muito coladas à prática científica e não podem ser recusadas levianamente com o insulto de praxe, o irracionalismo …

Este mesmo autor também procura ressaltar que, no paradigma da ciência moderna, o conhecimento é feito de distância e proximidade, ou seja, de dualidade. Em suas palavras, numa tensão controlada e expressa na distinção sujeito/objeto . Neste sentido, os métodos quantitativos criariam as distâncias, reservando para o sujeito o universo das qualidades e reduzindo o objeto à sua expressão (isto é, distorção) quantitativa . Ao fazê-lo, proceder-se-ia ao congelamento da qualidade em quantidade.

Nesta linha de raciocínio, no entanto, há momentos em que os métodos quantitativos falhariam e teriam de ser, verdadeiramente, substituídos por métodos adequados à base dessa qualidade, ou seja, por métodos qualitativos .

Isto é extremamente importante para as ciências sociais, já que, diferentemente de outras ciências, como as naturais, por exemplo, a proximidade entre o sujeito e o objeto sempre foi nelas considerada excessiva. Esta teria sido uma das razões substantivas para a dominância dos métodos quantitativos desde o início. Neste caso, o quantitativismo teria servido para criar a distância julgada essencial ao conhecimento objetivo no processo formativo das próprias ciências sociais.

O artificialismo deste discurso para processar a separação entre o sujeito e o objeto, no entanto, estaria refletido na especificidade da linguagem científica defendida pelos tradicionalistas. A ortodoxia positivista, inclusive, procurava banir qualquer manifestação da linguagem vulgar sob a crítica cerrada do confronto às pré-noções . Contrapontisticamente a isto, e, portanto, ainda concebida de uma maneira dual, estaria centrada a linguagem vulgar.

Contudo, tal como nos assevera Bordieu , a linguagem vulgar – que contém em seu vocabulário e em sua sintaxe toda uma filosofia petrificada do social – também não conseguiria se oferecer como substituto formal da linguagem técnica. Pelo contrário, a ênfase exacerbada que nela colocam os pós-modernistas parece ser produto também de uma dupla ruptura: só que desta vez das próprias condições de sobrevivência, social e culturalmente .

Diante deste imbróglio, os pós-modernistas se colocariam, basicamente, perfilados em defesa daquilo que eles costumam denominar de reconstrução simbólica e do construtivismo analógico e imagético, numa analogia última ao próprio Aristóteles . Defendendo o que costumam denominar de retórica argumentativa, eles chegam mesmo a considerar que longe de constituírem um entrave ao desenvolvimento científico, os argumentos pela analogia e pela metáfora (poderiam até mesmo vir a ser considerados) como uma de suas alavancas principais .

Em outras palavras, isto significa considerar que, à linguagem tecnicamente neutra do discurso científico convencional, os pós-modernistas estariam propensos a contrapor a teoria argumentativa da ciência e à desmetaforização do discurso, eles ofereceriam a plausibilidade de reificação da linguagem metafórica. Neste caminhar, eles buscariam reinstalar o concurso da emoção no domínio da cientificidade, com base na transação intersubjetiva. A introdução da emoção no domínio científico, malgrado uma certa circularidade argumentativa, terminaria se constituindo, inclusive, no próprio ponto de avanço desenvolvido pelos pós-modernos. Só que, mais uma vez, o crivo é individual.

Com isto eles estariam introduzindo uma nova forma de ver as coisas, não apenas circunscrita à neutralidade do discurso científico, porém embalada, igualmente, na emoção. Sinteticamente falando, isto equivaleria a supor que.

… Uma comunidade científica pautada pela dupla ruptura epistemológica seria maximamente intersubjetiva e tolerante. (Conseqüentemente), o conhecimento que produziria não seria insensível a este fato. Seria um conhecimento edificante, mais formativo do que informativo, tanto na contemplação, como na transformação do mundo, criador e não destruidor da competência social dos não-cientistas, um conhecimento envolvido emocionalmente no alargamento e no aprofundamento da conversação da humanidade…

C. A visão sistêmica totalizadora &
o insight do paradigma holístico

Durante os últimos séculos, e, numa analogia ao Darwin de A Origem das Espécies, a historiografia da ciência ocidental conseguiu produzir e ubiqüidizar o conceito de objetividade científica como um marco referencial desejável. Para os holísticos, no entanto, tal caminho não apenas refletiria a insistência na separatividade dualística do sujeito-objeto , como também resultaria da constatação do caráter limitante dos cinco sentidos do homem. Isto significa dizer que, para os holísticos, a miragem da separatividade terminaria sendo não apenas destrutiva, porém consciencialmente inútil .

Historicamente, o termo holismo teria sido cunhado, por volta de 1926, por J.C. Smuts, que procurava demonstrar a existência de uma força que seria responsável pela criação de conjuntos, do universo ao átomo, incluindo a célula, a pessoa e a sociedade. Ele chamou esta força de holismo e criou a palavra holística.

A partir de então, os estudos rumo à uma visão integrativa da realidade prosseguiram e o holismo começou a ser, progressivamente, identificado, não apenas com um método de observação participante, porém com uma necessidade metodológica, no sentido de encetar a compreensão de novos aspectos e de novos tipos de evidência , de forma a conferir sentido à complexidade do universo circundante, com uma visão multidisciplinar, em seus primórdios, interdisciplinar depois e, por fim, transdisciplinar . Neste sentido, o holismo derivaria da constatação da existência de uma unidade orgânica entre os sistemas , consistindo, essencialmente, no primado do sujeito ao invés do método .

Pierre Weil vai mais além, buscando superar as constrições sistêmicas, ou seja, do universo construído, por meio do estado de consciência, isto é, do universo pensado. Para ele, a vivência da realidade (VR) é função proporcional do estado de consciência.

Inspirada num texto sânscrito, e bastante conhecido na Yoga, esta fórmula parece conter uma das chaves fundamentais para a compreensão da epistemologia e das relações entre o conhecedor, o conhecimento e o objeto de conhecimento .

Interessante notar, neste ponto, que esta relação já não é mais dualística, como as perspectivas anteriores procurava ressaltar, porém, essencialmente, trina ou triádica.

Além disso, esta imanência (ou percepção ) do ato de conhecer – que mantém uma certa analogia com a perspectiva dominante na Idade do Ouro, quando o conhecimento do real era direto e as pessoas viviam e conheciam permeada mente a um espaço Primordial – buscaria reintegrar, num mesmo universo constitutivo, a Razão, a Intuição, a Sensação e o Sentimento ( e não apenas a Razão como postulam os cartesianos ou a Razão e a Emoção como postulam os pós-modernistas ).

Desta forma, buscar-se-ia reinstalar o primado da não-separatividade, através de uma re-construção ao nível do ser – contrariamente à separação do conhecedor, conhecimento e conhecido; ao nível do sujeito – reinstalando os níveis da Razão, Intuição, Sensação e Sentimento; e ao nível do conhecimento – reaproximando a Ciência, a Arte, a Filosofia e a Religião.

Segundo esta perspectiva, uma correlação entre a fragmentação do ser e a fragmentação do conhecimento poderia ser visualizada do seguinte modo:

Holographic<

Fonte: Weil. Op. cit. p. 1.5

Para Pierre Weil, outra chave do pensamento holístico, que permitiria antagonizar a visão fragmentária das realidades, incorpora o conceito de Matriz Holopoiética Fundamental (MPH) . Este conceito pode ser compreendido como uma representação da passagem do mundo absoluto, isto é, do espaço-energia atemporal para o mundo relativo do espaço-tempo .

Tal matriz representaria o ato de geração do universo a partir do Todo ou do Ser, onde o Ser se geraria a si mesmo, concretizando os conceitos de David Bohm de Ordem Implícita e de Ordem Explícita.

Em diagrama, esta matriz poderia ser expressa da seguinte forma:

Fonte: Weil. Op. cit. p. 1.5

O centro da matriz representa o espaço-energia atemporal. Este espaço se manifesta sob forma de consciência, luz e partículas subatômicas inseparáveis entre si e inseparáveis do espaço-energia central que os compõe. Dentro desta concepção, o espaço central é um espaço consciencial, luminoso e gerador de partículas luz e a consciência são entendidas num sentido universal e não individual .

Essencialmente, esta matriz espaço-energia buscaria recuperar a Lei de Três , como uma forma indicativa da presença de três forças em qualquer manifestação, fenômeno e acontecimento. Segundo Ouspensky:

Essas forças são chamadas de positiva, negativa e neutralizadora , ou ainda mais simplesmente, primeira, segunda e terceira forças. Essas forças estão presentes em tudo .

No entanto, em muitos casos, nós não conseguimos compreendê-las, principalmente quando não conseguimos obter uma visão mais sutil das coisas. Porisso é que, na maioria das vezes,

…apenas conseguimos compreender a necessidade de duas forças – é o nosso caso trivial de dicotomização ou de polarização… (Isto se dá porque), geralmente, não temos consciência da terceira força, (ou seja, nós não conseguimos identificar a força que está ligada) ao estado do nosso ser, da nossa consciência .

Para exemplificar esta lei e tornar possível a compreensão da lógica do processo de dicotomização que se instalou na história das ciências, enquanto reflexo da história da própria vida, Pierre Weil procura apresentar, graficamente, alguns aspectos da fragmentação do conhecimento e da especialização progressiva no domínio científico, como uma forma de manifestação de uma não-representação desta Lei .

Em diagramas, tal fragmentação poderia ser representada de várias maneiras. Para encaminhar o nosso argumento, vamos apresentar apenas três delas, que implicam numa manifestação ao nível do indivíduo ( a ), ao nível da sociedade ( b ) e ao nível da sociedade expandida em ramos de conhecimento ( c ).

( a ) ( b )

( c )

Esquematicamente, tais diagramas equivaleriam a considerar:

a. Ao nível do indivíduo, o caráter triádico implicaria em relacionar:
a.1 Círculo mais interno:
1. Informação
2. Matéria
3. Vida

a.2 Círculo mais externo:
4. Mente
5. Corpo
6. Vida

b. Ao nível da sociedade, a relação triádica envolveria:
b.1 Círculo mais interno:
7. Informação
8. Matéria
9. Vida

b.2 Círculo mais externo:
10. Cultura
11. Produção de Bens
12. Vida Política e Social

c. Ao nível da sociedade expandida em ramos de conhecimento, a matriz holopoiética se desdobraria em:
c.1 Círculo mais interno:
13. Informação
14. Matéria
15. Vida

c.2 Círculo intermediário:
16. Cultura
17. Produção de Bens
18. Vida Política e Social

c.3 Círculo mais externo:
19. Antropologia, História e Arqueologia.
20. Economia
21. Sociologia

Fonte: Weil. Op. cit. P. 1-6 a 1-12.

Outra apropriação significativa dos holistas na parametrização do processo de transposição da experiência individual diz respeito à analogia dos chacras ao processo da vida. Neste sentido, existiria uma linha de pesquisa científica que procura identificar o aprisionamento da condição humana no capitalismo como um momentum de dominação dos três primeiros chacras. Segundo esta corrente interpretativa, os três primeiros chacras – o básico, da sensualidade e do poder – seriam os centros do Ego. Manifestando, especificamente, a preocupação com a conservação do indivíduo (1), da espécie (2) e da própria sociedade (3), cada chacra teria a sua própria dualidade, ou seja, a sua dicotomia.

O primeiro chacra, muito estudado por Skinner e Pavlov, estaria ligado ao instinto de defesa do indivíduo, identificado com as necessidades do seu corpo físico. A dicotomia do primeiro chacra seria representada pela segurança versus falta de segurança ou pelo ataque versus defesa; daí porque o dinheiro e a propriedade privada poderiam ser considerados como carência deste chacra. O segundo chacra, amplamente estudado por Freud, estaria ligado à reprodução e ao sexo e a sua dicotomia fundamental seria o prazer versus a dor. O terceiro chacra, estudado, sobretudo por Adler, seria o centro energético do poder, ou seja, estaria relacionado com a manutenção e preservação da vida da sociedade. A sua dicotomia básica seria representada pelo poder versus falta de poder ou a ascendência versus a submissão.

Diferentemente desta primeira trilogia, a seguinte estaria relacionada com a possibilidade de expansão do amor – o que incluiria o amor altruístico, que é capaz de absorver todos os seres humanos, ou em outras palavras, de colaborar no processo de expansão e transcendência da própria condição humana.

Especificamente, o quarto chacra, o do amor, teria sido estudado por Rogers, Eric Fromm e Moreno, e a sua dicotomia seria representada pelo amor versus altruísmo. Nesta seqüência, o quinto chacra estaria relacionado com a inspiração, tendo sido muito estudado por Jung . A sua dicotomia básica seria representada pela criatividade versus ceticismo. O sexto chacra estaria relacionado com o conhecimento; daí porque a sua dicotomia básica seria representada pelo certo versus errado .

Já o sétimo e último centro energético é o transpessoal. Diferentemente dos seis primeiros, onde a pessoa humana ainda se percebe como separada do resto do universo e do espaço primordial, e onde ainda se manifestaria a dualidade chave do nosso atual momento constritivo, próprio da separação sujeito-objeto – e típica dos estados de vigília, de sonho e até mesmo de sono profundo – neste estágio esta separação se dissolve e o conhecedor, conhecimento e o conhecido passam a fazer parte de um Todo indissociável.

O estudo das relações e interações dos chacras, na verdade, é um campo de conhecimento pouco estudado tradicionalmente, porém bastante profícuo no estudo do processo da vida. A partir dele, é-nos possível, inclusive, identificar a riqueza do veio interpretativo identificado pelos estudiosos do paradigma holístico.

Todavia, antes de passarmos adiante, precisamos ainda referenciar algumas das constrições deste paradigma, tal como ele tem sido ubiqüidizado contemporaneamente. Dizer isto significa, antes de tudo, considerar que, algumas vertentes do pensamento holístico continuam concentrando a sua atenção apenas no espaço do universo pensado, o que ainda é pouco.

Um exemplo representativo deste tipo de simplificação pode ser oferecido pela tentação de se re-privilegiar o indivíduo enquanto sujeito. Muito típico do pensamento ocidental nesta atual fase, a psicologia, enquanto ciência, terminou se transformando num instrumental significativo de análise e parametrização do indivíduo no interior do processo da vida. Em parte porque a própria especificidade de nosso modelo de desenvolvimento assim o exige ( o que inclui, evidentemente, uma perspectiva condicionante e integracional) e em parte porque, dadas as disfunções plausíveis dos psicologismos, (também) "entrou na moda fazê-lo" . Isto, muitas vezes, conduz, mesmo que involuntariamente, a uma transformação da psicologia em algo meramente instrumental, mormente em sua concepção tradicionalista, convergindo na transformação daquilo que é meio – ou seja, o desenvolvimento da consciência – naquilo que é fim.

Sobre este tema, inclusive, podemos recorrer a Ouspensky, quando este diz:

Podemos começar com o estudo da psicologia – o estudo de si, da máquina humana, dos estados de consciência , dos métodos para corrigir as coisas e assim sucessivamente; mas, ao mesmo tempo, (precisamos, igualmente, nos devotar ao estudo das) leis gerais do Universo (até porque todos eles são interdependentes e complementares). (Isto porque), nunca conseguiremos nos compreender (profundamente, sem que conheçamos) algumas das leis fundamentais que estão por trás de todas as coisas…

Além disso, no aprofundamento desta assertiva, precisamos também considerar que o processo de transposição de uma cosmovisão de mundo centrada apenas no indivíduo ou em sua percepção tridimensional (ou, no máximo, quadridimensional ) de universo, não parece ser possível apenas ao nível da mentação, ou seja, da transformação da energia potencial em energia mental. Tal processo, no máximo, tende a conferir certeza à realidade do presente, isto é, dá-lhe o conforto de uma visão recortada da realidade. Porém, decididamente, não o habilita a ter uma visão mais conseqüente do próprio Todo.

(Daí porque, Ouspensky nos sugere que não podemos nos esquecer de que) o conhecimento corrente não é suficiente para isso… (E que), do mesmo modo que outros pontos importantes, como a própria falta de lembrança de si, passaram despercebidos da psicologia, a nossa ciência também se esqueceu ou nunca conheceu as próprias leis fundamentais em que tudo se baseia …

veronicalima2003@yahoo.com.br

A RODA DA ANGÚSTIA Privatização e Constrição Paradigmática (Parte II)


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PARTE II

Crise do sistema ou
crise da visão ocidentalizada de mundo?
A humanidade do Novo Mundo – que é muito mais velho que o Antigo –
é a Humanidade de Pâtala ,
que tem por missão e por Carma
plantar as sementes de uma Raça futura,
maior e muito mais gloriosa que todas as que temos conhecido
até agora…

2.1 Preâmbulos

No âmbito deste trabalho, estamos propensos a incorporar uma concepção espaço-temporalmente mais ampla do que a que nos permite alcançar a visão tridimensional ou quadrimensional do mundo e das coisas, centrada no aqui e no agora ou na linearidade histórica, buscando transcender a nossa cosmovisão convencional, aprisionada pelos nossos sentidos e endeusada pela ciência tradicional .

No nosso entender, isto se faz necessário, porque, em princípio, parece que estamos caminhando em círculos , buscando resolver apenas os problemas de curto prazo que afligem o mundo contemporâneo, como, por exemplo: o déficit em contas correntes do setor público, o pagamento dos juros e amortizações da dívida externa, as oscilações do mercado global e / ou das taxas de câmbio, a substituição de capital produtivo por capital especulativo, etc, sem levarmos em conta as implicações de nossas políticas numa escala de tempo mais ampla.

Na verdade, todos estes problemas terminam sendo apenas a face visível da crise em que estamos todos mergulhados, que é caracterizada por um crescendum de entropia ao nível mundial . O resultado deste movimento é, igualmente, visível: acumula-se capital numa ponta do processo e reitera-se a pobreza na outra, com base num tipo de regulação flexível, que tem por meta o domínio da incerteza no cerne do próprio sistema.

Dentro desta lógica, inclusive, a desigualdade entre os homens não chega a se constituir num dado novo do problema , já que ela está presente, de uma forma ou de outra, no decurso do próprio processo civilizatório. O caráter dicotômico desta desigualdade, que se manifesta numa relação de exclusividade entre indivíduos, comunidades, povos e nações, também não chega a sinalizar um movimento sistêmico diferente, já que ele também está presente desde a Antiguidade clássica. O que é novo, no entanto – e que pode, eventualmente, adquirir uma função catalizatória – estaria relacionado com a articulação de velhas forças numa magnitude sem precedentes na história da humanidade.

Este movimento estaria sendo hoje potencializado. É que, apesar do chamado desenvolvimento econômico das sociedades e da disseminação, cada vez mais rápida e alvissareira, de inputs informacionais advindos do avanço científico e tecnológico, o presente momento histórico nos consegue sinalizar um movimento ainda mais preocupante, porquanto espelhado no real: é o que parece indicar um crescendum do descolamento do processo produtivo da realidade circundante, na esteira de um processo de centralização e concentração de propriedade, capitaneado pelo capital financeiro e numa transposição constante do próprio conceito de soberania nacional.

Com isso, concentra-se poder, principalmente em sua dimensão invisível, enquanto algo não-espacialmente definido, contribuindo para criar uma imagem virtualizada do real. E a própria materialidade da sociedade dos excluídos ou dos apartados – que consegue crescer geométrica e sorrateiramente no bojo de um sistema fulcralmente globalizado, mas cujo controle se reduz drasticamente – também termina sendo surrupiada, transformando-se também numa incógnita incognoscível dentro desta realidade virtualizada.

Dentro desta dinâmica, vários são os movimentos, aparentemente contraditórios, que contribuem para indicar, externamente, a profundidade deste problema, mesmo que o elemento mais visível continue sendo a própria crise mundial contemporânea. Em décadas passadas, quando a globalização do sistema produtor de mercadorias passou a estabelecer o marco referencial de toda atividade econômica internacional, tal movimento parecia indicar um caminho de crescimento ilimitado. Estimulados pela crise de 1929, os países latinoamericanos, inclusive, encetaram um modelo econômico baseado na substituição de importações, cuja meta era estabelecer um marco de desenvolvimento com base no fortalecimento do mercado interno. Dentro desta dinâmica, forjou-se o avantajamento do capital estatal, como fórmula endogeneamente gestada para fortalecer o próprio capital privado nacional.

No entanto, os anos 70/80 vieram, e, no bojo de um processo ainda mais intenso de globalização da economia mundial, este modelo econômico começou a demonstrar traços de fragilidade. O primeiro indício foi o crescimento desmesurado do endividamento externo e o descolamento subsequente da própria dívida em relação à estrutura produtiva e à capacidade de renegociação dos débitos. A partir daí, propugnou-se, mais uma vez, pela mudança do modelo, desta vez com base na privatização. Como epifenômeno, aparecia novamente a promessa de felicidade eterna e de resolução dos problemas pendentes.

Apesar deste sonho, parece ser possível intuir que o movimento real das sociedades contemporâneas insiste em indicar um crescendum de dicotomização, quer explicitamente, pela contraposição dos países ricos aos países pobres ou os países centrais aos países periféricos, quer implicitamente, pela confrontação do indivíduo ao Estado ou a propriedade privada à pública. Tal movimento teria como base o preceito de exclusividade, enquanto confronto, luta e superação, parecendo contribuir para aprofundar o próprio processo de materialização do mundo e das mentes indissociável deste Ciclo específico que ainda estamos vivenciando dentro da dinâmica civilizatória.

2.2 A face visível: a crise do sistema

Concentrando-nos numa visão dialética da própria realidade,
com referência às substituições cíclicas das formas de produzir e de seus fundamentos,
poderíamos ser levados a pensar o fenômeno da
globalização da crise do sistema produtor de mercadorias
como um momento de disrupção de um estágio civilizatório
centrado na fetichização do capital,
quer em sua forma fundamental de trabalho
ou em sua explicitação de capital produtor de lucro ou de capital produtor de juros .
Concentrando-nos numa visão em corte desta realidade, por outro lado,
estaríamos propensos a considerar a globalização como uma reforma do sistema,
no sentido de sua preservação.

Estudos clássicos sobre a natureza desta crise poderiam nos conduzir ao conjunto da obra de Karl MARX . Desde o século passado, inclusive, a preocupação com a plausibilidade da crise não deixou de compôr o universo das preocupações teórico-concretas de grande parte dos autores. Alguns dentre estes, têm buscado analisar tal possibilidade a partir de concepções cíclicas que estariam implícitas na dinâmica de estruturação das próprias sociedades modernas embutidas no modo de produção capitalista .

Neste sentido, BECKER , por exemplo, seguindo a linha de KONDRANTIEFF , e buscando estudar o desenvolvimento recente do capitalismo a partir de uma visão cíclica , teria assim descrito as limitações do atual ciclo:

Na seqüência histórica acontece que a fase quarta (…) do desenvolvimento capitalista leva o capital para campos inteiramente improdutivos. A tendência para a troca desigual que, por um lado, fornece perspectivas felizes para um investimento ampliado em capitais administrativos utilizados em empregos circulatórios, por outro lado, provoca uma elevação na taxa de consumo improdutivo. Esta última elevação combina-se com a antiga tendência de queda da taxa de lucro e, conjugadas, elas constituem uma força profundamente poderosa, contribuindo para a crise e o colapso econômicos. Como sempre aconteceu nas fases anteriores, o impulso para acumular acaba por fracassar e segue uma estagnação econômica e uma restrição completa e efetiva das possibilidades de desenvolvimento das forças produtivas. Essa é a principal tendência da acumulação de capital na quarta fase .

Mais recentemente, analisando as razões constitutivas da chamada crise do socialismo real – um fenômeno aparentemente desvinculado da lógica interna do capitalismo – KURZ , por sua vez, também nos procura lembrar de que a dinâmica do processo global é unificada e que a crise de um lado não é mais do que o espelho da própria crise do outro. Para este autor, inclusive, a crise é ainda mais grave, e,

por mais estranho e inacreditável que possa parecer aos apóstolos ocidentais da normalidade capitalista… (já que a concreticidade do mundo atual pareceria indicar uma direção diametralmente oposta) é muito provável que o mundo burguês do dinheiro total e da mercadoria moderna, cuja lógica constituiu, com dinâmica crescente, a chamada Idade Moderna, entrará … numa era das trevas, do caos e da decadência das estruturas sociais, tal como jamais existiu na história do mundo …

2.3 A face invisível: A crise do paradigma civilizatório

Neste trabalho, pretendemos partir do pressuposto da crise, porém estamos propensos a buscar desenvolver a idéia de que a crise na qual estamos todos inseridos, seja a América Latina em particular, como a própria humanidade, de uma maneira geral, é ainda mais profunda e incorpora o questionamento do dogma da materialidade, tal como representado pelo mundo desvelado pelo ideário e pela praxis greco-romana e da ubiquidade da visão dicotômica de mundo, fruto da encruzilhada teórica que teria contraposto a lógica da separatividade, de índole parmediana, à idéia de totalidade, de influência heraclítica .

Tal busca implica numa tentativa de perscrutar, não apenas uma única ruptura, porém uma dupla ruptura ontogenética e hermenêutica, passível, inclusive, de buscar reinstalar uma dimensão ontológica do mundo e das coisas. Esta dupla ruptura, por seu turno, só parece possível advir da aplicação de uma prática processual composta de aproximações sucessivas e de uma série de confrontações de conceitos, práticas e paradigmas indissociáveis ao tangenciamento do limite de um Grande Ciclo evolutivo e não apenas da superação do modo de produção capitalista.

A RODA DA ANGÚSTIA PRIVATIZAÇÃO E CONSTRIÇÃO PARADIGMÁTICA


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autor Verônica Lima

PARTE I

Introdução

Nos últimos séculos, a ciência procurou desenvolver o conceito de objetividade científica. Este conceito é decorrente da busca da separatividade sujeito-objeto, que representa uma opção metodológica absolutamente coerente com uma visão dicotômica de mundo.

Com base neste quadro de referência, cuja gênese poderia ser buscada nos pré-socráticos, o livro A Roda da Angústia busca retrospectivar a gênese e a fundamentação processual da concepção paradigmática de vida do Homem Ocidental. Neste processo de reconstituição histórica e filosófica, que problematiza o surgimento e a legitimação da visão dicotômica de mundo, que é, por sua vez, indissociável ao processo de hegemonização da Razão Material, o livro procura desenvolver um enfoque essencialmente holístico.

Num segundo momento, o livro A Roda da Angústia também procura identificar a formalização do processo de fragmentação do Real pela Mente Humana na construção da História da Vida. O estudo de caso que é utilizado como parâmetro de referência é o processo constitutivo da inserção cartesiana da América Latina no chamado mundo ocidental como resultado de um movimento de constituição de um espaço de Não-Eu para o colonizador.

Num terceiro momento, o livro A Roda da Angústia procura aprofundar ainda mais o estudo deste modelo tendo como base a particularidade / generalidade do processo de acumulação de capital na América Latina. Isto significa dizer que ele buscou estudar os movimentos históricos concretos advindos da adoção das políticas de privatização em alguns países da América Latina, a saber, Brasil, México e Argentina, a partir de uma análise do engendramento da publicização do privado e da privatização do público, dentro da alternância histórica do embate dicotômico entre centro e periferia e da constituição de um movimento representado pelo Não-Eu para o capital.

A escolha deste referencial teórico foi resultado da constatação de que a maior parte dos estudos sobre os países contemporâneos, principalmente latino-americanos, tem se contentado em descrever os mecanismos que eles tem se utilizado para confrontar a crise mundial ao invés de explicá-la. Neste sentido, mesmo as discussões em torno de sugestivas mudanças paradigmáticas , enquanto marco referencial de uma nova conceitualização de mundo, terminam tendendo a privilegiar uma perspectiva de aperfeiçoamento do processo global, que estaria engendrando a própria crise, ao invés de questionar-lhe os seus fundamentos.

Dentro deste contexto, a problemática da privatização parece ser um tema epigonal. Se, de um lado, e ao nível descritivo, a privatização se inscreve hoje na abrangência indisfarçável dos fenômenos adstritos ao processo de globalização, por outro lado, ela também é capaz de recolocar o debate público versus privado em um novo patamar.

Daí porque, ao invés de se limitar a descrever as políticas de privatização e os seus resultados mais imediatos no bojo da crise mundial, este livro procura redimensionar, numa incursão introdutória, teórica e transdisciplinar, o debate do público versus privado na filosofia e na história, buscando, sobretudo, evidenciar-lhe dois pontos:

a) ao nível de sua formulação exteriorizada , este debate parece explicitar um crescendo histórico de substantivação de uma visão dicotômica de mundo, cujo manancial pode ser localizado nos gregos, particularmente em Parmênides, Pitágoras e Aristóteles, no qual o caráter público se contrapõe ao privado, da mesma maneira que o indivíduo se contrapõe ao Estado;

b) ao nível de sua caracterização implícita, este debate consegue encobrir a imanência funcional dos conceitos de público / privado, reforçando o privado como a unidade fundante e o público como a forma manifesta e híbrida desta relação.

No terreno dos estudos de caso e na particularidade / generalidade que a própria História oferece, estudar a privatização sob este prisma parece ter claro duas implicações: por um lado, trata-se de um esforço teórico no sentido de buscar deslindar o caráter dicotômico / dialético da hegemonização dos conceitos de público e de privado desde o advento da História; e, por outro, trata-se de uma tentativa de flagrar a fulcralidade do papel do Estado como um instrumento de apropriação privada na Idade Antiga e na vigência do capitalismo.

Segundo esta concepção de mundo, o debate em torno do caráter fundante dos conceitos de indivíduo, privado e Estado, a partir da visão logóica dos gregos até os dias atuais, não é nada novo e nem tampouco original, mas está presente na dinâmica do processo civilizatório em sua própria concepção tradicional.

Polemizar sobre as dicotomias indivíduo versus Estado e público versus privado, portanto, termina sendo hoje um grande desafio, principalmente se tal discussão for feita dentro de uma matriz espaço-temporalmente mais ampla. Isto porque, em primeiro lugar, porque o tema é extremamente rico e exige um tratamento trans-disciplinar. Segundo, porque o próprio espaço da transdisciplinaridade é, por si só, impreciso e demanda uma preocupação constante e dialógica entre o geral e o particular, o que, neste caso, significa levar em consideração, epistemológica e historicamente, indivíduo e Estado, e público e privado. Terceiro, porque as abordagens generalistas, principalmente quando se almejam transgressoras, costumam ser desqualificadas.

E quarto e último ponto, porque estudar um fenômeno específico – no caso, a privatização – dentro de um quadro referencial genérico, que busca ressaltar a forma histórica e dialética da inserção do público e do privado no mundo real, de forma a sensorear a concretude histórica, ontogenética e hermenêutica da visão dicotômica de mundo num momento em que os Estados-nações entram em declínio, termina sendo, no mínimo, uma temeridade.

Para minimizar os riscos, este livro procura estudar a particularidade / generalidade dos movimentos históricos concretos de alguns países da América Latina, especificamente, Brasil, México e Argentina . O objetivo final é flagrar a dialogicidade do processo que produziu a publicização do privado e a privatização do público no período recente, dentro da alternância constitutiva do embate dicotômico. Como corte temporal, ele se concentra na chamada fase descendente do quarto ciclo capitalista, período este que se inicia por volta de 1973 e alcança os nossos dias.

Do ponto de vista metodológico, A Roda da Angústia parte de uma tentativa de sistematização da chamada matriz holopoiética fundamental , que é uma chave potencialmente importante para a antagonização de uma visão fragmentária de realidades. O caráter inovador desta matriz, que se nutre das conquistas recentes da física quântica e da teoria da relatividade, consiste na adoção de um método-tentativa de recuperação de uma visão integrativa do mundo e das coisas do mundo, em contraposição a separatividade dualística implícita nas relações tradicionais sujeito-objeto.

Formulada triadicamente , esta matriz permite estabelecer a passagem de uma concepção de mundo absoluto para um mundo relativizado pelas noções convencionais de espaço-tempo, com base num método, que, malgrado a constatação da dualidade presente na história, busca transcendê-la.

Consoante com esta metodologia, o ponto de partida do livro não pode ser dissociado de uma tentativa de estudar a concretude do processo de fragmentação do Real pela Mente humana na construção da história da Vida, a partir do estudo do discurso e da práxis da privatização, enquanto uma política pública particularmente relacionada com o presente momento histórico.

A sua hipótese fundamental, portanto, implica em considerar as políticas de privatização como uma forma de exercício recorrente da visão dicotômica de mundo no espaço constitutivo dos Estados-nações contemporâneos.

Especificamente, isto implica em desenvolver um olhar teórico e metodológico que utiliza o conceito de matriz holopoiética fundamental para perscrutar a interação do eixo da matéria (representado hoje pelas políticas de privatização) com o eixo da consciência (representado pelos países latino-americanos escolhidos como referência) permeado pela luz da visão dicotômica de mundo (enquanto forma particular de se ver o mundo).

Esquematicamente, isto significa considerar que a hipótese basal deste livro pode ser sintetizada da seguinte maneira:

Luz
Visão dicotômica
de mundo
Matéria Espaço-
consciencial
Políticas de Estado-nação Privatização latino-americano

Em termos práticos, isto equivale a considerar as políticas de privatização numa visão muito mais ampla do que a que costuma ser convencionalmente aceita. Buscando transcender às visões de causa-efeito e / ou de curto-prazo, este marco teórico permite discutir a problemática da privatização dentro do embate dicotômico do público versus privado e do indivíduo versus Estado, contingenciado pela filosofia e pela história, com vistas à identificação de insights passíveis de contribuir para a discussão teórica em torno da plausibilidade de constrição cíclica do processo global dentro de uma perspectiva de curto prazo.

1.1 Desdobramento do modelo

Após a explicitação do modelo teórico adotado e para torná-lo compreensível, é necessário dar um passo adiante, buscando historizar o debate da dicotomia com o da privatização. Do ponto de vista ainda filosófico, isto significa buscar exercitar um diálogo entre Mente e Matéria. Do ponto de vista histórico, por outro lado, isto vai exigir o cotejamento com o mundo real.

Avançar nesta direção implica, inclusive, em considerar três correlações importantes, que deverão ser tratadas em separado neste livro:

A. A crise do sistema produtor de mercadorias (que é uma crise que se desenvolve ao nível da matéria)

Este tema deverá ser desenvolvido com base no sensoriamento de sinais de uma crise global, passível de ser evidenciada: a) na aceleração do progresso técnico em sintonia com a queda tendencial da taxa de lucro (particularmente na chamada fase descendente do quarto ciclo); b) na própria crise do modelo econômico (substituição de importações-endividamento externo-privatização); c) numa visão de curto prazo dentro de uma situação de problematização fiscal, monetária e distributiva.

Dentro deste esquema, o caráter cíclico e complementar das políticas de substituição de importações, de endividamento externo e de privatização, dentro da fase atual de hegemonização do capital financeiro, parece contribuir para evidenciar o crivo dicotômico: ou seja, cada uma delas são formas diferenciadas de se gestionar o processo econômico em favor do capital e às expensas do homem.

Neste sentido, as políticas de privatização poderiam ser concebidas, de fato, como um momentum necessário, porém francamente temerário, à nova reordenação do capital global, no qual a dinâmica do processo de produção e de circulação deste capital estaria a potencializar o seu próprio fetiche: o espaço ampliado e aparentemente infinito dos Estados-nações, não mais reduzido à especificidade da territorialidade, passa a ser subjugado pelo caráter fundamentalmente privado que permeia as relações intra / inter-entidades transnacionais, interligadas, preferencialmente, à esfera financeira, nas quais o poder onisciente e onipresente do capital é exercitado às expensas do homem.

Em outras palavras, isto significa supor, que, não mais apenas o Homem, porém também os próprios Estado-nações, se encontram no limiar de sua transmutação em mercadoria. Ou seja, a mercantilização do processo global se profundiza hoje em extensão e amplitude, o que, contrariamente ao que se supõe, parece ser um primeiro ponto constritivo na definição de uma verdadeira e duradoura política de paz.

B. A crise do Estado-nação e a crise de cidadania (ao nível da consciência)

Do ponto de vista político, a substituição atual do momento de publicização do privado pela privatização do público, em escala ampliada, está sendo engendrada num momento histórico caracterizado pelo declínio do Estado-nação em face da própria dinâmica do processo de globalização. Só que a globalização econômica, no entanto, e malgrado a integração dos mercados e a superação de marcos territoriais, está sendo alicerçada na separatividade crescente entre indivíduos, povos e nações, ou seja, tanto interna, quanto externamente. Dentro deste contexto, o próprio processo de integração entre os Estados-nações enfraquecidos, do ponto de vista do marco institucional, vem ocorrendo num momento caracterizado pelo aprofundamento da subjugação de uns em detrimento de outros, sob o domínio do capital financeiro, relastreado pela dinâmica da privatização. Isto parece ser, no mínimo, temerário, porquanto sem precedentes na dinâmica da vida.

Por outro lado e do ponto de vista social, o próprio processo de globalização de mercados e da economia mundial também tem se desenvolvido em contraponto a um crescendo da desigualdade entre os Estados-nações reais, seus povos constitutivos, seus indivíduos e seus próprios espaços internalizados e / ou regionalizados. As políticas de privatização, inclusive, parecem contribuir para ampliar o leque destas desigualdades, na medida em que tais políticas tendem a privilegiar os resultados econômicos e financeiros de curto-prazo, em contraposição, no terreno do real, às conquistas sociais espaço-temporalmente mais amplas ou, no terreno do ideal, à inserção menos conflituosa do homem no processo produtivo. Daí porque, e dadas às condições objetivas para a apologização do progresso técnico, reinstala-se, mais uma vez, o crivo dicotômico: privilegiam-se o incremento da produtividade e da eficiência, ou seja, as variáveis econômicas e desprivilegiam-se as dimensões sociais, representadas pela ubiqüidização do emprego e distribuição da renda.

C. A crise do sistema do paradigma cartesiano-newtoniano (ao nível da luz), enquanto marco referencial das próprias explicações científicas.

Hoje, mais do que nunca, a sociedade humana parece caminhar para um estado de estrangulamento crônico: e a própria justaposição de crises parece desautorizar, completamente, as abordagens fragmentárias e particularistas dos processos históricos. Neste sentido, a inexorabilidade das crises e a sua forma de manifestação atual não pode apenas ser considerada, e, ao mesmo tempo, como causa e conseqüência de uma problemática, porém requer, como corolário, a assertiva de que o nosso próprio modelo explicativo de mundo também se esgotou.

Este é um dado forte, mesmo que desconsideremos o aspecto meramente singular desta crise, ou seja, o seu caráter de inevitabilidade. Afinal, muitas crises já aconteceram na história; porém a prodigalidade e extrema complexidade da crise atual nos ensina, pelo menos, a ser mais cauteloso.

Daí porque acreditamos que precisamos buscar transcender a nossa própria cosmovisão convencional, aprisionada pelos nossos sentidos e endeusada pela ciência cartesiana, se quisermos, de fato, entender os desafios atuais da própria odisséia humana. Para nós, isto se faz absolutamente necessário, já que partimos do pressuposto de que, circunscrever a análise das políticas de privatização à ideologização do discurso político e à racionalização do discurso técnico, sem questionar-lhes os seus fundamentos ou os entraves estruturais potencialmente previsíveis na parametrização do processo de confrontação da atual crise mundial, seria o mesmo que assumir uma atitude, no mínimo, temerária e, no máximo, teórica e historicamente irresponsável e incompetente.

Para nós, tal atitude de vigilância epistemológica nos impulsiona numa direção divergente da convencional: ao invés de estabelecermos um corte analítico de curto prazo em nosso estudo, almejamos perscrutar o caráter fundante, recorrente e dialético do privado na histórica da civilização ocidental, cotejadamente com a visão dicotômica de mundo que lhe dá substância, buscando identificar-lhes algumas constrições cíclicas dentro de uma perspectiva de curto e de longo prazo.

veronicalima2003@yahoo.com.br

Satélite de rastreamento de asteróides e um será canadense


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Ciência e Educação

Satélite de rastreamento de asteróides e um será canadense

Por David Szondy

NEOSSat A Agência Espacial Canadense será telescópio do mundo primeiro espaço para a detecção e seguimento asteróides e satélites

Na esteira da explosão de meteoros sobre a Rússia ea mosca trimestre perto do asteróide 2012 DA14 na semana passada, os pensamentos de muitas pessoas se voltaram para os potenciais perigos de cima. É oportuno, então, que a Agência Espacial Canadense (CSA) será na próxima semana o lançamento NEOSSat (Near-Earth Satellite Vigilância Object), telescópio do mundo primeiro espaço para a detecção e seguimento asteróides, satélites e lixo espacial.

Uma demonstração de MMMB primeiro do CSA (Missão Multi-Bus microssatélites) nave espacial, o NEOSSat mala de tamanho pesa apenas 80 kg (176 lb) e vai orbitar a Terra a uma altitude de aproximadamente 800 quilômetros (500 milhas) a cada 100 minutos. Sua tecnologia chave é derivado MAIS CSA satélite (Microvariability e oscilação das Estrelas) e, como a maioria, ele usa a 15 cm (5,9 in) abertura telescópio Maksutov que pode detectar objetos até a magnitude 20 no brilho como seu principal instrumento .
 
NEOSSat tem duas missões. O primeiro é NESS (Vigilância do espaço próximo da Terra), que se destina a detectar e seguir asteróides, tais como o que fez uma mosca trimestre perto da terra na última semana. Por causa da sua órbita elevada, NEOSSat não é restringido pelo ciclo de dia / noite de telescópios na Terra são e que podem funcionar 24/7. Ele irá analisar o espaço a partir de 45 º a 55 º do Sol e 40 º acima e abaixo da órbita da Terra. As centenas de imagens produzidas será enviado para a Universidade de Calgary NEOSSat centro de operações da ciência para análise.

A segunda parte da sua missão será, como parte da Pesquisa de Defesa e Canadá Desenvolvimento (DRDC de) Alta Terra Sistema de Vigilância Orbit (HEOSS), que visa reduzir as colisões, monitorar objetos espaciais em órbita – “. Lixo espacial” ambos os satélites e NEOSSat será o microssatélite usado pela primeira vez para este fim e irá comparar os satélites observados e detritos existentes para catálogos orbitais e fornecer actualizações. Isto será usado tanto para ajudar a controlar os detritos do espaço e para aplicações militares.

Embora o lançamento é oportuna, dado os acontecimentos da semana passada, que não teria detectado o meteoro que explodiu sobre a Rússia, mesmo que já estava em órbita. Isto porque NEOSSat é projetado para procurar por asteróides com mais de 500 m (1.640 pés), enquanto meteoro na semana passada, estima-se que apenas medem 17 m (55,7 pés) de diâmetro. No entanto, NEOSSat vai superar o problema de brilho enfrentado por observatórios terrestres se um maior asteróide decidiu chegar sem ser anunciado durante o dia a partir da direção do Sol como o meteoro russo fez.

NEOSSat será lançado em 25 de fevereiro de 2013, o Satish Dhawan Space Center, da Índia, no topo de uma Pesquisa Espacial Indiana Organização pLSV-C20 foguete.

O vídeo abaixo mostra a missão NEOSSat.

Sobre o autor
 David Szondy é um escritor freelance baseado em Monroe, Washington. Um dramaturgo premiado, ele contribuiu para carregada e revista iQ e é o autor dos Contos de sites de Future Past. Todos os artigos de David Szondy

Cientistas propõem asteróides destruindo com sol movido a matriz de laser


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Cientistas propõem asteróides destruindo com sol movido a matriz de laser

Por Jonathan Fincher

Esta sexta-feira passada não foi um bom dia para asteróide-relações humanas com o asteróide 2012 DA14 passando uns meros 27.700 km (17,200 milhas) da Terra apenas algumas horas depois de um meteoro explodiu sobre a cidade russa de Chelyabinsk, danificando centenas de edifícios e ferindo milhares. Os cientistas foram rápidos em apontar que esses dois eventos – um meteoro explodindo sobre uma área povoada e um grande asteróide passando órbita geoestacionária Terra – são bastante raras, mas quando o pior cenário é a aniquilação completa de toda a vida na Terra, provavelmente é melhor estar preparado. É por isso que os pesquisadores da Califórnia propôs recentemente DE-STAR – um sistema que poderia aproveitar a energia do sol para dissolver rochas espaciais rebeldes até dez vezes maior do que 2012 DA14 com um laser de vaporização.

Ao longo dos últimos anos, os cientistas têm vindo a explorar vários métodos para evitar um impacto cataclísmico asteróide na Terra, incluindo o lançamento de uma nave espacial para estudar colisões de asteróides, organizando uma série de satélites para monitorar a atividade de asteróides e até mesmo desviando-los com bolas de tinta. A pergunta continua sem resposta iminente entanto: qual é a melhor maneira de realmente parar um asteróide de golpear a Terra?

Philip M. Lubin da UC Santa Barbara e B. Gary Hughes de Polytechnic State University pode ter uma resposta com DE-STAR (abreviação de “Directed Energia Solar Segmentação de Asteróides e exploração”). Segundo os pesquisadores, DE-STAR consistiria de satélites projetados para coletar energia do sol e convertê-lo em uma matriz enorme faseada de lasers potentes o suficiente para desintegrar um asteróide.

Ainda é tudo teórico, neste ponto, mas Lubin e Hughes insistem que a tecnologia para esse sistema já existe, só que não na escala correta necessária para afetar um pedaço de rocha vagando pelo espaço. Sua proposta inclui contornos difíceis para DE-ESTRELA modelos de diâmetros diferentes, que vão desde uma do tamanho de uma mesa para outra, que seria de 10 quilômetros (cerca de 6 milhas). A maior tamanho significaria um laser mais poderoso.

 
Se você está imaginando uma explosão de laser como a que tirou a Estrela da Morte em Star Wars, porém, pense novamente. Hughes e Lubin dizer que um sistema DE-STAR 100 metros (cerca de 328 pés) de diâmetro seria apenas capaz de empurrar lentamente cometas e asteróides de órbita, de distância da Terra. Um sistema de medição de 10 km (6 milhas) de diâmetro pode produzir 1,4 megatons de energia por dia, o suficiente para corroer completamente um asteróide de 500 metros (cerca de 1.640 pés) de largura, mas levaria cerca de um ano.

Os pesquisadores também afirmam a matriz laser pode ter outros usos além de proteção de asteróides. Por exemplo, DE-STAR poderia ajudar em simplesmente estudar a composição de um asteróide e, possivelmente, fornecer um novo sistema de propulsão para naves espaciais, tudo ao mesmo tempo, defender a Terra de asteróides.

Mesmo Lubin e Hughes estão corretos em seus cálculos, ampliar a tecnologia adequada para o seu sistema DE-STAR proposto não seria uma tarefa fácil. Por sua própria admissão, há muitas variáveis ​​em lugar que precisam ser trabalhados em primeiro lugar, mas é melhor do que não ter plano algum. Após os eventos última sexta-feira, porém, podemos começar a ver alguns projetos como este receber o apoio de que precisa para sair do chão.

Fonte: UC Santa Barbara

 

Sobre o autor
 Jonathan cresceu na Noruega, China, Trinidad e antes de se formar a escola de cinema e se tornar um escritor online cobrindo tecnologia verde, história e design, bem como contribuir para sites de vídeo game de notícias como Filefront e 1Up. Ele atualmente reside no Texas, onde suas paixões incluem jogos de vídeo, quadrinhos, e pessoas chatas que não querem falar sobre nenhuma dessas coisas. Todos os artigos por Jonathan Fincher

REDAÇÃO DE ESTUDANTE CARIOCA VENCE CONCURSO DA UNESCO COM 50.000 PARTICIPANTES


313418_288453321178888_100000426674204_1062005_378121467_nREDAÇÃO DE ESTUDANTE CARIOCA VENCE CONCURSO DA UNESCO COM 50.000 PARTICIPANTES
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Imperdível para amantes da língua portuguesa, e também para Professores.
Isso é o que eu chamo de jeito mágico de juntar palavras simples para formar belas frases.

Tema: ‘Como vencer a pobreza e a desigualdade’
Por Clarice Zeitel Vianna Silva
UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro – RJ

‘PÁTRIA MADRASTA VIL’

Onde já se viu tanto excesso de falta?
Abundância de inexistência…
Exagero de escassez…
Contraditórios?
Então aí está!
O novo nome do nosso país!
Não pode haver sinônimo melhor para BRASIL.
Porque o Brasil nada mais é do que o excesso de falta de caráter, a abundância de inexistência de solidariedade, o exagero de escassez de responsabilidade.
O Brasil nada mais é do que uma combinação mal engendrada – e friamente sistematizada – de contradições.
Há quem diga que ‘dos filhos deste solo és mãe gentil’, mas eu digo que não é gentil e, muito menos, mãe.
Pela definição que eu conheço de MÃE, o Brasil, está mais para madrasta vil.
A minha mãe não ‘tapa o sol com a peneira.’
Não me daria, por exemplo, um lugar na universidade sem ter-me dado uma bela formação básica.
E mesmo há 200 anos atrás não me aboliria da escravidão se soubesse que me restaria a liberdade apenas para morrer de fome. Porque a minha mãe não iria querer me enganar, iludir.
Ela me daria um verdadeiro Pacote que fosse efetivo na resolução do problema, e que contivesse educação + liberdade + igualdade. Ela sabe que de nada me adianta ter educação pela metade, ou tê-la aprisionada pela falta de oportunidade, pela falta de escolha, acorrentada pela minha voz-nada-ativa.
A minha mãe sabe que eu só vou crescer se a minha educação gerar liberdade e esta, por fim, igualdade.
Uma segue a outra…
Sem nenhuma contradição!
É disso que o Brasil precisa: mudanças estruturais, revolucionárias, que quebrem esse sistema-esquema social montado; mudanças que não sejam hipócritas, mudanças que transformem!
A mudança que nada muda é só mais uma contradição.
Os governantes (às vezes) dão uns peixinhos, mas não ensinam a pescar.
E a educação libertadora entra aí.
O povo está tão paralisado pela ignorância que não sabe a que tem direito.
Não aprendeu o que é ser cidadão.
Porém, ainda nos falta um fator fundamental para o alcance da igualdade: nossa participação efetiva; as mudanças dentro do corpo burocrático do Estado não modificam a estrutura.
As classes média e alta – tão confortavelmente situadas na pirâmide social – terão que fazer mais do que reclamar (o que só serve mesmo para aliviar nossa culpa)…
Mas estão elas preparadas para isso?
Eu acredito profundamente que só uma revolução estrutural, feita de dentro pra fora e que não exclua nada nem ninguém de seus efeitos, possa acabar com a pobreza e desigualdade no Brasil.
Afinal, de que serve um governo que não administra?
De que serve uma mãe que não afaga?
E, finalmente, de que serve um Homem que não se posiciona?
Talvez o sentido de nossa própria existência esteja ligado, justamente, a um posicionamento perante o mundo como um todo. Sem egoísmo.
Cada um por todos.
Algumas perguntas, quando auto-indagadas, se tornam elucidativas.
Pergunte-se: quero ser pobre no Brasil?
Filho de uma mãe gentil ou de uma madrasta vil?
Ser tratado como cidadão ou excluído?
Como gente… Ou como bicho?

Premiada pela UNESCO, Clarice Zeitel Vianna Silva, 26, estudante que termina Faculdade de Direito da UFRJ em julho, concorreu com outros 50 mil estudantes universitários. Ela acaba de voltar de Paris, onde recebeu um prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO)por uma redação sobre ‘Como vencer a pobreza e a desigualdade’. A redação de Clarice, intitulada’Pátria Madrasta Vil’, foi incluída num livro, com outros cem textos selecionados no concurso. A publicação está disponível no site da Biblioteca Virtual da UNESCO.

Por favor, divulguem.

Aos poucos iremos acordar este”BraSil”.

Paradoxos na busca de um novo modelo de negócios para o jornalismo


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Paradoxos na busca de um novo modelo de negócios para o jornalismo
Por Carlos Castilho
Enquanto os brasileiros se preocupavam com carnaval, dois fatos sacudiram o ambiente jornalístico na internet porque contrariam fenômenos que pareciam irreversíveis: o fechamento da mais inovadora experiência norte-americana de jornalismo hiperlocal; e o anúncio de que quatro jornais impressos dos Estados Unidos conseguiram interromper a sangria financeira que ameaçava a sua sobrevivência.

Dois fatos que contrariam a euforia surgida em torno da exploração do nicho local no noticiário jornalístico e o pessimismo, quase agônico, que tomou conta da maioria dos jornais norte-americanos em consequência da redução das receitas publicitárias de forma contínua desde a virada do século.

A desativação do projeto EveryBlocke a surpreendente recuperação financeira dos jornais Naples Daily News, Santa Rosa Press Democrat,The Deseret News eThe Columbia Daily Herald mostra que ainda há muita coisa a ser testada nessa transição de modelos na imprensa. Nada está definido, pelo menos por enquanto, o que é animador por um lado e desanimador por outro.

Animador porque ainda há campo para muita experimentação, o que funciona como estímulo a empreendedores e jornalistas inovadores. Preocupante por outro, porque muitos também fracassarão nessa busca por um novo modelo de negócios tanto para o jornalismo impresso como para as experiências online. A gangorra e a incerteza ainda vão continuar por algum tempo.

A avaliação dos dois episódios mostra que o problema não é a produção editorial e sim o modelo de negócios. E nisto tanto os jornais convencionais como as novas experiências de jornalismo hiperlocal estão iguais: ambas ainda não encontraram um modelo minimamente estável para garantir a sustentabilidade financeira no médio e longo prazos.

O projeto Everyblock fracassou depois de ser considerado a grande alternativa para o quase desaparecimento da cobertura local e hiperlocal porque não conseguiu a tão sonhada sustentabilidade. Ele foi criado pelo jornalista e programador Adrian Holovaty em 2007 dentro de um espírito comunitário. Dois anos mais tarde, o projeto foi comprado pela rede de TV por cabo e portal online MSNBC, uma parceria entre a TV NBC e a Microsoft. A parceria acabou em 2012 e desde então o projeto ficou com a NBC, que resolveu fechá-lo por ser deficitário.

O quatro jornais pesquisados pelo Pew Research Center têm em comum o fato de serem publicados em cidades médias dos Estados Unidos, originalmente no formato impresso e depois com uma versão online. O relatório da pesquisa revela que eles não fizeram nada de espetacular para recuperar a rentabilidade. Apenas medidas inteligentes e racionais para reduzir custos e aumentar receitas. O que elas têm em comum é o fato de procurar restabelecer a relação com a comunidade de leitores e a dos empresários anunciantes.

O fracasso do Everyblock mostra que os jornalistas ainda têm muito a aprender no relacionamento com a comunidade, porque num projeto hiperlocal ela é ao mesmo tempo a fonte de notícias e a base da sustentabilidade financeira. O equilíbrio entre receitas e despesas não será obtido exclusivamente a partir da venda de publicidade online porque ela não só é muito barata, como a grande maioria dos empresários, especialmente os de cidades médias e pequenas, ainda a veem com desconfiança. Tudo indica que um projeto hiperlocal terá que trabalhar também com trocas não monetárias, mas para que esta possibilidade se concretize é necessário um grande conhecimento do local e uma forte inserção na comunidade, itens que só poderão ser alcançados por meio de muitas tentativas de erro e acerto.

É o que o norte-americano Yochai Benkler, professor na Universidade Harvard, chama de non market economy, uma economia que funciona à margem do mercado. Neste tipo de ambiente econômico, as trocas ocorrem com base em valores simbólicos não vinculados ao dinheiro – como, por exemplo, ideias, serviços, experiência, conhecimento, informação etc. Até agora os projetos locais e hiperlocais estavam baseados apenas na produção e venda de notícias, uma herança do modelo industrial de jornalismo.

Daqui por diante, haverá necessidade de diversificar as receitas por meio da produção de serviços informativos. Esta alternativa, já testada em alguns projetos comunitários nos Estados Unidos, dá aos jornais online uma cara parecida a de um sistema tipo páginas amarelas, como o projeto Davis Wiki, criado em 2004. Trata-se de uma página noticiosa online, produzida por moradores e jornalistas, que serve de plataforma para trocas entre os habitantes da cidade de Davis, um centro universitário da Califórnia.

O objetivo do tratamento de glaucoma é reduzir a pressão intraocular


A vida como ela é...Sabedoria5

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O objetivo do tratamento de glaucoma é reduzir a pressão intraocular (PIO) de forma clínica ou cirúrgica. A cirurgia está indicada em casos de insuficiência do tratamento medicamentoso ou a laser. A trabeculectomia (TREC) é ainda considerada a cirurgia padrão. Ela promove uma nova via, não fisiológica, de drenagem do humor aquoso (HA). Complicações relacionadas ao procedimento podem ocorrer mesmo nas mãos de cirurgiões experientes. A cicatrização no plano conjuntival e episcleral é um fator limitante para o sucesso cirúrgico. Para seu controle, agentes antimetabólitos como a mitomicina C (MMC) e o 5-fluorouracil (5-FU) são amplamente utilizados, mas ao mesmo tempo em que aumentaram o sucesso cirúrgico, aumentaram também as complicações, como bolsas filtrantes finas e avasculares e endoftalmite.
Hipotonia, descolamento seroso de coroide, falência de bolsa filtrante, hifema, hemorragia supracoidal, blebite, catarata, vazamento tardio de bolsa, levam a uma constante busca pelo aperfeiçoamento de novas técnicas cirúrgicas antiglaucomatosas. Em comum, essas técnicas alternativas tentam reduzir a PIO de forma efetiva, simplificar o cuidado pós-operatório e reduzir o risco de complicações. Dentre elas, procedimentos filtrantes mais seguros e procedimentos com abordagem do ângulo da câmara anterior (CA) via ab interno ou ab externo com o intuito de aumentar mecanismos naturais de drenagem do HA.

1. Procedimentos Filtrantes
Esclerectomia profunda não penetrante (EPNP)
As técnicas cirúrgicas não penetrantes visam diminuir o risco de complicações ligados à abertura da câmara anterior. Na EPNP ocorre a retirada da membrana trabecular que consiste da parede interna do canal de Schlemm, trabeculado justacanalicular e escleral, mantendo somente o trabeculado uveal e parte do escleral (Figura 1). Seu objetivo principal é permitir a drenagem do humor aquoso lenta e gradativa, impedindo a redução abrupta da pressão ocular. Como preserva a câmara anterior intacta e dispensa a iridectomia, miniminiza a frequência de hifema, descolamento de coroide, câmara anterior rasa e catarata. Os estudos retrospectivos e prospectivos que comparam a EPNP à TREC relatam taxas de sucesso similares, com menor incidência de complicações pós-operatórias e recuperação visual mais rápida com a cirurgia não penetrante. No Brasil, os primeiros estudos foram publicados por Guedes e Guedes em 2001.
A curva de aprendizado é longa se comparada à da TREC, exigindo um conhecimento detalhado da anatomia e da histologia do seio camerular para a sua realização adequada.
Nossa experiência em oito anos com esclerectomia profunda tem sido animadora devido aos resultados satisfatórios na redução da pressão intraocular, com pós-operatório mais tranquilo e menores índices de complicações. Atalamia, câmara rasa e descolamento de coroide praticamente inexistem.

Figura 1: Retirada da membrana trabecular na EPNP

Ex-Press
De forma semelhante a trabeculectomia, o Ex-Press Glaucoma Filtration Device (Alcon Laboratories, Inc., Fort Worth, TX) reduz a PIO ao direcionar o HA da CA para o espaço subconjuntival, formando uma bolsa filtrante. É composto por aço inoxidável e apresenta 3 mm de comprimento, com um diâmetro de 400 µm externo e 50 µm interno (Figura 2). O dispositivo é implantado abaixo de um flap escleral após realizar um pequeno orifício com uma agulha de 26 gauge (modelo P-50) (Figura 3). A sutura do flap escleral e da conjuntiva deve ser realizada com a mesma atenção que na trabeculectomia clássica.
Sua abordagem minimamente invasiva apresenta diversas vantagens. Durante o implante há um menor risco de atalamia e não há necessidade de realizar esclerectomia ou iridectomia, reduzindo a inflamação no pós-operatório. Possui um desenho não valvulado com um lúmen interno de 50 µm que promove um fluxo constante e controlado, diminuindo a resistência ao HA e ao mesmo tempo controlando a hipotonia.
O Express está contraindicado em casos de glaucoma de ângulo estreito e para pacientes com muitas sinéquias anteriores periféricas.
O implante foi inventado em 1996. Foi originalmente designado para implante subconjuntival. A técnica de implante abaixo do flap escleral foi introduzida em 2003. Foi aprovado no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em abril de 2011. Nos Estados Unidos foi aprovado em 2003 e na Europa em 1999.
Como o implante do dispositivo é um refinamento da técnica de trabeculectomia, exige do cirurgião experiência em procedimentos filtrantes.
Foram realizados pequenos estudos sobre o dispositivo, mas ainda não há um estudo longo, randomizado e controlado. Há necessidade de mais dados para assegurar uma posição do implante no algoritmo de tratamento do glaucoma, mas aparentemente é um dispositivo promissor.

Figura 2: Dispositivo Ex-Press

Figura 3: Posição do Ex-Press na câmara anterior

2. Procedimentos Sem Necessidade de Fístula
Canaloplastia
A canaloplastia é um procedimento cirúrgico ab interno combinado com uma esclerectomia profunda. A intenção é melhorar a facilidade de escoamento do HA pela distensão do canal de Schlemm. Inicialmente realiza-se um flap escleral superficial, seguido de um flap profundo até atingir o teto do canal de Schlemm. Um microcateter flexível de 200 µm (iTrack-250A; iScience Interventional, Menlo Park, CA) é inserido para intubar o canal 360o. Um fio de prolene 9.0 é fixado na parte distal do cateter. Ao mesmo tempo em que o cateter é retirado, injeta-se viscoelástico para expandir o canal de Schlemm (Figura 4). A cânula contém um feixe de fibra óptica da qual uma pequena luz é emitida em sua extremidade; essa é visível pela esclera e ajuda a assegurar que a cânula permanece no canal de Schlemm durante o seu percurso ao redor do limbo (Figura 5). Uma sutura circular apertada com o fio de prolene é realizada promovendo uma tração permanente, mantendo o canal de Schlemm expandido e patente. O flap profundo é então removido e o superficial suturado, não permitindo a passagem de HA, criando assim um reservatório intraescleral. O objetivo da cirurgia não é formar uma bolsa filtrante, mas sim aumentar o fluxo de HA pelos mecanismos convencionais, como através dos canais coletores e pela janela de Descemet criada pela esclerectomia profunda para o plexo venoso episcleral.
Um estudo de três anos com 168 olhos mostrou uma redução média da PIO de 35%, com uma média de redução nas medicações de 1.9 a 0.5. Em 4% dos casos houve conversão para cirurgia filtrante externa e 6% dos pacientes tiveram bolsa filtrante persistente por 18 meses. Como limitações, o procedimento cirúrgico é demorado, contraindicado em casos de glaucoma de ângulo fechado (GAF) e apresenta curva de aprendizado longa.

Figura 4: Expansão do Canal de Schlemm

Figura 5: Cânula com luz na extremidade

Trabectome
O Trabectome® (NeoMedix Corporation, Tustin, CA) é uma abordagem via ab interno para glaucoma de ângulo aberto que tem como finalidade facilitar o escoamento do HA. É inserido através de uma incisão clear córnea temporal e direcionado ao ângulo nasal sob visão gonioscópica. Sua extremidade distal possui um probe com uma ponta curva que é inserido no canal de Schlemm (Figura 6). O pedal do eletrocautério é ativado, realizando uma ablação na região nasal da malha trabecular e da parede interna do canal de Schlemm. A ponta curva juntamente com a irrigação constante protegem as estruturas ao redor do dano térmico, removendo apenas os tecidos desejados em um ângulo de 60 a 120o (Figura 7). O intuito é promover um fluxo mais fácil e direto do HA ao canal de Schlemm e canais coletores. Um refluxo de sangue das veias episclerais ocorre rapidamente, mas normalmente é autolimitado e desaparece em poucos dias.
Desde sua aprovação pelo FDA, em abril de 2004, vem sendo largamente utilizado sozinho ou combinado com a facoemulsificação. O Trabectome Study Group atualmente abrange cirurgiões de 120 centros, sendo a maioria nos Estados Unidos. A PIO atinge em média 10 mmHg no pós-operatório e cerca de 80% dos procedimentos realizados obtiveram sucesso. Aproximadamente um em dez pacientes necessitou de uma cirurgia antiglaucomatosa adicional durante os primeiros seis meses após o Trabectome. A complicação mais frequente é um pico pressórico autolimitado no primeiro dia de pós-operatório em cerca de 20% dos casos. Também podem ocorrer hipotonia e hifema.
As vantagens do procedimento sob as cirurgias filtrantes padrão são a ausência de bolsa filtrante, curta duração, acompanhamento pós-operatório menos rigoroso e poucas complicações graves pós-operatórias. No entanto, nenhum estudo comparou diretamente a segurança e a eficácia da cirurgia com Trabectome com a TREC.

Figura 6: Extremidade distal que é inserida no canal da Schlemm

Figura 7: Remoção da malha trabecular e da parede interna do canal de Schlemm

iStent
O iStent (Glaukos Corp., Laguna Hills, CA) é um implante ab interno em formato de L, em titânio, que se fixa no canal de Schlemm (Figura 8). Ele forma uma derivação para a passagem do HA da CA diretamente para os canais coletores, evitando a passagem pela malha trabecular, local de maior resistência à passagem do fluxo. É inserido por uma incisão clear córnea temporal de 2 mm, sob visão gonioscópica, no quadrante nasal inferior (Figura 9). Esse quadrante possui uma grande quantidade de canais coletores. Podem ser inseridos um ou mais dispositivos neste mesmo quadrante e em uma mesma cirurgia. Após a inserção, um discreto refluxo de sangue é visível, mas normalmente autolimitado.
Os estudos disponíveis são apenas para seu implante combinado com a cirurgia de catarata. Alguns estudos mostram um melhor controle da PIO quando é realizado o implante do iStent combinado com a cirurgia de catarata, quando comparado com a realização apenas da catarata. Nesses estudos, as complicações da cirurgia combinada com o iStent não foram significativamente maiores comparada com a cirurgia de catarata sozinha.
Tem como vantagem a ausência de manipulação conjuntival. É indicado apenas em casos de glaucoma de ângulo aberto e as complicações mais relatadas são o mal posicionamento do implante e hifema.
O iStent está em processo de aprovação pelo FDA e ainda não está disponível para comercialização nos Estados Unidos e no Brasil. No Canadá e em alguns países europeus foi recentemente aprovado para uso.

Figura 8. iStent

Figura 9: iStent inserido no canal de Schlemm

Gold Shunt (drenagem supracoroidal)
O implante do dispositivo Gold Shunt (Solx, Inc., Waltham, MA), ainda em investigação, ocorre via ab externo na parte escleral (Figura 10). Seu intuito é reduzir a PIO através do aumento do fluxo para o espaço supracoroidal. Tem formato achatado e fino, com canais internos microtubulares que drenam o HA da câmara anterior para o espaço supracoroidal (Figura 11). Resultados com a primeira geração do dispositivo não foram ruins, mas a segunda geração parece ser mais promissora.

Figura 10: Gold Schunt inserido entre a câmara anterior e o espaço supracoroidal

Figura 11: Canais internos microtubulares que drenam o humor aquoso da câmara anterior para o espaço supracoroidal

CyPass (drenagem supracoroidal)
O CyPass Glaucoma System (Transcend Medical, Menlo Park, CA) é um dispositivo ainda em estudo inserido via ab interno, através de uma incisão clear córnea. É um dispositivo tubular fino feito de um material altamente biocompatível inserido sob visão gonioscópica no espaço supracoroidal, logo acima da face ciliar (Figura 12). A cirurgia é rápida, dependendo apenas da identificação do local correto de inserção do dispositivo no ângulo. Os resultados iniciais parecem promissores apesar de ainda não publicados

Figura 12: Implante CyPass no espaço supracoroidal

Conclusão
Apesar do contínuo aperfeiçoamento das técnicas, ainda não temos uma cirurgia antiglaucomatosa ideal. Mais opções para o tratamento cirúrgico do glaucoma aumentam as chances de disponibilizar uma técnica mais específica para cada paciente, além de reduzir algumas complicações associadas à cirurgia padrão.
Estudos grandes, prospectivos e multicêntricos comparando trabeculectomia com as novas técnicas ainda estão em andamento. Resultados futuros irão determinar seu real papel no manejo adequado do glaucoma.

Breakthrough sistema de resfriamento a laser pode economizar espaço e energia


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Breakthrough sistema de resfriamento a laser pode economizar espaço e energia

Por Andrew Davidson

Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Nanyang em Singapura Tecnológico (NTU) tem utilizado com sucesso um laser para resfriar um material semicondutor conhecido como sulfeto de cádmio. Os resultados do estudo publicado recentemente poderia levar ao desenvolvimento de chips de auto-refrigeração de computador e mais pequenos, mais eficientes de energia de ar condicionado e frigoríficos que não produzem gases com efeito de estufa.

Sulfeto de cádmio, um composto inorgânico, é um tipo de grupo de semicondutores II-IV vulgarmente utilizados para formar pigmentos de cor amarela. É também usado como uma camada de película fina de células solares, sensores e electrónica. Liderados pelo Professor Assistente Xiong Qihua da Escola de Ciências Físicas e Matemáticas e da Escola de Engenharia Elétrica e Eletrônica, a equipe de pesquisa opticamente-refrigerado composto de 20 ° C (68 ° F) abaixo de -20 ° C (-4 ° F).

Artist’s impression of a molecular transistor. (Photo: Robert Lettow)
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O potencial para a utilização de semicondutores como a base para estruturas de refrigeração alimentados por luz pode ter algumas permutações muito utilizáveis ​​no mundo real. Atualmente, de alta potência dispositivos como Imagers ressonância magnética (ressonância magnética), óculos de visão noturna, câmeras de satélite, e até mesmo sistemas de ar condicionado e refrigeradores todos têm uma coisa em comum: eles têm volumosos, ruidosos, sistemas de refrigeração altamente mecânicos ou complexo . Estes sistemas consomem grandes quantidades de energia e – no caso de refrigerantes especialmente – geralmente lançam gases com efeito de estufa para a atmosfera.

Como chips de computador, ou CPUs, se tornam mais poderosos, eles também geram maior quantidade de calor, também. Alguns especialistas argumentam que, se novas técnicas de resfriamento não são encontrados, criando um novo ambiente de menor temperatura de funcionamento, em seguida, os aumentos regulares em velocidades de CPU que se acostumaram a vai continuar a abrandar.

A descoberta do laser de arrefecimento (refrigeração óptica aka) tecnologia poderia levar a compacta, eficaz, livre de vibrações e cryogen menos sistemas de refrigeração em muitas aplicações diferentes. CPUs poderia reduzir a sua dependência externa sistemas de refrigeração como ventiladores e incorporar sistemas embutidos de laser controlado vez. O potencial para o calor minimizados e vida útil da bateria prolongada em itens como tablets e smartphones é outro exemplo.

Ou, como Professor Xiong Qihua diz: “Se somos capazes de aproveitar o poder de resfriamento a laser, isso significaria que os dispositivos médicos que necessitam de refrigeração extrema, como a ressonância magnética, que usa hélio líquido, poderia acabar com volumosos sistemas de refrigeração com apenas uma óptica refrigeração dispositivo em seu lugar. “e acrescentando que” também eliminaria a necessidade de compressores e refrigerantes em ar-condicionado e refrigeradores usados ​​em nossas casas e automóveis, economizando gases de energia, espaço e de efeito estufa. ”

Em teoria, os semicondutores podem ser arrefecidas muito mais longe do que a temperatura de -20 graus Celsius. A equipa de investigação está agora a tentar trazer a técnica de resfriamento a laser para a temperatura de hélio líquido, a menos 269 graus Celsius. Isso é algo que os pesquisadores do Instituto Niels Bohr conseguiu alcançar com seu próprio método a laser de resfriamento.

O experimento foi financiado pela NTU, Professor Xiong do National Research Foundation Fellowship concessão e do Ministério da Educação Fundo de Pesquisa Acadêmica. Levou três anos completos.

O estudo foi publicado na edição de janeiro da revista Nature.

Fonte: Universidade Tecnológica de Nanyang

De captura de carbono liberações de materiais presos CO2 quando exposto à luz solar


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Planeta sustetável
De captura de carbono liberações de materiais presos CO2 quando exposto à luz solar

Por Ben Coxworth

Em meio a preocupações sobre o acúmulo de gases de efeito estufa na atmosfera, muitos institutos de pesquisa têm procurado em métodos de seqüestro de carbono – a captação, armazenamento e reutilização mesmo possível das emissões de dióxido de carbono. Infelizmente, algumas das abordagens requerem um volume considerável de energia, de modo a libertar o CO2 capturado. Um novo material desenvolvido na Universidade Monash da Austrália, no entanto, não exige nada, mas a luz solar.

O material é de uma estrutura de metal orgânico, ou MOF. Estas são duas ou três dimensões compostos cristalinos, constituída por aglomerados de átomos de metal ligados por moléculas orgânicas. MOFs tem uma enorme superfície interna para o seu tamanho, por isso eles são bons candidatos para o armazenamento de grandes quantidades de gases, como o CO2 ou hidrogênio.

O material Monash foi feita usando o uso de moléculas sensíveis à luz azobenzeno. O MF resultante é capaz de adsorver grandes quantidades de CO2, mas num processo conhecido como troca dinâmica foto-, muda a sua estrutura quando irradiado com luz solar. Quando isto acontece, liberta o CO2 de maneira a ser dito “como espremer uma esponja.” Por outro lado, algumas tecnologias de sequestro de carbono outros utilizam um meio de captura de líquido de base, que deve ser aquecida de modo a libertar o CO2.

O dióxido de carbono libertado poderia eventualmente ser usado para produzir energia, mudou-se para armazenagem de longo prazo, convertido num mineral inofensivo, ou talvez mesmo utilizado em materiais de construção.

Enquanto a Monash “esponja” é particularmente adepto de captura e liberação de CO2, os pesquisadores acreditam que, usando as moléculas azobenzeno em outras formulações MOF, outros gases também podem ser alvo.

Um artigo sobre a pesquisa foi publicado ontem na revista Angewandte Chemie.

Fonte: Universidade de Monash

 
Sobre o autor
 Um escritor freelance experiente, produtor cinegrafista e televisão, o interesse de Ben em todas as formas de inovação é particularmente fanático quando se trata de transporte de tração humana, produção de filmes de artes, tecnologias amigas do ambiente e tudo o que é projetado para ir debaixo d’água. Ele mora em Edmonton, Alberta, onde ele passa muito tempo indo por cima do guidão de sua bicicleta de montanha, sair em off-leash parques, e desejando o Oceano Pacífico não foi tão longe. Todos os artigos por Ben Coxworth