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Arquivo mensal: setembro 2012

Quem tem medo do dragão?


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ASCENSÃO DA CHINA

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China: ameaça ou oportunidade econômica? (Reprodução/Internet)

Quem tem medo do dragão?

Alguns países encaram a ascensão da China como uma oportunidade, não como uma ameaça

À medida que a eleição presidencial americana se aproxima, o tom da campanha vai se elevando. Nesta semana, as atenções  se voltaram para a indústria automobilística. Em Ohio, um estado cujas preferências políticas são oscilantes, o presidente Obama anunciou que o governo havia protocolado uma queixa contra a China na Organização Mundial do Comércio a respeito dos subsídios que o gigante asiático dá às exportações de carros. Mitt Romney acusou o presidente de não ter sido duro o bastante.

Enquanto isso, a China registrou uma queixa comercial contra as tarifas americanas, as quais considera excessivamente altas, imposta sobre o aço, papel e outros produtos chineses. Alguns dias depois, um porta-voz chinês afirmou que a queixa da China foi depositada primeiro, e que o registro americano tinha um “fim político”. Não obstante, uma posição firme em relação a China é algo que pega bem com os eleitores.

A maioria dos americanos vê a China como uma ameaça econômica, de acordo com a pesquisa Transatlantic Trends (Tendências Transatlânticas) do German Marshall Fund dos EUA. Com efeito, dentre os 14 países incluídos na pesquisa, apenas os cidadãos da França encaravam majoritariamente a China como uma ameaça. Surpreendemente, apesar de ter sido recentemente ultrapassada pela China como o maior exportador mundial, uma proporção maior de pessoas na Alemanha vê a China como uma oportunidade econômica.

Testes genéticos podem inibir o desmatamento ilegal


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SETOR MADEIREIRO

Testes genéticos podem inibir o desmatamento ilegal

Empresa baseada em Cingapura usa testes de DNA para indicar a origem de um pedaço de madeira

Digamos que você queira comprar uma mesa. No entanto, você se importa com orangotangos, povos indígenas e emissões de carbono, de forma que você não quer que ela seja feita com madeira oriunda de desmatamentos ilegais. Ou digamos que você administre uma rede de lojas de móveis e não queria ir para a cadeia por comprar madeira ilegal. Nos dois cenários você enfrenta o desafio de como saber se dada madeira tem origem legal.

Eis que surge a solução proposta pela DoubleHelix Tracking Technologies, uma empresa baseada em Cingapura que usa testes de DNA para indicar a origem de um pedaço de madeira. “Não é possível forjar DNA”, afirma Andrew Lowe, o cientista chefe da empresa. A empresa oferece seus serviços para grandes varejistas.

John Simon, o presidente da Simmonds Lumber, outro cliente da DoubleHelix, explica como a técnica funciona. A sua empresa, uma importadora de madeira australiana, costumava depender de uma grande quantidade de documentos nos negócios de compra de merbau, uma valiosa madeira de lei da Indonésia. Dada a facilidade de falsificar certificados de origem, era difícil ter certeza sobre a origem da madeira. Agora, graças a DoubleHelix, Simmonds pode provar que uma tora de merbau usada para a produção de móveis na Austrália de fato vem de uma área específica (e legal) da Indonésia.

Trata-se de uma má notícia para o setor de desmatamento ilegal, atividade que movimenta 30 bilhões de dólares ao ano, e de uma boa notícia para as florestas.

Hipotireoidismo: oito dúvidas sobre a doença da tireoide


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                    Ela não tem cura, mas tratamento garante qualidade de vida do paciente

Informações confiáveis de saúde na Internet.
Portal direcionado ao público em geral que tem por objetivo a informação,

divulgação e educação sobre temas de saúde com mais de 750 artigos

escritos exclusivamente por mais de 30 especialistas. Audiência: 35 milhões de visitas em 2011.

O que é?

Conjunto de sinais e sintomas decorrentes da diminuição dos hormônios da tireóide.

Como se desenvolve?

É um quadro clínico que ocorre pela falta dos hormônios da tireóide em decorrência de diversas doenças da tireóide.

No recém-nascido, as causas mais freqüentes envolvem:

A falta de formação da glândula tireóide (defeitos embrionários)

Defeitos hereditários das enzimas que sintetizam os hormônios

Doenças e medicamentos utilizados pela mãe que interferem no funcionamento da glândula da filho

Em adultos, a doença pode ser provocada por:

Doença auto-imune (Tireoidite de Hashimoto)

Após cirurgia de retirada da tireóide por bócio nodular ou neoplasia

Por medicamentos que interferem na síntese e liberação dos hormônios da tireóide (amiodarona, lítio, iodo)

Por bócio endêmico decorrente de deficiência de iodo na alimentação (mais raramente)

O que se sente?

No recém-nascido, ocorre:

Choro rouco

Hérnia umbelical

Constipação

Apatia

Diminuição de reflexos

Pele seca

Dificuldade de desenvolvimento

Se o paciente não receber tratamento adequado até a quarta semana de vida, pode ocorrer retardo mental severo, surdez, e retardo no desenvolvimento de peso e altura.

Na criança, a doença pode provocar déficit de crescimento associado à:

Pele seca

Sonolência

Déficit de atenção

Constipação

Intolerância ao frio

Apatia

No adulto, os sintomas são de:

Intolerância ao frio

Sonolência, constipação

Inchumes nas extremidades e nas pálpebras

Diminuição de apetite

Pequeno ganho de peso

Fraqueza muscular

Raciocínio lento

Depressão

Cabelos secos, quebradiços e de crescimento lento

Unhas secas, quebradiças e de crescimento lento

Queda das pálpebras

Queda de cabelos

A doença predomina no sexo feminino, no qual ocorre também irregularidade menstrual, incluindo a cessação das menstruações (amenorréia), infertilidade e galactorréia (aparecimento de leite nas mamas fora do período de gestação e puerpério).

Quando a doença tem causa auto-imune (Tireoidite de Hashimoto) pode ocorrer vitiligo e associação com outras moléstias auto-imunes:

Endócrinas (diabetes mellitus, insuficiência adrenal, hipoparatireoidismo)

Sistêmicas (candidíase, hepatite auto-imune)

Como o médico faz o diagnóstico?

Por RIUS.com.br

No recém-nascido, deve ser realizada a triagem neonatal através da dosagem de T4 ou TSH em papel filtro. Se essas dosagens forem alteradas, o exame deve ser confirmado com os mesmos procedimentos no sangue e, se alterados, iniciar de imediato o tratamento.

No adulto, o diagnóstico é estabelecido pelas dosagens de T4 e TSH, e se os mesmos estiverem alterados (T4 baixo e TSH elevado), deve ser buscada a causa do problema através da pesquisa de anticorpos antitireoperoxidase (anti-TPO), antimicrossomais ou antitireoglobulina, que demonstrarão a causa auto-imune do distúrbio. Em pacientes com cirurgia prévia, além dos anticorpos, pode ser realizada também a pesquisa do resíduo de tecido tireóideo remanescente através da ultra-sonografia ou da cintilografia de tireóide. Deve ser também analisado o perfil lipídico do paciente, uma vez que ocorre  severa dislipidemia associada ao estado de hipotireoidismo.

Como se trata?

O tratamento de todas as formas de hipotireoidismo é realizado com Tiroxina (T4) em doses calculadas de 1,6 a 2,2 microgramas por Kg de peso corporal no adulto e de 3 a 15 microgramas por kg de peso corporal, dependendo da idade do paciente. O controle do tratamento é realizado pela dosagem de TSH, que deve se manter sempre normal. Nos pacientes dislipidêmicos devem ser monitorizados também os níveis de colesterol e triglicerídeos.

Como se previne?

Os casos que ocorrem após a cirurgia de retirada da tireóide por bócio nodular ou neoplasia podem ser prevenidos através de cirurgia adequada no momento em que a mesma é indicada para o tratamento de bócio. Nas demais situações pode ser realizado um diagnóstico precoce, porém prevenção primária não é disponível.

De acordo com os resultados recentes do censo IBGE 2010, as doenças endócrinas, como diabetes, obesidade e disfunções na tireoide respondem pela segunda causa que mais mata mulheres no país (7,8%), atrás apenas das doenças cardiovasculares. A tireoide é uma glândula endócrina que existe para harmonizar o funcionamento do organismo.

Localizada no pescoço, é responsável pela produção de dois hormônios o T3 (tri-iodotironina) e o T4 (tiroxina), que estimulam o metabolismo e interferem no desempenho de órgãos como coração e rins, chegando a alterar o ciclo menstrual.

Por toda essa importância, a glândula tireoide precisa estar em perfeita ordem. Quando isso não acontece, o próprio corpo dá o alerta. Os tipos mais comuns de disfunção da tireoide são:
1. hipertireoidismo (liberação de hormônios em excesso, que aceleram muito o metabolismo);
2. hipotireoidismo (a glândula libera o T3 e o T4 em menor quantidade do que o necessário). No segundo caso e mais comum, o hipotireoidismo, os sintomas mais frequentes são desânimo, cansaço, sonolência, pele seca, inchaço dos olhos, lentidão física e mental.

A doença costuma atingir vários membros de uma mesma família. Porém, o diagnóstico nem sempre é fácil, pois os sintomas podem ser atribuídos a outras doenças que se manifestam de forma semelhante, como depressão e anemia. A seguir, a endocrinologista Laura Ward, da Unicamp, esclarece oito dúvidas mais comuns sobre o hipotireoidismo.
1.Os sintomas podem ser identificados com clareza?
Os sintomas, infelizmente, são pouco específicos e se instalam lentamente, o que pode confundir as pessoas. Além disso, podem atingir vários órgãos, pois a tireoide é importante para regular o funcionamento de alguns sistemas do corpo, como cardiovascular, gástrico e nervoso. São: sentir frio, mesmo quando a temperatura não está baixa; desânimo; falta de interesse de todos os tipos, incluindo interesse para atividades corriqueiras ou prazerosas; lentidão de fala, de pensamento e de batimentos cardíacos; problemas no intestino (constipação, prisão de ventre), lentidão de reflexos; pele ressecada; cabelos e unhas quebradiços.
2.Por que o hipotireoidismo ocorre mais em mulheres e se manifesta predominantemente a partir de certa idade?
Não se sabe com exatidão por que o distúrbio afeta mais mulheres, mas acredita-se que um dos fatores seja a maior incidência, na fase da menopausa, da doença de Hashimoto ou tireoidite crônica, doença autoimune da tireoide em que o corpo produz anticorpos que atacam a tireoide, fazendo deste distúrbio a principal causa do hipotireoidismo. Durante o climatério, período em que as doenças autoimunes são mais frequentes, é possível que o metabolismo de hormônios, como estrógeno, esteja produzindo fatores desencadeantes para doenças autoimunes, entre as quais a doença de Hashimoto.
3.Como saber se estou no grupo de risco da doença?
São fatores de risco para o hipotireoidismo: a existência de outras doenças autoimunes (lúpus, artrite reumatoide, vitiligo, diabetes de tipo 1), a presença de bócio (aumento de volume da tireoide) e a existência de doença de tireoide na família.
4.Quais exames costumam ser feitos para o diagnóstico?
Eles devem ser feitos periodicamente? O exame mais comum para identificar os níveis dos hormônios da tireoide chama-se dosagem de TSH sérico. Recomenda-se que todas as pessoas acima de 60 anos realizem uma dosagem de TSH anual e que mulheres, particularmente aquelas que apresentam fatores de risco, dosem o TSH a partir dos 30 anos. Além disso, gestantes também devem realizar o exame periodicamente.
5.O hipotireoidismo tem cura?
Não existe uma cura definitiva para a doença, mas o controle pode fazer com que o paciente leve uma vida normal. O tratamento mais comum é feito com reposição hormonal, geralmente com hormônio sintético da tireoide, em geral, na forma de comprimido, que deve ser tomado diariamente pelo resto da vida. Mas vale o alerta: se estiver com falta ou excesso de medicação, podem aparecer os sintomas opostos, de hipertireoidismo. Os mais comuns são: agitação física e mental, insônia, irritação e perda de peso.
6.Quais são as possíveis consequências mais graves, se não houver tratamento?
A falta do hormônio tireoidiano pode levar ao coma mixedematoso, que é quando o paciente tem queda da temperatura corporal e ocorre a lentidão de todas as funções do organismo. Isso acarreta uma fragilização do sistema imune, facilitando a instalação de outras doenças, como pneumonia e infecções. O hipotireoidismo também pode afetar de forma importante o coração e os ossos, por isso é importante seguir o tratamento prescrito pelo médico.

7.O hipotireoidismo provoca aumento de peso?
Existe uma relação complexa entre as doenças da tireoide, o peso corporal e o metabolismo. Os hormônios tireoidianos também regulam o metabolismo, e a taxa metabólica basal também pode diminuir na maioria dos pacientes com hipotireoidismo, devido à baixa nos hormônios. No entanto, esse ganho de peso é menor e menos dramático do que o ocorre nos pacientes com hipertireoidismo.
8.O que é essencial para controlar o hipotireoidismo?
Se o paciente estiver com a medicação ajustada adequadamente, sua rotina não será muito afetada. A recomendação é a mesma válida para pessoas sem a doença, que é seguir hábitos de vida saudáveis. É fundamental manter uma alimentação equilibrada, rica em vegetais e frutas. Também é essencial praticar exercícios físicos regulares para a manutenção do peso para afastar a obesidade e seus efeitos negativos, como hipertensão, diabetes, aumento do colesterol e problemas cardiorrespiratórios. Não há grandes restrições em relação às atividades físicas, mas antes de começar a se exercitar o paciente deve sempre consultar seu médico.

Cientistas estudam prós e contras de invasão global de minhocas


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Cientistas estudam prós e contras de invasão global de minhocas

BBC

  • Espécies nativas de florestas americanas podem desaparecer após chegada de europeias e asiáticas

    Espécies nativas de florestas americanas podem desaparecer após chegada de europeias e asiáticas

Em um estudo recente, cientistas alertam para uma “invasão global de minhocas” e dizem que espécies “alienígenas” já conquistaram quase todos os continentes.
Segundo a pesquisa, publicada pela revista “Soil Biology & Biochemistry”, espécies invasoras de minhocas estão vencendo a competição com espécies locais e se adaptando mais rapidamente a terrenos desmatados e cultivados, mudando a estrutura dos solos.
Os pesquisadores tentam entender como elas estão fazendo isso e, mais importante, o impacto que têm sobre os solos e a sobrevivência de outras espécies.
“A invasão de minhocas não-nativas é um fenômeno verdadeiramente global no qual espécies invasoras estão chegando a todos os continentes, com exceção da Antártida”, disse à “BBC” Bruce Snyder, da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos.
A maior parte das florestas da América do norte, por exemplo, foi um dia desprovida de minhocas. Quando os europeus colonizaram a região, introduziram inadvertidamente espécies de minhocas europeias que vinham nos navios e na terra usada para transportar plantas.
Essas novas espécies continuam ‘ganhando terreno’ e, segundo Snyder, “estão invadindo também florestas no norte de Wisconsin, em Minnesota, Nova York e partes do Canadá.”
No ano passado, uma pesquisa publicada na revista Human Ecology afirmou que as minhocas invasoras podem alterar os ciclos de carbono e nitrogênio nos bosques, assim como minar espécies de plantas nativas.
Mas outro estudo, também publicado em 2011, descobriu que minhocas ‘alienígenas’ podem ter um impacto positivo em seus novos ambientes. O levantamento analisou o papel das minhocas no ciclo de carbono das florestas tropicais e concluiu que as criaturas ajudam a manter o carbono no solo.

Competição

Além das europeias, as minhocas asiáticas também estão chegando às florestas dos Estados Unidos e Canadá.
Um estudo recente diz que a espécie asiática Amynthas hilgendorfi, que está invadindo as florestas do Estado do Michigan, cresce mais rapidamente no novo ambiente e aumenta a concentração de formas minerais de nitrogênio e de fósforo no solo.
No entanto, isso faz com que detritos na floresta se decomponham mais lentamente.
Outras observações feitas pela equipe sugerem que a A. hilgendorfi pode deslocar as espécies nativas e se tornar a única presente, uma hipótese confirmada por Bruce Snyder e seus colegas.
Snyder descobriu que as invasoras e as nativas competem pelo mesmo tipo de material em decomposição.
No entanto, a espécie nativa, que fica mais restrita à superfície do solo, acaba morrendo quase 3 meses mais cedo que o normal por conta da maior competição por recursos.
As invasoras, por outro lado, cavam regiões mais profundas do solo em busca de alimento.
“Este estudo, combinado com outros, sugere que a invasão de minhocas pode mudar direta ou indiretamente a forma como o carbono é armazenado nos solos, danifica plantas nativas e biodiversidade animal e causa problemas de erosão”, explicou o pesquisador.

Adaptação

Na floresta Amazônica, no entanto, a invasão da espécie Pontoscolex corethrurus está modificando o comportamento do solo em regiões desmatadas e protegendo áreas expostas da erosão.
Esta espécie pode se reproduzir rapidamente, com cada adulto produzindo cerca de 80 casulos, ou ovos, por ano em comparação com um número bem inferior produzido pela maioria das minhocas.
De acordo com o professor Patrick Lavelle, das Academias Francesa e Europeia de Ciências, “este verme é adaptado às novas condições criadas pelo desmatamento e pelo cultivo, o que não era o caso das espécies nativas”.
Lavelle acaba de publicar um estudo sobre o impacto desta minhoca nos solos desmatados da Amazônia.
Os pesquisadores descobriram que estes animais podem aumentar os níveis de minerais no solo e estimular o crescimento de plantas, mas há um preço a pagar.
“O problema é que as espécies nativas provavelmente não voltarão. E é sempre ruim perder espécies”, disse Lavelle à BBC.
A perda de espécies é especialmente negativa porque as “invasoras” podem estar dizimando minhocas que os cientistas ainda não conseguiram identificar.

Fragmento de texto do século II fala em “mulher de Jesus”


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Fragmento de texto do século II fala em “mulher de Jesus”

Cientistas acreditam que fragmento faça parte de evangelho desconhecido. Foto: Karen L. King/Harvard University/Divulgação

Um papiro é a primeira evidência de que os cristãos já acreditaram que Jesus foi casado, segundo um estudo da Harvard Divinity School. A descoberta foi anunciada em um congresso no Institutum Patristicum Augustinianum (do Vaticano) em Roma.

“A tradição cristã afirma que Jesus não foi casado, apesar de não haver nenhuma evidência histórica confiável para suportar essa afirmação”, diz Karen King, de Harvard. “Este novo texto não prova que Jesus foi casado, mas nos conta que a questão como um todo apenas veio de um vociferador debate sobre sexualidade e casamento. Os cristãos discordavam sobre se era melhor ou não casar, mas isso foi um século depois da morte de Jesus, depois eles apelaram para o estado conjugal de Jesus para suportar suas posições.”

Roger Bagnall, diretor do Instituto de Estudo do Mundo Antigo, em Nova York, acredita que o fragmento seja autêntico, baseado em exames do papiro e da caligrafia. Outros especialistas também acreditam na autenticidade baseados em outros dados, como linguagem e gramática, segundo nota de Harvard desta terça-feira. O objeto ainda vai passar por mais testes, especialmente da composição química da tinta.

Um dos lados do fragmento tem oito linhas incompletas de texto, enquanto o outro está muito danificado e apenas três palavras e algumas letras podem ser vistas – inclusive com infravermelho e processamento da imagem em computador. Karen afirma que o pequeno texto fala sobre assuntos como família, disciplina e casamento dos antigos cristãos.

A pesquisadora e a colega AnneMarie Luijendijk, professora de religião em Princeton, acreditam que o fragmento faça parte de um evangelho desconhecido. Um artigo com resultados do estudo do objeto será publicado em janeiro de 2013 no jornal Harvard Theological Review.

O fragmento faz parte de uma coleção particular cujo dono procurou a pesquisadora para que ela traduzisse o texto. Ele deu a Karen uma carta dos anos 80 do professor Gerhard Fecht, da Universidade Livre de Berlim, na qual ele afirmava acreditar que era uma evidência de um possível casamento de Jesus.

Ficheiro:Freie Universitaet Berlin - Fachbereich Rechtswissenschaft.jpg

A professora de Harvard disse não acreditar em um primeiro momento (em 2010) que fosse autêntico e disse ao dono que não tinha interesse na análise. Contudo, ele persistiu no contato e, em dezembro de 2011, ela o convidou a levar o objeto a Harvard. Em 2012, ela e Luijendijk levaram o papiro a Bagnall que analisou e disse ser possivelmente autêntico.

Pouco se sabe de sua origem, mas acredita-se ser do Egito, já que está escrito em copta – usado pelos cristãos egípcios durante o império romano. Como há texto dos dois lados, os pesquisadores acreditam que faça parte de um livro, ou códex.

Para motivos de referência, o evangelho do qual supostamente faria parte foi chamado de “Evangelho da Mulher de Jesus“. A pesquisadora acredita que ele seja da segunda metade do século II, já que outros evangelhos descobertos recentemente são dessa época. A origem, como dos outros, certamente está atribuída a alguém próximo a Jesus, mas o verdadeiro autor deve ser desconhecido. Eles acreditam ainda que foi escrito originalmente em grego e depois traduzido.

No texto, os cristãos falam de si como uma família, com Deus como pai, seu filho Jesus e membros como irmãos e irmãs. Duas vezes no fragmento, Jesus fala de sua mãe e de sua mulher – sendo que uma das duas ele chama de Maria. Os discípulos discutem se Maria é digna, e Jesus diz que “ela pode ser minha discípula”.

Segundo Karen, somente por volta do ano 200 é que foi afirmado, em texto registrado por Clemente de Alexandria, que Jesus não se casou. Na época havia uma discussão se os cristãos deveriam se casar ou viver no celibato. Segundo Clemente, cristãos da época afirmavam que o casamento fora instituído pelo demônio. A pesquisadora afirma que Tertuliano de Cartago, uma ou duas décadas depois, foi quem declarou que Jesus não havia se casado. Ele, contudo, não condenava o casamento – desde que ocorresse apenas uma vez, mesmo em caso de morte de um dos cônjuges.

No final, afirma Karen, a visão dominadora foi a de que o celibato é a mais alta forma de virtude sexual do cristianismo, enquanto permite o casamento, mas apenas para a reprodução. “A descoberta desse novo evangelho oferece uma ocasião para repensar o que achávamos saber ao questionar qual foi o papel que o status conjugal de Jesus teve historicamente nas controvérsias dos cristãos antigos sobre casamento, celibato e família. A tradição preservou apenas aquelas vozes que clamavam que Jesus nunca se casou. O ‘Evangelho da Mulher de Jesus’ agora mostra que alguns cristãos pensavam de outra forma.”

Fonte: Terra Link: http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI6163867-EI8147,00-Fragmento+de+texto+do+seculo+II+fala+em+mulher+de+Jesus.html

MÍDIA & EDUCAÇÃO Da Idade Média à Idade Mídia


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MÍDIA & EDUCAÇÃO

Da Idade Média à Idade Mídia

Ficheiro:Gp-2011-pitagor-1.jpg

Por Gabriel Perissé

Reproduzido da Revista Educação, setembro/2012

Quem chegou aos 50 anos idade, como eu, mantém um pé na Idade Média e outro na Idade Mídia. Da Idade Média (não me refiro ao período medieval propriamente dito, mas ao passado como um todo), ainda guardo o gosto pela leitura linear, palavra por palavra. Na Idade Mídia, sou um escaneador de carne e osso, plugado, conectado, interligado.

Não podemos ensinar ou trabalhar de costas para a sociedade digital, que atrai e congrega um número cada vez maior de habitantes. Mas também seria empobrecedor descartar o que aprendemos, deletar da memória os espíritos antigos, cujas vozes foram registradas em papel com lágrimas, com sangue… ou com caneta-tinteiro.

Por mais fascinantes que sejam os avanços “midievais”, tenhamos em mente que tais conquistas ainda não chegaram à vida de milhões de pessoas no planeta. Ainda há gente no mundo que mais necessita de acesso à água potável do que a um site.

Entre o passado e o futuro

Um curioso livro futurístico, Um dia na vida do século 21, de Arthur C. Clarke (publicado em 1986), descreve num dos capítulos o dia de um trabalhador do futuro, num escritório do futuro. O dia será 20 de julho de 2019. (Agora faltam apenas sete anos para essa data antes longínqua!) É um escritório semelhante a qualquer outro do final do século 20, com a diferença de que os trabalhos rotineiros são realizados por computadores e robôs. A informática e a bioeletrônica libertaram os seres humanos das tarefas burocráticas sem graça. As máquinas, com mais rapidez e eficiência, marcam entrevistas, organizam os horários, cuidam dos arquivos, permitindo que os seres humanos se dediquem ao que de melhor podem fazer – lidar com o imprevisível, tomar decisões em situações complexas e fazer avaliações com base em poucas informações.

Todo o trabalho de segurança, recepção e secretariado é feito pelos computadores, devidamente programados pela mente humana, que foi capaz de fazer da sonhada inteligência artificial uma realidade comum. Os computadores se comunicam com os humanos de modo… quase humano. Leem a nossa mente. Praticamente não se usa mais papel na vida profissional. Recuperamos extensas áreas verdes no planeta. A mobília é virtual. Cada um decora o espaço com as imagens que deseja – custo zero e mais economia de madeira.

Reuniões presenciais são bem-vindas, mas se não for possível que todos estejam fisicamente ali, são realizadas teleconferências, como, aliás, já se faziam na década de 1980. A diferença é que em 2019 a tecnologia tornou-as tão reais que mal se percebe o quanto são virtuais. Empresas com mais recursos adotaram as holoconferências. A imagem de uma pessoa é captada por um equipamento e enviada a outro escritório, onde conversam então, frente a frente, em três dimensões e em cores. As empresas ainda mais ricas dispõem de escritórios “tradicionais”. Pelo desejo mesmo de cultivar a elegância, com ares de passado. Usam menos computadores. Preferem mobília real. E secretárias humanas. Tais escritórios são considerados os mais luxuosos no mundo dos negócios de 2019.

Os alunos que nasceram nos últimos anos do século 20 estariam prestes a viver profissionalmente nesse contexto que já foi (e talvez continue sendo) fruto da imaginação apenas!

Medieval e midieval

Professores midievais que somos, perdemos as ilusões com relação ao modo de ler e escrever de boa parte dos nossos alunos. O fluxo contínuo em busca do imediato que se esvai, a falta de paciência com o hierárquico, a relativização das normas gramaticais, a velocidade do toque em lugar da concentração mental, o entretenimento como valor dominante, a dessacralização dos clássicos, a facilidade em conviver com o descontínuo e o caótico – é neste mundo que eles e nós navegamos.

No entanto, como professores medievais, que também somos,não desistimos jamais da indizível alegria de folhear um livro concreto, cujas páginas trazem porventura aquelas anotações feitas à mão (mão humana, não custa esclarecer!), denunciando o diálogo silencioso entre o autor e um leitor anterior, possivelmente anônimo.

Sou ao mesmo tempo midieval e medieval. Mantenho blogs e escrevo em cadernos o que penso ou deixo de pensar. Consulto dicionários eletrônicos e os velhos tomos com cheiro de sebo antigo. Troco mensagens no Facebook, reuni com muitos cliques mais de 5 mil amigos virtuais, e preciso dialogar (de viva voz) com algum velho companheiro, de preferência alheio às redes sociais.

Professor midieval, trabalho com a lousa digital. Mas, egresso da Idade Média, confesso gostar do giz, e faço uma paródia com os dizeres tradicionais da liturgia quaresmal: “Do pó de giz eu vim… ao pó de giz eu voltarei!” Professor medieval que sou, carrego livros para onde quer que eu vá. São pesados, certamente, mas não dependem de uma bateria recarregada. Ao mesmo tempo, com quanta alegria me dou conta de que posso ler no iPad centenas de livros que baixei outro dia sem sair da poltrona! Professor midieval, imagino formas de aplicar as noções de multitarefa e de interação em minhas aulas e, quando menos espero, volto a ser os professores que um dia eu conheci, mestres cujo poder baseava-se na memória cultivada e na velha retórica.

Como professor medieval, percorro as lentas estradas da reflexão, e chegarei a encontrar uma pedra no meio do caminho. Como professor midieval, pulo de janela em janela, vou de link em link, internauta sem destino. Os ícones que o medieval que insisto ser ainda adora são diferentes dos ícones adorados pelo midieval em que afinal me tornei.

Cada vez mais tempo online, quero imitar leitores adolescentes que, ouvindo músicas no iPhone, devoram as páginas de Jogos vorazes.

***

[Gabriel Perissé é doutor em Filosofia da Educação (USP) e pesquisador do NPC – Núcleo Pensamento e Criatividade; www.perisse.com.br]

Este é um espaço de diálogo e troca de conhecimentos que estimula a diversidade e a pluralidade de idéias e de pontos de vista. Não serão publicados comentários com xingamentos e ofensas ou que incitem a intolerância ou o crime. Os comentários devem ser pertinentes ao tema da matéria e aos debates que naturalmente surgirem. Mensagens que não atendam a essas normas serão deletadas – e os comentaristas que habitualmente as transgredirem poderão ter interrompido seu acesso a este fórum.

Câmara aprova MP de Código Florestal


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POLÍTICA

Plenário da Câmara durante analise dPlenário da Câmara durante analise da MP que reintroduz regras vetadas pela presidente Dilma Rousseff no novo Código Florestal  (Foto: Gustavo Lima/Ag. Câmara)a MP que reintroduz regras vetadas pela presidente Dilma Rousseff no novo Código Florestal (Foto: Gustavo Lima/Ag. Câmara)

Câmara aprova MP de Código Florestal

Texto aprovado beneficia médios e grandes produtores.

A expectativa é de que Dilma vete artigos

O novo Código Florestal teve sua versão de  medida provisória aprovada nesta terça-feira, 18, pela Câmara de Deputados, após acordo entre a bancada do governo e parte dos ruralistas. O documento beneficia médios e grandes produtores. Não houve alteração no texto aprovado pela comissão especial e a medida provisória seguiu para o Senado. Ela terá de ser votada até o dia 8 de outubro, quanto perde validade. A próxima votação deve ocorrer no dia 28.

No mês passado, por meio de bilhete endereçado à ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, a presidente desautorizou  acordo para a aprovação da MP do Código Florestal na comissão, que alterou as faixas de reflorestamento.

Leia também: Ministra diz que decisão sobre Código Florestal ‘é retrocesso’

O texto aprovato pela Câmara trouxe alterações ao inicial de Dilma . A versão do Planalto defendia mais reflorestamento nas propriedades médias, mas a medida aprovada determina que tais produtores, com propriedades entre 4 e 15 módulos com recursos hídricos de até 10 metros de largura, recuperem mata ciliada de 15 metros às magens de rios, que teriam sido desmatadas ilegalmente. O governo defendia recomposição de mata de 20 metros em propriedades entre 4 e 10 módulos.

A MP atual também apontou cinco metros de área de proteção permanente para rios de até dois metros e nenhum para os de existência efêmera.  O governo já antecipou que é contra as propostas. Assim a comissão alterou a regra “escadinha” defendida pelo governo, na qual quanto maior o imóvel maior a faixa a ser reflorestada. O texto aprovado permite que médios e grandes proprietários tenham que recompor áreas de mata menores.

“É melhor alguma coisa razoavelmente equilibrada e debater os problemas da nova lei à medida que forem surgindo. Deixar a presidente vetar, dois ou três itens. Se não votar, é ruim para os agricultores em parte e ruim para os ambientalistas”, afirmou o deputado Reinhold Stephanes (PSD-PR). Segundo ele, a maioria dos ruralistas já admitiu a possibilidade de Dilma vetar o artigo que reduziu a taxa de reflorestamento de médios produtores. Há duas semanas a votação da MP havia sido adiada por falta de quorum. Somente o racha na bancada ruralista permitiu a votação.

DE VOLTA AO 

Como a Unilever, mas com aviões e mísseis


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A EADS E A BAE SYSTEMS

Como a Unilever, mas com aviões e mísseis

Um plano de fusão de duas gigantes pode dar início a uma onda de consolidações na indústria da defesa

Na década de 90 houve um grande plano para unir muitas das maiores empresas europeias aeroespaciais e de defesa em uma única gigante capaz de concorrer com os rivais norte-americanos. No último momento, a British Aerospace, cujo nome hoje é BAE Systems – desistiu do plano. Esta empresa vendeu a maior parte de sua divisão de aviação civil à EADS, o grupo gerado pela combinação das outras empresas, a fim de se concentrar no mercado militar. No entanto, no dia 12 de setembro surgiram boatos de que há negociações em andamento para que a BAE enfim se junte à EADS. Se o acordo conseguir superar alguns obstáculos consideráveis, a empresa resultante finalmente terá o poder de fogo com o qual os fundadores da EADS contavam quando de sua fundação e poderá se tornar uma competidora séria da poderosa Boeing dos EUA.

A área da EADS responsável pela Airbus já é a principal rival da Boeing na produção de aviões comerciais. A empresa também tem uma área militar considerável, mas gastos de defesa reduzidos, em uma época em que companhias aéreas estão fazendo enormes encomendas de aviões, significa que cerca de três quartos do faturamento da EADS hoje em dia vêm de seu braço civil. Enquanto outros grupos de defesa estão procurando meios de se aproximar do mercado civil por anteciparem muito mais anos de cortes de gastos governamentais, os chefes da EADS se concentram no longo prazo e têm uma opinião diferente. Eles acham que os gastos de defesa vão voltar a subir mais cedo ou mais tarde e por isso querem aumentar para a metade a parcela do faturamento oriunda do mercado militar. Contratos de defesa de prazos mais longos e de maior valor forneceriam um estabilizador importante contra os altos e baixos do mercado de aviação civil. Fundir-se com a BAE faz com que a EADS atinja seu objetivo por meio de um grande salto.

O plano é criar uma empresa negociada em bolsa por meio de duas ações, assim como a Unilever, uma empresa anglo-holandesa de alimentos e produtos de limpeza que mantém a negociação de seus papeis em duas bolsas de valores, mas congrega todas as suas operações e opera o negócio como apenas uma empresa. A EADS também espera que a fusão a libertará da ingerência governamental, deixando-a tão livre para determinar o seu destino como a Unilever.

O Pentágono, um comprador importante do conglomerado de empresas, sem dúvida insistirá que seus contratos de defesa mais secretos sejam negociados por americanos inspecionados por seu aparato de segurança, assim como a BAE opera hoje em dia. Pode ser que o departamento de defesa americano saúde a entrada de uma competidora mais robusta no mercado dominado pela Boeing e outras empresas de defesa americanas. Contudo, os políticos americanos certamente causarão alvoroço a respeito de uma empresa que tenha sequer uma minúscula participação de governos estrangeiros, ainda que aliados.

Parece que uma nova era de alianças militares está começando.

Fontes: The Economist-Like Unilever, but with fighter jets and missiles

 

JORNALISMO & LITERATURA


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JORNALISMO & LITERATURA

Quando a imaginação abre novos paradigmas

Por Reinaldo Cabral

Uma avaliação cuidadosa da crítica aos grandes romances dos últimos quatro séculos e meio elege o estilo como o principal divisor qualitativo entre os maiores nomes da literatura mundial. O jornalismo aparece como um elo comum entre os principais deles, como na Rússia tzarista de Leon Tolstoi (Guerra e Paz), nos EUA de Ernest Hemingway (Adeus às Armas), no Brasil de Euclides da Cunha (Os Sertões), na Colômbia de Gabriel García Márquez (Outono do Patriarca), no Peru de Mário Vargas Llosa (Tia Júlia), ou na Guatemala de Miguel Ángel Asturias (O papa verde).

Na área jornalística, o que sempre distinguiu os modelos de formulação dos enfoques para o exercício do jornalismo entre os jornalões nacionais dos EUA e da Europa foi a angulação das matérias. O que constitui o lide nos do primeiro bloco (EUA e países com jornalismo influenciado pelo americano), com as respostas das cinco perguntas básicas no primeiro parágrafo (o que, onde, como, quem, por que), praticamente se opõe nos do segundo bloco, tornando a formulação leve, flexível, solta.

Outra revelação: depois da criação e publicação do primeiro jornal em língua portuguesa sem censura por Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça (1774-1823), que funcionou de 1808 a 1823, originou-se do jornalismo uma grande parcela daqueles que transformaram o escrever sem uma arte, um modo de vida, de sobrevivência, uma profissão e até um modo de ingressar no mercado ou de fazer política.

Dúvida atroz

Data de 59 a.C. a criação do primeiro jornal do planeta, Acta Diurna, no império romano de Júlio César. Nasceu ali um padrão de cobertura que se estendeu séculos afora: a instalação de correspondentes por diversas regiões de Roma. Com a regionalização da cobertura, o imperador ganhava informações, que chegavam sob a forma de atas, dos lugares mais diversos do império.

Tardiamente, o Correio Braziliense ou Armazém Literário, seria lançado em Londres, em 1808, por Hipólito da Costa. Embora em vários países o jornalismo tenha sido o ponto de partida para romances a retratarem mudanças sociais comuns às rupturas no interior da sociedade, como em Vermelho e o Negro, de Stendhal (1783-1842), a impressão do Correio Braziliense foi um trabalho praticamente solitário de Hipólito, não atraindo a participação de grandes nomes da literatura portuguesa, já influenciados por Lusíadas, por exemplo.

Quem surgiu primeiro? A galinha ou o ovo? O jornalismo ou a literatura? Essas indagações se repetem, acaloradamente, ao sabor dos debates ao longo do tempo. Há dois casos notáveis que não podem deixar de ser lembrados: nos EUA, Ernest Hemingway, de Adeus às Armas (1929), e no Brasil, Euclides da Cunha, de Os Sertões (1902).

O maior romance brasileiro

Em Grande Sertão: veredas (1956), Guimarães Rosa dá um profundo mergulho linguístico no interior de Minas com a mesma profundidade do detalhismo humanístico de Euclides. Em Rosa, inova-se o entendimento de uma linguagem peculiar a um universo-síntese da historia de um povo, como numa pesquisa antropocêntrica – vestígio encontrado em menor intensidade, porém não em menor escala, emSagarana (1946 ).

Em Euclides, a veia jornalística do grande prosador se estende à historia e à geografia – na verdade, é outro olhar sobre a vida em Canudos. O interesse do repórter Hemingway por literatura se inspira na primeira grande guerra de 1917. Mas data de 1926 a publicação do romance O sol também se levanta, que se originou de um artigo encomendado pela revista Life. O artigo deveria ter 10 mil palavras, ele acabou produzindo 120 mil, publicado em capítulos. Por quem os sinos dobram (1929), romance de Hemingway inspirado na Guerra Civil espanhola, é citado por Fidel Castro como modelo de mobilização a conduzi-lo a criar táticas de guerrilha para a conquista do poder em Cuba.

Ao cobrir a Guerra dos Canudos de 1896-97 no sertão da Bahia, para o jornal paulista O Estado de S.Paulo, Euclides da Cunha volta para a redação e inaugura um estilo mais digressivo, dissertativo com relatos detalhados da complexidade social da região, das relações das autoridades locais com o governo. E conclui que apesar de tudo “o sertanejo é um forte” sem a concisão que consagraria bem depois Graciliano Ramos com seu clássico Vidas Secas. A série de reportagens de Euclides se constituiria seguramente o maior romance brasileiro, politicamente mais consistente, de todos os tempos.

Questionamento humanístico

Esses dois casos são exemplos comuns porque, com suas abordagens humanas, os livros são consequência de excelentes reportagens e artigos. Os livros emprestaram permanência historiográfica aos fatos narrados. Não parece ter ocorrido preocupação dos seus autores em criar estilos para imortalizar seus textos.

Esse não é o caso de Gabriel García Márquez em seu Cem anos de solidão, romance-marco de invenção de um novo estilo, o realismo fantástico, que vai além do redimensionamento da hipérbole. A consagração desse estilo celebra o aparecimento de inúmeros seguidores, cuja maioria não chega nem perto da verve criativa do colombiano, embora existam narrativas de alto nível imaginativo como O Papa Verde, de Miguel Ángel Asturias (Nobel de 1967), outro autor de numerosas reportagens interessantes publicadas em vespertinos da sua terra, a Guatemala.

A simbiose entre o jornalismo e a literatura é o mesmo mecanismo a conduzir o peruano Mário Vargas Llosa a ser celebrizado com o Nobel de Literatura em 2010. No rastro de sua obra, está o jornalismo como base do seu questionamento humanístico. E isso o leitor encontra desdeTia Júlia aPantaleão e as visitadoras.

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[Reinaldo Cabral é jornalista, Maceió, AL

A natureza humana como ela é


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EVOLUÇÃO

A natureza humana como ela é

Estudos de genética de grande porte estão lançando luz sobre o que torna os humanos humanos

Os humanos são peculiares como espécie, de modo que o que os faz ser assim deve estar escondido em seu genoma. Porém, a um nível quase desconcertante, o genoma humano se assemelha ao genoma de outros primatas, especialmente em relação às proteínas específicas que suas células podem produzir. No entanto, as poderosas novas maneiras de observar o genoma que estão sendo desbravadas pelo consórcio ENCODE fornecem meios para investigar as marcas específicas da espécie. Lucas Ward e Manolis Kellis do Instituto de Tecnologia de Massachusetts apresentaram os resultados de tal investigação em um estudo que acaba de ser publicado no periódico Science.

Os dois pesquisadores usaram dados do ENCODE para identificar os pedaços do genoma que de fato fazem alguma coisa e dados do Projeto 1.000 Genomas, o qual estudou variações de genomas humanos entre centenas de pessoas, para descobrir quão grande é a variação desses elementos funcionais de pessoa para pessoa. Em particular, eles tentaram encontrar pistas de que um elemento está sendo mantido pela seleção natural. Caso algo tenha importância evolucionária, variações aleatórias em sequências de DNA serão eliminadas aos poucos da população, fazendo com que os elementos com funções claras sejam mantidos. Tal processo é conhecido como seleção purificadora.

O Dr. Ward e o Dr. Kellis descobriram que, além dos 5% de DNA que são conservados entre mamíferos, mais 4% do DNA humano parece ser unicamente humano pelo fato de ser inclinado à seleção purificadora em humanos, mas não em outros mamíferos. A maior parte deste DNA exclusivo está envolvida com a regulação de atividades genéticas – por exemplo, controlar a quantidade de produção de uma determinada proteína, em vez de alterar a natureza da proteína. Essa descoberta está alinhada ao pensamento contemporâneo de que grande parte da mudança evolucionária está conectada a elementos regulatórios ao invés das estruturas das proteínas em si. Os pesquisadores também descobriram que longos segmentos não-codificadores que não são conservados em outros mamíferos são altamente restritos em humanos, o que sugere que os mesmos têm funções específicas para os humanos.

Algumas áreas que são identificadas como particularmente humanas são a regulação dos bastonetes da retina (os quais estão envolvidos na visão colorida) e a regulação do crescimento de células nervosas. Esses processos evoluíram rapidamente nos ancestrais primatas dos homens, mas agora estão passando por uma forte seleção purificadora para manter suas funções benéficas. As implicações disso, dada a característica que distingue os humanos  – seu enorme cérebro – são óbvias.  Ward e Kellis criaram uma poderosa ferramenta para investigar detalhadamente o que exatamente torna um humano humano.