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Realidade e ficção na novela do nióbio


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TENDÊNCIAS E DEBATES

Realidade e ficção na novela do nióbio

O fato é que o Brasil negligencia o privilégio de ter quase a totalidade das jazidas de um dos minerais mais cobiçados do planeta

por Hugo Souza

Esqueça o ouro e o petróleo. Imagine um elemento químico raro em todo o mundo, mas abudante no Brasil — e só no Brasil, que tem nada menos do que 98% de todas as jazidas do planeta — que pode ser usado para a criação de um biodiesel mineral inovador ou para a fabricação de ligas metálicas biocompatíveis, baratas e resistentes, e que além disso é considerado fundamental para a moderna indústria espacial, nuclear, aeronáutica, de petróleo e gás, bélica, da construção pesada e de equipamentos médicos.

Leia também: Nióbio: a riqueza desprezada pelo Brasil

Trata-se do nióbio, mineral que tem sido objeto de grande controvérsia no Brasil, com alguns especialistas — e outros nem tão entendidos assim — dizendo que o país o vende “a preço de banana” e que grande parte do nióbio que sai do país é contrabandeado, tudo, segundo eles, sob as vistas grossas de um Estado subserviente aos interesses dos grandes grupos econômicos internacionais.

Muitas dessas considerações partem da afirmação, ainda que feita sem muita fundamentação, de que os números que constam nos dados oficiais sobre o nióbio que sai do Brasil são muito inferiores aos números do consumo global do minério, o que seria estranho à luz do fato de que o Brasil produz 90% do nióbio usado no mundo.

Há alguns anos, por exemplo, o jornalista Cláudio Humberto citou uma fonte identificada como “especialista na comercialização de metais não-ferrosos”, segundo o qual “100% do nióbio consumido no mundo é brasileiro, mas oficialmente exportamos só 40%”.

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Brasil produz 90% do nióbio utilizado no mundo (Reprodução/Internet)

Do mensalão à Raposa Serra do Sol

Como alquimia, a suposta conta que não fecha transforma o nióbio em matéria-prima não apenas para combustíveis revolucionários ou supersupercondutores, mas também para informações desencontradas, suspeitas, teorias da conspiração e até para a ficção mesmo, como a novela “Máscara”, escrita por Lauro Cezar Muniz para a Rede Record, cuja trama gira em torno de uma suposta “máfia no nióbio”.

Desta forma, a chamada “questão do nióbio” já foi relacionada a temas tão diversos como o mensalão (Marcos Valério disse na CPI dos Correios que “o dinheiro do mensalão não é nada, o grosso do dinheiro vem do contrabando do nióbio”, e que José Dirceu estava negociando com bancos uma mina de nióbio na Amazônia), a demarcação da reserva de Raposa Serra do Sol (região que atrai forte atenção de ONGs ambientalistas ligadas a grupos econômicos transnacionais e onde há grandes reservas de nióbio) e até a presença dos irmãos Moreira Salles na última lista dos bilionários do mundo publicada pela revista Forbes — fortunas que teriam sido conquistadas não apenas no ramo bancário, mas sobretudo com a venda a chineses, japoneses e coreanos (grandes consumidores de nióbio) de 15% da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), grupo que controla as operações na mina de Araxá, em Minas Gerais, de onde sai cerca de 75% de todo o nióbio usado no planeta.

O fato é que a condição de detentor de quase a totalidade das jazidas globais de um dos minérios mais valiosos do planeta ainda não resultou, inexplicavelmente, no condicionamento da exportação brasileira à transferência de tecnologia por parte das nações ricas e importadoras, para que o país consiga aumentar o valor agregado do metal, em vez de meramente fornecer o material bruto.

A conta do prejuízo

Um estudo recente da agência norte-americana US Geological Survey mostrou que a mineração brasileira, que explora 48 produtos minerais entre os 71 analisados no mundo, é líder global apenas na extração do nióbio.

Tampouco isso impele o governo brasileiro a qualquer movimento no sentido da ação mais elementar à vista da posição do país no mercado mundial de nióbio: ser ele, o Brasil, a determinar o preço internacional do produto, como por exemplo os países da Opep o fazem com o preço do petróleo, de acordo com os seus interesses estratégicos.

Em recente artigo, Adriano Benayon, ex-diplomata, professor aposentado do departamento de Economia da Universidade de Brasília e autor do livro “Globalização versus Desenvolvimento”, apresentou a sua conta sobre o prejuízo que o país tem ao não se investir em tecnologias que agreguem valor ao mineral:

“Só com o nióbio o Brasil deixa de ganhar anualmente centenas de bilhões de dólares. Diretamente perde cerca de US$ 40 bilhões, com o descaminho e com a diferença entre o valor das ligas ferro-nióbio no exterior e seu preço oficial  de exportação, vezes a quantidade. Por ter a economia brasileira sido desnacionalizada e desindustrializada, a perda total é um múltiplo, maior que dez, dessa quantia. De fato, os  bens finais em cuja produção o nióbio entra atingem preços até 50 vezes maiores que os valores reais no exterior dos insumos à base de nióbio. Esses insumos — como os do tântalo, do titânio, do quartzo etc –  são ‘vendidos’ pelo Brasil por frações de seu valor no exterior. Já a China industrializa suas matérias-primas. Com isso o produto nacional bruto multiplicou-se por 20 nos últimos 30 anos, tornando-se a 2ª maior potência mundial”.

A CORRUPÇÃO SISTÊMICA NO BRASIL

* Adriano Benayon é doutor em economia pela Universidade de Hamburgo, ex-diplomata do Itamarati e autor do livro Globalização versus Desenvolvimento .

Prezados brasileiros que não são contemplados com os esquemas de corrupção vigentes em nosso pais.  Temos o prazer de informar que o Dr. Adriano Benayon, por indicação de José Barboza da Hora, um dos fundadores do Instituto Mãos Limpas Brasil,  assumiu a coordenação do projeto Nióbio, que será objeto de uma intensa campanha na internet. O nióbio é um mineral estratégico que estaria sendo dado de mãos beijadas para as grandes potências seguindo as práticas entreguistas que passaram a dominar o Brasil desde a morte de Getúlio. O tão aclamado Presidente JK, promoveu, muito antes de Collor,  um dos capitulos mais importantes da história do “entreguismo nacional”, ao abrir escancaradamente o mercado brasileiro para as industrias estangeiras de automóvel, sendo que até hoje, não temos sequer uma indústria brasileira de veiculos auto-motores, o que obviamente não se deve à falta de competência dos brasileiros que foi muito bem demonstrada na Embraer, com a construção de aeronaves exportadas para as grandes potências. Imaginem onde estaria o Brasil hoje em termos de desenvolvimento social e econômico não fossem os presidentes entreguistas que tomaram de assalto o Poder, através de eleições pseudo-democráticas!

 

Quando o Brasil for governado por verdadeiros estadistas – e só assim – ele se transformará numa grande potência. Até lá cabe a todos os brasileiros que não trairam a sua Pátria e não se submeteram ao dominio  dos DPM – donos do poder mundial, lutar de todas as formas possiveis pela independência econômica do Brasil, independência esta que é a condição básica para que nosso país ocupe o lugar que merece no cenário internacional, onde foi ultrapassado por muitos paises que adotaram estratégias do verdadeiro desenvolvimento nacional. Ai vai a segunda entrevista de Benayon, como parte do nosso projeto “Economia ao Alcance de Todos” que vai revelar todo o contéudo da caixa preta que domina a corrupção econômica do Brasil.

ML – O sr. tem se referido enfaticamente ao processo de corrupção de Fernando Henrique Cardoso e sua turma, vinculando-o às chamadas privatarias.  Na sua opinião o processo de corrupção de Lula e sua turma não teria nenhum esquema entreguista envolvido? Outra eventual diferença seria a dimensão do enriquecimento ilícito das duas turmas. Por exemplo: o patrimônio rural de FHC seria muito maior do que o de Lula? O de Serra muito maior que o de Zé Dirceu ou Genoino?

AB  – Sim, considero que as privatizações realizadas, em grande escala, durante os mandados de FHC representam o maior exemplo mundial, de todos os tempos, em matéria de corrupção, pois, de outro modo, não poderia ter havido o que houve. E o que houve?  Estatais federais,  bancos  e estatais estaduais entregues, não apenas de graça, mas fazendo a União gastar centenas de bilhões de reais. Essas empresas e bancos valiam  mais que dezenas de trilhões de dólares. Isso porque seu valor na época já era inestimável, insuscetível de ser medido em moedas criadas à vontade por bancos centrais a serviço de banqueiros golpistas, que levaram ao maior caos financeiro da história e desencadearam a depressão mundial, que deve durar mais e ser mais profunda que a famosa dos anos 30.  Então, como é possível, sem a mega-corrupção presente, entregar aqueles patrimônios fantásticos  acrescidos de vários presentes, como dinheiro em caixa, estoques, liquidação onerosíssima de passivos trabalhistas, doação de créditos fiscais, (por exemplo, havendo ágio no leilão, essa parte foi compensada por créditos fiscais), financiamentos privilegiados etc. etc., pagamento em títulos podres do preço estipulado nas fraudulentas avaliações, e gastando centenas de bilhões de dinheiro dos contribuintes, para dar tudo  não só de graça, mas, sim, por preço líquido negativo?

ML – Por que razão o sistema precisaria exagerar tanto nessa busca de vantagens e mais vantagens, chegando ao absurdo de dar tudo de graça? Para que tamanho exagero?

AB – O saqueio das estatais através das ‘privatizações’ foi, repito, o maior que já se fez no Brasil e no Mundo. E não foi o único que se fez no Brasil. Sabemos todos nós que houve muitos e enormes, durante o período mais nefasto da história do Brasil, os oito anos de FHC, antes dele e depois dele.  Para ficar só nesse período brutal, grupos financeiros mundiais, associados a alguns grupos locais e com a ajuda de testas-de-ferro, se apoderaram daqueles patrimônios colossais e, em vez de pagar, ainda receberam incríveis subsídios por isso. Então,  eu diria o seguinte: desde que o mundo é mundo, quando os saqueadores encontram pouca resistência ou têm meios de neutralizar a resistência, raras vezes eles se autolimitam, moderando o saqueio.

São conhecidos muitos exemplos, ao longo da história antiga e moderna, em que os invasores entravam num país, apoderavam-se do ouro, dos estoques de alimentos etc., aí incendiavam tudo e ainda passavam os vencidos ao fio da espada.  A tradição anglo-americana é provocar guerras, forjando incidentes, falseando os fatos, de tal forma a convencer sua opinião pública e a dos demais países que o agressor é o agredido, aí executam ações de guerra contra este, geralmente desprovido de condições de defesa, realizam saqueios incalculáveis, como ocorreu na índia, de forma intensa e continuada, nos séculos XVIII, XIX e primeira metade do XX. No caso da guerra do ópio, através da qual forçaram a admissão de drogas na China, para poder receber as belas manufaturas chinesas de então, sem despender ouro, intensificaram a exploração das riquezas da China e ainda cobraram indenização desse país, como se fosse ele que tivesse levado à guerra.

No Brasil, em termos militares, bastam os precedentes de ter sido forçado a entrar na 2ª Guerra Mundial e ceder bases nesse contexto e da presença nas costas brasileiras em 1964 de bem-armada esquadra norte-americana, pronta a apoiar os governadores de Minas, São Paulo e Rio, além dos comandos militares, insurretos contra o governo federal. Basta, ainda, de um lado, o super-armamento de potências imperiais, EUA e Reino Unido, com bases em toda a América do Sul, e, de outro, o completo desarmamento do Brasil, conseqüência do subdesenvolvimento do País causado pela desnacionalização da economia desde 1954 e pelo desmonte da indústria bélica nacional etc.

Com isso no pano de fundo, bastam para dominar o Brasil: o ataque ideológico, com a grande mídia a serviço das potências imperiais, a maior parte do pensamento político, econômico etc., emanado de universidades de nomeada financiadas por grandes empresas transnacionais; a mentalidade criada pela indústria do entretenimento, pelo marketing, pelas marcas estrangeiras e por aí vai. Com isso grande parte dos letrados e iletrados no Brasil tem a opinião formada pela VEJA, criada para isso com a ajuda de empresas ligadas à CIA, pela TV-Globo, idem, idem, além de outros grupos midiáticos.

Ainda assim,  houve resistência às privatizações por parte de manifestantes, alguns sindicais, e de membros do Ministério Público que fizeram petições demonstrando os absurdos das negociatas, obtendo liminares para sustá-las, as quais foram derrubadas em Tribunais Superiores, sabendo-se que a cúpula dos três poderes no Brasil se subordina por inteiro às pressões da oligarquia financeira mundial (à qual estão subordinados também os governos dos países ditos desenvolvidos, que a ajudam na pressão imperial sobre o Brasil).  De resto, os tribunais nunca examinaram o mérito das ações impetradas contra a privatização. Deixaram que ela ocorresse, cassando as liminares, e ficou tudo engavetado.

Hoje, portanto, ficou ainda mais sem sentido tentar avaliar as estatais privatizadas na moeda podre, que é o dólar, completamente inflacionado e destinado a ser trocado por outra moeda de vigaristas. De fato, o  dólar não vale mais quase nada, hiperinflacionado que está, e prestes a desabar ainda mais. Basta dizer que a onça de ouro beira US$ 1,400.00, e se cotava a pouco mais de 200 dólares em 2002. E isso ainda é só o começo.

E não foram só as privatizações:  há ainda as políticas e as medidas específicas para desnacionalizar as médias e grandes empresas de capital nacional, hoje também quase todas em poder de transnacionais, já que foram adquiridas por estas por frações de seu valor real, mesmo sem contar que esse valor seria muito mais elevado se mais de quatro quintos de sua população não vivessem em condições econômicas lamentáveis.

Não duvido de que também haja corrupção entreguista no governo de Lula. Entretanto, o grau de envolvimento deste com esse esquema me parece incomparavelmente menor do que o da gang tucana. Por que? Porque, se Lula não tomou medidas para reverter o processo que já vinha desde Collor, de entregar tudo, e foi intensificado por FHC, pelo menos o desacelerou grandemente.

ML – O Governo Lula estaria assim na sua opinião procurando atender, de forma bonapartista as duas vertentes básicas da economia – a que propõe a privatização e a que propõe a estatização –  para assim se pepetuar no Poder? Isso explicaria o apoio de Lula ao MST e ao Chávez?

AB – Não tenho elementos para responder essas perguntas objetivamente. Penso que Lula, que é, sem dúvida, homem esperto, trata de conseguir bases internas de sustentação política e eleitoral. Assim, dá prioridade a programas de distribuição de renda, evita o quanto pode políticas recessivas (embora não interfira na política de juros altos do BACEN, porque sabe que seria derrubado se  o fizesse). Em suma, seu objetivo é se manter no poder, enriquecer no processo, o que também ajuda na sustentação política, e vai manobrando entre o que se chamaria a direita e a esquerda.

A realidade é que qualquer presidente no Brasil só chega a isso – e até a candidato – se tiver o beneplácito do sistema de poder da oligarquia financeira anglo-americana. Logo ao ser eleito em 2002, Lula fez duas nomeações de imediato, determinadas por esse sistema: a de Meirelles para o Banco Central e Marina da Silva para o Meio Ambiente.

Mas em muitas áreas, inclusive a de defesa, a do desenvolvimento nuclear, houve apreciável melhora sob Lula.  Na área do petróleo, embora timidamente, Lula é muito menos entreguista do que a gang de FHC. Esta, já encarapitada no bonde de Serra, quer atender às transnacionais do petróleo de forma radical.

A política de infra-estrutura e o apoio ao agronegócio e aos grandes empreiteiros (esses estão contentes com Lula)  pode envolver corrupção, mas é muito menos nociva ao País do que aquela que privilegia exclusivamente empresas de capital estrangeiro e trata de enfraquecer grandes grupos nacionais a se venderem às transnacionais.

ML – A Rede Globo

e o Grupo Pão de Açúcar

que recorreram ao capital estrangeiro teriam sido também sido vitimas desta estratégia de desnacionalização ou se enfraqueceram devido à concorrência de outras empresas?  Curiosamente a Globo foi se socorrer de capital mexicano. (ou capital anglo-americano “nacionalizado”?)

AB – A Rede Globo, desde antes de 1964, foi capitalizada pelo poder imperial estrangeiro, podendo-se considerar uma associada tradicional ou, antes, uma subordinada local. Slim, o magnata mexicano da TV, tem trajetória semelhante à de Roberto Marinho. O Grupo Abílio Diniz faz parte da suboligarquia local que se alia ao capital estrangeiro. O enfraquecimento da posição concorrencial de empresas brasileiras é, na maioria dos casos, consequência da política econômica, da abertura da economia ao capital estrangeiro e das vantagens que este tem sobre as firmas nacionais. É vítima, portanto, da estratégia de desnacionalização: sendo a política econômica a que é, a empresa nacional tende a perder na concorrência. Não porque ela seja necessariamente menos competente, mas porque as transnacionais usam a força decorrente de sua dimensão em numerosos mercados mundiais, seu poder financeiro muito maior, seu acesso a crédito mais barato etc. Mesmo que sejam mais competentes, não há vantagem para o País em abrir o mercado para elas, porque após dominarem o mercado, seus cartéis só tratam de transferir ganhos para o exterior, e, assim, se produzem as crises de contas externas, o endividamento, a intervenção do FMI para priorizar o pagamento, a política de contenção de gastos, que elimina os investimentos produtivos e destina tudo aos pagamentos financeiros.

Finalmente, não vejo muito sentido em comparar os patrimônios acumulados no Brasil por corruptos de grande porte. Isso porque, em geral, não contamos com dados sobre o que eles acumularam em contas e em outros ativos no exterior.

ML – A criação das Nações Indigenas é um projeto de FHC? Lula fez alguma coisa para desmontar este projeto? E quanto às nossas riquezas minerais, como o nióbio, Lula tomou alguma providência ou aderiu ao entreguismo de FHC?

AB –  Obviamente, FHC é o príncipe dos entreguistas, mas está longe de ser o único deles.  As reservas indígenas vêm de bem mais longe, pois há decênios que as ONGs financiadas pela oligarquia mundial operam no Brasil, inserem-se na administração pública, controlam a FUNAI (como a área do meio-ambiente etc.) e executam o plano da oligarquia mundial, liderada no caso pela família real britânica. Sarney, podem dizer que é corrupto, e não sou eu que vou negar, mas política do jeito que ocorre nas pseudo-democracias aceitas como democracias pelo poder mundial, não se faz sem muito dinheiro, e quem não o arranja de algum modo, fica à mercê do poder absoluto das transnacionais e da mídia controlada por estas. Sarney não favoreceu as reservas indígenas, mas elas vêm de há mais tempo, tendo tido grande impulso com a reserva dita ianomâmi sob a impulsão de Jarbas Passarinho (governo Collor). Nesse ponto o PT é alienado e segue praticamente a mesma linha de FHC, de intensificar a expansão dessas zonas, destinadas a reservar os recursos minerais mais valiosos (preciosos e estratégicos) para a oligarquia financeira anglo-americana. Pode ser que ceda por pressão da coroa britânica e de outros donos do poder financeiro mundial, mas o faz.

ML – Depois desta onda avassaladora de corrupção que dominou o Brasil nos últimos 16 anos, o sr. não acha que embora a corrupção seja apenas um sintoma de uma grave enfermidade sistêmica, ela deveria estar na pauta dos principais problemas brasileiros? Ou o sr. propõe que a corrupção só será eliminada (ou reduzida significativamente) depois que for implantado um novo sistema econômico em nosso país?

AB –  Realmente a corrupção é sistêmica. Tentar combatê-la apenas no varejo só agrava o problema. Ou seja, por exemplo, quando o sistema condena gente honesta como os Capibaribe, do Amapá, e os deixa como ficha-suja, não só comete grave injustiça, mas favorece os corruptos, inclusive de alto coturno, que servem o sistema de poder, comandado pelas transnacionais. Mesmo, quando o político é corrupto de fato,  como Roriz, o próprio Sarney, Maluf, Quércia e muitos outros, ainda assim ele é “n” vezes preferível a indivíduos como Sérgio Cabral, Aécio Neves, Marina da Silva e “n” outros que estão aí com o favorecimento do sistema de poder mundial, praticando a corrupção no varejo e no atacado. Por fim, lembro que a mega-corrupção não é fenômeno típico dos últimos dezesseis anos. Em meu livro Globalização versus Desenvolvimento, menciono, entre outras coisas, três lances incríveis de corrupção (só na área do petróleo) havidas no governo do general Geisel, praticadas por e através de Shigeaki Ueki, como presidente da estatal e como ministro das Minas e Energia. Denunciados os esquemas a Geisel por seu secretário particular, o presidente demitiu a este e não a Ueki. Há que recordar também, entre os destaques da mega-corrupção mais antiga, os favorecimentos incríveis prestados ao Japão por Eliezer Batista, à frente da Vale Rio Doce e do mesmo ministério das Minas e Energia.

ML – O sr. tem se colocado simultaneamente contra o capitalismo e contra o socialismo marxista que prega a extinção da sociedade dividida em classes sociais. No que a sua proposta voltada para “economia de mercado” se distingue do capitalismo? A economia de mercado não é uma das premissas do capitalismo? O que diferencia a sua economia de mercado da economia capitalista?

AB – A economia de mercado é antítese do capitalismo, na medida em que o defino como o sistema que permite e favorece a concentração econômica, não impondo qualquer limite legal, nem intervenção estatal alguma, voltada para impedir a eliminação da economia de mercadoque é uma estrutura de mercadona qual  existe concorrência e, portanto, incentivo à criatividade e ao desenvolvimento de tecnologias competitivas. Economia de mercado significa uma economia em que o mercado é uma espécie de arena em que os bens e serviços se impõem por sua qualidade e preço. Capitalismo, ao contrário, é caracterizado pelo predomínio de oligopólios, cartéis e monopólios. Sob o capitalismo, o mercado não decide nada (portanto, não é economia de mercado). Tudo está previamente decidido administrativamente pelas empresas dominantes, que, assim, obtêm lucros abusivos, fazem crescer assim seu poder, cada vez mais absoluto.  As decisões administrativas, no caso, são piores ainda do que as de uma economia estatizada, pois certamente terão como único objetivo incrementar sempre mais o poder absoluto dos grupos “privados” dominantes. Com isso, estes, cada vez, mais detêm poder absoluto sobre a política. O sábio Machiavello já ensinava, no final do século XV e início do século XVI, que há duas fontes principais de poder: o ouro e as armas, e um se conquista por meio do outro. Fica claríssimo que concentração de poder econômico implica tirania política. Eis porque falar de democracia, nas ditas democracias ocidentais, não passa de piada de péssimo gosto,

Se a sua “economia de mercado” mantém a propriedade privada dos meios de produção, o que implica a manutenção da relação patrão-empregado, porque não considerá-la como um aprimoramento  do capitalismo?

AB – Não vejo nada errado com a relação patrão-empregado. Mesmo numa estatal, os diretores-eecutivos têm de agir, na prática, como patrões e outros funcionários como empregados. No Japão e alguns outros países (no Brasil também ocorre em alguns casos)  estes não deixavam de opinar sobre vários aspectos da produção e suas idéias eram discutidas em prol da empresa.

As constituições bem intencionadas (nesse aspecto) costumam incluir a norma da função social da propriedade. Isso significa que deve haver propriedade privada dos meios de produção. Do contrário, o poder fica desequilibrado, sem grupos sociais com capacidade de atuar politicamente sem pertencerem ao aparelho do Estado ou à administração de estatais. Além disso, há que dar espaço à criatividade, ao empreendedorismo, que são  coisas muito positivas para economia, mas só florescem dentro de empresas não muito grandes. Não existem nas que controlam mercados a seu bel-prazer, com pouca ou nenhuma concorrência.

Isso quer dizer que o capitalismo valha a pena? Não. De jeito nenhum, pois, um sistema qe admite a concentração ilimitada do capital retira totalmente a função social da propriedade, e faz que o mundo dos negócios se torne o campo das ambições diabólicas, em que os líderes de grupos poderosos se comprazem em acumular poder despótico, gerando depressões, com o empobrecimento da classe média, fazendo e desfazendo governantes, como no cenário mundial atual, em que os grandes banqueiros fizeram lucros gigantescos com falcatruas financeiras e, quando estas deram com os burros n’água, receberam trilhões de dólares de ajuda dos governos dos EUA e dos governos europeus. Isso, enquanto o desemprego, que já não era pequeno, dobrou. Pergunto, isso é economia de mercado? Não isso é a coisa mais absurda que já ocorreu sobre a face da Terra.

Conclusão: não faz sentido essa de a economia de mercado  ser aperfeiçoamento do capitalismo. O capitalismo é a degeneração da economia de mercado. Solução relativamente simples: impedir essa degeneração, por meio de leis, desde a Constituição, e por meio de controle social permanente, o qual só pode funcionar, enquanto o poder econômico estiver razoavelmente disseminado e, não como, no capitalismo, cada vez mais concentrado em mãos necessariamente malignas. Ou alguém concebe que se acumulem empresas e patrimônios de trilhões de dólares sem pensar senão em poder, poder e mais poder, sem qualquer respeito ou contemplação com o semelhante?

ML – O governo Lula, ao se distanciar dos EUA e se aproximar de seu clássico rival, a Inglaterra, não revelou assim  que fez uma opção definitiva pelo capitalismo, opção essa confirmada pela aceitação e pagamento de nossa divida externa?

AB –  Não sei em que Lula se aproximou da Inglaterra e se afastou dos EUA. Além disso, esses dois não são rivais. Os dois países poderiam até ser, mas as respectivas oligarquias, que vêm mantendo poder absoluto em ambos, são associadas, a ponto de formar um bloco só: a oligarquia financeira anglo-americana.

Com a entrada dos Bric’s no mercado mundial, o sr. não acha que o poder anglo-americano deixou de ser hegemônico? Os Estados Unidos não são hoje dependentes novo Império Asiático liderados pela China?

AB – Não creio que exista império asiático. É possível que a ascensão da China represente um avanço na direção de um contexto de poder mundial menos desequilibrado. Mas ainda falta muito. Há que ver como a Índia e a Rússia evoluem, pois poderiam formar com a China um bloco capaz de resultar em avanço maior nessa direção. Mas o império ainda detém poder militar incomparavelmente maior que o desses todos reunidos e usa todos os seus recursos, inclusive os de seus serviços secretos, em que também investe pesado, para suscitar divisões, conflitos e guerras que façam manter sua hegemonia.

ML – Quais foram as medidas tomadas pelo Governo Lula que poderiam ser assimiladas pelo seu sistema de economia de mercado?

AB – Intencionalmente, não sei se houve alguma. Mas, quando se fomentam obras de infra-estrutura, e se realizam programas de distribuição de renda  (embora se devessem criar os que geram trabalho diretamente, e não só indiretamente, como os atuais),  se está expandindo o mercado. Mais importante, ainda, dar deliberadamente algum espaço a empresas nacionais em grandes obras, como as das plataformas de petróleo, constitui algo bem positivo, atenuando um pouco os efeitos das criminosas privatizações. Estas, de fato, entre suas perniciosas conseqüências, fizeram com que as grandes estatais deixassem de alocar obras  para empresas nacionais, e de pôr especificações nas concorrências que viabilizassem a presença de pequenas e médias empresas nacionais de boa tecnologia, como ocorria, com as estatais, no setor  hidrelétrico, nas telefônicas etc.
http://www.maoslimpasbrasil.com.br/

“Prós e Contras” de Lisboa


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António Hespanha dispensado da Universidade Autónoma

por causa de opinião no programa “Prós e Contras”

António Granado

 

António Hespanha dispensado da Universidade Autónoma por causa de opinião no programa Prós e Contras
                                                                                                                                  António Hespanha/RTP

O professor António Hespanha foi dispensado pela Universidade Autónoma de Lisboa por causa de críticas que terá formulado no programa “Prós e Contras” da RTP1 à falta de investimento no ensino superior privado, anunciou o próprio no seu blogue.

“As justificações apresentadas são fantasiosas e vazias, pelo que é seguro que há outras, porventura relacionadas com uma brevíssima crítica que formulei, num “Prós e Contras” em que se comparava a qualidade dos setores público e privado”, escreve António Hespanha. “A propósito, referi a falta de uma política de investimento científico e académico do ensino superior privado em geral (nem sequer referi a UAL) e a consequente dependência em que isso o coloca perante o ensino público. Esta opinião é, de resto, favorável à real autonomia e a um desenvolvimento correto e sustentado das universidades privadas, como hoje está patente, pela positiva – veja-se o caso da Universidade Católica – e pela negativa”.

Numa carta dirigida aos seus ex-alunos de 2011-2012 na Universidade Autónoma de Lisboa, António Hespanha anuncia que deixou de ser professor na UAL: “Inesperadamente e pela calada das férias, a direção mandou-me dizer, por carta de interposta pessoa, que punha fim à minha colaboração.”Sei que este desfecho foi promovido apenas por alguns, que conseguiram levar avante a sua decisão. Não envolvo, por isso, nele, nem toda a direção, nem os restantes órgãos da Universidade, nem os meus Colegas de Departamentos, nem os funcionários, nem os estudantes. Creio bem que muitos destes se sentirão muito incómodos por isto acontecer, ainda que – por razões que se compreenderão – se mantenham discretos”.

António Hespanha, que entre 1999 e 2011 foi professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa e agora era professor catedrático dos departamentos de Direito e de Relações Internacionais da UAL, termina a sua carta com um lamento à falta de liberdade de expressão que se vive em muitas instituições portuguesas: “Em algumas instituições da nossa vida pública e privada, vai sendo muito penalizador dizer-se o que se pensa, mesmo em instituições em que a verdade e a liberdade deviam estar antes de tudo, como é o caso das Universidades”. E formula um voto para os seus ex-alunos: “Pode ser que nos encontremos em outros lugares e que possamos retomar diálogos proveitosos e de boa memória”.

Veja aqui o programa “Prós e Contras”, onde António Hespanha participou.

 http://www.rtp.pt/play/p40/e85816/pros-e-contras

Inovação perturbadora no ambiente universitário


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TECNOLOGIA DA EDUCAÇÃO

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Os criadores do Lore: Getelman, Cohen e Granpre. Rede social cresce cada vez mais nas salas de aula (Reprodução/Internet)
 

Inovação perturbadora no ambiente universitário

Nova rede personaliza as regras das redes sociais para se adaptar às necessidades específicas dos estudantes

 

Não há nada de novo em abandonar a faculdade para começar uma nova empresa de tecnologia. O toque inovador de Joseph Cohen, Dan Getelman e Jim Granpre é que a sua nova empresa de tecnologia pretende melhorar o modo de funcionamento das universidades. Em maio de 2011, os três fundadores abandonaram a Universidade da Pensilvânia para abrir a Coursekit, cujo nome rapidamente foi trocado para Lore, projeto  que já angariou US$ 6 milhões para desenvolver o que Cohen, o executivo-chefe de 21 anos da empresa, descreve como “uma rede de aprendizagem social para a sala de aula”.

A Lore é parte de uma tendência que se baseia na familiaridade com redes sociais que resultou do sucesso do Facebook. A rede personaliza as regras das redes sociais para se adaptar às necessidades específicas dos estudantes. Qualquer pessoa que estivesse lecionando uma matéria se preocuparia que os estudantes que estivessem usando o Facebook estariam fofocando em vez de estarem aprendendo informações úteis a partir de sua rede de amigos. O Lore permite que os professores controlem exatamente quem pode estar na rede (por meio da emissão de um código de filiação à aula) e monitore como os alunos a estão usando. Eles também podem distribuir materiais da matéria, contatar estudantes, organizar testes e notas e decidir qual dessas informações serão públicas e qual serão privadas. Os estudantes também podem interagir entre si.

No ano acadêmico após o lançamento da primeira versão da Lore, a rede foi usada por pelo  menos uma matéria em 600 universidades e faculdades. A meta da rede para o segundo ano, que está prestes a começar, é espalhar-se rapidamente nessas 600 instituições a fim de verificar os efeitos de escala que resultam da inscrição de muitas matérias inscritas dentro da mesma instituição.

A empresa tem um grupo cada vez maior de fãs na sala de professores. A Lore, afirma Edward Boches, que a usa para divulgar matérias na Universidade Boston, torna o ato de ensinar “mais interativo e estimula os estudantes a aprenderes uns com os outros em vez de apenas receber o conhecimento do professor”.

Fontes: The Economist-Another click on the wall

 

Polícia encontra duas toneladas de urânio na Bolívia


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MATERIAL RADIOATIVO

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Policiais guardam caminhão com o material radioativo (Fonte: Reprodução/Reuters)
 

Polícia encontra duas toneladas de urânio na Bolívia

Não há informações sobre se os vizinhos do prédio onde o material foi encontrado vão precisar fazer exames médicos

Uma descoberta nada convencional foi anunciada pelo governo boliviano nesta terça-feira, 28: cerca de duas toneladas de urânio, um material radioativo, foram encontradas em um prédio na capital La Paz.

O vice-ministro boliviano do Interior, Jorge Pérez, disse que “são cerca de duas toneladas de material que se usa para a construção de armamento nuclear”, ressaltando ainda que “a informação preliminar aponta para um alto nível de radioatividade”.

O governo da Bolívia não revelou, no entanto, como o mateSaco contendo vestígios de urânio encontrado no Centro de La Paz. (Foto: Reuters)Saco contendo vestígios de urânio encontrado no Centro de La Paz. (Foto: Reuters)rial foi localizado e para onde foi levado. Também não há informações sobre se os vizinhos do local vão precisar fazer exames médicos.

Boatos circularam na imprensa

O material radioativo foi encontrado na garagem de um prédio a poucos metros das embaixadas do Brasil e dos EUA em La Paz.

A imprensa boliviana especulou no ano passado que Bolívia e Irã teriam feito um acordo para explorar urânio, o que foi negado pelo governo.

A inviabilidade do trem-bala


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TRANSPORTE

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Projeto pretende interligar São Paulo e Rio de Janeiro (Reprodução/Internet)
 

A inviabilidade do trem-bala

Dificuldade com prazo de entrega, alto custo, falta de estimativas de demanda são alguns problemas que tornam o trem-bala inviável

por Marcos Cintra

O governo não desistiu do chamado Trem de Alta Velocidade (TAV), mais conhecido como trem-bala. Esse polêmico projeto, que tem  custo estimado em R$ 33,2 bilhões, pretende interligar São Paulo e Rio de Janeiro. A previsão é que as obras ocorram entre 2014 e 2019.

A ideia agora é tentar viabilizá-lo por meio de uma parceria do poder público federal com a iniciativa privada, com o governo assumindo todos os riscos do empreendimento.

Em primeiro lugar, com base no estudo Trens de Alta Velocidade: Experiência Internacional, de Sander Lacerda, economista do BNDES, entregar o TAV em 2019 é uma meta difícil de ser cumprida, quando se vê que na Coreia do Sul a primeira fase de implantação do trem-bala, com 224 quilômetros de extensão, precisou de dez anos para ser concluída. O governo pretende construir mais de 500 quilômetros em seis anos, sendo que projetos dessa magnitude costumam encontrar resistência de ambientalistas, causando atrasos nas obras.

Outra questão se refere ao custo de R$ 33,2 bilhões do TAV. Há estimativas apontando que ele seria pelo menos um terço mais caro e outras calculam que pode chegar a R$ 50 bilhões. Esse é um ponto de difícil comparação porque há aspectos que, conforme lembra o estudo do BNDES, variam em função das características do terreno, condições de financiamento, quantidade de estações etc. Mas cumpre citar que no caso dos 224 quilômetros da Coreia do Sul foram gastos US$ 16 bilhões, o equivalente a R$ 32 bilhões.

Um terceiro ponto a se considerar é que a ideia de ligar São Paulo ao Rio de Janeiro através do trem-bala, que pode levar uma hora e meia para percorrer o trajeto, sugere que essa seria uma alternativa viável ao transporte aéreo e que isso poderia servir para desafogar o superlotado aeroporto de Congonhas. Ocorre que um levantamento realizado em 2008 estimou que seu tráfego aéreo seria reduzido em apenas 8,8% com o TAV.

Uma quarta questão é a falta de estimativas precisas da demanda para os serviços do TAV. Tempos atrás, as tarifas econômicas máximas foram definidas entre R$ 149,85 para os horários normais e R$ 199,73 nos horários de pico. Mas, como ficaria a viabilidade do projeto se a procura fosse muito aquém da esperada? Poderá haver comprometimento dos serviços ou as tarifas serão majoradas, tornando o serviço incapaz de concorrer com o transporte aéreo?

Além disso, é importante chamar a atenção para o fato do TAV existir apenas em países de renda elevada, como França, Japão, Inglaterra, Coreia do Sul e outros.

O governo deveria agir com bom senso e esquecer o trem-bala. O dinheiro  gasto nesse projeto traria maior benefício se aplicado na expansão do metrô nas principais capitais. Só na cidade de São Paulo, que precisa urgentemente investir em transporte público de alta capacidade, daria para construir pelo menos mais 180 quilômetros de vias, o que multiplicaria por quatro a atual malha metroviária.

O TAV pode criar uma imagem de modernidade para o País, mas a relação custo- benefício do projeto não o justifica.

Projeto deve ter um foco sobre os povos indígenas da ONU


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Fundo 2013 Visão Global

United Nations Permanent Forum on Indigenous Issues

O Fundo Fiduciário para a Segunda Década foi criada para promover, apoiar e implementar os objectivos da Década. O Grupo Consultivo para o Fundo Fiduciário para a Segunda Década é composto por membros da Mesa do Fórum Permanente.

Organizações indígenas ou organizações que trabalham para os povos indígenas podem se candidatar a bolsas pequenas do Fundo Fiduciário.

Orientações para candidatos para o Fundo estará disponível quando a chamada se abre a cada ano.

Espera-se que o Fundo será principalmente utilizado para projetos de pequenas doações, com um orçamento de até 10.000 dólares EUA que cobrem as despesas de um ano.

2013 Chamada de Propostas

Os pedidos de subvenções no âmbito do Programa de Pequenas Subvenções sob a Segunda Década serão aceitas entre 01 de agosto de 2012 e 1 de Outubro de 2012. As candidaturas deverão ser enviadas para: indigenousfund@un.org durante este período de tempo.

O Fundo dará prioridade a projetos que se concentram nas áreas de saúde (física e mental bem-estar) e educação (como revitalização da língua).

As propostas serão avaliadas pela Secretaria do Fórum Permanente da ONU sobre Questões Indígenas, em Maio de 2013 e os candidatos aprovados receberão aviso depois. Uma lista de organizações concedeu subsídios também serão postados neste site.

Por favor, note:
Uso de Formulário de Inscrição é obrigatória, e todas as informações devem ser apresentados conforme solicitado no formulário de candidatura;

Projeto deve ter um foco sobre os povos indígenas

e deve se concentrar nas áreas de saúde ou educação
Projetos serão desconsideradas se a informação necessária não está presente;
Informações adicionais relativas a proposta não será aceita fora do prazo de submissão;
Os pedidos apresentados fora deste período de tempo ou para outros endereços de email não serão considerados para financiamento.
Orientações gerais para aplicar para o Fundo Fiduciário: PT | ES |​​ FR | Русский
Formulário de Inscrição para apresentação de propostas de projetos: PT | ES |​​ FR | Русский

DICAS SOBRE COMO APLICAR à apresentação de propostas:
Prazo para apresentação de propostas: 01 de outubro de 2012
Proposta deve ser entregue por e-mail para

indigenousfund@un.org

Ele também pode ser enviada por correio normal para:
Secretariado do Fórum Permanente sobre Questões Indígenas
Divisão de Política Social e Desenvolvimento
Departamento de Assuntos Económicos e Sociais
2 UN Plaza, Room DC2-1452
New York, NY 10017, E.U.A.
Os projetos devem ser implementados ao longo de um período de 12 meses;
Os projectos serão seleccionados numa base competitiva, com financiamento máximo de EUA $ 10.000 por projeto


Os projetos podem ser apresentados em

Inglês, Francês, Espanhol ou Russo;
Mais informações podem ser solicitadas;
A notificação será enviada apenas para projetos seleccionados;
Procedimentos financeiros e administrativos serão realizadas de acordo com as regras das Nações Unidas e regulamentos.
Documentação obrigatória (obrigatório):
1. Estatuto jurídico da organização (emitidos a nível local, regional ou nacional);
2. Estatuto da organização;
3. Certificado de consentimento livre, prévio e informado dos povos indígenas envolvidos no projeto. O consentimento pode ser documentado através de uma carta assinada pelos líderes tradicionais / representantes da comunidade indígena. Isto deve incluir o nome / posição s, e detalhes de contato.
Documento Lista de Verificação:
Proposta completa
Perfil Organizacional
Uma cópia do registro legal da organização
Conta Banco – este deve estar no nome da organização
Certificação de Consentimento Livre, Prévio e Informado
Orçamento em dólares dos EUA
Plano de actividades (plano de trabalho de implementação)

IMPORTANTE:

Todas as informações solicitadas devem ser fornecidas. Se não o fizer será automaticamente excluir a proposta de consideração.

Educação na mira de uma menina de 13 anos


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VIRAL NO FACEBOOK

Educação na mira de uma menina de 13 anos

Isadora Faber criou uma página no Facebook para divulgar os problemas da instituição onde estuda

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‘Diário de Classe’: novo fenômeno viral do Facebook (Fonte: Reprodução)

 

Uma menina de apenas 13 anos está se tornando um novo fenômeno viral do Facebook por causa de uma iniciativa pouco convencional. Isadora Faber, aluna da Escola Municipal Maria Tomázia Coelho, de Florianópolis, resolveu usar a rede social para divulgar os problemas da instituição onde estuda.

A página criada pela menina, chamada “Diário de Classe”, já foi curtida por quase 40 mil pessoas (nesta segunda-feira, 27, eram apenas 5 mil curtições), que agora acompanham a rotina da escola através de fotos, vídeos e comentários postados pela estudante, que não poupa críticas. Criada em julho, até o começo de agosto a página “Diário de Classe” tinha pouco mais de 400 fãs.

Represálias na escola

Em entrevista à Veja, Isadora disse que não esperava todo o sucesso da página, ressaltando que acredita que “as pessoas querem realmente saber como as escolas públicas funcionam”.

Isadora diz que as reclamações publicadas na rede, que vão desde problemas na infraestrutura da escola a críticas à forma de ensino, têm incomodado os docentes, que pedem frequentemente para a página ser retirada do ar. A direção da escola ainda não se manifestou.

Inspiração veio da Escócia

A estudante, que garante que mantém a página sozinha, conta que também vem enfrentando resistência dos amigos. “Eles acham que eu estou publicando essas coisas para prejudicar a escola. Fora da escola, eles até me apoiam. Lá, porém, dizem que são contra”, afirmou em entrevista à Veja.

A mãe de Isadora diz que está feliz com a repercussão da página e que alertou a estudante de que ela poderia receber represálias na escola.

Isadora explica que se inspirou na escocesa Martha Payne, de 9 anos, que criou um blog para criticar a qualidade da merenda de sua escola. A página na internet recebeu mais de 1 milhão de acessos, incluindo apoio do famoso chef Jamie Oliver.

Palavras para pensar!


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Palavras para pensar!

Estive a rever as minhas anotações de leituras e decidi selecionar algumas palavras que, a meu ver, permanecem atuais e talvez instiguem a reflexão:

“… o longo hábito de não pensar que uma coisa seja errada lhe dá o aspecto superficial de ser certa, e ergue de início um temível brado em defesa do costume. Mas o tumulto não tarda em arrefecer. O tempo cria mais convertidos do que a razão” (Thomas Paine). [1]

“A persuasão e a violência podem destruir a verdade, não substituí-la” (Hannah Arendt) [2]

“O culto da juventude é pueril: os adultos que o praticam não estão ajudando os jovens a amadurecer e contribuem para que mergulhem na sua infelicidade. “Qui n’a pás l’ esprit de son âge, de son âge a tout le malheur”. “Quem não possui o espírito da sua idade, tem dela toda a desdita” (Raymond Aron). [3]

“O patriotismo é, na vida política, o que a fé é na religião; está para os sentimentos domésticos e a saudade da pátria como a fé para o fanatismo e a superstição” (Lord Acton). [4]

“O prazer do texto não tem preferência por ideologia” (Roland Barthes). [5]

“Como, porém, aprender a discutir e a debater numa escola que não nos habitua a discutir, porque impõe? Ditamos idéias. Não trocamos idéias. Discursamos aulas. Não debatemos ou discutimos temas. Trabalhamos sobre o educando. Não trabalhamos com ele. Impomos-lhe uma ordem a que ele não se ajusta concordante ou discordante, mas se acomoda. Não lhe ensinamos a pensar, porque recebendo as fórmulas que lhe damos, simplesmente as guarda. Não as incorpora, porque a incorporação é o resultado da busca de algo, que exige, de quem o tenta, esforço de realização e procura, exige reinvenção” (Paulo Freire). [6]

“Essa ilusão de verdade, que se chama impressão de realidade, foi provavelmente a base do grande sucesso do cinema. O cinema dá a impressão de que é a própria vida que vemos na tela…” (Jean-Claude Bernadet[7]

“A primeira tarefa dos intelectuais deveria ser a de impedir que o monopólio da força torne-se também o monopólio da verdade” (Norberto Bobbio). [8]

“Seria preciso, acreditam certos críticos, uma forma impassível, fria e impessoal; para tais gentes, todo o argumento perde o caráter científico sem esse verniz de impassibilidade; em compensação, bastaria afetar imparcialidade, para ter direito a ser proclamado – rigorosamente científico. Pobres almas!… Como seria fácil impingir teorias e conclusões sociológicas, destemperando a linguagem e moldando a forma à hipócrita imparcialidade, exigida pelos críticos de curta vista!… Não; prefiro dizer o que penso, com a paixão que o assunto me inspira; paixão nem sempre é cegueira, nem impede o rigor da lógica” (Manoel Bonfim). [9]

“É preciso reconhecer que muitas de nossas lembranças, ou de nossas idéias, não são originais: foram inspiradas nas conversas com os outros. Com o correr do tempo, elas passam a ter uma história dentro da gente, acompanham a nossa vida e são enriquecidas por experiências e embates” (Ecléa Bosi). [10]

“Olhar tem a vantagem de ser móvel, o que não é o caso, por exemplo, de ponto de vista. O olhar é ora abrangente, ora incisivo. O olhar é ora cognitivo e, no limite, definidor, ora é emotivo ou passional. O olho que perscruta e quer saber objetivamente das coisas pode ser também o olho que ri ou chora, ama ou detesta, admira ou despreza. Quem diz olhar diz, implicitamente, tanto inteligência quanto sentimento” (Alfredo Bosi[11]

“…em sociedades como a nossa, a universidade prepara quadros de “funcionários da ideologia” dispostos a produzir os discursos condizentes com os interesses dos grupos detentores de poder” (Sergio Miceli[12]

“Os jornalistas observam freqüentemente com muita satisfação que os universitários precipitam-se para a mídia, solicitando uma análise crítica, mendigando um convite, protestando contra o esquecimento a que são relegados e, ao ouvir seus testemunhos bastante terrificantes, somos levados a duvidar de fato da autonomia subjetiva dos escritores, artistas e dos cientistas” (Pierre Bourdieu[13]

“A linguagem de autoridade governa sob a condição de contar com a colaboração daqueles a quem governa, ou seja, graças à assistência dos mecanismos sociais capazes de produzir tal cumplicidade, fundada por sua vez no desconhecimento, que constitui o princípio de toda e qualquer autoridade” (Pierre Bourdieu[14]

“O sacerdócio teórico vive do erro teórico, que lhe cabe identificar, denunciar, exorcizar: a “tentação”, o “desvio” ou a “recaída” estão em todo lugar e até mesmo em seu próprio discurso…” (Pierre Bourdieu[15]

“O emprego seguro que os professores fazem do idioma universitário não é mais casual que a tolerância dos alunos à obscuridade semântica. As condições que tornam o mal-entendido lingüístico possível e tolerável estão inscritas na própria instituição: não só as palavras mal conhecidas ou desconhecidas aparecem sempre em configurações estereotipadas capazes de alcançar o sentimento do já entendido, como a linguagem do magistério possui a consciência completa da situação onde se realiza a relação de comunicação pedagógica, com seu espaço social, seu ritual, seus ritmos temporais, em suma todo o sistema de coerções visíveis ou invisíveis que constituem a ação pedagógica como ação de imposição ou de inculcação de uma cultura legítima” (Pierre Bourdieu & Jean Claude Passeron[16]

Por ora, paremos por aqui! E você, caro(a) leitor(a), quais palavras acrescenta a estas reflexões?! Qual é a sua reflexão sobre as citações aqui selecionadas?


[1] PAINE, Thomas. Senso Comum e outros escritos políticos. São Paulo: IBRASA, 1964, p. 4. (Clássicos da Democracia)

[2] ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. São Paulo, Editora Perspectiva, 2001, p. 320.

[3] ARON, Raymond. Estudos PolíticosBrasília: UnB, 1985, p. 295-296.

[4] ACTON, Lord. Nacionalidade. In: BALAKRISHNAN, Gopal. (Org.) Um mapa da questão nacional. Rio de Janeiro: Contraponto, 2000, p. 38.

[5] BARTHES, Roland. O prazer do texto. São Paulo: Editora Perspectiva, 2004, p. 40.

[6] Citado in BEISIEGEL, Celso de Rui. Política e educação popular: a teoria e a prática de Paulo Freire no Brasil. São Paulo, Ática, 1982, p. 100.

[7] BERNADET, Jean-Claude. O que é Cinema. São Paulo: Brasiliense, 2006, p. 12.

[8] BOBBIO, Norberto. Os intelectuais e o poder: dúvidas e opções dos homens de cultura na sociedade contemporânea. São Paulo, Editora UNESP, 1997, p. 81.

[9] BONFIM, Manuel. A América Latina. In: SANTIAGO, Silviano. (Org. ) Intérpretes do Brasil. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 2000, p. 631.

[10] BOSI, Ecléa. Memória e Sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: Companhia das Letras, 1994, p. 407.

[11] BOSI, Alfredo. Machado de Assis. O enigma do olhar. São Paulo: Ática, 2000, p.10.

[12] In BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. São Paulo, Editora Perspectiva, 1974, p. LV.

[13] BOURDIEU, Pierre. Sobre a Televisão. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed., 1997, p. 87.

[14] BOURDIEU, Pierre. A Economia das Trocas LingüísticasO que falar quer dizer. São Paulo, Edusp, 1998, p. 91.

[15] Idem, p. 164.

[16] BOURDIEU, Pierre; PASSERON, Jean Claude. A Reprodução – Elementos para uma teoria do sistema de ensino. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1982, p. 121.

Visitar um asteroide a pensar em Marte


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Visitar um asteroide a pensar em Marte

Visitar um asteroide a pensar em Marte

No centro espacial da NASA em Houston se desenrola uma atividade virtual: está em curso um treino para o desembarque de astronautas num asteroide. De acordo com as diretivas do presidente dos EUA Barack Obama, uma expedição real desse género deverá ser realizada até 2025.

Os treinos do RATS 2012 (Research and Technology Studies Program) são efetuados em um dos espaçosos pavilhões com uma maquete de uma nave espacial do futuro. À sua frente se encontra um grande ecrã com a imagem de um asteroide real, o Itokawa, parecido com uma batata de 530 metros. Comandando a nave a partir do seu interior, se pode “sobrevoar” o Itokawa, executar a “aproximação” e a “aterrizagem” na sua superfície, controlando os procedimentos através do ecrã. A simulação é muito realista: é utilizada uma filmagem desse asteróide feita em 2005 durante a missão de uma sonda japonesa. Os cientistas também incluem “passeios espaciais”: para a reconstrução da fraca gravidade no asteroide, as pessoas são suspensas horizontalmente sobre as pedras grandes que se encontram no chão.

Efetuar treinos num estádio muito precoce do projeto é típico dos estadunidenses, refere o perito em cosmonáutica Igor Lisov.

“Se se chegar à altura em que a nave da NASA Orion começar a voar, já seria bom se isso ocorresse em 2019, então se poderá preparar treinos mais racionais e aproximados à realidade. Mas estes, por enquanto, também são úteis. Este asteróide é retorcido, a sua força da gravidade está distribuída de uma forma estranha. Por isso, é interessante experimentar como se iria movimentar uma nave em seu redor com um modelo realista, mesmo que seja por computador.”

Ao desembarque no asteróide também foram dedicados os treinos do mês de junho NEEMO 16 (NASA Extreme Environment Mission Operations Program) junto à costa sul da Florida. A tripulação viveu no laboratório subaquático Aquarius, que se encontra a uma profundidade de 62 pés. A tripulação de 4 elementos incluía astronautas da NASA e das agências espaciais europeia e japonesa. Saindo com garrafas de mergulho, os tripulantes eram fixados com ganchos e cabos ao fundo marinho para recolher amostras do solo. A imitação subaquática da imponderabilidade é usada há muito tempo, explica o investigador doInstituto de Estudos Espaciais Alexander Rodin.

“No nosso Centro de Treino de Cosmonautas já há 40 anos que as pessoas trabalham na piscina. Tudo isso já está muito estudado. Também se usam os simuladores virtuais, tanto na cosmonáutica como na aviação.”

No outono do ano passado, terminou em Moscou a simulação de uma expedição a Marte denominada Mars-500. Seis voluntários foram mantidos isolados do mundo exterior na maquete de uma nave durante 520 dias. Segundo Alexander Rodin, experiências desse género também devem fazer parte dos planos da NASA.

“Decidiram, por enquanto, não informar a mídia. Quando fôr preciso sabê-lo-ão. O fato de se estar a preparar o desembarque no asteróide antes do desembarque em Marte é natural e correto. Do ponto de vista da balística de vôo é bastante mais fácil a decolagem de um asteróide do que de Marte. É uma decisão muito inteligente de treinar o vôo do homem para outros planetas começando pelos asteróides.”

A NASA diz que a futura expedição ao asteroide que agora estão a preparar será ela própria um prelúdio do vôo a Marte. Tendo a NASA rejeitado o desembarque na Lua, o asteroide será um objetivo intermédio ideal, onde se pode adquirir a experiência necessária para a missão marciana impossível de obter na órbita terrestre.

Hidrelétricas: ruim com elas, pior sem elas?


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TENDÊNCIAS E DEBATES

Hidrelétricas: ruim com elas, pior sem elas?

Ministério público e ONGs ambientalistas apertam o cerco às hidrelétricas. A ironia é que sem elas a poluição é maior

por Hugo Souza

Os Ministérios Públicos Federal e Estadual do Mato Grosso do Sul acabam de entrar com uma ação contra a União, a Aneel, o Ibama, e mais meia dúzia de entidades públicas contra a construção de 149 hidrelétricas com reservatórios de água na região da maior planície alagável do mundo, sem trocadilho.

O Ministério Público quer a suspensão das obras enquanto não se fizer um estudo único sobre o impacto cumulativo delas no meio ambiente. Os procuradores, entretanto, não parecem carecer de estudo algum para definirem sua posição acerca do tema, e têm sido tão enfáticos ao comentar o que motivou a ação do Pantanal que chegam a fazer até mesmo os que têm dúvidas sobre as questões que cercam as hidrelétricas parecerem heréticos infiéis.

“O descaso nos deixa perplexos. É quase intuitivo, inclusive para leigos e ribeirinhos, que o represamento das águas em diversos pontos altera o pulso de cheias e vazantes. O que está em jogo é a história do Pantanal”, disse o procurador Daniel Fontenele Sampaio, do Ministério Público Federal em Coxim (MS), conforme foi mostrado pelo Opinião e Notícia na última segunda-feira, 20.

De novo, as ONGs

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Seria benéfico para o país aceitar o impacto ambiental das hidrelétricas? (Reprodução/Internet)

No último dia 14 de agosto um desembargador federal mandou paralisar as obras da usina de Belo Monte, no Pará. Dias antes, no início do mês, foram suspensas as obras da usina hidrelétrica de Teles Pires, na divisa entre Mato Grosso e Pará, para deleite das ONGs ambientalistas.

A quimera das hidrelétricas com reservatórios volta à tona no Brasil e traz com ela a questão da influência (ingerência?) das grandes ongs ambientalistas internacionais na política energética do país. Na última terça-feira, 21, o colunista Sérgio Barreto Motta, do Monitor Mercantil, escreveu:

“Há dias, a francesa TV5 mostrou que, na Holanda, plantam-se flores nas margens dos rios e, na França, vinhedos ocupam essas áreas. No Brasil, a holandesa Greenpeace e a inglesa WWF criticam duramente o plantio nas margens dos rios, sem levar em conta o que ocorre no velho continente — nem a realidade brasileira. Um tema que só era levantado em reuniões fechadas ganhou as manchetes: ao impedir a construção de novas hidrelétricas ou de admitir tais empreendimentos sem reservatórios amplos (‘usinas a fio d’água’), ao contrário do que ocorria no passado, as entidades ambientais abrem espaço para uso de usinas térmicas, que consomem petróleo, gás ou carvão — e, portanto, poluem muito mais o planeta. E a nova energia — das térmicas — ainda é mais cara”.

Afinal, o que querem as ONGs?

Uma das maiores autoridades no assunto em todo o Brasil, o professor Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe/UFRJ, disse recentemente ao jornal O Globo:

“Em 2001, quando houve o racionamento, foram os reservatórios que salvaram o Brasil. De lá para cá, deixamos de construir reservatórios. Paga-se um preço por isso, gerando energia com as térmicas. E as renováveis têm o problema de depender do sol e do vento”.

E assim, como se as ONGs ambientalistas não tivessem feito uma forte campanha há mais de uma década para que fossem construídas apenas as “usinas a fio d’água” no Brasil, o coordenador da campanha de energia do Greenpeace, Ricardo Baitelo, disse em entrevista dada em abril deste ano à Agência Estado que estas novas hidrelétricas não têm segurança energética, justamente por não usarem reservatório.

“Se ele [o rio] está cheio, tem energia, do contrário, não”, observou o ambientalista, e completou: “Na época de seca no Rio Xingu, Belo Monte vai gerar de 5% a 10% do que geraria”.

Só 5% a 10%. E a culpa é de quem?

Carlo leitor,

Você acha que o Brasil deveria aceitar o impacto ambiental das hidrelétricas como o menor dos males em um mundo onde a prioridade é poluir menos o planeta reduzindo o uso de petróleo, gás e carvão?

Você acha que há ciência de menos e gritaria ambientalista demais nas decisões sobre a política energética brasileira?

Como leigo, a sua impressão é de que a política energética brasileira deve se basear nas hidrelétricas ou em fontes como a eólica e a solar?

http://opiniaoenoticia.com.br/opiniao/hidreletricas-ruim-com-elas-pior-sem-elas/