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Arquivo mensal: outubro 2011

Chá do Daime é usado por dependentes para combater vício


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Saúde

e

Uso do chá como tratamento não é reconhecido publicamente (Reprodução/Internet)

Chá do Daime é usado por dependentes para combater vício

Uso do chá para tratamentode dependência não é aconselhável e pode ser perigoso

Alcoólatras crônicos e usuários de drogas ilícitas declararam terem abandonado o vício com o chá ayahuasca, conhecido
como Daime. No entanto, o uso do chá como tratamento não é reconhecido
publicamente. O tratamento alternativo é usado entre os membros de grupos
religiosos que utilizam a bebida, como o Santo Daime e a União do Vegetal.

 A comunidade científica, médicos e cientistas, estão estudando os efeitos do chá
para analisar o suposto combate aos vícios.

Leiatambém: Uma vacina contra o vício

Leiatambém: Dependentes usam auxílio-doença para manter vício

As experiências têm sido realizadas por indicação de psiquiatras que freqüentam os rituais com a bebida.
De acordo com o psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, do Proad (Programa de
Orientação e Atendimento a Dependentes), da Unifesp, pessoas que tiveram
contato com o chá e tinham problemas com alcoolismo por mais de 40 anos “milagrosamente” largaram o vício.

Silveira, no entanto, não recomenda o chá como tratamento e avalia que o próprio ritual pode influenciar
a recuperação dos dependentes: “Sabemos que o contexto religioso protege as
pessoas das drogas, mas suspeito que não seja somente isso. Há um efeito
químico, que ainda não foi pesquisado”, diz.

Segundo o doutor João Ernesto de Carvalho, coordenador da Divisão de Farmacologia e Toxicologia do
CPQBA (Centro Pluridisciplinar de Pequisas Químicas, Biológicas e Agrícolas),
da Unicamp, a farmacologia também não explica o fim da dependência, já que do
ponto de vista farmacológico, os usuários teriam que tomar doses diárias do chá
para que ele fosse considerado um tratamento. Porém, os rituais realizados com
o consumo do Daime ocorrem, em média, duas vezes ao mês.

O publicitário Benito Alvarez Rizi, 55, era dependente de cocaína e bebida alcoólica há cinco anos,
quando começou a tomar o chá, se declara limpo: “Desde que comecei a tomar o
‘vegetal’, a vontade de me drogar sumiu da minha cabeça.”

A dúvida, no entanto, é se o chá não é apenas um substituto do vício. Para Xavier, apesar de admitir que a
dependência pode ser psicológica, a diferença é que a ayahuasca, não é uma
experiência agradável, e possui efeitos colaterais como diarreia, vômito,
náusea e formigamento. “Não é uma droga do prazer ou que dê ‘barato’ como a
cocaína, o álcool ou outra substância. Não é uma experiência agradável que as
pessoas queiram repetir”, disse.

Para o psiquiatra e coordenador do grupo de estudos de álcool e drogas da Faculdade de Medicina da
USP, Arthur Guerra, o uso do chá para tratamento de dependência não é
aconselhável e pode ser perigoso: “Como uma substância alucinógena vai tratar
dependentes? Pode ocorrer um erro médico e, em vez de você ajudar a pessoa,
você pode matá-la.”

Caso Glauco

Em março de 2010, Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, matou o cartunista Glauco Villas Boas e o filho
dele, Raoni. O assassinato aconteceu em Osasco e ambos foram mortos com quatro
tiros cada.

Cadu frequentava a igreja Céu de Maria que segue os rituais do Santo Daime. Na ocasião, foram levantadas
hipóteses de que o consumo do chá e de outras drogas pudessem ter influenciado
o estado mental do assassino, que após laudo médico foi considerado sem
condições para responder pelos crimes. A Justiça determinou que Cadu fosse
transferido para um hospital psiquiátrico.

Fontes:Folha.com – Dependentes usam chá do Daime para se livrar do
vício
, Folha.com – Ex-usuário de chá do Daime matou cartunista Glauco

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O que Wall Street fará?


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O que Wall Street fará?

O mundo das finanças precisa de melhores justificativas para acalmar os manifestantes

“Desde que a multidão se reuniu ao sul de Manhattan, expressando o seu profundo descontentamento com o status quo, temos tomado nota destes protestos”, escreveu Lloyd Blankfein, chefe do Goldman Sachs, em uma carta recente aos investidores. “Precisamos nos perguntar: ‘como podemos ganhar dinheiro com eles?’ A resposta é o recém-lançado Fundo Goldman Sachs Global Rage”, que investirá em empresas capazes de se beneficiar com a agitação social, tais como oficinas para consertar janelas e fabricantes de cassetetes para a polícia. Como o Sr. Blankfein explicou: “aqui na Goldman, admitimos que o sistema capitalista que conhecíamos está indo pelo ralo, mas há abundância de dinheiro para se fazer no caminho para baixo”.

A carta é uma paródia, plantada pelo humorista Andy Borowitz. Goldman Sachs e seus pares estariam obviamente falhando se não buscassem oportunidades na atual turbulência global. Mas eles também devem estar pensando com atenção sobre como os protestos podem colocar em risco os seus negócios.

Os protestos contra as finanças ganharam popularidade global. Nos Estados Unidos, atraíram simpatia em altas esferas: Barack Obama parece bajular os manifestantes como forma de reativar suas esperanças de reeleição. Até mesmo alguns republicanos acreditam que podem ganhar votos declarando afinidades com eles. Uma pesquisa da CNN publicada no último 24 de outubro descobriu que o número de pessoas que aprovam a ocupação a Wall Street já supera aos que desaprovam, por 32% a 29%. E o que é pior para Blankfein e seus compadres: 54% dos americanos acreditam que Wall Street não sabe o que é melhor para o país, contra 30% nos anos 90. O mundo das finanças já enfrenta novas e pesadas regulações. Se o eleitorado continuar irritado, as medidas podem ficar ainda mais pesadas.

Tradicionalmente, Wall Street reage a ataques contra sua reputação isolando-se numa torre de marfim, com  seu exército de advogados e lobistas. Desde o colapso financeiro de 2008, esta tendência ficou mais forte, e os advogados de Wall Street convenceram seus patrões de que acabariam presos se suas declarações públicas continuassem a limitar aos clichês de sempre.

Então, os grandes bancos se desculparam por ter bagunçado a economia mundial, mas as desculpas foram tidas como relutantes e tardias.  Convocados para falar no Congresso, os patrões de Wall Street deram declarações prontas que os fizeram soar arrogantes, gananciosos e sem arrependimentos. Talvez um grande gesto, ou dois, como cortar os bônus ou doar uma tonelada de dinheiro, restaurasse a fé pública no setor. Mas nunca saberemos, porque tal gesto não aconteceu.

Pelo contrário. Wall Street parece ter atribuído a suas muitas mentes brilhantes uma soma de tarefas que enfureceu a população, como a introdução de taxas para uso de cartões de débito. Goldman Sachs mostrou-se intransigente ao retirar o patrocínio de um arrecadador de fundos para uma cooperativa de crédito, só porque ela planejava homenagear o Occupy Wall Street.

Houve, porém, pequenos passos na direção certa. Jamie Dimon, da JPMorgan Chase, desculpou-se por descuidar-se de empréstimos a famílias militares. Vikram Pandit, do Citigroup, comprometeu-se a operar com “responsabilidade financeira”, seja o que for. Mas nenhum deles conseguiu acalmar a opinião pública. Schumpeter não ficaria surpreso se no “dia de transferência bancária”, grande número de correntistas mudassem de grandes bancos para cooperativas de crédito.

Talvez tenha chegada a hora para moldar uma nova estratégia: envolver-se diretamente com os manifestantes. Mas isso seria legitimar um movimento representado por “pessoas que usam drogas e fazem sexo no parque”, argumenta um relações públicas de Wall Street. Outro argumenta que os manifestantes estão chateados mais pelo desemprego e a desigualdade do que pelas atividades de Wall Street. Talvez ele até esteja certo, mas bater nesta tecla não irá recuperar a imagem maltratada de Wall Street.

Fontes:Economist – What should Wall Street do?

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Divagaçõessobre a moeda internacional e o movimento de capitais


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Divagaçõessobre a moeda internacional e o movimento de capitais

Por Luiz Gonzaga Belluzzo

Agarrados aos salva-vidas lançados com generosidade pelo Estado, gestor
em última instância do dinheiro – esse bem público objeto da cobiça privada –
os senhores da finança tratam de restaurar as práticas de todos os tempos.
Neste momento o mundo dança ao ritmo imposto pelo “dinheiro caçando
rendimentos”. Os gestores do capital líquido saíram à caça das moedas (e
ativos) dos emergentes e das commodities, enquanto o dólar segue uma trajetória
de declínio, depois da valorização observada nos primeiros meses de crise.

Desde o século XVIII os teóricos e praticantes da moderna economia
política debatem os conflitos e contradições entre a moeda universal (e seu
caráter mercantil) e o exercício da soberania monetária pelos Estados
Nacionais.

No final do século XIX, a metástase da Revolução Industrial para os
Estados Unidos e para a Europa Continental foi acompanhada pela constituição de
um sistema monetário global, amparado na hegemonia da Inglaterra. Essa
construção política e econômica do capitalismo suscitou, no imaginário social e
na prática dos negócios, a “ilusão necessária” acerca da naturalidade e
impessoalidade do padrão-ouro e de suas virtudes na promoção do ajustamento
suave e automático dos balanços de pagamentos.

Ao promover a ampliação do comércio internacional, o padrão-ouro impôs a
reiteração e a habitualidade da mensuração da riqueza e da produção de
mercadorias por uma unidade de conta abstrata. Assim – ironias da vida
econômica – a confiança na moeda universal em sua roupagem dourada promoveu a
expansão da moeda bancária, suscitando a progressiva absorção das determinações
funcionais do dinheiro – unidade de conta, meio de pagamento e reserva de valor
– por uma representação, um signo desmaterializado garantido pelas finanças do
Estado.

O último quartel do século XIX presenciou uma intensa concentração
bancária na praça de Londres e a progressiva transformação dos bancos emissores
de notas em instituições de depósito, passivos bancários utilizados como meios
de pagamento. Essas transformações asseguraram à praça de Londres o predomínio
financeiro em todo o espaço econômico abrigado sob a hegemonia britânica. A
Inglaterra possuía, então, todos os requisitos para o exercício da função de
“financiadora do mundo”: a moeda nacional, a libra, era reputada a mais sólida
entre todas e, por isso mantinha uma sobranceira liderança enquanto referência
para a denominação das transações mercantis e como instrumento de denominação e
liquidação de contratos financeiros.

Impulso decisivo para o avanço da globalização financeira daqueles
tempos foi dado, em boa medida, pelo crescente endividamento dos países da
periferia (e da semi-periferia europeia), obrigados a tomar empréstimos nas
praças financeiras mais importantes com o propósito de sustentar a
conversibilidade de suas moedas. Os problemas de balanço de pagamentos eram
recorrentes, determinados pelas quedas de preços dos produtos primários e
concomitantes às flutuações periódicas no nível de atividades nos países
centrais. As economias periféricas funcionavam, na verdade, como áreas de
expansão comercial e financeira dos países centrais nas etapas expansivas do
ciclo e como uma “válvula de segurança” para o ajustamento das economias
desenvolvidas nas fases de contração.

Nos anos 20 do século passado, o declínio da Inglaterra coabitou com
incapacidade política do poderio econômico americano em afirmar sua hegemonia.
O período em que prevaleceram as moedas inconversíveis, durante e logo depois
da Primeira Guerra, foi marcado por desvalorizações e tensões inflacionárias na
Inglaterra e na França e episódios de hiperinflação na Alemanha, na Áustria e
na Hungria. Isto tornou problemática a restauração do padrão-ouro, mesmo sob a
forma atenuada do Gold Exchange Standard que permitia a acumulação de reservas em dólares e
libras.

Em sua ressurreição, o padrão-ouro foi incapaz de reanimar as convenções
do período anterior. Os déficits e os superávits tornaram-se crônicos. Os
países superavitários como a França (depois da estabilização do ranco
“desvalorizado”) e Estados Unidos se empenharam em “esterilizar” o aumento das
reservas em ouro para impedir os efeitos indesejáveis sobre os preços domésticos.
Enquanto isso, a Inglaterra sofria as consequências econômicas de Mr Churchill.
Winston Churchill cedeu à pressões da City e ignorou a inflação ocorrida nos
anos do conflito.

Contra a opinião de Keynes, a Inglaterra voltou ao padrão-ouro restabelecendo
a paridade que prevalecia no período anterior à guerra. As pressões sobre a
libra ganharam força na segunda metade dos anos 20 e tornaram-se insuportáveis
depois do crash de 1929. Em 1931 a Inglaterra abandonou o padrão-ouro e deu
novo impulso à corrida de “desvalorizações competitivas”, já iniciada pelos
países menores e periféricos. A disputa entre as moedas desvalorizadas provocou
uma brutal contração do comércio internacional.

Em 1930 os Estados Unidos haviam declarado guerra ao livre comércio com
a edição da lei Smoot-Hawley que elevou às alturas as barreiras tarifárias. Em
1933, no nadir da Grande Depressão, Roosevelt proibiu as exportações de ouro e,
assim, saltou fora do moribundo padrão monetário.

Nos trabalhos elaborados para as reuniões que precederam as reformas de
Bretton Woods em 1944, Keynes formulou a proposta mais avançada e
internacionalista de gestão da moeda internacional. Baseado nas regras de
administração da moeda bancária, o Plano Keynes previa a constituição de uma
entidade pública e supranacional encarregada de controlar o sistema
internacional de pagamentos e de provimento de liquidez aos países
deficitários. O Plano visava, sobretudo, eliminar o papel perturbador exercido
pelo ouro – ou por qualquer moeda-chave – enquanto último ativo de reserva do
sistema. Tratava-se não só de contornar o inconveniente de submeter o dinheiro
universal às políticas econômicas do país emissor (como observamos agora), mas
também de evitar que a moeda internacional assumisse a função de um perigoso
agente da “fuga para a liquidez”.

O dinheiro internacional, o Bancor, uma moeda escritural, cumpriria as
funções de unidade de conta e meio de pagamento. As transações comerciais e
financeiras seriam denominadas em bancor e liquidadas nos livros da instituição
monetária internacional, a Clearing Union. Os déficits e superáits seriam
registrados em uma conta corrente que os países manteriam junto à Clearing Union. No novo
arranjo institucional, tanto os países superavitários quanto os deficitários
estariam obrigados, mediante condicionalidades, a reequilibrar suas posições, o
que distribuiria o ônus do ajustamento de forma mais equânime entre os
participantes do comércio internacional. No plano Keynes não haveria lugar para
a livre movimentação de capitais em busca de arbitragem ou de ganhos
especulativos.

Em 1944, nos salões do hotel Mount Washington, na acanhada Bretton
Woods, a utopia monetária de Keynes capitulou diante da afirmação da hegemonia
americana que impôs o dólar – ancorado no ouro – como moeda universal. O
segundo pós-guerra, diga-se, conta a história conflituosa da reafirmação do
dólar como moeda-reserva e narra as dores da sucessão de crises cambiais e de
ajustamentos traumáticos dos balanços de pagamentos na periferia.

Essas características do arranjo monetário realmente adotado em Bretton
Woods sobreviveram ao gesto de 1971 – a desvinculação do dólar ao ouro – e à
posterior flutuação das moedas em 1973. Na esteira da desvalorização continuada
dos anos 70, a elevação brutal do juro básico americano em 1979 derrubou os
devedores do Terceiro Mundo, lançou os europeus na “desinflação competitiva” e
culminou na crise japonesa dos anos 90. Na posteridade dos episódios críticos,
o dólar se fortaleceu, agora obedecendo ao papel dos Estados Unidos como
“demandante e devedor de última instância”.

A crise dos empréstimos hipotecários e seus derivativos, que hoje nos
aflige, nasceu e se desenvolveu nos mercados financeiros dos Estados Unidos. Na
contramão do senso comum, os investidores globais empreenderam, em um primeiro
momento, uma fuga desesperada para os títulos do governo americano. Assim como
nas crises cambiais dos anos 90, protagonizadas pela periferia (México, Ásia,
Rússia, Brasil e Argentina), os títulos do governo dos Estados Unidos ofereceram
repouso para os capitais cansados das aventuras em praças exóticas. Assim, os
tormentos da crise cambial e dos balanços estropiados de empresas e bancos são
reservados para os incautos que acreditaram nas promessas de que “desta vez
será diferente”.

Na posteridade da crise asiática, os governos e o Fundo Monetário
Internacional ensaiaram a convocação de reuniões destinadas a imaginar remédios
para “as assimetrias e riscos implícitos” no atual regime monetário
internacional e nas práticas da finança globalizada. Clamavam por uma reforma
da arquitetura financeira internacional. A reação do governo Clinton –
aconselhado pelos conselheiros de Barak Obama, Robert Rubin e Lawrence Summers
– foi negativa. Os reformistas enfiaram a viola no saco.

A pretendida e nunca executada reforma do sistema monetário
internacional, ou coisa assemelhada, não vai enfrentar as conturbações geradas
pela decadência americana. Vai sim acertar contas com os desafios engendrados
pelo dinamismo da globalização. Impulsionado pela “deslocalização” da grande
empresa americana e ancorado na generosidade da finança privada dos Estados
Unidos, o processo de integração produtiva e financeira das últimas duas
décadas deixou como legado o endividamento sem precedentes das famílias “consumistas”
americanas e a migração da indústria manufatureira para a Ásia “produtivista”.
Não por acaso a China acumulou US$ 3 trilhões de reservas nos cofres do
People’s Bank of China.

Mesmo depois da queda do subprime, não vai ser fácil convencer os americanos
a partilhar os benefícios implícitos na gestão da moeda reserva. Os déficits em
conta corrente dos Estados Unidos quase não respondem à desvalorização do dólar
provocada pelas inundações de grana nas reservas dos bancos e demais
instituições financeiras. A política de inundação de liquidez destinada a
adquirir, sobretudo, títulos de dívida de longo prazo (quantitative easing)
impulsionou a desvalorização do dólar, mas afetou muito pouco sua utilização
como moeda de denominação das transações comerciais e financeiras, a despeito
do avanço do Yuan nos negócios entre os países asiáticos.

Vou repetir o que já escrevi a respeito da farra dos capitais sob o
efeito anabolizante das políticas que cuidaram de espancar a crise financeira.
Observa-se um rearranjo das carteiras, outrora contaminadas pelos ativos podres
criados pelos sabichões de Wall Street. Agarrados aos salva-vidas lançados com
generosidade pelo Estado, gestor em última instância do dinheiro – esse bem
público objeto da cobiça privada – os senhores da finança tratam de restaurar
as práticas de todos os tempos. Neste momento o mundo dança ao ritmo imposto
pelo “dinheiro caçando rendimentos” (money
chasing yield
).

Os gestores do capital líquido saíram à caça das moedas (e ativos) dos
emergentes e das commodities, enquanto o dólar segue uma trajetória de
declínio, depois da valorização observada nos primeiros meses de crise. Diante
do frenesi que ora turbina as moedas (os ativos) dos emergentes e as
commodities, não faltam prognósticos que anunciam o fim da crise e preconizam
uma recuperação rápida da economia global, liderada pelos emergentes. Os
movimentos observados no interior da circulação financeira, em si mesmos, não
prometem à economia global uma recuperação rápida e brilhante, mas indicam que
os mercados não temem a formação de novas bolhas de ativos nos mercados
emergentes.

Ainda colunista do Financial Times, Willem Buiter, hoje economista-chefe
do Citigroup, disparou, sarcástico, contra a suposição de que os Estados Unidos
não podem corrigir os desequilíbrios externos porque nada têm a exportar.
Segundo Buiter, essa constatação é incorreta. “Eles podem, sim, exportar
crédito, explosão de preços de ativos e bolhas com a melhor tecnologia que
possuem.”

No rol de vencedores da batalha contra a depressão global, figuram em
posição de respeito a China, a Índia e o Brasil, cada qual com suas forças e
fragilidades. Entre as fragilidades, sobressaem as pressões para valorização
das moedas nacionais e as ações de esterilização dos governos, com efeitos
indesejáveis sobre a dinâmica da dívida pública dos países receptores da “chuva
de dinheiro externo”. Tais inconvenientes são particularmente danosos nos
países com taxas de juros reais desalinhadas e métodos de intervenção
inapropriados nos mercados cambiais.

Seja como for, a crise demonstrou que a almejada correção dos chamados
desequilíbrios globais vai exigir regras de ajustamento não compatíveis com o
sistema monetário internacional em sua forma atual, aí incluído o papel do
dólar como moeda reserva. Isto não significa prognosticar a substituição da
moeda americana por outra moeda, seja o euro ou o yuan, mas constatar que o
futuro promete solavancos e colisões nas relações comerciais e financeiras
entre as nações.

*
Economista, professor da Unicamp e diretor da Facamp.

Fonte:
Agência Carta Maior

A TRAGÉDIA TIBETANA


 

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A TRAGÉDIA TIBETANA

tibet_location

texto: Luiz Cesar Pimentel

“Quero ressaltar a importância do
nosso relacionamento com o povo e governo chineses. É do interesse dos Estados
Unidos da América manter boas relações com esse país.” Dessa forma o então
presidente dos EUA, George Bush (pai), respondeu em 1989 a uma pergunta sobre
que atitudes tomaria em relação ao massacre da Praça da Paz Celestial, ocorrido
dois dias antes. Quatro dias depois da violência contra os estudantes chineses,
na qual o correspondente do The New York Times contabilizou pelo menos 2 mil
mortos, a revista Newsweek publicou matéria com a seguinte declaração de um
membro da administração Bush, que pediu para não ter o nome revelado: “Não
podemos perder dezessete anos de diplomacia por causa de um final de
semana”. Referia-se ao ano em que a China tomou o lugar de Taiwan na ONU e
o presidente norte-americano Richard Nixon fez uma célebre visita a Pequim.

File:Jokhang Square, the first destination or drop-off for most tourists.jpg

Quando estive no dia 3 de junho de 1999 em Pequim, dia do décimo aniversário da
manifestação estudantil, fui à Praça da Paz Celestial visitar o mausoléu onde
Mao Tsetung está embalsamado. A praça estava fechada. Motivo: uma troca
“emergencial” do piso para a comemoração do 50º aniversário da
República Popular da China, quatro meses depois. É com essa lógica democrática
que a China trata o Tibete, ocupado pela recém-nascida República Popular, em
1950. É com essa cegueira proposital que os líderes americanos e de outros
países tratam essa ocupação.

Durante cinco dias, cruzei o Tibete desde a fronteira com o Nepal até chegar à
capital, Lhasa. O percurso é belíssimo. A Friendship Highway – mil quilômetros
desde Kathmandu, capital do Nepal, até Lhasa – é considerada a estrada mais
bonita do mundo. A paisagem constante da janela do carro é de aridez total, o
trecho cruza as montanhas do Himalaia, passando por picos de 5.050 metros, uma
barreira instransponível para o cultivo agrícola. A cada parada, tibetanos
parecem brotar da terra para pedir comida, já que não conseguem plantar nada.
Qual o interesse que pode despertar um território assim? Bem, a resposta dos
chineses é: “a libertação do povo tibetano, que vivia oprimido por forças
estrangeiras e pelo feudalismo”. Abertas as cartas do jogo, revelam-se
outros interesses.

File:Sand mandala tibet 1.JPG

Outra carta mostra um orgulho na incorporação. Um orgulho enraizado que não
separa fantasia de realidade. Conversando com uma jornalista chinesa bastante
esclarecida, poliglota, que trabalhou como correspondente internacional,
indaguei sobre Tibete: “Você sabia que o Dalai Lama faz rituais tocando
tambor confeccionados com pele de tibetanos traidores?” Difícil contra-argumentar.

A terceira carta do interesse está ligada à explosão populacional. Na China de
1,3 bilhão de habitantes, apesar da política de um filho por casal, nasce o
equivalente a uma Austrália todos os anos. Uma área do tamanho da Europa
Ocidental, como o Tibete, torna-se fundamental. Até por isso, para povoar a
região, o governo chinês fez diversas campanhas oferecendo

facilidades a quem rumasse para lá. Infelizmente as cidades não estavam
preparadas para esse inchaço e quem paga a conta são os tibetanos, com graves
problemas de estrutura e saneamento.

O quarto ponto é a posição estratégica. O Tibete faz larga fronteira com outra
potência nuclear, dona de um exército gigantesco, a Índia, além de estender os
braços ocidentais chineses.

File:Buddha nobletruths.jpg

Logo após a invasão, o Dalai Lama tomou o caminho lógico: fez um apelo à ONU. O
resultado foi ridículo. A Inglaterra, que invadira o Tibete décadas antes, mas
que desistira após constatar que o país não poderia oferecer muito para seus
interesses, apontou que o status tibetano era “confuso” e claramente
preferia ver a China expandir a influência na Ásia à URSS, que à época era o
maior inimigo ocidental. Os EUA, que estavam com a atenção voltada para a
disputa na Coréia, coçaram a cabeça, pensaram nas dificuldades que teriam para
mover um exército pelo Himalaia, no custo-benefício, e deram de ombros. O único
país que teve atitude foi El Salvador, uma das grandes vítimas dos EUA durante
e após a Guerra Fria, que recomendou uma moção condenatória.

Leve-se em conta que a China não é e nunca foi um Iraque ou Afeganistão.
Trata-se de um país de dimensões continentais – ocupa mais de 2/3 do Leste
Asiático. Além disso, é uma potência nuclear, possui forte peso político e tem
uma população cada vez mais jovem.

File:Lhasa montage.png

A situação continuou sob tensão até 1959, quando na comemoração do Ano Novo
Tibetano, os militares chineses convidaram o Dalai Lama para uma performance de
dança na base militar chinesa em Lhasa. No convite, uma exigência: que ele
comparecesse desacompanhado dos 25 seguranças que o guardavam. Apesar de ser
mais que evidente que as intenções não eram boas, ele aceitou. Mas, os
tibetanos em Lhasa, deduzindo que se tratava de plano para raptá-lo, cercaram o
Palácio de Verão onde estava. O governo chinês entendeu como insurreição e partiu
para a dispersão das pessoas, situação que logo caminhou para o bombardeio do
palácio. No meio da noite, disfarçado de guarda, o líder tibetano deixou a
residência e fugiu para a Índia, onde chegou quase um mês depois no lombo de um
cavalo. Foi recebido como exilado, só que, para não desagradar os vizinhos, o
governo indiano garantiu que o Dalai Lama exerceria apenas funções religiosas
no exílio.

Começava, então, o período mais difícil da história do povo tibetano. Entre
1958 e 1960, Mao Tsetung institui o “Grande Salto Adiante”, com a
intenção de eliminar os “rabos do capitalismo”. Para isso, era
necessário exterminar a produção familiar, ou seja, coletivizar e mobilizar o
povo a atacar tudo o que levasse ao individual, à polarização social e à exploração.
O Tibete tornou-se prato cheio dessa política, já que ainda existiam traços
feudais em sua composição social – prática cuja eliminação era considerada
prioritária pelo Dalai Lama em sua política de modernização do país. Esse plano
se encontra em sua biografia Minha Terra e Meu Povo.

O resultado dessa política? Na China, entre os três anos, mais de 20 milhões de
pessoas morreram de fome. Segundo o senhor Geraldo Chin, filho de mãe mexicana
e pai chinês, que conheci em Macau e que morava na China à época, “a
situação era tão terrível que as pessoas estavam trabalhando no campo e de
repente desabavam mortas”.

No Tibete a situação não foi diferente, devido às condições do meio, não era
qualquer semente que brotava e era preciso usar o conhecimento individual para
fazer nascer algo. “Morrendo de fome, as pessoas perdiam a dignidade.
Comíamos qualquer coisa, corda, couro, alguns comiam ratos e sapos, outros
chegaram a comer vermes que encontravam em excrementos”, diz Tenxin
Choedrak, médico do Dalai Lama, que ficou preso por dois anos perto da
fronteira da Mongólia, um dos dois remanescentes de 300 prisioneiros que foram
levados para lá.

Pouco depois de sua chegada à Índia, o líder tibetano exigiu investigação mais
rigorosa do caso e foi formada Comissão Internacional de Juristas, que apontou
a violação de direitos humanos em dezesseis pontos, incluindo assassinatos,
estupros e torturas. Concluíram, também, que o Tibete era uma “nação
independente antes da invasão e que os chineses tinham tentado destruir num
todo ou em parte os tibetanos como nação separada e o budismo no Tibete”.

Ficheiro:UN General Assembly hall.jpg

Com o relatório na mão, o Dalai Lama fez novo apelo à ONU. Mas era a época em
que a URSS acabara de lançar o Sputnik 1 e o 2, foguetes capazes de transportar
ogivas nucleares, e exibia mísseis nucleares de curto alcance, saltando na
frente nas corridas armamentista e espacial. Amparada pelos satélites, não
precisava de muito esforço para garantir vitórias.

O bloco comunista argumentou que levantar o problema nas Nações Unidas era
“interferência desmedida em assuntos internos chineses”. Os
representantes norte-americanos olharam para o lado e fizeram que não era com
eles. A Inglaterra seguiu o exemplo. Mesmo assim, por maioria de votos, o tema
foi incluído na agenda da Assembléia Geral, e uma resolução foi feita a favor
do Tibete. A China não foi mencionada nominalmente na nota, que pedia
“respeito aos direitos do povo tibetano”. Ninguém tocou, entretanto,
em soberania e independência.

No ano seguinte e novamente em 1965, após receber mais relatos de assassinatos
e atrocidades que estavam sendo cometidas, o Dalai Lama apelou outra vez à ONU,
que expressou “grande preocupação” e “profunda inquietude”.

A preocupação e a inquietude da ONU não se revelaram tão grandes nem profundas
assim, já que no ano seguinte começava o período mais sangrento da ocupação, a
famigerada Revolução Cultural chinesa.

A destruição

O resultado da barbárie só foi revelado uma década depois, após
a morte de Mao Tsetung, em 1976. Para mostrar um pouco de simpatia, o governo
chinês convidou o Dalai Lama a visitar o Tibete. Precavido, ele decidiu enviar
uma missão para avaliar o que os 26 anos de ocupação haviam causado ao país. O
resultado foi terrível: 20% da população tibetana – 1,1 milhão de pessoas – morrera
em conseqüência de assassinatos, fome ou das más condições de trabalho. Dos
6.268 monastérios tibetanos, apenas catorze continuavam de pé e a conta
apresentava ainda 100 mil tibetanos em campos de trabalhos forçados. As
estatísticas do governo tibetano no exílio, em Dharamsala, na Índia, vão além e
destrincham as condições de morte das pessoas – 432.705 morreram lutando,
342.970, de fome, 173.221, em prisões e campos de trabalho, 156.758 foram
executados, 9.273, após torturas, e 9.002 se suicidaram. Isso além dos
problemas óbvios da ocupação desordenada e da falta de trato da natureza, com
muitas espécies animais em risco de extinção e danos à natureza que ainda não
foram totalmente mensurados, já que a China não é conhecida exatamente pelas
preocupações ecológicas. Basta dizer que as principais cidades do país já não
são mais “enxergadas” por satélites devido ao grau de poluição.
Caminhando por Pequim ou Xangai, um ponto que chama a atenção é a cor marrom
acinzentada do céu. Três anos depois da missão tibetana, Deng Xiaoping, então
no poder chinês, decidiu fazer o mesmo levantamento e não contestou os números.

Hoje, o tibetano, como povo, respira com ajuda de aparelhos. É um mendigo em
sua própria casa. Por todo o país são raros os tibetanos que não se encontram
em situação de mendicância. Das cerca de 13 mil lojas que existem hoje em
Lhasa, apenas 300 são tocadas por tibetanos. E é difícil enxergar alguma brecha
por onde o quadro possa ser revertido, já que as cidades estão totalmente
tomadas, em arquitetura, população e costumes, por chineses.

O Dalai Lama propôs uma plano de paz com cinco pontos. São eles: o Tibete ser
designado Zona de Paz, sem armas; parar a política de transferência de pessoas
e ocupação; direitos humanos e liberdade democrática respeitados; meio ambiente
restaurado e protegido; retomada das conversas e negociações com a China. O
plano foi considerado separatista pelo governo chinês.

E a conversa tem ficado a cada dia mais difícil. Atualmente, a China é amparada
pelo fato de ser um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da
ONU, órgão máximo decisório na esfera internacional. Como parte desse clube
seleto, ao lado de EUA, Rússia, França e Inglaterra, tem força de veto, podendo
derrubar qualquer proposta de manutenção de paz internacional e segurança, já
que tudo é instituído por unanimidade.

Na teoria, a carta das nações levantaria um sinal de alerta para o Tibete. Mas,
na prática, foram instituídas relações que se produzem entre barganhas e
submissões, já que o importante é estar protegido por um dos grandes, e as
ações que se tomam muitas vezes resultam em paliativos.

Na ONU, a palavra Tibete é proibida. Pouco antes de viajar à Ásia, estive na
sede das Nações Unidas em Nova York. Ao comentar que pretendia ir para o Tibete
com uma alta funcionária do departamento de comunicação, ouvi a seguinte
brincadeira: “Ops, falou a palavra proibida”. Se no curto prazo as
condições não se mostram nada favoráveis, no longo prazo o povo tibetano parece
ter data para o próprio sepultamento.

Como teocracia, o país tinha o Dalai Lama como líder espiritual e de governo.
Na hierarquia, a seguir vinha o Panchen Lama. A função deste, além de
eventualmente assumir o poder, era de reconhecer os futuros Dalai Lamas. Ou
seja, quando do falecimento de um, o outro assumia o poder e seria responsável
pelo reconhecimento do líder seguinte no processo reencarnatório de
transferência de poder.

Como eliminar as autoridades tibetanas seria propaganda contrária demais, o
governo chinês decidiu pela eliminação do sistema vigente. Ou seja, quando em
1995 o Dalai Lama identificou Gedhun Choekyi Nyima, de 6 anos, como o 11º
Panchen Lama, não demorou um mês para que os chineses o raptassem, justificando
como “questões de segurança”, e colocassem em seu lugar um outro
Panchen Lama, estranhamente filho de um membro do PC chinês. Gedhun Choekyi
Nyima que, segundo as autoridades chinesas, está em Pequim, mas não foi visto
desde o rapto, é, aos 12 anos, o prisioneiro político mais jovem do mundo. Com
o Dalai Lama afastado e um próprio Panchen Lama, é de esperar que o próximo
Dalai Lama venha também do PC chinês.

Criada em 2010, empresa do pré-sal ainda não saiu do papel


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PETRÓLEO

Criada em 2 de agosto de 2010 por Lula, estatal de pré-sal só existe no papel (Reprodução/Internet)

Criada em 2010, empresa do pré-sal ainda não saiu do papel

Falta de um decreto presidencial que
estabeleça pontos fundamentais de seu estatuto e estrutura impedem a criação da
estatal na prática

A PPSA (Pré-sal Petróleo S.A), empresa criada para administrar os
futuros contratos de petróleo e última estatal criada pelo governo Lula, só
existe no papel. Criada em 2 de agosto de 2010, a estatal, na prática, não
existe. O que impede a criação efetiva da empresa é a falta de um decreto
presidencial que estabeleça pontos fundamentais de seu estatuto e da sua
estrutura, como o número de funcionários e os custos para sua manutenção.

Leia também: Senado aprova
royalties menores para produtores do pré-sal

Leia também: Decisão sobre
divisão dos royalties do petróleo é adiada

Leia também: Senado propõe
alternativas à Emenda Ibsen

Desde o anúncio de sua criação pelo governo Lula, a PPSA causa
divergências. A empresa considerada “prioritária” na época do governo Lula não
recebe a mesma importância da gestão Dilma, já que há quem ache que a PPSA terá
funções que já são exercidas pela Petrobras e pela ANP (Agência Nacional do
Petróleo). De acordo com fontes do governo, a demora para a criação da nova
estatal está na espera do Ministério de Minas e Energia pela aprovação do
projeto de lei que determina como será a divisão dos royalties da exploração de
petróleo entre os estados.

A divisão dos royalties é um problema político que ainda não foi
solucionado. Segundo fontes do governo, enquanto a lei não for sancionada, ela
continuará sendo um empecilho para a criação da nova estatal já que não há como
realizar a licitação dos primeiros blocos do pré-sal explorados, nem criar o
fundo social.

Em 2009, quando foi enviado ao Congresso o projeto de lei para a criação
da estatal, o governo atribuiu a necessidade da nova empresa para que, com a
mudança do regime de concessão para o de partilha, um órgão 100% estatal
representasse a União nos futuros contratos.  Na época, a então ministra
da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o ministro de Minas e Energia – que continua
no cargo-, Edison Lobão, foram os principais defensores da nova estatal.

No entanto, no atual governo a preocupação sobre as funções da PPSA é um
incômodo. O especialista em energia e diretor do CBIE (Centro Brasileiro de
Infraestrutura), Adriano Pires, afirma que criar mais uma estatal para atuação
no área petrolífera aumenta a ineficiência e politiza as decisões. Além disso,
a divisão dos cargos no futuro também gera críticas. De acordo com Pires, desde
que as mudanças no marco regulatório na área começaram, – há dois anos- o setor
parou.

O que está
estabelecido até então sobre a PPSA é que sua aprovação foi feita em julho de
2010, e em agosto, o então presidente Lula sancionou a lei que criou a empresa.
Fora isso, se sabe que a empresa está ligada ao Ministério de Minas e Energia,
com sede em Brasília e escritório centro no Rio de Janeiro e seu conselho de
administração será de responsabilidade da presidente da República.

Fontes: Folha de S. Paulo – Empresa do pré-sal existe apenas no
papel

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Televisão pode afetar desenvolvimento de crianças menores de 2 anos, diz estudo


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Saúde

Televisão atrapalha intereção de pais com os filhos (Reprodução/Internet)

Televisão pode afetar desenvolvimento de crianças menores de 2 anos, diz estudo

Pesquisa recomenda que os pais falem com a criança e estimulem para que brinquem de forma independente

Assistir televisão ou vídeos não é recomendável para crianças com menos de dois anos, afirma um grupo de pediatras norte-americanos. De acordo com pesquisas realizadas, a prática pode afetar o desenvolvimento do bebê.

Leia também: A importância do diagnóstico em crianças com doenças cardíacas

A recomendação é para que os pais falem com a criança e estimulem para que brinquem de forma independente. A orientação é da primeira diretriz divulgada em mais de uma década pela Academia Americana de Pediatria (AAP, em inglês).

O Estudo segue o mesmo conselho emitido em 1999 pela maior associação de pediatras, no entanto, a pesquisa adverte que o comportamento dos pais em relação a televisão pode retardar a capacidade de fala dos seus filhos.

O grupo, em convenção anual em Boston, reafirmou que os meios de comunicação tanto em primeiro como em segundo plano, tem um efeito potencialmente negativo e nenhum efeito positivo conhecido para crianças menores de dois anos.

Segundo o pediatra Ari Brown, a atualização da pesquisa era fundamental devido ao aumento dos lançamentos de vídeos, DVDs e programas segmentados para crianças dessa faixa etária: “Nós sentimos que era hora de revisitar esta questão, porque as telas de vídeo estão em toda parte agora, e a mensagem é muito mais relevante hoje do que era há uma década”, disse o Dr. Ari Brown.

A pesquisou indicou ainda que cerca de 90% dos pais entrevistados afirmam que seus filhos veem algum tipo de meio de comunicação eletrônica. O estudo mostra que as crianças aprendem com mais eficiência a partir de interações reais – com as pessoas e coisas – do que de situações que aparecem nas telas de vídeo.

A AAP afirma que é importante que os pais tenham consciência do quanto estão distraídos quando a televisão está ligada, o que interfere diretamente na interação com os seus filhos. A pesquisa diz que se uma criança brinca em frente à televisão ela olhará o aparelho – quando estiver ligado – ao menos três vezes por minuto.

“Quando a televisão está ligada, os pais falam menos com seus filhos. Há alguma evidência científica que mostra que quanto menos tempo se dedica a uma criança, mais pobre é sua linguagem”, informou a APP.

Para a Academia, nem os vídeos educativos que indicam conteúdo específico para esse público são benéficos, já que as crianças nesta idade não assimilam as informações.

“Um espaço de brincadeiras livre é mais valioso para o desenvolvimento cerebral do que qualquer exposição a meios de comunicação eletrônicos”, concluiu a Academia Americana de Pediatria

Fontes:Uol – Televisão pode afetar desenvolvimento de crianças menores de 2 anos, diz estudo, New York Times – Parents Urged Again to Limit TV for Youngest

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A fúria popular toma as ruas do planeta


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THE ECONOMIST

A fúria popular toma as ruas do planeta

Protestos que reúnem manifestantes em Nova York e Madri são mais legítimos – e mais perigosos – que os dos últimos anos

De Seattle a Sydney, manifestantes tomaram as ruas. Sejam eles inspirados pelo movimento de ocupação da Wall Street, em Nova York, ou pelos indignados de Madri, os manifestantes despejam sua insatisfação com o estado da economia, a maneira injusta pela qual os pobres pagam pelos pecados dos ricos banqueiros, e em alguns casos, com o próprio capitalismo.

Leia também: Divisões políticas enfraquecem ‘Ocupe Wall Street’
Leia também: O que Tea Party e Movimento Ocupe Wall Street têm em comum
Leia também: A visão liberal do movimento anti-Wall Street
Leia também: ‘Protestos Rorschach’ se multiplicam por Nova York
Leia também: Começa nos EUA a ‘Ocupação de Wall Street’

No passado, tratar tais surtos de fúria como atos de uma turba de extremistas desorientados era uma tarefa fácil para os políticos ocidentais e liberais econômicos. Em Seattle, por exemplo, os últimos grandes protestos (contra a Organização Mundial do Comércio, em 1999) pareciam sem propósito. Se havia alguma meta, ela era egoísta – uma tentativa de empobrecimento no mundo emergente por meio do protecionismo. Dessa vez, também, certos pontos são familiares: a estranha porção de violência, vários discursos incoerentes e muita inconsistência. Os manifestantes têm metas diferentes nos diferentes países. Impostos mais altos para os mais ricos parecem ser o mais próximo de um denominador comum, embora nos Estados Unidos pesquisas apontem que a fúria popular contra o governo ofusca a rejeição a Wall Street.

Ainda que os protestos sejam pequenos e confusos, é perigoso desdenhar da ampla raiva que existe por todo o Ocidente. Existem mágoas profundas e legítimas. Jovens – e não apenas aqueles nas ruas – deverão encarar impostos mais altos, benefícios menos generosos e um período maior vivendo sob o teto de seus pais. Casas são caras, o crédito é difícil, e os empregos são cada vez mais raros – não apenas na indústria manufatureira, mas também nos serviços mais sofisticados que atraem um número cada vez maior de formandos com dívidas cada vez maiores. Nos Estados Unidos, 17,1% dos jovens com menos de 25 anos estão desempregados. Na União Europeia, o desemprego na juventude é de 20,9%. Na Espanha, esse índice é de 46,2%. Apenas na Alemanha, na Holanda e na Áustria, o índice de desemprego entre jovens com menos de 25 anos está abaixo dos 10%.

Não são apenas os jovens que se sentem oprimidos. Cidadãos de meia-idade têm pela frente uma redução em seus salários e direitos de pensão. E enquanto os mais velhos veem a inflação diminuir o valor de suas economias, no Reino Unido, os preços estão aumentando em 5,2%, mas os depósitos bancários têm um rendimento inferior a 1%.

História, pobreza e protesto

Para o homem comum, tudo isso indica que o sistema falhou. Nenhum dos principais métodos ocidentais tem muito crédito no momento. A social-democracia europeia prometeu aos eleitores benefícios que a sociedade não pode mais bancar. O modelo anglo-saxão afirmava que mercados livres criariam prosperidade, mas muitos eleitores agora têm a sensação de que ganharam uma série de bolhas de endividamento de bens e uma economia de cartas marcadas a favor da elite financeira que colheu toda a receita dos bons tempos e deixou o mundo sem nenhuma alternativa a não ser resgatá-los financeiramente. Usando um dos slogans favoritos dos manifestantes, 1% lucrou às custas dos outros 99%.

Se as mágoas são mais legítimas e amplas que as dos protestos anteriores, então os perigos também são maiores. A fúria populista, especialmente aquela desprovida de um objetivo coerente, pode ser direcionada para qualquer lado no momento das demandas. Os anos 1930 deram o maior exemplo. Um fenômeno mais recente (e menos apavorante) é o Tea Party. A fúria justificada da batalhadora classe média norte-americana contra um Estado repleto de obstáculos se traduziu, na prática, em uma forma de niilismo obstrucionista: nada que envolva impostos pode ser aprovado em Washington, nem mesmo uma reforma fiscal.

O que torna tudo mais preocupante, é que os políticos já se encontram em uma espécie de depressão. Os republicanos começaram condenando os ocupantes da Wall Street, e depois se uniram a eles. Na Europa, partidos social-democratas tendem a perder eleições caso se afastem demais do centro, mas líderes, como Ed Miliband no Reino Unido e François Hollande na França, ainda se encantam com a retórica anti-bancos. Por que não optar por um gesto – tarifas ou um enorme imposto sobre os ricos – que poderia apenas piorar as coisas? Barack Obama, que já flertou com a luta de classes e ataques ao setor dos negócios, pode considerar fazer da China e de sua moeda, seu novo alvo. E a situação só tende a piorar: austeridade e protesto sempre caminharam juntos.

Combata as causas, não os sintomas

Políticos mais corajosos se concentrariam em duas coisas. A primeira seria o rápido combate às causas da fúria. Acima de tudo, isso significaria fazer mais para colocar as economias novamente em movimento. Uma solução razoável para a crise do euro seria um grande começo. De maneira geral, o foco deve estar nas políticas que impulsionam o crescimento econômico: ajustes de médio prazo, como um aumento na idade de aposentadoria, ao invés de austeridade de curto prazo. Garantir que os ricos paguem sua parte, mas de uma maneira que faça sentido economicamente: seria possível impulsionar o imposto sobre a fortuna, eliminando brechas ao mesmo tempo em que se eliminam taxas marginais. Reformar o sistema financeiro de maneira vigorosa. “Adote o modelo Basileia III e maiores pré-requisitos de alto capital” não é um slogan cativante, mas seria mais eficaz na redução de bônus a Wall Street do que a maioria das ideias que ecoam do Zuccotti Park.

O segundo passo seria dizer a verdade – especialmente sobre o que deu errado. O maior perigo é que as críticas legítimas ao excesso de risco financeiro se tornem um ataque desenfreado à globalização como um todo. É importante lembrar que o centro do desastre de 2008 foram as propriedades norte-americanas, nem de longe, um mercado livre sem distorções governamentais. Apesar de toda a culpa dos financiadores, o grande rombo na maioria das finanças governamentais vem menos dos resgates dos bancos e mais de políticos gastando excessivamente, e fazendo promessas relativas à previdência e à saúde que nunca poderiam ser cumpridas. Observe as razões por trás dos problemas atuais – desde alto preço dos alimentos até a escassez de empregos para os jovens espanhóis – e é fácil perceber que eles têm menos a ver com a ascensão do mundo emergente do que com a interferência estatal.

A integração global tem seu preço, e colocará cada vez mais pressão sobre os ocidentais. Mas em qualquer que seja a análise, os benefícios sempre serão muito maiores que os custos, e virtualmente todas as maneiras de geração de empregos surgem da abertura das economias, e não da obediência aos instintos dos manifestantes. Os governos ocidentais falharam com seus cidadãos no passado, e criar mais barreiras para impedir que bens, ideias, capital e pessoas cruzem as fronteiras será um grande erro.

Fontes: The Economist – Rage against the machine

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O Poder


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O Poder

by movimentounidademonarquica

A palavra PODER consiste numa palavra de significação complexa, dotada
de várias interpretações.

O desígnio deste texto, portanto, destina-se a problematizar e a
evidenciar uma reflexão destes vários cruzamentos e esquinas em que a palavra
poder revestiu-se ao longo dos tempos.

Disse Nietzsche: “as palavras são como alforjes, as épocas e as
filosofias teriam acumulado as coisas mais heteróclitas”. Percebemos com a sua
fala a transformação de marcas, valores e conceito ao longo dos tempos. A
função d´um pensador não é de certo “eruditizar-se” nas repetições, mas
“dialetizar” com uma genealogia consistente, reencontrando pistas do verdadeiro
sentido da palavra.

Na verdade, esta busca científica essencial causa, mais ferimentos do
que cicatrizações, mais destruição que sedimentação às velhas ideologias, as
quais perduram na memória do esquecimento humano. A intenção é de
informarmo-nos pela decepção, não se referindo à decepção com o exterior, com o
superficial, mas uma decepção com o “eu”.

Quando tratamos da palavra “poder”, transfere-se, de imediato, a idéia
de coisa concreta, identificável e localizada, esquecendo-se –rapidamente- dos
depósitos semânticos, não inventariando o seu sentido.

Dos séculos XVII a XIX, a crença da decadência, agonia do poder, o mito
dos iguais e a religião ideológica resignaram-se no combate daqueles que
deveriam trazer parte do poder por uma questão de direito e pela sua visão
quixotesca de defesa das minorias.

O século XIX passou a enxergar o poder como uma apropriação de
propriedade dos meios de produção, esta era a principal evidência de análise e
motivo de luta, esquecendo-se, portanto, técnicas e disciplinas diversas, auto
gestando-se, mais do que se permitindo ser gestado. Deste modo, não é um
privilégio adquirido ou conservado pela classe dominante que o comanda, mas o
efeito de uma engrenagem “infinitesimal” como salientou Michel Foucault em sua
obra “Microfísica do Poder”, refletida nos partidos e nas práticas políticas do
homem coevo daqueles que o ocupam.

Os homens do poder funcionam como verdadeiros fantoches ao imaginar
sempre que podem domá-lo, modificá-lo, utilizando métodos tradicionais
aprendidos nas “fábricas escolares”, nas militâncias viciadas nos partidos
políticos, na ideologização guevarista, marxista, maoísta e demais “istas”, as
quais já há muito mostram sinais de cansaço, exaustão e ineficiência,
consistindo na perda de espaços para os mecanismos de ideologização de massa,
não dotado de profundidade intelectual, mas calcado no desejo, com base na
superficialidade dos fatos.

Em que pese o poder não ter essência, é manipulável, mas há de ser
meramente operatório pela técnica; esta técnica trabalha-se na construção de um
caminho, de modo que jamais será feita experiência com a técnica enquanto for
concebida e lidada apenas com o que é não-técnico, sendo que enquanto a ele
moldarmo-nos ou dele afastarmo-nos, estaremos sempre sem liberdade.

De certo que o poder não se define como uma relação de forças que
perpassa todo campo social, envolvendo dominadores e dominados. O poder é
imanente à produção social, e não comporta nenhum tipo de unificação
transcendente ou centralização globalizante ao qual esteja subordinada a
produção social.

Imaginava-se há algum tempo que o poder condensava-se em um estado nos
moldes contratualistas dos séculos XVII e XVIII. Ledo engano, posto que o poder
é disperso, e ao contrário de centralizado, somos mais feudais do que nunca. O
poder microfisicamente descentralizado em uma multiplicidade de micro-poderes,
de disciplinas e de manobras táticas, não é global, nem local, mas difuso de
forma onisciente e onipresente.

Produz-se, assim, a verdade antes de ideologizá-la, produz-se a
realidade antes do enquadramento através da violência (que nem sempre se
apresenta como a força corpórea, a qual estamos habituados a perceber).

Seguindo este raciocínio, a Lei nada mais é que a expressão da
legalidade contratual do poder. Em verdade, a lei não é apenas uma regra
normativa para regulamentar a vida social em tempos de paz, mas a própria
guerra das estratégias de uma determinada correlação de forças. O Direito
Positivado é uma violência a serviço do poder, enquanto se impõe, de cima para
baixo, uma perspectiva de modelo social, como se todos fossem iguais. Ainda,
não são as leis que nos identifica a defender a verdade dos interesses
individuais.

A repressão estabelecida por essas leis soa como uma forte propaganda
subliminar, onde há uma “interjeição” cujo conteúdo proibido e escondido é
apenas para incitar, ou seja, as categorias repressão/interdição são
substituídas pelo CONTROLE.

O retro mencionado filósofo Michel Focault em sua obra “Vigiar e Punir”
salienta que “o poder moderno não é mais essencialmente uma instância
repressiva e transcendente, mas uma instância de controle, que envolve o
indivíduo, mas o domina abertamente”.

Portanto, como afugentar a realidade traduzida pela fraqueza do
esquecimento, do desejo, da abdicação da vida, da essência, se continuamos a
ser educados pelo racionalismo grego distorcido e pelos valores metafísicos
cristãos?

Ana Azevedo
Defensor

Sociedade sem graça


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Sociedade sem graça

por JOSÉ DE SOUZA MARTINS*

A variedade e a frequência da violência que nos assombra constitui indício de profundas e alarmantes mudanças sociais fora de controle: pais que matam filhos, filhos que matam pais, netos que matam avôs, bebês que são jogados no lixo, bêbados que dirigem carros em alta velocidade e matam. E mesmo humoristas que querem fazer rir à custa do desrespeito e do menosprezo pelo outro. A sociedade está ficando sem graça. Só há graça na reciprocidade de valores sociais em contraposição à tentação de conveniências pessoais. Nossa tradição de humor é de raiz conservadora e se baseia, sobretudo, em fazer rir das contradições próprias das insuficiências da nossa modernidade, do imitar sem ser ou do ser sem saber. Daí que o caipira seja o nosso sujeito crítico por excelência e nosso insuperável personagem de humor.

J. S. Martins (2011)

A sociedade dos incalculáveis ganhos econômicos tornou-se a sociedade das incalculáveis perdas morais. Falta uma bolsa de valores sociais, que meça diariamente quanto perdemos de nós mesmos, de nossa dignidade, de nossa auto-estima, da estima e do respeito pelo outro. A sociedade do pendão da esperança está se transformando na sociedade da desesperança e do ceticismo.

Já há uma rotina de notícias sobre pessoas embriagadas que, dirigindo carro, atropelam, machucam e matam. Vamos nos acostumando, que é o pior sinal da complacência e da rendição incondicional à banalização da vida. Assassinos do volante foram soltos até antes que suas vítimas fossem enterradas. Edson Roberto Domingues, 55 anos, trabalhador, negro, chefe de família, teve 90% do corpo queimado quando seu caminhãozinho foi batido, e pegou fogo, pelo carro Camaro, importado, de R$ 165 mil, dirigido por um jovem embriagado, em disparada, que feriu quatro outras pessoas. Naquela rua a velocidade máxima é de 60 km por hora, que Edson Roberto respeitava. Foi vitimado por um bêbado irresponsável que corria a 116 km hora. Mediante fiança de R$ 245 mil, o autor da violência foi solto 24 horas antes da morte de sua vítima e dois dias antes que a família a enterrasse no Cemitério da Lapa.

O respeitador da lei foi irremediavelmente punido, como se fosse o culpado; o violador da lei passou umas horas na cadeia e está livre, como se fosse vítima. O assassino vai ser julgado por homicídio doloso, mas o STF já tem decisão sobre outro caso do mesmo gênero, de 2002, em que o dolo é questionado. Como observou um especialista, uma pena que deveria ser de 20 anos de prisão acaba sendo, no máximo, de 4 anos e até trocada por cestas básicas para os pobres. Quando o dinheiro pode pagar por aquilo que não tem preço, quando vida e moeda se equivalem, já significa que nessa equivalência a condição humana se perdeu. O abrandamento do Código de Processo Penal, para casos assim, vai na mesma direção.

História igual ao do dono do Porsche de R$ 600 mil que abalroou e destruiu o carro dirigido por uma moça, matando-a. Salvo por um bombeiro, ele saiu dos escombros de seu carro preocupado unicamente com os danos ao seu veículo. Nossa alma foi mercantilizada no egoísmo da equivalência mercantil do que não é equivalente ou não deveria ser.

Os longos anos de ditadura, de falta de liberdade e de direitos, deram lugar a uma sociedade que se embriaga na falsa concepção de que a liberdade só existe no abuso da liberdade sem freios, sem regras, sem respeito pela liberdade do outro. De que o direito só o é no abuso do direito sem a contrapartida de um código de deveres, os do respeito pelo direito do outro. A democratização corre o risco de se tornar uma farsa na anomia que desagrega, na falta de normas decorrentes de valores sociais de referência. Esses casos sugerem que os valores estão invertidos, pervertidos.

O eixo do nosso senso de justiça vem se deslocando do que por longo tempo definiu os valores sociais e regulou o comportamento das pessoas, a sociedade valorizada como todo. A sociedade tinha a primazia na definição do certo e do errado, do bem e do mal. É verdade que a vara de marmelo teve uma função histórica na formação do caráter do brasileiro, até a geração de nossos pais e avós. O Brasil venceu essa fase repressiva e descabida e começou a formar seus filhos na brandura da compreensão, na honestidade pedagógica de falar, mas de também ouvir.

Mas essa revolução de perspectiva não levou em conta os trânsfugas da educação tradicional e da moderna, os que confundiram liberdade com abuso, direito com prepotência, democracia com impunidade. Chegamos ao tempo cinzento das novas iniquidades, o do direito torto, da lei capciosa, da lei de Gerson, do individualismo exacerbado, da solidão que cega. Em larga extensão, a sociedade brasileira está matando o outro e o sentido da alteridade e da reciprocidade. “Deus é brasileiro” foi frase comum na boca de todos durante um longo tempo de nossa história. Mas Deus morre todos os dias não só nos atos dos que a si mesmos se supõem deuses; também nas várias modalidades de aniquilamento do semelhante.


* JOSÉ DE SOUZA MARTINS é sociólogo e Professor Emérito da Faculdade de Filosofia da USP. Dentre outros livros, autor de A Política do Brasil Lúmpen e Místico (Contexto, 2011) e Uma Arqueologia da Memória SocialAutobiografia de um moleque de fábrica, (Ateliê Editorial), 2011.Publicado em O Estado de S. Paulo [Caderno Aliás, A Semana Revista], Domingo, 9 de outubro de 2011, p. J6.

Fortuna de Ricardo Teixeira e família será investigada pela PF e Ministério Público Federal


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Empresa Sanud, ligada a Teixeira, operou na Fifa presidida por Havelange

Empresa Sanud, ligada a Teixeira, operou na Fifa presidida por Havelange

Fortuna de Ricardo Teixeira

e família será investigada pela PF e Ministério Público Federal

Roberto Pereira de Souza
Em São Paulo

  • A declaração de bens e evolução patrimonial de Ricardo Teixeira serão decisivas para provar se algum dia ele realizou lavagem de dinheiro no Brasil. O procurador da República Marcelo Freire, que pediu a investigação por evasão de divisas contra o dirigente,  fez uma série de exigências à Polícia Federal para que o novo inquérito contra o presidente da CBF e do Comitê Organizador Local da Copa 2014 não seja enfraquecido na origem por detalhes técnicos.

As investigações devem começar ainda esta semana e os policiais terão 90 dias para concluir o relatório, segundo ofício do MPF enviado à Superintendência de Polícia Federal fluminense. O prazo poderá ser prorrogado, caso seja necessário.

O MPF decidiu pedir investigação contra Teixeira com base em representação feita pelo Partido Republicano Brasileiro, junto à Procuradoria Geral da República, em Brasília, em junho. O caso foi transferido para o Rio de Janeiro, onde funciona a sede da CBF e residência oficial do dirigente.

A Delegacia de Crimes Financeiros deverá levantar, por exemplo, se a empresas Sanud e RLJ (dirigidas por Ricardo e pelo irmão procurado, Guilherme)  ainda mantêm registros atualizados na Junta Comercial do Rio de Janeiro. O tópico é importante na investigação porque a Sanud, que tem base no Exterior, ‘investiu” cerca de US$ 600 mil no Brasil, usando o sistema de empréstimo internacional  para o caixa da RLJ, empresa de Ricardo Teixeira.

As duas empresas são de Ricardo Teixeira, mas é possível que ele não tenha feito negócios apenas com o irmão Guilherme, procurador da empresa no Brasil e seu homem de confiança.  Guilherme também será interrogado por lavagem de dinheiro. Há fortes indícios de que a Sanud teria sido fechada em 1999, pouco depois da saída de João Havelange da presidência da Fifa, em 98.

Os Senadores que investigaram a CBF por meio da CPI do Futebol (entre 2000 e 2002) já haviam descoberto que as duas empresas “eram empresas de fachada”, escreveram os senadores.  O empréstimo de US$ 600 mil feito pela Sanud como investimento na  RLJ também foi de fachada: o dinheiro entrou como “investimento estrangeiro” mas desapareceu como empréstimo, que nunca foi pago.

ALGUMAS EMPRESAS ENVOLVIDAS EM SUBORNO, SEGUNDO JUSTIÇA SUÍÇA

Sanud US$ 8,5 mihões de 16/02/93 a 28/11/97
Beleza US$ 1,5 milhão de 27/03/91 a 01/11/91
Ovada US$ 820 mil 22/01/1992
Wando US$ 1,8 mihão de 06/07/89 a 22/01/93
Sicuretta US$ 42,4 mihões de 25/09/89 a 24/03/99

Um trecho do extenso relatório da CPI do Futebol denuncia operações financeiras entre os irmãos Teixeira e as empresas Sanud e RLJ Participações.

“Esses procuradores, um dos quais Guilherme Terra Teixeira, irmão de Ricardo Teixeira, representaram seus próprios interesses e os de Ricardo Teixeira… Há irrefutáveis evidências de que houve desvio de recursos da Sanud nas relações financeiras com a RLJ Participações…Há inegáveis evidências de que Ricardo Teixeira e os procuradores da Sanud no Brasil estiveram de pleno acordo em dar o destino  que se deu aos US$ 599.964,00”.

A coincidência da trama financeira foi descoberta parcialmente pela Justiça suíça. Os senadores brasileiros e o Ministério Público ainda não sabem oficialmente o que os suíços descobriram: a Sanud,  empresa investigada em 2000, já estava na lista negra de suborno atribuída a executivos da Fifa, desde 1993.

A Sanud encontrada pelos senadores é a mesma encontrada pela Justiça suíça, na lista de propinas da Fifa para compra de votos de países-sede de copas do mundo. Há suspeitas de comissões recebidas por venda de direitos exclusivos de transmissão dos eventos da Fifa.

A Sanud,empresa ligada a Ricardo Teixeira e talvez a João Havelange, recebeu US$ 8,5 milhões em quatro anos, de 93 a 97. Havelange foi o presidente da Fifa entre 1974 e 1998. Sepp Blatter, hoje chefão do futebol mundial, era seu secretário-geral. A tabela acima mostra um grupo de operações ocorridas durante os mandatos de Havelange.

A lista negra traz uma linha de tempo curiosa com outras empresas envolvidas em recebimento de propinas. Interesse especial nos nomes como Wando, Beleza, Ovada e Monarde. Essas quatro empresas desaparecem das operações com a entrada da Sanud, em 93,  sugerindo uma passagem de bastão ou consolidação de empresas interessadas no dinheiro da Fifa. Destaque para Sicuretta que recebeu, segundo investigadores europeus,  US$ 42,4 milhões em dez anos, de 1989 a 1999, meses após a saída de Havelange da presidência da entidade.

 Wando, Beleza, Ovada e Monarde saem de cena e entram a Sanud e Sicuretta dando sequência aos depósitos milionários ilegais.

Segundo o jornalista escocês, Andrew Jennings, que investigou as operações nebulosas da Fifa e publicou o livro Jogo Sujo, no Brasil, em junho último, Ricardo Teixeira e João Havelange teriam devolvido cerca de US$ 9 milhões  (recebidos supostamente de maneira ilegal) para trancar ação criminal na Suíça.

O valor mencionado por Jennings (também em um documentário feito para a BBC de Londres) é próximo de tudo o que foi repassado para a Sanud entre janeiro de  93 e novembro de 97, pouco antes da saída de Havelange da presidência da Fifa.

Agora, o Ministério Público Federal quer descobrir quem está por trás das outras empresas da lista, batizadas em  bom Português, como se fossem códigos indecifráveis em países europeus.

O Ministério Público Federal quer saber também se parte desses repasses milionários entrou no Brasil via Sanud para beneficiar Ricardo Teixeira e seu irmão, Guilherme, como lavagem de dinheiro.