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BRICs agitam mundo da ajuda humanitária


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Mundo

BRICs agitam mundo da ajuda humanitária

Doações de Brasil, Rússia, Índia e China são cada vez maiores no cenário internacional. Da ‘The Economist’*

Entre 1951 e 1992 a Índia recebeu cerca de US$ 55 bilhões em ajuda humanitária estrangeira, tornando-se o maior beneficiado do mundo, e agora está prestes a criar seu próprio órgão de ajuda internacional. Segundo Gurpeet Singh, da RIS, uma usina de ideias de Nova Déli, o governo inaugurará o órgão em meses, que terá US$ 11,3 bilhões para gastar até 2016 ou 2018.

A mudança de beneficiado para doador é parte de uma enorme mudança que acontece na ajuda humanitária internacional. Há dez anos a vasta maioria da assistência oficial vinha dos 15 países industrializados que são membros do Comitê de Assistência ao Desenvolvimento (DAC). Até hoje, os Estados Unidos continuam sendo o maior doador, tendo distribuído US$ 31 bilhões em 2010.

Mas se os relatórios monitorados pela Wagner School da New York University estiverem certos, é a China, que doou US$ 25 bilhões em 2007 (as estatísticas sobre os novos doadores ainda são incertas, e a linha que separa ajuda e comércio ainda é tênue; em outra contagem, a ajuda da China soma apenas US$ 1,9 bilhão em 2009). O Brasil, que também cogita a criação de um agência de ajuda humanitária internacional, doa US$ 4 bilhões anualmente, o que o coloca lado a lado com a Suécia, a Itália ou a Arábia Saudita, outro grande doador que não pertence ao DAC. Se a Índia doar US$ 2 bilhões por ano, estará ao lado da Austrália ou a Bélgica.

De acordo com um novo relatório da ONG Global Humanitarian Assistance, a ajuda humanitária de países de fora do DAC cresceu em 143% entre 2005 e 2008, chegando a US$ 11,2 bilhões, antes de cair durante a crise financeira. A ajuda humanitária dos BRICs (Brasil, Índia, Rússia e China) teve um aumento superior a 100%. O monopólio dos doadores acabou.

Ajuda humanitária por parte de países de fora do DAC não é exatamente uma novidade. A Índia tem há anos um programa de treinamento de servidores civis. A União Soviética e a China maoísta gastaram milhões ajudando países mais pobres durante a Guerra Fria. A novidade é que esses programas estão se expandindo rapidamente. Antes de 20007, os gastos da Rússia com ajuda humanitária externa estavam perto de US$ 100 milhões. Esse número chegou a uma média anual de US$ 422 milhões entre 2007 e 2010, de acordo com o Ministério da Fazenda.

De acordo com Duncan Green, chefe de pesquisa da Oxfam, uma ONG, a grande questão a ser resolvida para os novos doadores é até que ponto eles adotarão as políticas e instituições dos doadores ocidentais ou até onde eles farão as coisas a seu modo, confundindo os limites entre a ajuda humanitária e o investimento. Os BRICs estão doando mais por meio de canais multilaterais, se afastando da tradicional ajuda de governo para governo. Os documentos chineses usam linguagem ao estilo ocidental e mencionam “aumentos na capacidade dos países beneficiados”. Mas cada vez mais os novos doadores acreditam que seu modelo de ajuda é melhor. Enquanto suas contribuições aumentam e as dos países caminham cada vez mais para a estagnação, a ajuda humanitária mundial vive um momento de competição genuína.

* Texto traduzido e adaptado pelo Opinião e Notícia

Fontes:The Economist – “Charity begins abroad”

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América Latina Brasil e Colômbia: menos distantes


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América Latina Brasil e Colômbia: menos distantes

Santos e Lula: lançamento de um fórum de investimentos na Colômbia no dia 4 de agosto

Começa uma amizade cautelosa.

Da ‘The Economist’*

Eles são o maior e o terceiro maior país da América Latina em termos populacionais. Dividem uma fronteira de quase 2 mil km. Mas Brasil e Colômbia não se dão bem. Em 2009 a desconfiança ficou às claras quando o então presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, resmungou em público a respeito do acordo negociado por Álvaro Uribe, então presidente da Colômbia, que atualizava os termos sob os quais forças norte-americanas poderiam usar sete bases militares para ações em conjunto contra o tráfico de drogas e guerrilhas.

Agora há um esforço simultâneo de melhorar as relações. No dia 4 de agosto, Lula chefiou um grupo de magnatas convidados pelo Banco InterAmericano de Desenvolvimento (BID) para discutir modos de incrementar o comércio entre os dois países. Este quadruplicou desde 2004, mas os US$ 3 bilhões do ano passado representam menos de 1% do total do comércio exterior dos dois países.

A bacia amazônica é uma barreira enorme ao comércio. Não há estradas que liguem o Brasil à Colômbia. De acordo com o BID, custa a um exportador colombiano um pouco mais do que a um canadense exportar produtos para o Brasil. O banco estima que o comércio poderia dobrar em cinco anos com impostos mais baixos, melhores procedimentos alfandegários e melhores canais de transporte.

Os laços políticos também estão se estreitando. Ao governo Lula desagradava o auxílio militar norte-americano à Colômbia. Funcionários do governo colombiano reclamaram da falta de solidariedade brasileira em relação aos esforços colombianos contra as narcoguerrilhas da FARC. O Brasil parecia se alinhar tacitamente com a Venezuela de Hugo Chávez em seus frequentes embates com Uribe.

“Havia muita desconfiança” entre ele e Uribe, Lula admitiu, acrescentando que seus sucessores, Dilma Rousseff e Juan Manuel Santos “podem fazer muito mais”. Santos pôs fim ao acordo com os Estados Unidos e transformou a melhoria das relações com o Brasil, a Venezuela e a América Latina em geral uma prioridade. Um sinal disso também foi dado no dia 4 de agosto quando Nelson Jobim, então ministro da Defesa do Brasil, assinou um acordo sobre a segurança das fronteiras que incluía uma provisão que prevê a “perseguição aguerrida” de traficantes e guerrilheiros.

Infelizmente para a Colômbia, Jobim foi demitido naquela noite por Dilma. As razões não tinham conexão com o acordo, mas seu substituto, Celso Amorim, foi associado às políticas pró-Venezuela como ministro das Relações Exteriores de Lula. Uma amizade começou, ainda que cautelosa.

* Texto traduzido e adaptado pelo Opinião e Notícia

Fontes:Economist – Brazil and Colombia: Less far apart

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MARXISMO E INDIVIDUALISMO METODOLÓGICO


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MARXISMO E INDIVIDUALISMO METODOLÓGICO (**)

Andrew Levine, Elliot Sober e Erik O. Wright (*)

Costuma-se afirmar que o marxismo contém princípios metodológicos peculiares que o
distinguem da ciência social “burguesa” (1). A diferença tem
sido caracterizada de diversas maneiras: o marxismo é científico e
materialista, enquanto a teoria burguesa é idealista e ideológica; o marxismo é
holista
, a teoria burguesa, individualista; o marxismo é dialético e
histórico, a teoria burguesa é linear e estática; o marxismo é antiempiricista
e antipositivista, enquanto a teoria burguesa é empiricista e positivista.
Essas qualificações variam consideravelmente em sua substância, mas existe um
ponto de vista quase consensual de que há uma ruptura metodológica
irreconciliável entre o marxismo e as teorias rivais (2).

Essa unanimidade vem sendo recentemente desfeita por uma corrente da teoria
marxista, chamada muitas vezes de “marxismo analítico”, que rejeita
enfaticamente a pretensa peculiaridade metodológica do marxismo (3).
Contrariando concepções generalizadas, autores como Jon Elster, John Roemer,
Adam Przeworski e G. A. Cohen sustentam que o marxismo se distingue por suas
afirmações substantivas a respeito do mundo, e não pela sua metodologia.
Alegam, ademais, que os princípios metodológicos geralmente aceitos como
distintivos do marxismo são indefensáveis, quando não incoerentes.

O exemplo mais marcante dessa rejeição provém daqueles marxistas analíticos que se
declaram explicitamente defensores do “individualismo
metodológico”
e endossam uma posição metodológica por eles associada à
boa ciência social, mas que tem sido virtualmente rejeitada pelos marxistas (4).

Como se sabe, Marx criticou violentamente o “individualismo” dos economistas
clássicos e dos filósofos contratualistas, escarnecendo tanto das concepções do
indivíduo que abstraíam as relações sociais, quanto das teorias baseadas nas
escolhas imputadas de “indivíduos abstratos”. Quase todos os
marxistas, não obstante suas diferenças, atribuem relevância explicativa às
“totalidades”, em evidente oposição à estreiteza das formas
individualistas de análise.

Até recentemente, os defensores do individualismo metodológico tratavam com
igual desdém o marxismo. Alguns deles, como Hayek e Popper, entre outros,
chegaram mesmo a propor expressamente sua posição metodológica como uma
alternativa àspráticas explanatórias do marxismo. Não deixa de ser,
portanto, pelo menos irônico declarar que o que vale a pena ser levado a sério
no pensamento marxista possa ser reconstruído segundo o modelo do
individualismo metodológico; e que apenas uma reformulação desse tipo poderia
salvar o “âmago racional” (como diria Marx) do pensamento marxista da
indefensibilidade de tantas de suas formulações, bem como do obscurantismo que
aflige grande parte do que veio a ser identificado como marxismo.

Simpatizamos com a idéia de que é substantiva, e não metodológica, a peculiaridade do
marxismo, e que, enquanto ciência da sociedade, sua metodologia deveria ser
apenas boa metodologia científica. Mas, o individualismo metodológico não é
boa metodologia científica, embora, conforme demonstraremos adiante, haja
solidez em algumas intuições que o motivam.

A plausibilidade do individualismo metodológico marxista depende, de
certo, da maneira como é conceituado. Infelizmente, na etapa atual do debate,
muitas obscuridades que sempre permearam as discussões sobre o individualismo
metodológico têm-se reproduzido no contexto do marxismo. Um dos objetivos deste
ensaio é tentar reduzir essa confusão, esclarecendo os argumentos favoráveis e
contrários ao individualismo metodológico, quer se apliquem ao contexto das
explicações marxistas, quer se voltem para as explanações sociológicas em
geral.

Na próxima seção, caracterizamos o individualismo metodológico, contrastando-o com
três outros enfoques explanatórios em ciência social. Segue-se uma discussão
mais detalhada dessa teoria. Afirmamos que suas ambições reducionistas não
podem ser realizadas. Na seção final, sustentamos, no entanto, que uma
implicação prática dessa metodologia – a de que é necessário elaborar
microfundamentos às teorias macrossociológicas – é oportuna e
relevante, embora o individualismo metodológico, em si mesmo, não o seja.

Um ponto de referência central da discussão tratada ao longo deste ensaio é o livro de Jon
Elster, Making Sense of Marx (1985). Elster é um dos mais argutos
representantes do individualismo metodológico marxista, e esse livro
representa a tentativa mais bem-sucedida, dentro da tradição marxista, de
defesa dessa posição. Constitui-se, portanto, num ponto de partida útil para o
exame da força e da fraqueza dessa doutrina.

Uma Tipologia das Metodologias de Explicação

O individualismo metodológico é uma reivindicação sobre o caráter da explicação. Afirma
que todos os fenômenos sociais são mais bem explicados pelas propriedades dos
indivíduos compreendidos no fenômeno. Ou, de outra maneira, que toda explicação
que envolve conceitos sociológicos de nível macro deveria, em princípio, ser
reduzida a explicações no plano micro dos indivíduos e suas propriedades.

A fim de darmos uma definição precisa do individualismo metodológico, é útil
contrastá-lo com três outras concepções possíveis: o atomismo, o holismo radical
e o anti-reducionismo. As duas primeiras posições, pelo menos em sua
forma pura, não têm mais defensores; entretanto, são tendências ainda
implícitas dentro da teoria social. De fato, não é raro encontrar nos debates sobre
individualismo metodológico expositores que parecem confundir as opiniões dos
oponentes com uma ou outra dessas concepções. Assim, os que defendem o individualismo
metodológico
retratam os anti-reducionistas como holistas radicais,
e os defensores de posições anti-reducionistas às vezes tratam os adeptos do individualismo
metodológico
como atomistas. Dessa maneira, será útil mapear as quatro
possibilidades, a fim de esclarecer os pontos da controvérsia.

Tais posições metodológicas em relação à explicação científica diferem quanto ao que
consideram como explicativo. Elas podem ser diferenciadas
segundo duas dimensões: quanto à consideração ou não das propriedades e
relações entre entidades sociais agregadas como irredutivelmente explicativas;
quanto a considerarem explicativas ou não as relações entre indivíduos (5).

Entidades sociais agregadas incluem, por exemplo, sociedades, grupos, classes,
organizações, nações, comunidades. Essas entidades possuem propriedades (por
exemplo, taxas de inflação, formas institucionais, modelos de distribuição de
renda) e realizam uma variedade de relações entre si (por exemplo, relações
entre sindicatos e empresas, entre nações, entre classes coletivamente
organizadas). Os indivíduos também têm tanto propriedades (crenças,
habilidades, recursos) quanto entram numa diversidade de relações com outros
indivíduos (relações de parentesco, de patrão-empregado etc.). Reunindo essas
duas dimensões, obtemos a tipologia de princípios de explanação dos fenômenos
sociais representada no Quadro 1.

Atomismo

O atomismo é uma concepção metodológica que nega toda capacidade explicativa às relações,
quer se dêem entre indivíduos, quer se produzam entre entidades sociais.
Considere-se um fenômeno social qualquer, por exemplo, a passagem do feudalismo
para o capitalismo. Um atomista diria que essa transição pode ser, em
princípio, perfeitamente explicada por processos causais que operariam de modo
estritamente interno aos indivíduos na sociedade em questão. Embora as interaçõesentre
esses indivíduos tenham importância para explicar a emergência do feudalismo,
os processos causais que governam os resultados dessas interações são
inteiramente intra-individuais (6). Insistiria, ainda, o atomista,
dizendo, em outras palavras, que somente são explicativas as entidades
constituídas de modo plenamente não relacional.

Dessa maneira, o atomismo parece ser evidentemente insustentável. Vivemos em nossa
vida cotidiana dentro de uma rede de relações com outras pessoas, como pais,
parentes, empregadores, consumidores etc. Essas relações parecem-nos ser
explicativas e também, diríamos, irredutíveis: ser pai ou mãe, por exemplo,
implica necessariamente um outro indivíduo, um filho ou uma filha.

Mas o atomismo não é assim tão implausível quanto parece à primeira vista. O atomista
poderia argumentar que tudo que parece ser explicativo a respeito de relações
irredutíveis entre indivíduos, na verdade só o é em virtude dos estados
psicológicos correspondentes (não relacionais) desses indivíduos; que tudo
aquilo que é importante como explicação, por exemplo, das relações de poder
entre indivíduos, não está nas relações irredutíveis entre eles, mas em suas
crenças e desejos, considerados atomisticamente. Se eu acredito que você vai me
punir se eu fizer X, e você acredita que eu tenho essa crença, então cada um de
nós terá comportamentos particulares. A “relação” visível de poder
entre indivíduos prosseguiria o argumento, nada mais é do que um conjunto de
crenças recíprocas, e são essas crenças, mais do que qualquer “relação
objetiva”, que explicam as ações.

Embora aceitemos que as crenças e desejos expliquem as ações, parece-nos que o mundo
fora de nossas mentes ajuda a entender por que os agentes pensam e desejam o
que fazem. Uma fonte plausível de explicação para as crenças a respeito do
poder são as próprias relações objetivas de poder entre as pessoas. Os efeitos
subjetivos das práticas dos poderosos e dos destituídos formam, pelo
menos em parte, as crenças a respeito do poder. A interconexão duradoura entre
essas práticas é exatamente o que se quer dizer com “relação de
poder”. Se essas relações ajudam a entender as crenças; e se as crenças
ajudam a explicar a ação, então, assumindo-se a transitividade, pode-se dizer
que os fatos decorrentes de relações sociais ajudam a explicar as ações dos
agentes.

O atomismo pode estar certo em sustentar que os fatos ligados a relações sociais afetam as
ações apenas em virtude de influenciarem, atomisticamente, os pensamentos. Mas
disso não se pode deduzir que tais fatos, irredutivelmente relacionais, são irrelevante
como explicação.

É por isso que aqueles que insistem na redutibilidade das explicações sociológicas ao
plano individual geralmente defendem a importância interpretativa das
propriedades genuinamente relacionais dos indivíduos.

Essa combinação de compromissos metodológicos – a crença na redutibilidade da
explicação ao nível do indivíduo e a convicção da importância explicativa das
relações entre indivíduos – define o que, em geral, se chama de individualismo
metodológico
.

Dodô
Genial cartun seu.

Individualismo Metodológico

O individualismo metodológico compartilha com o atomismo a concepção de que a explicação
sociológica é, em última instância, redutível ao nível individual. Elster diz
isso explicitamente no início de Making Sense of Marx. Ele define individualismo
metodológico
como “a doutrina de que todos os fenômenos sociais – sua
estrutura e sua mudança – são, em princípio, explicáveis por fatores que
envolvem apenas as pessoas, suas propriedades, seus objetivos, suas crenças e
suas ações. Passar das instituições sociais e dos padrões agregados de
compartamento para os indivíduos é uma operação semelhante à passagem das
células às moléculas” (Elster, 1985, p 5).

Elster, entretanto, não é um atomista, porque ele não proscreve da explicação
científica as características relacionais irredutíveis dos indivíduos. Na
verdade, o autor argumenta que o estoque de características individuais, que
pode basear a compreensão dos fenômenos sociais é muito mais amplo do que as
crenças, desejos e outros elementos psicológicos. Ele aceita que “muitas
propriedades individuais, como a de ser ‘poderoso’ são inerentemente
relacionais, de modo que a descrição correta de um indivíduo pode implicar a
referência a outros” (idem, p. 6). “Propriedades relacionais”
incluiriam, ainda, ser parente, pai ou mãe, ou patrão. Em nenhum lugar Elster
(ou qualquer outro marxista defensor do individualismo metodológico) diz
que essas propriedades, relacionais são redutíveis a propriedades
atomísticas.

Algumas vezes se afirma que o individualismo metodológico implica a rejeição do argumento holista
de que “o todo é mais do que a soma das partes”. Embora o
atomismo, sem dúvida, considere os todos como sendo apenas coleções de partes,
o fato de o individualismo metodológico reconhecer a relevância
explicativa de propriedades relacionais implica que, pelo contrário, ele pode
aceitar o dogma central de seu suposto rival.

O problema depende do significado atribuído a “soma” e “partes”.
Pode-se ler a afirmação holista da seguinte maneira: as partes da
sociedade são indivíduos dotados de propriedades atomísticas, isto é,
propriedades atribuíveis a cada indivíduo independentemente dos demais. O todo,
então, é “maior” do que a “soma” das partes, no sentido de
que as propriedades do todo provêm de padrões sistemáticos de interação entre
os indivíduos – as relações que os mantêm juntos – e não apenas da agregação de
suas propriedades atomísticas (isto é, não relacionais). Por outro lado, se são
incluídas propriedades de relação nas descrições das próprias partes, então não
é mais verdade que o todo é mais do que a soma de seus componentes. Tudo o que
foi incluído na expressão “maior do que”, na formulaçãoholista,
foi agora resumido na redescrição das “partes” (7).

Podemos ilustrar formalmente essa questão. Considere-se, por exemplo, um sistema
composto de duas “partes”, X e Y. Se o todo, Z, é igual à soma das
partes, pode-se dizer que: Z=b1X+b2Y

Isto é, a magnitude relevante de Z é totalmente
determinada pela soma dos efeitos b1 da parte X e b2 da parte
Y. Se há interação entre X e Y, na forma XY, então, Z=b1X+b2Y+b3XY
e, assim, o todo é maior do que a soma de suas partes (isto é, a interação de X
é Y produz o efeito b3 sobre Z, além de seus efeitos
aditivos). Pode-se, agora, redescrever as partes da seguinte maneira: X* =X(1+b3Y/2b1)

Y* =Y(1+b3X/2b2)

Nessas novas descrições, as interações das partes dentro do todó são representadas como
propriedades relacionais das próprias partes. Dessa maneira, já não é mais o
caso de o todo (Z) ser maior do que soma de suas partes, por que: Z=b1X*
+b2Y*

E importante assinalar que essas novas descrições somente são possíveis post facto, depois
de se inserir as partes no todo ( isto é, depois que se determinaram todas as
interações com as outras partes).

Dentro desses novos parâmetros, o atomismo pode parecer mais plausível do que merece.
Mas essa aparência não nos deve levar a pensar que as propriedades relacionais
podem ser eliminadas, não só em termos nominais, mas de fato (8).

O individualismo metodológico distingue-se, ainda, do holismo radical e do
anti-reducionismo por sua insistência em que apenas as relações entre
indivíduos são irredutíveis. Nega que categorias sociais agregadas
também o sejam. Se uma propriedade social é explicativa é porque pode ser
reduzida a propriedades das relações entre indivíduos particulares. A
propriedade de uma sociedade “estar numa situação revolucionária”,
por exemplo, não é explanatoriamente irredutível, na concepção do individualismo
metodológico. A força explicativa dessa propriedade reside nas característica:
e relações dos indivíduos dessas sociedades. A propriedade social agregada de
“situação revolucionária” nada mais é do que uma agregação de todas
as propriedades e relações individuais particulares. É apenas uma expressão conveniente.
Assim, qualquer interpretação em que apareça a expressão “situação
revolucionária” pode ser, em princípio, reduzida a uma explicação –
extremamente complexa, sem dúvida – que envolva apenas propriedades e relações
entre indivíduos.

Holismo Radical

O holismo radical contrasta profundamente com o individualismo metodológico. Para
ele, as relações individuais são essencialmente epifenômenos das explicações
sociológicas. Tais relações são geradas pela operação do todo; por si mesmas
nada explicam. Não se trata, apenas, de que o “todo é mais do que a soma
de nuas partes”, mas de que o todo é a causa exclusiva e as partes são
meros artefatos, ainda que constituídos a partir de relações sociais. As categorias
macrossociais, como capitalismo, Estado, relações de classe, não são apenas
irredutíveis a processos microssociais: elas não são afetadas por esses
processos.

É difícil encontrar defesas explícitas do holismo radical na sua forma pura, mas
há, algumas tendências nas ciências sociais que refletem esse tipo de
pensamento. A tradição marxista, devido à sua ênfase na “totalidade”,
tem sido particularmente suscetível a essas idéias. Podem-se mencionar três
exemplos: o raciocínio teleológico na teoria da História, as formulações
extremadas em defesa da causalidade estrutural e o que se pode chamar de
argumento da “ação coletivista”.

Teleologias holistas aparecem em análises históricas que vêem a trajetória social da
mudança como sendo objetivamente dirigida para uma finalidade última
independente das intenções subjetivas dos atores. Nesses casos, a força
explicativa é atribuída a este “fim último” da História. Os
indivíduos, portanto, são apenas agentes de forças sociais intencionais, mas
impessoais; o que eles fazem ou escolhem é explicado pelos fenômenos sociais,
mas não os explica. Suas ações e escolhas não são mecanismos, mas conseqüências
do princípio imanente, cuja trajetória é o objeto da ciência social. Neste tipo
de interpretação, os fatos sociais explicam os fatos sociais diretamente, sem
que haja qualquer função interpretativa para os mecanismos que agem no plano
individual.

Uma tendência semelhante ao holismo radical, que teve grande influência no marxismo ocidental
contemporâneo, encontra-se em algumas das mais extravagantes declarações de
Louis Althusser e seus seguidores (Althusser, 1969 e 1970). Apesar de sua
explícita oposição aos vestígios do pensamento teleológico hegeliano, os
althusserianos efetivamente reproduziram algumas de suas características mais
dúbias. Althusser propôs a obscura noção de “causalidade estrutural”,
segundo a qual as estruturas causam as estruturas e os indivíduos são apenas
“portadores” das relações sociais (9). Ainda que essas
afirmações reflitam apenas o estilo retórico de Althusser, algumas explicações
de althusserianos parecem dispensar, de início, os mecanismos que atuam no
plano individual.

O argumento “coletivista” aparece explicitado em declarações do tipo: “a
burguesia não estava disposta a fazer compromissos”, ou “o
proletariado aproveitou-se da crise”, ou ainda, para tomarmos uma famosa
citação de Marx, “a humanidade sempre se coloca apenas as tarefas que pode
resolver” ( Marx, 1859 ) .

Na maioria dos casos, essas expressões são apenas elípticas, ou expressam certa
negligência na exposição, mais do que um grave erro metodológico. Os
verdadeiros referentes dessas afirmações seriam, por exemplo, organizações
(partidos, sindicatos), vistos como representantes das classes em questão, ou
aquelas declarações poderiam referir-se à distribuição de crenças nas
populações relevantes. Às vezes, no entanto, essas expressões parecem implicar
uma crença na consciência e na ação coletivas e numa classe, ou mesmo numa
humanidade, que, como tais, pensam, escolhem e agem. Esses tratamentos não
elípticos de sujeitos coletivos estão ligados a concepções teleológicas
holistas da História: na teleologia o propósito objetivo da História é
representado como a finalidade de um Sujeito Coletivo genuíno. Mesmo quando
sujeitos coletivos não são vinculados a teleologias da História, a postulação
dessas entidades tende a marginalizar a relevância explicativa das relações no
nível individual dentro do argumento holista.

Elster critica todas essas formas de holismo radical – que ele chama de
“coletivismo metodológico” – no trabalho de Marx e na tradição
marxista. O autor tem sido particularmente incisivo no ataque às explicações
funcionais no interior do marxismo a respeito da existência e persistência de
certas instituições sociais por causa de seus efeitos benéficos para as classes
dominantes. Na sua opinião, essas explicações geralmente refletem um pensamento
teleológico acerca da natureza da sociedade e da História, ignorando a
importância de mecanismos especificadores de nível microssocial. Esses
equívocos argumentam Elster, derivam dos princípios metodológicos que Marx
herdou de Hegel. Acreditamos, porém, que isso decorra mais de negligência
expositiva e de excessos retóricos do que de convicções holistas
radicais.

Poucos marxistas – se é que os há – chegaram a imaginar a possibilidade de estabelecer
relações funcionais na ausência de mecanismos de nível microssocial, ou a
pensar que agentes coletivos possam ser algo mais do que agregações de atores
individuais. Mas os marxistas (e inclusive Marx) têm, de fato, freqüentemente
fracassado na definição precisa das implicações dessas crenças, aliás muito
sensatas.

Elster tem conseguido identificar alguns exemplos, embora lhes tenha interpretado mal a
fonte e a natureza. De qualquer modo, ele está certo em criticar o holismo
radical. O fato óbvio de que se não houvesse pessoas não haveria sociedades
subscreve o pressuposto metodológico de que os mecanismos causais que envolvem
indivíduos devem estar sempre contidos nas explicações sociológicas. O problema
não está em poder eliminar o nível individual de análise, mas em como deveriam
ser vinculados à explicação macrossociológica. O individualismo metodológico
sustenta que os fenômenos macrossociais sempre podem ser reduzidos às suas
realizações no plano micro, pelo menos em princípio. O anti-reducionismo
rejeita essa tese.

Anti-Reducionismo

O anti-reducionismo reconhece a importância do plano micro de análise na
explicação dos fenômenos sociais, mas defende a irredutibilidade das
interpretações de nível macro. O individualismo metodológico insiste em que o
objetivo último da ciência é reduzir as explicações a níveis cada vez mais
desagregados. Para seus defensores, explicar um fenômeno é apenas fornecer uma
descrição dos micromecanismos que o produzem. Categorias sociais,
supra-individuais, são apenas admissíveis faute de mieux, em
conseqüência de nossas limitações cognitivas, ou do estado inadequado de nosso
conhecimento.

O anti-reducionismo, ao contrário, não prejulga, diante de um problema, se as
explicações macrossociológicas são redutíveis afinal a análises
individualistas. Essa posição pode parecer paradoxal: como se pode ter um
compromisso com a irredutibilidade das explicações sociológicas para o plano
individual e, ao mesmo tempo, com a importância da elaboração de
microfundamentos? A solução desse apaxente paradoxo é discutida na próxima
seção.

Anti-Reducionismo versus Individualismo Metodológico

Para os teóricos do individualismo metodológico é desejável, em princípio, não apenas acrescentar
uma exposição de microcausas às macroexplicações, como substituir essas
últimas por explicações de nível micro. Se possível, esses teóricos desejariam
que os conceitos sociológicos agregados fossem banidos, ou então, que fossem
tolerados como simples conveniências da explicação (10).

O problema da redução do macro ao micro assemelha-se a questões familiares na filosofia da
mente (11). Qualquer distribuição particular de propriedades entre
indivíduos constitui um estado particular da sociedade. Da mesma maneira,
qualquer configuração particular dos estados neurofisiológicos do cérebro
humano constitui um estado particular da mente. Uma análise completa de
propriedades individuais (ou configurações neurofisiológicas) constituiria,
então, uma explicação total e adequada de fenômenos sociais (ou estados da
mente) e seus efeitos. Pareceria plausível, portanto, pelo menos em princípio,
reduzir macrofenômenos a microfenômenos. Para compreender por que isso, na
verdade, não é possível, pode-se introduzir uma distinção familiar na filosofia
da ciência entre “casos” e “tipos” (12).
“Casos” são exemplos particulares: uma greve particular feita por um
grupo de operários numa fábrica determinada ou uma idéia particular na cabeça
de uma determinada pessoa. “Tipos” são características que os
“casos” podem ter em comum. Assim, uma greve particular – um
“caso” singular – pode ser compreendida numa variedade de possíveis
“tipos”: greves, lutas de classe, conflitos sociais etc.
Igualmente, ser rico é um “tipo” do qual Rockfeller é um
“caso”. Os “tipos” são categorias gerais que compreendem
exemplos ou eventos particulares.

O reducionismo coloca diferentes problemas para os “casos” e os
“tipos”. A maioria dos marxistas, por ser materialista, muito
provavelmente apoiaria o reducionismo de “casos” (13). Assim,
se as opiniões correntes sobre a relação entre mente e cérebro humano estiverem
corretas, os marxistas, bem como muitos não-marxistas, aceitariam que um estado
particular da mente de um indivíduo possa ser explicado pela descrição do
estado cerebral daquele indivíduo naquele momento do tempo. Da mesma forma,
quanto aos fenômenos sociais, ocorrências singulares podem ser explicadas pela
referência às atividades, propriedades e relações de indivíduos particulares que
constituem coletivamente o fenômeno. O verdadeiro debate, então, relaciona-se
com a redutibilidade de “tipos” macrossociais a “tipos”
microindividuais. Pode-se aplicar a distinção entre “casos” e
“tipos” tanto a entidades sociais quanto a indivíduos.

Assim, pode-se definir o capitalismo como um “tipo” de sociedade e os
Estados Unidos, em 1987, como um “caso” desse “tipo”.
Também se pode definir a relação capitalista-trabalhador como um
“tipo” de relação entre indivíduos, enquanto a relação entre o proprietário
de uma determinada firma e os empregados dessa firma seriam as
“casos” singulares dessa relação (14).

Tanto os adeptos do individualismo metodológico, quanto os anti-reducionistas admitem o
poder explicativo dos conceitos-“tipo” em relação aos indivíduos:
Onde eles se diferenciam é na concepção do status explanatório dos
conceitos-“tipo” referentes às entidades sociais agregadas: os
primeiros insistem em que esses conceitos-“tipo” podem ser reduzidos
a conceitos-“tipo” apenas referentes a indivíduos; os
anti-reducionistas argumentam que, em geral, isso não é possível.

A distinção entre “tipos” e “casos” permite-nos ver que uma ciência
tem, pelo menos, duas espécies de projetos de explicação: ela busca entender
por que ocorrem “casos” singulares e, também, compreender a natureza
dos “tipos” que caem dentro de seu campo de conhecimento. Assim,
poderíamos querer explicar por que ocorreram exemplos específicos de
capitalismo, quando e onde, e também saber o que é capitalismo. Um adepto do
individualismo metodológico teria compromisso com a microredutibilidade tanto
de “casos” quanto de “tipos”. Nossa polêmica não é com a
primeira dessas pretensões, mas com a segunda.

Nossa objeção pode ser esclarecida por um exemplo no qual se justifica um reducionismo
de “tipo”. Consideremos a “água” como substância, não uma
amostra particular de água. Quando afirmamos que a água é redutível a H20,
queremos dizer que todos os efeitos da água podem ser reduzidos a efeitos de H20.
Sempre que a água desempenhar um papel explicativo, os efeitos da água provêm
dos efeitos dos agregados de moléculas de H20. No caso da água essa
redução é possível porque há uma única micropropriedade correspondente à
macropropriedade em questão. Uma coisa só é água se, e apenas se, ela é um conjunto
de moléculas de H
20. Entretanto, no caso dos fenômenos
sociais (e dos estados da mente), não há, de fato, qualquer correspondência
única similar entre “tipos”.

Consideremos, por exemplo, os estados da mente. Qualquer que seja a percepção – a crença de
que a neve é branca, a intenção de comprar uma barra de chocolate, o sentimento
de dor -, há, em princípio, muitos, talvez mesmo infinitos, estados físicos que
poderiam efetivar os estados da mente em questão. Chama-se de superveniência
a essa relação: os estados da mente são supervenientes aos estados
cerebrais. Pode-se fazer referência semelhante aos fenômenos sociais: muitas
distribuições de propriedades dos indivíduos, suas crenças, desejos, recursos,
inter-relacionamentos, podem efetivar o mesmo “tipo” social. No caso
de propriedades e relações supervenientes, o reducionismo de “tipo”
para “tipo” não é possível.

A razão pela qual, em casos de superveniência, o reducionismo é impossível, é bem ilustrada
por um exemplo da biologia evolucionista. A propriedade de
“estruturação” figura em muitas explicações dessa teoria. Para cada
ocorrência “de estrutura” – a estrutura de um organismo particular
num ambiente particular – corresponde uma configuração específica de fatores
físicos desse organismo. Em cada um desses casos, pode-se dizer que os fatores
físicos explicam por que esse organismo particular tem o grau de estrutura que
possui. Não há razão para acreditar, entretanto, que qualquer propriedade
física singular corresponda à categoria geral de “estruturação”, que
os mesmos mecanismos explicam a estrutura de, por exemplo, um sapo e uma
girafa. É muito provável que organismos estruturados não compartilhem qualquer
propriedade física que constitua sua estrutura. A única propriedade explicativamente
relevante que compartilham é a de serem exemplos de um único “tipo”
superveniente. Assim, enquanto é possível uma redução de “casos”
individuais de estruturação a mecanismos físicos, uma redução de
“tipo” não o é. A estruturação é superveniente em relação às suas
realizações no nível micro.

Os defensores do individualismo metodológico aceitam o reducionismo de
“tipo” com relação aos fenômenos sociais. Não se justifica, no
entanto, defender esse reducionismo como um requisito metodológico a priori:
esta é uma questão empírica. Essas reduções somente seriam possíveis
se a relação entre fenômenos sociais e propriedades individuais fosse
semelhante à relação entre a água e H20. Entretanto, na medida em
que a relação entre os fatos sociais e suas realizações no plano micro
assemelha-se àquela existente entre estados mentais e estados cerebrais, ou à
relação entre estrutura e propriedades físicas de morfologia e fisiologia, a
busca de um reducionismo de “tipo” é inútil (15).

Considere-se o fato de que as sociedades capitalistas apresentam uma tendência acentuada ao
crescimento econômico. Pode-se explicar essa propriedade, pelo menos em parte,
como uma conseqüência do caráter competitivo dos mercados capitalistas, que
geram inovações e investimentos incessantes, os quais, cumulativamente,
produzem o crescimento. Esse processo, por sua vez, explica-se pela
sobrevivência das firmas mais eficientes na obtenção de lucros no mercado.
Sobrevivência e lucratividade, nessa explicação, são semelhantes à “estruturação”
na biologia evolucionista.

Para cada “caso” de sobrevivência econômica, pode-se identificar um conjunto de
decisões de indivíduos que têm crenças, preferências, informações e recursos;
estes explicam por que uma determinada firma sobrevive. No entanto, pode não
haver nada em comum, no plano micro, entre os mecanismos que permitem à
firma X sobreviver e os mecanismos das firmas Y e Z, que também subsistiram. X
pode ter êxito devido à passividade dos operários (que permitem, sem
resistência, a introdução de inovações); Y, devido à implacabilidade do patrão;
Z, devido à racionalidade técnico-científica da equipe administrativa, e assim
por diante (16). A explicação sociológica do crescimento em termos dos
macroprocessos de competição no mercado, entretanto, é superveniente sobre uma
vasta gama de possíveis micromecanismos. Aqui, portanto, o reducionismo é
possível, mas não o “tipo”.

Em resumo, a proposta reducionista do individualismo metodológico falha porque a ciência tem
projetos explanatórios que ultrapassam os “casos” singulares. Além de
indagar por que este organismo ou aquela firma sobreviveram, também se quer
explicar o que têm em comum diversos objetos e processos. Quando as
propriedades que respondem a essas perguntas sobrevêm a propriedades no plano
micro, as explicações macroteóricas não são, em princípio, redutíveis.

Relevância da Análise Micro para a Teoria Macro

Pode-se pensar que o anti-reducionismo não confere importância às análises no plano
micro, ou, o que é pior, considera-as irrelevantes para a teoria. Mas não há
fundamento para essa impressão: o anti-reducionismo não é um holismo radical.
Ao invés de rejeitar as análises no plano micro, a forma de anti-reducionismo
acima descrita atribui grande importância aos “microfundamentos” das
interpretações macroteóricas.

Há quatro possíveis conexões explicativas entre os fenômenos sociais e as
propriedades individuais: primeiro,
propriedades individuais podem explicar fenômenos sociais; segundo,
fenômenos sociais podem explicar propriedades individuais; terceiro,
propriedades individuais podem explicar propriedades individuais; quarto,
fenômenos sociais podem explicar fenômenos sociais.

A crítica ao holismo radical implica afirmar que a quarta conexão só é legítima
quando a cadeia causal da explicação envolve combinações das duas primeiras.
Isto é, fenômenos sociais somente explicam fenômenos sociais quando há vínculos
– mecanismos causais – que funcionam no plano microindividual. As estruturas
sociais explicam estruturas sociais através dos modos pelos quais determinam
as propriedades e as ações dós indivíduos. Estas, por sua vez,
determinam resultados sócio-estruturais (17). A investigação dessas vias
individuais; através das quais se efetivam as determinações macroestruturais. é
o estudo dos “microfundamentos”

Na defesa do individualismo metodológico, Elster propõe duas razões para justificar a
importância de buscar os microfundamentos nas ciências sociais. Suas razões são
sólidas, muito embora a ambição reducionista de sua posição metodológica geral
não o seja. Em primeiro lugar, de um ponto de vista prático, a especificação
dos micromecanismos é freqüentemente indispensável para conferir credibilidade
a explicações de nível macro. Como é muito difícil distinguir, empiricamente,
correlações espúrias de relações causais genuínas, e como um grande número de
causas pode obscurecer as relações postuladas numa teoria, a elaboração de
microfundamentos é necessária para garantir credibilidade a uma teoria
sociológica. Elster escreve:

“Se o objetivo da ciência é explicar através de leis, há necessidade de reduzir tanto
quanto possível o intervalo entre explanans e explanandum (entre causa e
efeito), a fim de evitar o risco das explicações espúrias. Estas ocorrem de
duas maneiras principais: pela confusão entre explicação e correlação e pela
confusão entre explicação e necessidade (…) Ambos os riscos são reduzidos
quando nos aproximamos do ideal de uma cadeia contínua de causa e efeito, isto
é, quando se reduz o intervalo entre explanans e explanandum.
Isto mais uma vez está estreitamente ligado à passagem do nível mais agregado
para o menos agregado dos fenômenos. Nessa perspectiva, o reducionismo não é um
fim em si mesmo; é apenas um concomitante de outro desideratum” (Elster,
1985, p. 1) .

Sem dúvida,
não há razão para se acreditar, em geral, na existência de um únicomicrofundamento para qualquer fenômeno macrossocial. Conforme dissemos, essa
superveniência do macro sobre o micro é que torna impossível o reducionismo
individualista. Entretanto, como todo processo mácrossocial deve ter
realizações ao nível micro, a elaboração de possíveis microfundamentos dá mais
credibilidade a argumentos que se desenvolvem no plano macro.

Além disso, Elster oferece uma razão menos heurística para a busca de microfundamentos:
“Não é só nossa confiança na explicação, mas a nossa compreensão que
aumenta quando passamos do macro ao micro, de intervalos mais longos para mais
curtos. Explicar é fornecer um mecanismo, abrir a caixa preta e mostrar
os parafusos e as porcas, os dentes e as rodas, os desejos e as crenças que
geram os resultados agregados ( idem, p . 3).

Elaborar os microfundamentos de explicações macrossociológicas não só aumenta a confiança
nas teorias, como as aprofunda. Na medida em que se está aberto à possibilidade
de múltiplos fundamentos para uma dada explicação (e, portanto, para
a não-redutibilidade de fenômenos macro a microfundarnentos), a descoberta de
processos de nível micro, através dos quais se concretizam os fenômenos maiores,
enriquece a compreensão teórica.

A relevância da análise de microfundamentos para a teoria macroestrutural pode ser
exemplificada pela discussão, feita por Elster, em Making Sense of Marx, da
questão da formação de classes sociais. Este é o processo pelo qual as classes
se constituem como atores coletivos através da luta de classes. Os marxistas
têm-se interessado em classificar a relação entre diferentes condições
sócio-estruturais e diferentes tipos de processos de formação de
classes. Determinadas condições, por exemplo, podem ser particularmente
favoráveis à formação de organizações revolucionárias de classe; outras, podem
dar origem a organizações reformistas.

Elster afirma que a chave para a compreensão desse processo está no entendimento dos
mecanismos que facilitam ou impedem o desenvolvimento da consciência de classe
nos indivíduos. Para explorar esses mecanismos, Elster desenvolve uma variedade
de conceitos derivados da teoria da interação estratégica racional (ou
“teoria dos jogos”). Ele recomenda, em especial, que o processo de
formação de classes seja compreendido em relação aos modos de solucionar o
conhecido problema do “carona” (free rider) , isto é, o
problema de motivar indivíduos a contribuírem para um “bem público”
que redunde em vantagens para todos, qualquer que seja sua participação.

Elster (1985, p. 360 ) descreve esse problema da seguinte maneira:

“Qualquer que seja a ação dos outros, é meu interesse abster-me. Se todos os outros se
envolvem numa ação coletiva, eu fosso obter a vantagem da ‘carona’ vela
abstenção, e se todos se abstêm, eu posso evitar a perda decorrente de uma ação
unilateral, abstendo-me também. Como esse raciocínio se aplica a todos os
agentes (…) todos decidirão abster-se e nenhuma ação coletiva se produzirá.”

Se os trabalhadores são racionalmente egoístas, eles preferirão pegar
“carona” no sacrifício dos outros, mais do que fazer, eles mesmos,
esses sacrifícios. A questão teórica, portanto, é compreender como pode ser
superado o problema da “carona”. Se as soluções, no plano micro, são
adequadamente especificadas, pode-se, então, indagar sobre as condições
estruturais que levaram àquelas respostas individuais.

Muitas “soluções” desse problema têm sido discutidas na literatura sobre a
ação coletiva: os indivíduos podem agir em virtude do hábito, em vez do cálculo
racional; a liderança de uma organização pode empregar sanções e vantagens
secundárias para estimular a participação; as pessoas podem exagerar
irracionalmente a importância de sua participação individual para o êxito da
ação coletiva e; assim, acreditar que os benefícios da luta dependem de seu
envolvimento, quando esse não é, de fato, o caso; o “jogo” pode ser
repetido indefinidamente, de modo que os atores considerem a possibilidade de
futuras sanções para comportamentos realizados no presente; a ordem das
preferências individuais pode mudar, tornando as pessoas mais altruístas. Uma
ou todas essas possibilidades podem estar presentes em um dado contexto
empírico.

A proposta de Elster é a de compreender a solidariedade de classe como uma transforrnação
da ordem das preferências, característica do problema da “carona” (a
matriz de desfechos do dilema do prisioneiro), no sentido de um jogo de
confiança. Enquanto, no “dilema do prisioneiro”, cada indivíduo prefere
tirar vantagem do sacrifício dos outros, num “jogo de confiança” a
preferência mais alta de cada um é cooperar com os demais (isto é, participar
de um sacrifício conjunto), contanto que cada indivíduo esteja certo de que os
outros também vão cooperar. Num “jogo de confiança” as pessoas não
estão dispostas a ser unilateralmente altruístas, a fazer sacrifícios mesmo que
nenhum outro também queira fazê-los. Eles não querem ser “trouxas”,
mas preferem cooperar a agir como “caronas”. Elster chama esse arranjo
de “altruísmo condicional”.

O raciocínio de Elster sobre os possíveis microfundamentos da superação do problema da
“carona” sugere uma agenda particular de pesquisa: que se explorem as
condições sociais que estimulam ou solapam o altruísmo condicional e que
facilitam ou impedem a tradução de preferências individuais em práticas
solidárias. O autor afirma que muitas análises do próprio Marx sobre a formação
da classe operária podem ser interpretadas sob essa ótica. Por exemplo, Marx
atribuiu considerável importância à concentração e interdependência dos
trabalhadores em grandes empresas industriais. Esses fatores são importantes
porque aumentam o grau de informação dos trabalhadores sobre as prováveis
preferências e comportamentos dos companheiros. Partilhar essa informação tem
importância crucial para transformar preferências altruístas
condicionais em práticas solidárias. Da mesma maneira, os marxistas
sempre enfatizaram a importância da liderança e da organização na formação de
classes.

Elster argumenta que os líderes podem desempenhar um papel particularmente importante nas lutas
em que estão presentes motivações de altruísmo condicional:

“Evidentemente os líderes são sempre necessários, não obstante as motivações individuais, para
coordenar a ação coletiva. Se as motivações exigem que os indivíduos tenham
confiança na disposição dos outros antes de agir, a liderança assume a função
adicional de proporcionar tal garantia. Se um indivíduo sabe que cem pessoas
confiam nele, pode criar as necessárias condições de informação, realizando
duzentas operações: primeiro, perguntando cz cada um sobre sua disposição para
aderir d ação coletiva e, depois, contando de volta a cada um sobre a
predisposição dos demais. Por contraste, comunicações bilaterais realizadas
entre cem pessoas exigiriam cerca de cinco mil atos de comunicação. Podem ser
bastante substanciais os ganhos de informação obtidos através da
liderança” (idem, pp. 366-7 ) (18).

A organização e a liderança proporcionara, assim, aos potenciais participantes
uma rede de comunicação indireta essencial para convencêlos de que não ficarão
na posição de “trouxas” nas lutas coletivas.

Embora há muito tempo se tenha reconhecido a importância desses tipos de determinantes
sociais da formação de classes – concentração e interdependência dos
trabalhadores, a emergência de liderança e organização eficientes etc. -, é
pouco provável que o papel desses fatores na constituição dos requisitos de
informação necessários à solidariedade fossem reconhecidos sem a elaboração dos
microfundamentos. Sua especificação pode, portanto, ajudar a elaborar a gama de
diferentes estruturas sociais capazes de satisfazer o mesmo requisito no plano
micro (no caso, oferecer condições de informação para traduzir preferências
altruístas condicionais em ações solidárias). A homogeneidade étnica, por
exemplo, pode ajudar a compensar as desvantagens de pequenas empresas ou,
connplementarmente, a heterogeneidade étnica pode contrabalançar as condições
favoráveis de informação das grandes fábricas.

A elaboração de microfundamentos, portanto, ajuda a dar ordem teórica às categorias usadas
nas macroexplicações da teoria sociológica. Esta, por sua vez, pode facilitar a
tareia de resolver anomalias empíricas de pesquisa. Considere-se, mais uma vez,
os microfundamentos do altruísmo condicional para a formação de classes. A
teoria prediz que a homogeneidade étnica aumenta a probabilidade da formação
cie classe, porque facilita os requisitos de informação da solidariedade de
classe. Observam-se, então, casos de comunidades operárias ou locais de
trabalho etnicamente homogêneos, dentro dos quais o nível de solidariedade
manifesta de classe é baixo.

A elaboração dos microfundamentos ajuda a orientar a pesquisa no sentido de explicar tais
erros de previsão. Será a solidariedade baixa porque algum outro fator social
solapou as, condições de informação, contrabalançando os efeitos da
homogeneidade étnica? Ou terá sido porque a ordem de preferências dos operários
não é, de fato, condicionalmente altruísta? Ou, apesar de condições favoráveis
de informação e do altruísmo condicional, a luta solidária é baixa porque
alguma outra condição social elevou os custos da ação coletiva a um ponto tal
que os trabalhadores têm medo de lutar? Ou, finalmente, terá sido porque algum
conjunto alternativo de microfundamentos precisa ser especificado em relação ao
próprio processo de formação de classe? Sem focalizar os microfundaxrlentos, é
difícil saber que perguntas fazer diante dessas anomalias.

Uma coisa é pedir que se elaborem os microfundamentos da teoria macro; outra é especificar
a forma que devem tomar essas análises. Os teóricos do individualismo
metodológico, marxistas ou não, têm geralmente ressaltado os modelos de ação
estratégica racional. Esses modelos assumem a racionalidade dos atores na
escolha de ações que maximizam a probabilidade de alcançar um objetivo. Os
modelos são estratégicos, na medida em que presumem atores que escolhem sabendo
que outros atores também fazem escolhas na busca de seus objetivos (assim, ao
escolher, todos devem levar em conta as escolhas dos outros). Devido a ênfase
neste tipo de modelo, o trabalho de autores como Elster, Przeworski,
Roemer e outros tem sido denominado de “marxismo de escolha racional”
(19).

Muitos marxistas têm resistido ao apelo dos marxistas analíticos à realização de
análises dos microfundamentos devido ao uso desses modelos. Tais modelos de
ator racional são identificados com o individualismo metodológico emesmo com a
economia neoclássica. No entanto, conforme argumentamos, a crença na
importância dessas análises dos microfundamentos não implica um compromisso com
o individualismo metodológico. Além disso, não há necessidade de equiparar as
análises de microfundamentos com modelos de estratégia racional. Há muitos
outros possíveis microfundamentos dos fenômenos sociais: As teorias da
socialização que enfatizam a internalização de normas, hábitos e rituais, ou
mesmo teorias psicanalíticas do inconsciente, podem ser usadas. A teoria
marxista da, ideologia, compreendida como uma teoria do processo de formação de
sujeitos sociais, também pode fornecer uma base para a elaboração de
microfundamentos (20). Pode-se, portanto, rejeitar os modelos de ação
estratégica racional formal e, ainda assim, reconhecer a importância das
análises de microfundamentos.

De qualquer modo, os marxistas analíticos que desenvolveram modelos de ator racional,
fizeram-no porque percebem sua utilidade heurística, não porque acreditam que
os atores, de fato, são universalmente egoístas. Elster acentua esse aspecto.
Compreender os tipos de comportamento que poderiam ser previstos com base no
pressuposto da ação estratégica racional egoísta, alega Elster, pode ser um
instrumento útil para especificar as maneiras pelas quais preferências
não-egoístas e processos cognitivos nãoracionais modelam a ação individual. A
combinação exata de racionalidade e irracionalidade, de egoísmo e altruísmo, de
intencionalidade ehábito, existente num determinado problema, éuma questão
empírica, tanto na opinião de Elster quanto na nossa própria.

Conclusão

Os defensores marxistas do individualismo metodológico, como Elster, têm estado
particularmente preocupados em combater o que consideram tendências para o
holismo radical, dentro da tradição marxista. O antídoto que prescrevem é
colocar a elaboração de microfundamentos no centro da agenda da teoria e da
pesquisa marxistas. Acreditamos que as tendências ao holismo radical são
atribuíveis antes a uma certa negligência intelectual do que a compromissos
filosóficos. Entretanto, essas tendências são evidentes entre os autores
marxistas (e também não-marxistas).

A prescrição recomendada por Elster e outros que compartilham de suas idéias é bastante
razoável. Mas não é necessário, nem útil, considerar o apelo à elaboração de
análises de microfundamentos como uma convocação ao individualismo
metodológico. Banir os tipos sociais como objetos de pesquisa é empobrecer as
finalidades explicativas da ciência social, bem como contraditar práticas
racionais de análise. Os microfundamentos são importantes para a teoria
macrossociológica porque ajudam a focalizar as questões e enriquecer as
respostas. Mas a ciência exige mais do que a sua elaboração.

Se os tipos sociais são supervenientes, conforme suspeitamos, as descrições de
microfundamentos, embora importantes, não são suficientes para controlar o
poder explicativo das teorias de nível macro.

Participamos da visão geral dos marxistas analíticos de que as teses substantivas sobre o
mundo são o que há de mais valioso e distintivo na tradição marxista. A
pretensão marxista de uma distinção metodológica é, pelo menos, enganosa,
quando não – o que é pior – prejudicial. O mesmo pode ser dito das afirmações
dos teóricos do individualismo metodológico sobre a maneira adequada de
compreender o papel da explicação na ciência social. A sociologia deve ser
metodologicamente anti-reducionista quando as propriedades e relações que
investiga são supervenientes. Esta, repetimos, é uma questão empírica, não pode
ser estabelecida por um decreto metodológico.

Tradução de Vera Pereira.

Notas

(*) Andrew Levine e Elliott Sober – Departamento de
Filosofia da Universidade de Wisconsin. Erik Olin Wright – Departamento de
Sociologia da Universidade de Wisconsin.

1 – A palavra “metodologia” refere-se,
aqui, às concepções a respeito da construção de teorias e dos procedimentos de
pesquisa, incluindo questões como a construção das explicações, a formação e
transformação de conceitos e a coleta de dados. Desejamos agradecer a Robert
Brenner, Alan Carling, G. A. Cohen, Jon Elster, Robert Kahn, Margaret Levi,
Joel Rogers, Phillipe Van Parijs e Beatrice Wright pelos comentários a versões
anteriores deste ensaio. Algumas dessas pessoas discordam fortemente das
opiniões aqui emitidas.

2 – A expressão mais conhecida e extremada desta
concepção é a de Lukács em seu ensaio “What is Orthodox Marxism?”.
Para Lukács, apenas a metodologia diferencia o marxismo das teorias rivais.
Todas as afirmações substantivas da teoria marxista poderiam ser rejeitadas,
dizia Lukács, e ainda assim o marxismo permaneceria válido por causa de seu
método. Cf. Georg Lukács (1971, pp. 1-26).

3 – Para uma antologia contendo trabalhos de alguns
dos mais importantes autores da nova escola do marxismo analítico, ver John
Roemer (1986).

4 – Sem dúvida, nem todos os marxistas que
trabalham no estilo analítico seguiriam Elster neste ponto, mas essa concepção
tem sido afirmada por autores influentes. Ver, por exemplo, Adam Przeworski
(1985 ) e John Roemer (1982).

5 – Essas dimensões não são estritamente
simétricas, pois as “propriedades individuais” não estão incluídas na
segunda dimensão. A razão disto é que o atomismo aceita a relevância
explanatória de propriedades individuais, mas não de relações entre indivíduos.

6 – Se o conceito de “relação” é
equiparado ao de “interação”, é evidente que nenhum teórico negaria a
relevância explicativa das relações. Até mesmo um atomi.sta radical
reconheceria que as interações dós pais com uma criança têm conseqüências para
esta. O que os atonnistas discutem, portanto, não é que as interações não
tenham conseqüências, mas que sejam inteiramente governadas por mecanismos
localizados dentro das entidades, atomisticamente constituídas, engajadas em
interações.

7 – O conhecido esvaziamento da polêmica holismo/
individualismo é desenvolvido, por exemplo, em Ernest Nagel (1961).

8 – Esta reformulação algébrica é muito semelhante
à maneira como os evolucionistas defendem a idéia de que um único gene é a unidade
de seleção. Ver, a respeito, Elliott Sober (1984, cap. 7).

9 – Em algumas passagens da obra de Althusser, o
tratamento dos indivíduos como “portadores” e “suportes” da
estrutura pode ser interpretado como consistente em relação à análise de
microfundamentos. Assim, por exemplo, em sua análise da ideologia, Althusser
discute o processo através do qual os indivíduos são formados como sujeitos.
Essa análise da “interpelação” poderia ser considerada como uma
descrição da maneira como causas sócio-estruturais modelam situações
microindividuais, que, por sua vez, têm efeitos sobre as próprias relações
estruturais. Cf. Louis Althusser (1971) . Para um desenvolvimento
muito mais sistemático desses argu mentos relativamente rudimentares de
Althusser, que explicita bem melhor os micromecanismos do processo de formação
de sujeitos, ver Góran Therborn (1982).

10 – Um individualista metodológico radical
alegaria, ainda, que, em princípio, as explicações no plano individual deveriam
ser reduzidas a causas neurofisiológicas, e estas, em última instância, a
explicações relativas a partículas atômicas e suas inter-relações. Como o
demônio de LaPlace, a ambição última da ciência é reduzir todos os fenômenos à
operação de leis físicas.

11 – Ver, por exemplo, o desenvolvimento dessas
idéias em Jerry Foder (1975, cap. 1) e Hilary Putnam (1975, pp. X29-40 ) .

* No original, “tokens” (“casos”)
e “tyves” (“tipos”) – N. do T.

12 – Para uma discussão da distinção entre “types”
e “tokens”, relativamente ao problema da explicação
científica, ver idem.

13 – “Materialismo”, neste contexto, é o
argumento de que os “casos” (“tokens”) são
“modos” da matéria. Oporse ao materialismo seria atribuir status ontológico
a entidades (supostamente) não-materiais (como espíritos desincorporados ou élans
vitdux).

14 – O debate sobre as “relações sociais”
freqüentemente ignora a distinção entre conceitos”tipo” que são
irredutivelmente sociais. Por exemplo, a “relação capital-trabalho” é
um conceito-“tipo” que identifica as propriedades teoricamente
relevantes que todos os exemplos particulares de relações entre capitalistas e
trabalhadores têm em comum. Neste sentido, é um conceito”tipo”, de
nível micro, ainda que seja usado para caracterizar uma sociedade inteira.
Embora esse conceito seja irredutivelmente relacional – isto é, não pode
ser representado em termos atomísticos -, ele não contradiz as diretrizes do
individualismo metodológico, pois as relações descritas se dão entre
indivíduos. Não é sem iro nia que os “marxistas fundamentalistas”
(como às vezes são chamados), os quais enfatizam a suprema importância
explicativa das relações capital-trabalho para a com- preensão do
capitalismo e defendem categoricamente a distinção metodológica do marxismo,
estejam mais próximos do individualismo metodológico do que os marxistas que
ressaltam a importância de vários tipos de entidades sociais agregadas, como as
formações de classe, os aparatos de Estado etc. As explicações baseadas na
relação capital-trabalho podem ser muito abstratas, mas ainda assim são
fundamentalmente baseadas numa lógica micro. Uma análise abstrata de
conceitos-“tipo”, no plano micro, não é equivalente a uma análise no
plano macro.

15 – O argumento de que conceitos-“tipo”
sociais não podem ser reduzidos a conceitos-“tipo” individuais
relaciona-se com a pretensão holista de que os macrofenômenos têm
“propriedades emergentes”. Uma propriedade emergente é aquela que
apenas pode ser descrita no plano macro. Se, no entanto, essas propriedades não
forem supervenientes, qualquer explicação em que figurem pode ser reduzida a
interpretações micro correspondentes. Portanto, a pretensão de que as
propriedades emergentes são irredutivelmente explicativas depende da
superveniência do nível macro ao micro.

16 – Se fosse descoberta uma propriedade comum,
especificável no plano micro, seria possível uma redução de “tipo” do
macro ao micro. Nosso argumento é o de que esta seria uma descoberta empírica,
comparável a descobertas na biologia evolucionista contrárias à teoria corrente
de que todos os exemplos de estrutura refletem um único mecanismo
micromolecular.

17 – Deve-se ressaltar que a necessidade de
mic;romediações não implica que explicações macro sejam redutíveis a esses
mecanismos. A teoria da estruturação na biologia evolucionista implica a
existência de inúmeras micromediações, micromecanismos, através dos quais são
realizadas diferentes ocorrências de estrutura. No entanto, a teoria da
evolução não é redutível a qualquer lei causal que opere no plano desses
micromecanismos.

18 – Tudo o que Elster diz a respeito dos
“líderes”, como pessoas individuais, também se aplica a
organizações.

19 – Ver, especialmente, Alan Carling (1986 ) .

20 – Ver G. Therborn (1982 ) .

(**)Trabalho publicado originalmente em New Left
Review, n. 162, março-abril, 1987, pp. 67-84. Agradecemos aos autores a
permissão para publicar.

Bibliografia

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novembro/dezembro.

ELSTER, Jon. (1985 ), Making
Sense o f Marx.
Cambridge, Cambridge University Press.

FODER, Jerry. (1975), The
Language of Thought. 
Nova Iorque.

LUKACS, Georg. (1971),
History and Class Consciousness: Study in Marxist Dialetics. Londres.

MARX, Karl. (1859),
“Preface” to A Contribution to the Critique of Political
Economy. 

NAGEL, Ernest. (1961), The
Structure o f Science.
Londres.

PRZEWORSKI, Adam. (1985),
“The Challenge ofMethodological Individualism to Marxist Analysis”.
Po litics & Society. 

PUTNAM, Hilary. (1975),
“The Nature of Mental States”, in H. Putnam, Philosophical Papers,
vol. II,
Cambridge.

ROEMER, John. (1982), A
General Theory of Exploitation and Class.
Cambridge,

_____________(org.).
(1986), Analytical Marxism. Cam bridge.

SOBER, Elliott. (1984), The
Nature o f Selection: Evolutionary Theory in Philosophical Focus.
Cambridge.

THERBORN, Gáran. (1982), The
Power o f Ideology and the Ideology of Power. 
Londres, NLB/Ver

Que Brasil é este


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E que o povo faz para mudar isso? NADA. Portanto não temos nem o direito de reclamar. Somos um povo pacífico ou imbecil

Que Brasil é este.

ATO DE REPULSA

VERGONHA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
 

Um motorista do Senado ganha mais para dirigir um automóvel do que um oficial da Marinha para comandar uma fragata !
– Um ascensorista da Câmara Federal ganha mais para servir os elevadores da casa do que um oficial da Força Aérea que pilota um Mirage.
– Um diretor que é responsável pela garagem do Senado ganha mais que um oficial-general do Exército que comanda uma Região Militar ou uma grande fração do Exército.


– Um diretor sem diretoria do Senado, cujo título é só para justificar o salário, ganha o dobro do que ganha um professor universitário federal concursado, com mestrado, doutorado e prestígio internacional.

– Um assessor de 3º nível de um deputado, que também tem esse título para justificar seus ganhos,  mas que não passa de um “aspone” ou um mero estafeta de correspondências, ganha mais que um cientista-pesquisador da Fundação Instituto Oswaldo Cruz, com muitos anos de formado, que dedica o seu tempo buscando curas e vacinas para salvar vidas.

– O SUS paga a um médico, por uma cirurgia cardíaca com abertura de peito, a importância de R$ 70,00, equivalente ao que uma diarista cobra para fazer a faxina num apartamento de dois quartos.




Europa continua em guerra com os mercados


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Euro

Depois de Grécia, Portugal e Irlanda, Espanha e Itália podem ser as próximas vítimas da crise

Europa continua em guerra com os mercados

Apesar de diminuição na pressão sobre os países atingidos, futuro da zona do euro ainda é uma incógnita.

Da ‘The Economist*

A pressão sobre Grécia, Irlanda e Portugal – os três países que receberam resgates financeiros da União Europeia e do FMI até agora – pode ter diminuído. Mas a pressão sobre a Espanha e a Itália está piorando numa velocidade acelerada. Os juros extras que os dois países pagam em empréstimos de dez anos atingiram recordes nessa semana (desde a inauguração do euro). Ações nos bancos italianos, recheadas de títulos governamentais domésticos, estão sendo atingidas diariamente.

Os mercados estão nervosos em parte graças às políticas nacionais. José Luiz Rodríguez Zapatero, o primeiro-ministro espanhol, anunciou uma antecipação das eleições para novembro, o que pode significar meses de distração da tarefa de reduzir o déficit. Os políticos italianos se uniram no mês passado para aprovar um orçamento de austeridade, mas muitas das medidas são retrógradas e os líderes do país – não apenas Silvio Berlusconi, mas também seu ministro financeiro, Giulio Tremonti – estão cercados por escândalos.

Ambos os países podem alegar que suas dívidas são suportáveis. O nível de dívida pública na Espanha é mais baixo que a média da zona do euro; o da Itália é enorme, beirando os 120% do PIB, mas ela conta com um superávit primário. Ainda assim, o baixo crescimento e as incertezas políticas em ambos os países criam dúvidas suficientes para espantar os investidores, e há poucas garantias do resto da zona do euro para acalmá-los.

Em todos os estágios da crise, os líderes europeus reagiram tardiamente e de maneira inadequada. O encontro de 21 de julho manteve esse padrão. Em particular, não foi capaz de aumentar a capacidade de empréstimos do mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF), o fundo de resgates do euro. Os números do EFSF devem aumentar dos atuais € 250 bilhões para € 440 bilhões no outono. Partindo do princípio de que o FMI continuará dando sua parte, isso deve ser suficiente para levar a Espanha pelos próximos três anos sem ter que recorrer aos mercados: no entanto, está longe de cobrir também os problemas da Itália. A rede de segurança que apoia a terceira e a quarta economias da Europa é fraca e os investidores sabem disse.

Cabeças enterradas na areia

O que fazer agora então? A primeira delas é voltar das férias na praia. Zapatero adiou suas férias, mas muitos outros líderes estão no litoral se bronzeando. A segunda é dar alguma segurança aos títulos italianos e espanhóis. O encontro de julho concordou em expandir o ESFS para que ele possa comprar parte dessas dívidas governamentais em mercados secundários. Mas a máquina institucional europeia é lenta. As conclusões do encontro devem ser assinadas e ratificadas por todos os 17 governos da zona do euro antes que o EFSF entre em ação, e isso ainda pode levar semanas. Nesse meio-tempo, o Banco Central Europeu deve reativar seu programa de compra de títulos.

A terceira coisa a fazer é cercar propriamente a Itália e a Espanha. Expandir o tamanho do ESFS a pelo menos € 1 trilhão é uma opção. Mas o ESFS é protegido por garantias dos membros da zona do euro, logo, o fardo sobre seus fundadores, França e Alemanha, teria um crescimento enorme, e a França poderia se juntar ao grupo de risco. A alternativa a uma EFSF maior seria a emissão de títulos aprovados e estimulados pelos membros da zona do euro. Esse seria um grande passo na direção da união fiscal, um passo que talvez a Europa não esteja pronta para dar. Mas cada vez mais, a união fiscal europeia parece ser o menor dos males.

*Texto traduzido e adaptado pelo Opinião e Notícia

Fontes:The Economist – “Rearranging the deckchairs”

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China exige garantias dos Estados Unidos


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Economia

Chineses querem substituição do dólar como moeda de reserva

China exige garantias dos Estados Unidos

País também pede adoção de nova moeda de reserva
mundial

A China condenou neste sábado, 6, as “míopes” disputas políticas nos Estados
Unidos quanto aos problemas de dívida norte-americana e afirmou que o mundoda única superpotência do mundo, tem todo o direito agora de demandar dos EUA
que enfrentem os problemas estruturais da dívida e garantam a segurança dos
ativos chineses em dólar”, afirmou a agência estatal Xinhua.

Os comentários foram feitos após a agência de classificação de risco Standard
& Poor”s rebaixar, pela primeira vez na história, a nota dos papéis da
dívida dos EUA, de AAA para A+, citando preocupações com o crescente fardo da
dívida federal de longo prazo. A medida foi tomada três dias depois da sanção
da lei que evitou a suspensão de pagamentos pelo governo americano que esboçou
o plano de ajuste de US$ 2,1 trilhões nas contas públicas federais nos próximos
dez anos, e a S&P advertiu que pode haver novo rebaixamento do rating nos
próximos dois anos.

A China, que possui mais de US$ 1 trilhão investidos em títulos do Tesouro dos
EUA (Treasuries), está entre os países que seriam mais imediatamente afetados
por qualquer calote ou rebaixamento dos EUA.

“Para curar esse vício das dívidas, os Estados Unidos devem restabelecer o princípio
do bom senso e viver dentro de suas possibilidades”, afirma a Xinhua,
acrescentando que os EUA “também deveriam interromper sua velha prática de
deixar a política interna eleitoral tornar a economia mundial refém e contar
com os bolsos profundos dos países superavitários para compensar seus déficits
perenes”.

Tesouro aponta erro de US$ 2 trilhões

A S&P havia notificado a Casa Branca sobre a decisão antes de anunciá-la,
como sempre, de surpresa e após o fechamento dos pregões das bolsas americanas.
O Tesouro americano argumentou à agência ter havido falha de US$ 2 trilhões nos
cálculos sobre as projeções das contas públicas do país. Porém, nem o Tesouro
nem a S&P se manifestaram publicamente sobre o possível erro de cálculo.

Por meio de um comunicado emitido na noite de ontem, a S&P advertiu sobre a
possibilidade de novo rebaixamento, para AA, nos próximos dois anos, “se virmos
que o corte menor das despesas em relação ao acertado, o aumento nas taxas de
juros ou novas pressões fiscais durante o período resultam em uma trajetória
mais elevada da dívida governamental do que a atualmente sugerida pela nossa
base de dados”. “O panorama sobre a avaliação de longo prazo é negativo”,
acentuou.

A agência atribuiu sua decisão às medidas fiscais acordadas entre o Congresso e a
Casa Branca para garantir a estabilização da dívida em médio prazo. Para a
S&P, elas são insuficientes para garantir a estabilidade fiscal do país e
sua capacidade de pagar as dívidas. O governo dos EUA acumula US$ 14,3 trilhões
em dívidas, o equivalente a mais de 90% do Produto Interno Bruto (PIB).

Fontes:Estadão.com.br
– “China critica EUA após rebaixamento e exige garantias”
, Estadão.com.br
– “Maior credor dos EUA, China pede nova moeda de reserva mundial”

VEJA TAMBÉM

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Argentina e o Brasil: dois irmãos siameses


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Argentina e o Brasil:

dois irmãos siameses

Hélio Araújo Silva

Ligados pela Prata o Brasil e Argentina estão ligados nos
Pampas Gaúchos como irmãos siameses. Com políticas econômicas totalmente
diferentes. Argentina só está voltada para o seu lado interno, longe do
Consenso de Washington, que aliás, já fez água há muito tempo. Em função disso,
ela vem tentando evoluir a duras penas longe da consciência internacional. E o Brasil,
silenciosamente, tem ajudado este país, enviando um grande número de
consumidores brasileiros para ajudá-lo a se reerguer por meio da grande  máquina do turismo. E os cidadãos argentinos,
com imenso carinho, dignidade, respeito, e cordialidade recebem os seus os
irmãos como uma mãe carinhosa ela recebe seu filho…

Falta um Programa:

Como explorar o turismo sem explorar o turista.

Se falarmos nos taxistas autônomos, vamos perceber que
eles agem como verdadeiros guias, explicando tudo, didaticamente, aos turistas
menos experientes.  Conscientizar os
anfitriões, os Empresários, mas isso coisa para a se programar nas políticas de
governo. “Como nos diz o caudilho Juan Facundo Quiroga, é vulcão adormecido não
se toca se não larva aparece estoura e se choca uma violência estrondosa. Mais
aqui tem um velocímo de ouro que temos de conquistar…”

Com a União de Nações Sul-Americanas
UNASUL

Ficheiro:Emblem of the Union of South American Nations.svg

O Tratado Constitutivo da Unasul
foi assinado em 23 de maio de 2008, na Terceira Cúpula de Chefes de Estado,
realizada em Brasília, Brasil.[3]
De acordo com o Tratado Constitutivo, a sede da União será localizada em Quito, Equador.
O Parlamento sul-americano será localizado em Cochabamba,
na Bolívia,
enquanto a sede do seu banco, o Banco
do Sul
, será localizada em

Ficheiro:Union of South American Nations (orthographic projection).svg

Caracas, Venezuela.[4]

 A Comissão Estratégica de
Reflexão sobre o Processo de Integração Sul-americana foi criada. Consiste de
12 membros, cuja função é elaborar propostas que ajudarão no processo de
integração entre as nações sul-americanas.

Tanto infra – estrutura esses países tem muito a
ganhar, no fortalecimento ambas das economias, e turismo destas valentes
Nações, uma moeda comum, sem falar no poder das negociações  internacionais com blocos mais desenvolvidas.
Não só país isolado é a América Latina na mesa de negociação. E o poder União?

Dados Econômicos e Sociais da Unasul

PIB (Produto Interno
Bruto): US$ 7,94 trilhões (estimativa 2008)
– PIB per Capita: US$ 14.199

População: 386,5 milhões de habitantes (estimativa 2008)
– Área: 17.715.335

Banco do Sul

Ficheiro:Banco del Sur.jpg

Espanha é já não Mestre de seu destino Económica


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Espanha é já não Mestre de seu destino Econômica

SIMON NIXON
Quando José Luis Rodríguez Zapatero anunciou sexta-feira que uma eleição geral
será realizada em 20 de novembro, o primeiro-ministro espanhol não pode
ter sido ilusões nos últimos quatro meses de seu mandato seria fácil. Mas ele provavelmente imaginou que seria, pelo menos, ser capaz de desfrutar suas férias de verão.

Em vez disso, ele foi forçado terça-feira a cancelar seus planos para
responder à mais recente escalada da crise de um euro que tomou conta
Espanha, cujos 10 anos os custos dos empréstimos estão agora em 6,3%. Tanto para o mais recente plano de resgate euro lançado há 11 dias.

Poucos em Espanha vai ser surpreendido com o rumo dos acontecimentos, mesmo
que a velocidade com que os mercados de títulos espanhóis e italianos
dispararam causou alarme.

Eu  estava em Madrid no dia do negócio foi anunciado ea ansiedade entre os
decisores políticos, financiadores e empresários era palpável.

Havia pouca confiança do negócio euro nova desenhar uma linha sob a crise. A
melhor esperança era que ele pode comprar tempo suficiente para a
eleição de um novo governo que poderia reconquistar a confiança dos
mercados, que não parece mais provável.

O contraste com uma visita anterior à capital espanhola em junho de 2010
durante um episódio anterior de estresse euro foi impressionante. Então, a atitude era muito mais alta que a Espanha possuía os meios e a capacidade de enfrentar seus próprios problemas.

Durante o ano seguinte, o governo embarcou em uma série de medidas duras para
combater a crise, incluindo a austeridade profunda para cortar o déficit
orçamentário para 2,1% em 2014 de 11% em 2009, e reformar os bancos de
poupança, pensões e leis trabalhistas.

Os mercados aprovado: Quando Portugal foi forçado a pedir um resgate em
janeiro de rendibilidade das obrigações espanhol não se moveu: Espanha
parecia ter convincente dissociado da periferia euro.

O que mudou decisivamente fortunas da Espanha foi a insistência da
Alemanha durante o debate mais recente resgate grega que as perdas devem
ser impostas aos portadores de títulos do governo. Em
face de terríveis advertências do Banco Central Europeu sobre os riscos
de contágio inevitável isso iria criar, Alemanha recusou-se a recuar. O mercado concluiu acertadamente que as garantias que a Grécia era um caso único não valiam o papel em que foram escritas. O
resultado tem sido a de transformar a dívida soberana europeia para
“bail-em títulos”, em risco de write-downs como parte integrante de
qualquer pacote de resgate futuro. Para um país como a Espanha, lutando para provar a sua credibilidade, este revelou-se profundamente prejudicial.

A questão é que, se alguma coisa, a Espanha pode fazer para salvar a situação. A crise de títulos soberanos já riscos espalhar para outras partes da economia. Os
bancos espanhóis têm sido excluídos dos mercados de financiamento por
semanas, aumentando o espectro de crédito reduzido e maiores custos de
empréstimos para a economia num momento em que famílias e empresas estão
tentando reduzir a alavancagem equivalente a 250% do PIB. Os
testes de estresse dos bancos europeus não conseguiu tranquilizar os
investidores que os bancos estão adequadamente capitalizados ou
real-estate perdas plenamente reconhecido. Analistas acreditam até € 50 bilhões em capital do Estado pode ser necessária.

Da mesma forma, os governos regionais espanhóis, muitos já lutam para
manter o déficit orçamentário dentro do limite legal de 1,3% do PIB
local, como arrecadação de impostos cair, agora se vêem lutando para
levantar fundos nos mercados, entre eles, eles têm mais de € 20 bilhões
em títulos para refinanciar este ano. Alguns já disseram que podem ter dificuldades para pagar fornecedores e funcionários. A
situação se tornou mais complexo uma vez que o Partido Popular da
oposição ganhou a maior parte das eleições regionais no início deste
ano, levando ao aumento dos níveis de desconfiança com o governo
socialista central em Madrid, que descartou qualquer apoio à liquidez. Um confronto no final deste ano parece provável.

Tudo isso é jogar fora contra o fundo de uma desaceleração da economia
global, que coloca o governo ambiciosos planos de consolidação
orçamental em risco. O Fundo Monetário
Internacional calcula previsão do governo é a economia vai crescer 2,3%
em 2012 é muito ambicioso, que estima um crescimento será apenas de
1,6%. Embora tenha melhorado a
competitividade, as exportações mantiveram-se e os salários caíram, o
crescimento da produtividade é fraca eo desemprego mantém-se em um
olho-molhando de 21%. Reformas de mercado
muito mais difícil do trabalho são necessários para acabar com as
práticas de negociação a nível nacional da indústria e automática
indexados à inflação se eleva para que as empresas individuais podem
negociar diretamente com seus empregados. Indenizações espanhol ainda são altos comparados com os níveis europeus.

Provavelmente é tarde demais para esperar muito do governo de Zapatero. Apesar
de seus esforços fiscais têm sido impressionantes, agora é efetivamente
uma administração lame-duck arrastando pesadamente nas pesquisas.

Melhor esperança da Espanha agora está no líder da oposição, Mariano Rajoy:
Assim como falar duro com o défice orçamental do Reino Unido pelo então
líder da oposição David Cameron ajudou a acalmar os mercados antes das
eleições gerais do ano passado, é possível que se o Sr. Rajoy
estabelecidos uma agenda de reformas
ousadas e um compromisso de implementá-lo rapidamente, incluindo uma
rápida recapitalização dos bancos e muito mais duras reformas
estruturais para aumentar a competitividade, os mercados também irá
dar-lhe o benefício da dúvida.

O  problema é que a eleição ainda está quatro meses de distância e não há
até agora nenhum sinal de que o Sr. Rajoy vai entregar a mensagem que o
mercado quer ouvir antes de então. Após a última reviravolta na crise do euro, a Espanha pode ter perdido o benefício do tempo. Pelos eleitores do tempo vão às urnas em 20 de novembro, o destino da Espanha pode ter sido decidida em outro lugar.

Escreva para Simon Nixon em simon.nixon @wsj.com

Hackers: chegou o sexto poder?


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Internet

Departamento de Segurança Nacional se recusou a comentar pedido de demissão de Randy Vickers

Hackers: chegou o sexto poder?

Depois da imprensa e dos blogs, serão os hackers a nova dor de cabeça para os
políticos e as grandes corporações?

Por Hugo Souza

Foi lançada no último sábado, 30, mais uma rede social na internet, a Anon+
(anonplus.com). Mas este não é um site de relacionamento qualquer. Ele tem,
digamos, um “modelo de negócio” diferente. Trata-se da rede social do coletivo
hacker Anonymous, que tem no currículo ações como o roubo de 1 gigabyte de
documentos secretos da Otan e a invasão da rede da ManTech Internacional,
prestadora de serviços para o Departamento de Defesa dos EUA, só para ficar nas
notícias dos últimos 15 dias.

Leia também: Cyber Czar norte-americano se demite
após ataques de hackers

Leia também: Talibã diz que seus celulares foram
hackeados

Leia também: Hackers dizem ter 1 GB de segredos da
Otan

Qualquer semelhança de denominação entre a Anon+ e o Google+, a rede social da gigante
do Vale do Silício, não é mera coincidência. A decisão de criar a rede social
hacker foi tomada pelo Anonymous após o grupo ser banido do novo site de
relacionamento da Google. A justificativa para a expulsão foi a de que o perfil
do Anonymous vinha sendo usado para compartilhar conteúdo que infringia as
regras do serviço.

A criação de uma rede social por um grupo de foras da lei 2.0 que têm no
anonimato um dos seus maiores trunfos pode parecer uma contradição. Mas a Anon+
é na verdade mais um passo do ativismo hacker em sua escalada de confrontos com
governos e grandes corporações. Depois da imprensa e dos blogs, ditos quarto e
quinto poderes por causa do contraponto que exercem aos poderes republicanos
constituídos, chegou a vez dos hackers, o “sexto poder”?

Efeito WikiLeaks

Até pouco tempo a ideia de gênios da computação metendo o bedelho em questões de
política e poder estava um tanto limitada à imagem quase anedótica de hackers
de olhos puxados e uniformizados digitando sem parar em alguma grande central
secreta de ciberguerra localizada nos arredores de Pequim. É mais ou menos isso
o que se podia – e ainda se pode – supor ante os recorrentes comunicados do
governo dos EUA após violações de suas redes civis e militares dizendo que
“aparentemente os ataques partiram da China”.

O próprio Anonymous até há poucos anos era mais conhecido por suas pelejas contra
a Igreja da Cientologia. O poder hacker ganhou impulso e expressividade
política – e, logo, passou a incomodar mais – na sequência da prisão do
fundador do WikiLeaks, Julian Assange, e do cerco ao site que vazou documentos
secretos sobre as guerra do Iraque e do Afeganistão e segue publicando
despachos diplomáticos das representações consulares norte-americanas ao redor
do mundo.

Reação dos poderes ‘analógicos’

Após a prisão do fundador do WikiLeaks, hackers desencadearam a “Operação Vingar
Assange”, da qual a ação que mais repercutiu foi o ataque ao site PayPal, em
represália à suspensão das contas de contribuição à organização de vazamentos
de documentos secretos.

No Brasil, chegou a causar sensação de pânico a série de ciberataques a sites do
governo em junho. Mas se os hackers parecem dispostos a não deixar passar em
branco o que consideram “abusos” dos poderes militar, civil e empresarial –
tudo à sua maneira pirata de agir – tampouco os poderes constituídos parecem
dispostos a deixá-los impunes: o FBI acaba de prender 14 membros do Anonymous
acusados de participar dos ataques ao PayPal e o departamento de Defesa dos EUA
acaba de anunciar que o país passará a tratar a internet como zona de guerra.

Por enquanto, o caráter político de organizações hackers como o Anonymous e o
LulzSec não é algo consolidado. Ainda não se sabe ao certo qual é a cara deste
poder emergente que se esconde por trás da máscara do filme “V de Vingança”. O
fenômeno hacker se transformará em algo mais do que a anarquia das invasões
.coms e .govs e da busca por fama e dinheiro, constituindo-se em força de
enfrentamento coerente aos poderosos do mundo? Por enquanto o Pwnies, o “Oscar
dos hackers”, vai apenas e simploriamente para quem causar mais prejuízo.

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Direito às Ciclovias


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Direito às Ciclovias

Transporte

Heloísa Helena

Quem vivencia as cidades brasileiras – vivendo no sentido intenso da palavra, sem se acomodar apenas com sua vidinha pessoal – conhece a importância das Bicicletas como modalidade de transporte urbano, tanto do ponto de vista da sustentabilidade ambiental como diante da precariedade dos transportes coletivos e da necessidade de redução no orçamento doméstico das extorsivas tarifas. Milhões de trabalhadores pobres brasileiros saem das suas casas nas madrugadas e alvoradas, com bicicletas velhas, sem equipamentos de proteção pessoal, levando uma pequena quantidade de alimento para todo o dia de trabalho exaustivo, sem técnicas de alongamento e submetidos a grandes distâncias que ultrapassam os limites físicos, temerosos da violência cotidiana e angustiados com a possibilidade – tantas vezes já visualizada – de acidentes, mutilações e mortes no trânsito!

O debate sobre esse tema e todas as alternativas propostas sobre o Sistema Cicloviário – como mecanismo de apropriação democrática dos espaços de circulação urbana – infelizmente não sensibiliza a muitos, pois não envolve um setor poderoso na rede de propinas e crimes contra a administração pública – como o transporte coletivo e a construção de rodovias – e nem envolve setores sociais de grande poderio político e econômico. Embora o Código de Trânsito já disponibilize em vários artigos a estruturação dos direitos e deveres desses usuários e não faltem propostas concretas a serem viabilizadas pelo poder público na garantia de acesso seguro aos principais pontos das cidades.

Pois bem… a bicicleta foi inventada em 1790 (de madeira e impulsionada com os pés, embora 4 séculos antes deste feito o Leonardo da Vinci já a tinha desenhado com pedais e correntes!), em 1898 veio ao Brasil apenas para consumo e diversão dos riquíssimos Barões do Café e apenas em 1948 começou a ser fabricada no país e se tornou popular. A “magrela” ou “bike” como é carinhosamente chamada por muitos apaixonados em nosso país – e largamente utilizada como meio eficiente de locomoção especialmente na China e Holanda – pode ser uma excelente ferramenta de mobilidade e acessibilidade eficaz e agregadora. Daí a importância de implementar os projetos de circulação (ciclovias, ciclofaixas, circulação partilhada), de sinalização (vertical, horizontal, semafórica), de estacionamento (bicicletários, paraciclos), de campanhas educativas (para ciclistas, usuários de outros veículos e pedestres) e da definição da área de abrangência (com a definição de limites extremos – interesse, necessidade, limite físico) e integração com outros meios de transporte equipados para tal. Além de alternativas viáveis como linhas de crédito para população de baixa renda na aquisição de bicicletas e equipamentos de proteção pessoal.

Em muitas cidades de Alagoas e aqui em Maceió – nos bairros do Tabuleiro, Benedito Bentes, Clima Bom, Jacintinho, Trapiche, Complexo Lagunar, etc – milhares de moradores de áreas vulneráveis socialmente, trabalhadores na informalidade – buscando desesperadamente “bico” para sustentar suas famílias com dignidade e resistindo com bravura ao mundo das facilidades e violência do tráfico de drogas – ou na construção civil e em outras áreas da economia local – às vezes até escondendo suas bicicletas para não perderem o vale-transporte, se deslocam todos os dias usando bicicletas. Exatamente por respeito profundo a esses trabalhadores, estamos em importante etapa de pactuação – em Coordenação do MP/AL (Dr. Max e Dra. Denise) – com organizações não-governamentais (Associação dos Ciclistas e Bicicletada), Sindicatos de Trabalhadores e Patronal (Construção Civil) e todas as Instituições Públicas diretamente responsáveis pelo setor. Estamos confiantes que conseguiremos garantir a implementação do Plano de Mobilidade Urbana com prioridade a formas de circulação coletivas, aos pedestres (especialmente com deficiência ou restrição de mobilidade) e aos ciclistas dentro do Sistema Viário.

Claro que muitos dirão que tudo isso é impossível e vão se contentar com seus carrões nos “pegas” de vadios filhinhos de papai ou sendo um ridículo machão brutamontes no trânsito… ou no caso dos políticos ladrões e suas súcias nada disso importa pois as propinas das ciclovias são pequenas se comparadas com as rodovias e confiam eles que os trabalhadores pobres continuarão facilmente manipulados para que eles possam continuar a reinar. Mas, “pra variar”, muitos de nós continuaremos lutando, apresentando emendas ao Orçamento para garantia das ciclovias, fiscalizando e exigindo que sejam encaminhados os Projetos (prerrogativa exclusiva do Executivo) de Mobilidade… Além do óbvio em continuar de lupa na mão para evitar a canalhice política no processo de licitação do transporte coletivo e garantir as cláusulas sociais de proteção aos motoristas e cobradores dos ônibus. Ufa! Como dizia a grande e maravilhosa alagoana Nise da Silveira…”Para navegar contra a corrente são necessárias condições raras: espírito de aventura, coragem, perseverança e paixão!”

Heloísa Helena é vereadora do PSOL em Maceió (Alagoas).