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“Guerra de Sangue” em Oslo, contra imigrantes e marxistas


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“Guerra de Sangue” em Oslo, contra imigrantes e marxistas

 Revista Espaço Acadêmico in colaborador(a), política internacional, racismo, revolucionários

por UBIRACY DE SOUZA BRAGA*

O irônico, ao contrário, é uma profecia ou uma abreviatura de uma personalidade”. In: Om Begrebet Ironi med Stadigt Hensyn til Socrates, af S. A. Kierkegaard, Kjobenhavn, 1841, SV (1), XIII 95.

O filósofo, professor e cientista político e social norueguês, Jon Elster é autor de mais de uma dezena de livros. Seus estudos têm se direcionado ao processo de construção da Constituição norte-americana e à retração da justiça em países que recentemente saíram de um processo de governo autoritário ou totalitário. Em sua conferência no Fronteiras, Jon Elster expôs sua opinião sobre os sistemas eleitorais e os desafios do processo democrático, argumentando que a boa democracia reúne três características: “governança estável, alta taxa de comparecimento nas eleições e autoridades públicas competentes”. Uma das principais fronteiras, para Elster, é o processo eleitoral.

Para ele, a eleição deveria representar a “vontade popular”, mas, não raramente, o vencedor não reflete a preferência da população. O que a Constituição deve fazer é minimizar essa possibilidade. Em sua obra de filosofia e metodologia das ciências sociais do teórico social e político norueguês Jon Elster é o inventor do “marxismo analítico”. Ele acredita que o objetivo das ciências sociais – sociologia, antropologia, economia, política – é o estudo do comportamento humano em sociedade, que seria a causa de todos os fatos e acontecimentos históricos que podem ser observados em uma determinada sociedade. Elster define essa visão como o pressuposto de que todos os fenômenos sociais podem ser explicados pela ação de indivíduos entre si, e que, por isso, além do estudo do próprio comportamento, é preciso saber quais foram as motivações do indivíduo para agir daquele modo, para fazer aquela escolha dita racional.

J. Elster chama esse método de “individualismo metodológico”, que não pode ser confundido com o individualismo moral e político, que Elster, como socialista, critica de um ponto de vista ético. Essas motivações representariam os “mecanismos” que, ativado nos sujeitos quando ele estivesse diante de um número de escolhas possíveis sobre aquilo “que ele poderia fazer”, e, deste modo, à análise das motivações (preferências). Elster analisa as possibilidades de escolha (oportunidades) e a crença daquele que escolhe em relação às suas “possibilidades de escolha”. Talvez haja aí um eco da filosofia de Jean-Paul Sartre, mas Elster alega que chegou às suas conclusões por meio da crítica a outro paradigma de análise de comportamento, a chamada “escolha racional”, que reduz “o homem a uma máquina instrumental de perseguição do autointeresse calculando friamente tudo”.

Pode-se dizer que a linha central da crítica realizada pelos partidários dessas duas metodologias, seja Elster, seja Adam Przeworski, direcionasse no sentido de apontar os limites do holismo metodológico: a preponderância do todo ou da coletividade (as macroestruturas), sobre a parte ou a individualidade e substituí-lo por uma visão que se volta sobre os micro-fundamentos sociais ou, o que dá no mesmo, sobre os pequenos grupos, ou mesmo o indivíduo como origem e fundamento da existência social. Aparece então, em primeiro plano, a necessidade da explicação se basear na pesquisa e compreensão da racionalidade ou do sentido que os indivíduos dão as relações e a ação social com relação aos fins.

Concordamos com Adam Przeworski que entende que todas as teorias que explicam o funcionamento da sociedade sejam elas oriundas de Marx, Durkheim ou Parsons, sendo que este buscou combinar atividade humana e estrutura em uma teoria e não se limitou ao “funcionalismo”, necessitam ser submetidas ao mesmo desafio: “fornecer os micro fundamentos para fenômenos sociais e especificamente, basear toda a teoria da sociedade nas ações dos indivíduos concebidas como orientadas para a realização de objetivos racionais”. Mesmo que a ação racional seja um elemento fundamental, o individualismo metodológico não é em principio, segundo Jon Elster, redutível ao primeiro. Em tese, e isto é importante, pode-se imaginar a construção de micro fundamentos tendo como referencial de análise a ação individual, mas não necessariamente, a ação racional. Elster dá um exemplo: na frase, “os Estados Unidos temem a União Soviética, o primeiro substantivo coletivo é objeto de redução, mas não o segundo, porque aquilo que os norte-americanos individualmente considerados temem pode muito bem ser uma nebulosa entidade coletiva (escrito em 1986)”. Segundo Elster, a função do individualismo metodológico é a de ajudar a “abrir a caixa preta” e mostrar como funcionam as suas “engrenagens internas”. Isto é, a dedução a partir das macro-estruturas não é válida, pois os mecanismos causais da ação social ficam ocultos e o nível de explicação do(s) motivo(s) da ocorrência de determinado(s) evento(s) fica bastante reduzido.

Além disso, argumenta que “a racionalidade instrumental, a escolha de meios adequados aos interesses egoístas, é mais um mecanismo que explica as razões da escolha e da ação do homem”. Elster estuda um amplo conjunto de mecanismos, que ele divide entre aqueles que explicam as ações individuais e aqueles que explicam a interação social entre os indivíduos; evidentemente, os segundos são mais complexos que os primeiros e os pressupõem. Entre os mecanismos da ação, chama a atenção para dois, em especial: a) as emoções e paixões que nos impelem impulsivamente, e, b) as normas sociais, leis que nós obedecemos (e queremos que os outros obedeçam) voluntariamente, sem uso de coerção, e, portanto, formas de conduta compulsória.

Entre as “interações sociais”, chama a atenção ainda, em especial, para as consequências “não intencionais” de um comportamento, desde a sua progênie quer em Max Weber e ipso facto em Charles Wright Mills, enquanto que explicam muito bem os mecanismos de “ação coletiva”, uma forma de interação cooperativa entre todos os indivíduos de um grupo (como partidos políticos), e as instituições, mecanismos de imposição de regras compulsórias, utilizando inventivos positivos ou coerções para regular o comportamento do indivíduo, como por exemplo: Estado, empresas, exército, judiciário, etc. Enfim, ele analisa a mudança social de várias esferas da vida social, da inovação tecnológica às revoluções políticas. É muito claro e conciso, igualmente ilustrando os mecanismos com exemplos hipotéticos, históricos e literários, demonstrando que sabe muito bem do que está falando, e estabelecendo bases sólidas para as ciências sociais, idade, barrando interesses e posições particulares.

No sentido etnobiográfico, para fazermos referência à questão da diversidade cultural, se já não é um truísmo, Jon Elster “sucedeu” Pierre Bourdieu no Collége de France (1982-2001), que por sua vez havia “sucedido” Claude Lévi-Strauss e a cadeira de Antropologia Social (1959-1982). Na instituição, não há a prática de “ocupar a vaga de”, como no Brasil, já que se permite que sejam criadas outras cadeiras conforme a orientação e as pesquisas do novo titular. De toda maneira, nada mais diferente do que os interesses desse filósofo social norueguês (que foi orientando de Raymond Aron e escreveu uma conhecida tese sobre Marx na Sorbonne, cf. edição 1989) em relação ao primeiro e ao segundo dessa linhagem que tem em Marcel Mauss e na cadeira de Sociologia (1931-1942) sua origem, por assim dizer.

Como é sabido, a história sem solução de continuidade do comunismo, enquanto movimento social moderno, tem início com a corrente de esquerda da Revolução Francesa. Uma linha direta descendente liga a “conspiração dos iguais” de Babeuf, através de Felipe Buonarotti, às associações revolucionárias de Blanqui dos anos 30; e essas, por sua vez, se ligam – através da Liga dos justos, formada pelos exilados alemães inspirada por eles, – e que depois se tornará Liga dos Comunistas, a Marx e Engels, que redigiram sob encomenda da Liga, o Manifesto do Partido Comunista. Portanto, é natural que a projetada “Biblioteca” de Marx e Engels, de 1845, devesse iniciar com dois ramos da literatura “socialista”: Babeuf e Buonarotti, seguidos por Morely e Mably, que representavam a ala abertamente comunista, seguidos pelos críticos de esquerda da igualdade da Revolução Francesa e pelos “raivosos”: o Cercle Social, Hébert, Jacques Roux, Leclerc, para ficarmos nestes exemplos.

Todavia, o interesse teórico do que Engels definiria como “um instrumento ascético que se inspirava em Esparta”, não era muito grande. E tão pouco os escritores de 1830 e 40, enquanto teóricos, parecem ter impressionado favoravelmente Marx e Engels. Aliás, Marx afirmou que – precisamente por causa do primitivismo e da unilateralidade de seus primeiros escritos teóricos – “não foi por acaso que o comunismo viu surgir diante de si outras doutrinas socialistas, como as de Fourier, Proudhon, etc.; foi por necessidade”. Mesmo tendo lido os seus escritos, inclusive os de figuras relativamente menores, como Lahautière (1813-1882) e Pillot (1808-1877), Marx devia pouco à análise social dos mesmos, que consistia, sobretudo, na formulação da luta de classe como luta entre os “proletários” e os seus exploradores capitalistas.

Para sermos breves, lembramos que o comunismo babouvista e neobabouvista foi importante por dois motivos. Em primeiro lugar, ao contrário da maior parte das teorias socialistas utópicas, estava empenhado a fundo na atividade política, e, portanto, não representava apenas uma teoria revolucionária, mas também uma doutrina (embora limitada) da práxis política, da organização, da estratégia e da tática. Seus principais representantes nos anos 1830 – Laponneraye (1808-1849), Lahautière, Dézamy, Pillot e, sobretudo, Blanqui – eram ativos revolucionários. Isso, juntamente com o nexo entre eles e a Revolução Francesa (que Marx estudou a fundo), tornava-os extremamente importantes para o desenvolvimento de seu pensamento político. Em segundo lugar, mesmo se os escritores comunistas eram em sua maioria intelectuais marginais, o movimento comunista dos anos 1830 exerceu uma evidente atração sobre os trabalhadores. Além disso, se Lorenz von Stein destacou esse fato, ele não deixou de impressionar também Marx e Engels; e Engels, mais tarde, recordou o caráter proletário do movimento comunista dos anos 1840, distinguindo-o do caráter burguês de quase todo o socialismo utópico. Ipso facto, “desse movimento francês, – que adotou o nome de ´comunista` por volta de 1840, – os comunistas alemães, inclusive Marx e Engels, adotaram o nome da própria doutrina” (cf. Hobsbawm, 1980: 41).

Fora de dúvida que não podemos perder de vista, Stuttgart como a última morada da Internacional Comunista, pois a moção sobre o militarismo e os conflitos internacionais votada no Congresso da Internacional em Stuttgart (16-24 de agosto de 1907), do ponto de vista da democracia socialista, será constantemente invocada pelos socialistas como testemunho de sua vontade coletiva de opor-se à guerra; depois, pelos bolcheviques e por seus aliados, como prova, ao contrário, da traição da Segunda Internacional. Portanto, é possível considerar o Congresso de Stuttgart, ponto culminante da vida da Segunda Internacional, como um observatório privilegiado para examinar o modo pelo qual esta organização respondeu, historicamente, entre 1905 e 1910, aos desafios do militarismo, do nacionalismo e do imperialismo, como vimos em termos de “vontade coletiva”, ou “escolha racional”, como vemos na pena dos autores contemporâneos sobre este tema.

O autor do duplo atentado na Noruega, Anders Behring Breivik, norueguês de 32 anos, preparou com muita antecedência a operação que resultou na morte de pelo menos 92 pessoas, fazendo 97 feridos e um número indeterminado de desaparecidos, segundo o mais recente e ainda provisório número divulgado pela polícia, onde ele afirma que qualificou seu ato de “cruel, mas necessário”, tinha colocado na rede mundial de computadores-internet, um manifesto de 1,5 mil páginas chamando à violência contra muçulmanos e comunistas. Detido após o ataque ao acampamento de férias da ilha de Utoya postou um largo documento intitulado: “2083 A European Declaration of Independence”, em inglês, em que entre outras coisas declarava a “guerra de sangue” contra imigrantes e marxistas, de acordo com a agência de notícias NTB, onde o assassino afirma: “Acho que é o último texto que vou escrever. Hoje é sexta-feira, 22 de julho, 12h51”, terminava o manifesto.

Duas horas e meia mais tarde, explodiu a bomba no complexo governamental de Oslo, em que morreram 7 pessoas, aos quais seguiu o massacre da ilha Utoya, com outras 85 vítimas fatais. Segundo explicou seu advogado, Geir Lippestad, conhecido por ter defendido famosos neonazistas, o assassino declarou à polícia que o massacre que perpetrou era “cruel, mas necessário”. O norueguês é ligado a grupos ultradireitistas, fundamentalistas cristãos e islamófobos e reconheceu perante as forças de segurança que esteve por trás da tragédia da ilha de Utoya, na qual morreram baleadas 85 pessoas, em sua maioria adolescente.

Assim o explicou seu advogado, Geir Lippestad, segundo informação do canal de televisão independente da Noruega, TV 2, na qual apontou que o assassino declarou perante a polícia durante horas: “Ele explicou a seriedade do assunto, a incrível amplitude de feridos e mortos. Sua reação foi assumir que era cruel executar esses assassinatos, mas na sua opinião “isto era necessário”, disse Lippestad, confirmando o nome do assassino, um extremo que até o momento só a imprensa local tinha feito. Acrescentou que Anders Behring Breivik não negou nada do que fez e se prestou a colaborar com a investigação, para “fornecer evidências”, assim como o motivo que o levou a perpetrar o massacre de Oslo.

Um ser humano sofre de algum tipo de falha, se lhe falta uma característica que é tida como “especificamente humana”. Supondo-se, por exemplo, que a espontaneidade é um objetivo que todo ser deve alcançar, então sofre de uma falha o ser que não consegue exteriorizar-se bem e é totalmente não espontâneo, falha esta que pode ser percebida como uma neurose. O termo neurose, do grego neuron (nervo) e osis (condição doente ou anormal), foi criado pelo médico escocês William Cullen em 1787 para indicar “desordens de sentidos e movimento” causadas por “efeitos gerais do sistema nervoso”. Na psicologia moderna, é sinônimo de psiconeurose ou distúrbio neurótico e se refere a qualquer transtorno mental que, embora cause tensão, “não interfere com o pensamento racional ou com a capacidade funcional da pessoa”. Essa é uma diferença importante em relação à psicose, desordem mais severa. Como é possível promover ou reprimir certas necessidades básicas humanas, é da mesma maneira possível que certas falhas sejam produzidas pela cultura. Agora, como a maioria dos indivíduos de uma sociedade sofre de certas imperfeições, essas são vistas como normalidade e o indivíduo as coloca inclusive como seus objetivos, para não ser um outsider, ou seja, um marginalizado.

Os atentados noruegueses são a “maior tragédia da história recente do país”, afirma Deisy Lima Ventura, professora de relações internacionais da Universidade de São Paulo: “Não há precedente para uma tragédia dessa magnitude na Noruega. Os países nórdicos não são imunes a atentados, como já houve em Estocolmo, na Suécia quando um homem detonou explosivos em um ato terrorista frustrado, em dezembro de 2010, mas nada foi tão grande como agora”. A especialista chama a atenção para diferenças entre os massacres realizados por indivíduos de forma isolada, em escolas ou locais públicos como em Realengo (RJ) e Virgínia Tech (EUA), e a chacina ocorrida na Noruega. Há características próximas, como a de serem atentados motivados por pessoas que aparentemente não se encaixam na vida em sociedade. Mas o massacre norueguês tem um fator político que não existiu na chacina de Realengo, por exemplo. O atentado teve a intenção de eliminar o primeiro-ministro da Noruega, Jens Stoltenberg, afirma Deisy Ventura. Ela recorda que Stoltenberg era aguardado pelos jovens do Partido Trabalhista um dia após o atentado.

Além da chacina causada por Andres Breivik – ele chegou disfarçado de policial ao acampamento da juventude e disparou contra as vítimas com um fuzil -, a explosão de um carro-bomba em Oslo, no mesmo dia, diante do edifício-sede do governo do país, deixou outras sete pessoas mortas. O primeiro-ministro estava no prédio no momento das explosões. Acredito que em breve saberemos se ele (o assassino) Andres Breivik, agiu sozinho ou com ajuda de alguém, mas seja como for, há um fator político claro nos atentados. Em um país que é tido como referência de democracia, com o maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do mundo, 0,983 em uma escala que vai de 0 a 1, e com tradição de pacifismo, o massacre faz soar o sinal de alerta com relação às atividades da extrema-direita, afirma a especialista.

Os partidos e grupos de centro-direita na Europa estão sendo “contaminados” com posições extremistas nos últimos anos, ressalta Deisy Ventura, que fez doutorado em Direito Internacional pela Université Panthéon-Sorbonne, em Paris. Existe uma irradiação destas ideias extremistas e xenófobas entre políticos e grupos que não são historicamente radicais. Políticos franceses de direita recentemente desqualificaram a candidata à presidência pelo Partido Verde, Eva Joly, por ela ser uma estrangeira naturalizada no país. Ela não teria a “cultura tradicional da França” e por isso está sofrendo preconceito, aponta a professora da Universidade de São Paulo – USP.

Bibliografia geral consultada:

http://www.interaksyon.com/article/9153/norway-did-not-see-far-right-as-serious-threat-to-society; http://noticias.r7.com/internacional/noticias/massacre-da-noruega-e-maior-do-que-soma-de-tres-chacinas-nos-eua-e-no-brasil-20110724.html; HOBSBAWM, Eric J., “A literatura socialista e comunista”. In: História do Marxismo – 1 – O Marxismo no tempo de Marx. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979, pp. 40 e ss.; Idem, “Stuttgart: a última unanimidade da Internacional”. In: História do Marxismo – O Marxismo na Época da Segunda Internacional (Terceira Parte). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984, pp. 300 e ss.; ANDERSON, Perry, A Crise do Marxismo – Introdução a um debate contemporâneo. 1ª edição. São Paulo: Brasiliense, 1985; CONTI, Mário Sérgio, Coluna: Crítica Radical – “A Crise da Crise do Marxismo”, de Perry Anderson; Brasiliense, 125 páginas. Revista Veja, 28 de novembro de 1984;  OLSHAKER, Mark & DOUGLAS, John, Mentes Criminosas & Crimes Assustadores – De Jack, o Estripador a JonBenet Ramsey…Rio de Janeiro: Ediouro, 2002; BRAGA, Ubiracy de Souza, “Serial Killers brasileiros: origem e significado da traigoidia”. http://espacoacademico.wirdpress.com/2011/04/13; Idem, “Massacre de Eldorado dos Carajás: 15 anos de impunidade”. Disponível em: http://alainet.org – ALAI – América Latina em Movimiento, 2011.05.01; ELSTER, Jon, Marx, hoje. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989; DERRIDA, Jacques. A escritura e a diferença. São Paulo: Perspectiva, 1971; Idem, Positions. Paris: Editións de Minuit, 1972a; Idem, Dissémination. Paris: Éditions du Seuil, 1972b; Idem, Gramatologia. São Paulo: Perspectiva, 1973; Idem, Papel-máquina. São Paulo: Estação liberdade, 2004; KIERKEGAARD, Soren Aabye, O conceito de ironia: constantemente referido a Sócrates. 3ª edição. Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco, 2006; ANDERSON, Perry, A Crise da Crise do Marxismo. Introdução a um debate contemporâneo. 2ª edição. São Paulo: Editora Brasiliense, 1985; DOSSE, François. História do estruturalismo 2: O canto do cisne. São Paulo: Editora Ensaio, 1994; FREUD, Sigmund, Obras Completas. Madrid: Editorial Biblioteca Neuva, 1972, 3 Volumes; FOUCAULT, Michel, Arqueologia do Saber. Petrópolis (RJ): Vozes, 1971; Idem, El Orden del Discurso. Barcelona: Tusquets, 1973; Idem, “Genealogia e Poder”. In: Microfísica do Poder. 4ª edição. Rio de Janeiro: Graal, 1984; ARENDT, Hannah, Eichmann em Jerusalém. São Paulo: Companhia das Letras, 1999: Idem, A Condição Humana. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 2001, entre outros.


* UBIRACY DE SOUZA BRAGA é Sociólogo (UFF), cientista político (UFRJ), doutor em ciências junto à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Ceará (UECE).

Reforma fiscal é a grande chance é a chave para combater desigualdade


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Estados Unidos

Reforma fiscal pode resolver principal problema da gestão de Obama: o aumento da desigualdade

Reforma fiscal é a grande chance de Barack Obama

Reformulação do sistema de impostos corporativos é a chave para combater desigualdade nos Estados Unidos

Qualquer que seja o acordo final para aumentar o teto da dívida fiscal norte-americana, ele certamente incluirá alguma espécie de promessa de que o Congresso e o presidente buscarão a “reforma fiscal” ou a “renovação fiscal”. O propósito não será apenas cortar as brechas fiscais e manter os impostos marginais baixos, mas também fazer com que as receitas subam de seu atual nível de 14,4% do PIB, um nível visto pela última vez na gestão Truman.

O termo “reforma fiscal” soa como música para liberais como Barack Obama. Ele carrega consigo o compromisso bipartidário e grandes negociações nas quais todos ganham. Conservadores ganham impostos mais baixos, liberais ganham um código fiscal mais justo com mais receitas para programas sociais, e menos benefícios para indústrias favorecidas.

Nada relativo à reforma fiscal será mais fácil que o acordo sobre o limite da dívida. Ainda assim, se um acordo orçamentário der ao Congresso uma missão, o objetivo da reforma fiscal pode significar muito mais do que uma simples aproximação da linha de receitas da linha de gastos. Como o código fiscal determina parâmetros básicos da estrutura econômica, pode ser uma oportunidade para mover todo o país na direção de uma maior justiça, crescimento e estabilidade financeira.

A maneira mais óbvia para que o código fiscal reduza a desigualdade parece ser a redistribuição – aumento dos impostos sobre os ricos, e então reduzindo taxas e subsídios para a classe operária e a classe média. Mas colocar em prática o plano de Obama seria como colher grandes fortunas com uma colher de chá e salpicá-la por todo o resto do país.

Como mostram dados recentes, uma porção considerável da enorme desigualdade econômica vem dos pagamentos a executivos dos altos escalões, que cresceram 430% desde os anos 1970, enquanto a média dos salário teve um aumento de apenas 26%. Indústrias inteiras, em especial a que fez de Mitt Romney um homem rico, o private equity, dependeu de regras fiscais que permitiam que transformassem o valor de suas empresas na forma de ganhos capitais.

Código promove desigualdade

O recente aumento na desigualdade é fruto das decisões de gestores corporativos que buscavam tirar mais dos lucros de suas empresas para si (41% dos maiores salários do país são de gestores corporativos), decisões essas que são encorajadas pelo código fiscal. Recompensando a si próprios com ações que acabam gerando um rendimento de curto prazo, eles tornaram suas companhias mais vulneráveis e seus empregados mais pobres.

Embora longe de ser a única causa da desigualdade estrutural, o código fiscal é uma grande parte dela, e a reforma fiscal pode alterara esse cenário. O primeiro passo é dar um fim ao tratamento especial de ganhos capitais e receitas de dividendos – não apenas porque os ricos ganham a maior parte de sua renda dessa forma, mas por causa dos incentivos criados para aumentar a desigualdade e o risco. Essa é uma reforma que, ao mesmo tempo, limparia o código e daria à população mais do que ela quer.

Quando tanta desigualdade é criada dentro de companhias únicas, por que não recompensar empresas que estão diminuindo o abismo salarial e taxar as que o aumentam? Em média, executivos-chefes levam para casa 350 vezes o salário dos trabalhadores, uma diferença que teve um aumento superior a 300% desde 1990 e que não aconteceu em nenhum outro país.

Leo Hindery, um ex-executivo das telecomunicações propôs uma penalidade fiscal para companhias nas quais a compensação executiva exceda um certo nível; outra proposta, apresentada pelo investidor Steve Silberstein, ajustaria a taxa de impostos corporativos com base na proporção salarial entre executivo-chefe e trabalhador médio. Uma companhia com uma proporção semelhante à registrada nos anos 1980, de 50:1, pagaria a taxa atual de 35%. Essa taxa subiria para companhias com proporções maiores e diminuiria para aquelas com proporções menores.

É claro que há muito trabalho a ser feito para garantir que essas propostas funcionem, mas essas ideias sugerem que a “reforma fiscal” pode ser muito mais que apenas um temeroso passo no projeto de responsabilidade fiscal. A cobrança de impostos gera a estrutura básica de incentivos na economia norte-americana, e as mudanças fiscais de Reagan e Bush não compreenderam isso. Se o acordo orçamentário levar à reforma fiscal, será uma ótima oportunidade para entendê-las dessa vez.

Fontes:The New Republic – “How Tax Reform Represents Obama’s Greatest Shot at Hope and Change”

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A UNE morreu e não sabe


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Educação

Lula, Augusto Chagas e Fernando Haddad: parceiros e defensores da UNE (ABr)

A UNE morreu e não sabe

A União Nacional dos Estudantes (UNE) experimenta hoje a patética e confortável situação de uma repartição com ares de chapa branca, mantida como um inquilino do poder

Por Claudio Carneiro

Entidade que já representou os legítimos anseios de milhões de integrantes da classe estudantil e que teve importante papel na história recente do país – até mesmo e principalmente na oposição a governos e à ditadura militar – a União Nacional dos Estudantes (UNE) experimenta hoje a patética e confortável situação de uma repartição com ares de chapa branca, mantida como um inquilino do poder.

Cooptar a representatividade estudantil e deitá-la eternamente em berço esplêndido constava do decálogo elaborado pelos pensadores do Partido dos Trabalhadores quando da confecção de um projeto de poder de longo prazo – que tem em José Dirceu um de seus ideólogos. A féria destinada ao projeto atraiu e silenciou também sindicatos, ONGs e movimentos tidos e ditos sociais, como o MST. Tão apáticos que ninguém sequer se lembra deles.

Nascida em 1937, a UNE parece ter perdido a ousadia de uma juventude preocupada com os rumos políticos do Brasil. Nunca antes na história desse país se neutralizaram de tal forma as vozes que um dia, por exemplo, lutaram pelo fim da ditadura Vargas em 1940, que ajudaram o país a escolher o lado certo na Segunda Guerra – uma vez que Getulio simpatizava com o jeito Mussolini de governar.

Paralisia e decadência

A organização — que pintou a cara pelas Diretas e pelo impeachment de Collor — observa impassível tantos episódios de corrupção na política. Nem mesmo diante dos escândalos envolvendo as provas do Enem – que interessa diretamente aos estudantes – a entidade sequer se mexeu. O preço da inércia fica ali entre os R$ 3 milhões e R$ 4 milhões anuais – a UNE jamais fala sobre o valor exato de sua mudez.

Um dos maiores parceiros da instituição, ao lado do ex-presidente Lula, é justamente o ministro da Educação Fernando Haddad – patrocinador da UNE ao lado da Petrobras. Candidato de Lula ao governo de São Paulo – ao contrário do que deseja Dilma — o ministro é aquele mesmo que não viu nada de mais nos erros de português do livro Por uma vida melhor – celebrizado pela frase “nós pega o peixe”. Passou também por baixo de seu nariz – e aprovado por seu ministério — o livro de matemática com erros em contas de somar e subtrair, bem como as recorrentes trapalhadas e fraudes do Enem. E o que fez a UNE diante disso? O mesmo que Cesar Cielo nas piscinas: nada!

É certo também que a UNE serviu de trampolim político pra muita gente. Mas é fato que José Frejat, José Serra, Aldo Rebelo, Lindbergh Farias e Orlando Silva Junior estão longe de apresentarem a participação pífia dos dirigentes estudantis desta década. O governador de São Paulo, por exemplo, foi presidente da entidade quando explodiu o golpe militar de ’64. O hoje senador Lindbergh fez a garotada pintar a cara pelo impeachment de Fernando Collor. Hoje é visto trocando afagos com José Sarney e seu antigo inimigo alagoano – seja em festas ou enterros.

Ex-presidente da entidade, Augusto Chagas passou todo o seu mandato até 2009 – aos 27 anos de idade – fazendo uma única coisa: negar a rendição da UNE. Chagas foi fotografado, diversas vezes, reunido com Lula e Haddad. Outro ex-presidente, Fernando Gusmão (PCdoB) denuncia o marasmo do movimento: “Eu não sei o que a UNE está fazendo. Não vejo quais são as bandeiras, não vejo mais passeatas”, reclama.

Para quem não sabe, a UNE tem suas bandeiras: ela defende a destinação de 10% do PIB para a educação além de 50% do Fundo do Pré-sal. O site da instituição lembra o de um partido político: a palavra “gestão” é das mais frequentes. A UNE de hoje lembra a Arena Jovem – criada durante a ditadura para fingir o apoio da juventude ao regime militar. Uma pena.

A propósito, alguém saberia dizer o nome do atual presidente da UNE? Diante da certeza de que não saberá, segue aqui uma “cola”: trata-se de Daniel Illiescu. Vai que perguntam num quiz e o leitor faz um bonito?

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A fábrica de órfãos de Pequim


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China

Preferência por bebês do sexo masculino e política do filho único geraram desequilíbrio na população

A fábrica de órfãos de Pequim

Política do filho único cria problemas que assolarão a China por décadas

“Antes de 1997 eles costumavam nos punir, destruindo nossa casa por violar a política do filho único. Depois de 2000 eles começaram a confiscar nossos filhos”, diz Yuan Chaoren, um aldeão do condado de Longhui, na província de Hunan. De acordo com a revista Caixin, membros do governo recolhem “crianças ilegais” e as alojam em orfanatos onde elas são colocada para adoção. Pais adotivos estrangeiros pagam entre US$ 3 e 5 mil por criança, e os burocratas do governo ganham comissões.

O roubo de crianças não é parte oficial da política do filho único de Pequim, mas é uma consequência de regras que são uma verdadeira afronta aos direitos humanos de pais e candidatos a pais. A política destrói famílias e criam um desequilíbrio entre as gerações. Ela é tão odiada que sofre ataques polítocos até mesmo da China. Pela primeira vez na história, toda uma província, Guangdong, com uma população superior a 100 milhões de habitantes, exige isenções.

Uma jornada de mil quilômetros começa com um único passo

Membros do governo chinês são ferozmente leias à política do filho único, a qual atribuem todas as reduções de fertilidade e partos evitados: cerca de 400 milhões de pessoas, dizem eles, teriam nascido sem a política do filho único. No entanto, a fertilidade chinesa já vinha caindo há décadas, quando a política foi implementada, em 1979, e no resto do mundo, os índices de fertilidade já vinham caindo sem necessidade de coerção em vários países vizinhos, inclusive aqueles com grandes populações de chineses. A disseminação do controle da natalidade e o desejo por famílias menores tendem a acompanhar o crescimento econômico e o desenvolvimento em praticamente todos os países do mundo.

Mas a política certamente levou a fertilidade chinesa a níveis mais baixos dos que ela atingiria normalmente. Como consequência, a China tem uma das proporções de “dependência” mais baixas do planeta, com cerca de três adultos economicamente ativos para cada criança ou idoso. O país agora tem um número baixo de jovens, e cerca de oito pessoas em idade de trabalho para cada pessoa acima dos 65 anos. Em 2050 essa proporção será de apenas 2,2. O Japão, hoje o país mais velho do planeta tem 2,6. A China está envelhecendo antes de enriquecer.

As distorções da política também contribuíram para outras características horríveis da vida familiar, em especial, a prática de abortos de fetos femininos para garantir que o único filho seja um homem. A política do filho único não é a única causa, como mostra a Índia, mas contribuiu para esse cenário. Em 20 anos não haverão noivas suficientes na China para um quinto dos meninos de hoje – o que certamente irá gerar problemas. E ainda que a política do filho único não tenha feito nada para reduzir o número de partos, a infinita repetição de slogans como “mais um bebê significa mais um túmulo” ajudaria a tornar o filho único uma norma social, levando os índices de fertilidade a níveis abaixo dos quais a população se reproduz sozinha. A China pode se ver condenada à baixa fertilidade por um bom tempo.

A demografia leva décadas para ser revertida, e se mostrará um dos piores problemas da China. A velha liderança está ligada à política do filho único, mas a nova, que assume o comando no ano que vem, pode renovar as ideias, e tem o poder de acabar com esse cenário absurdo assim que assumir o poder.

Fontes:The Economist – “Illegal children will be confiscated”

Política do filho único não vale para todos

Veja como seria a China hoje se o limite de um filho por mulher fosse rigorosamente aplicado. Da ‘Economist’*

Desde 1979 a China empreende um ousado experimento demográfico com o fim de reduzir seu crescimento populacional, estabelecendo um limite para o número de filhos que muitos casais podem ter, qual seja, apenas um. O governo afirma que este programa diminuiu o número de nascimentos em cerca de 400 milhões. A política do filho único, contudo, não é tão simples quanto parece.

As restrições são mais severas nas cidades, com isenção para minorias étnicas e algumas famílias rurais. Uma política do filho único aplicada sem exceções por todo o país teria causado um impacto ainda maior sobre a população chinesa.

Para mostrar isso, The Economist, estimou o impacto de uma política do filho único imposta sem exceções a todos e em toda extensão do território chinês. Os resultados são cotejados com as estimativas da Divisão Populacional da ONU para o país, que refletem a política do filho único vigente.

Se a cada mulher fosse permitida apenas um filho desde 1980, a população chinesa teria 340 milhões de pessoas a menos do que a de 2010. Se um limite rigoroso de um único filho fosse imposto pelo resto do século XXI, a população chinesa diminuiria para menos de 145 milhões de habitantes em 2100, 800 milhões de pessoas a menos do que a estimativa da ONU. No início do século XXII a China teria, de acordo com a ONU, 1.2 pensionistas por trabalhador, apesar de ter poucas crianças para tomar conta: apenas um para cada 9.2 trabalhadores.

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Programa diminuiu o número de nascimentos em cerca de 400 milhões (Reprodução/Internet)

Quebec: Le beau de l’est!


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Turismo

Quebec é a cidade mais antiga do Canadá e está localizada perto de Montreal (Fonte: Viaggio Mondo)

Quebec: Le beau de l’est!

Apesar do conservadorismo, Quebec é uma cidade moderna e conjuga muito bem seu lado histórico com o cosmopolita.

Por Fernanda Costta*

Quebec é a cidade mais antiga do Canadá e está localizada na costa leste, a aproximadamente 180 Km de Montreal e 700 km de Toronto. Está às margens do Rio São Lourenço e tem cerca de 500 mil habitantes. A temperatura é bastante variada, chegando a 40° negativos no inverno e 35° positivos no verão. Sua parte histórica é extremamente bem conservada, onde é possível admirar a beleza da arquitetura medieval, nos castelos, catedrais, casas de pedras, burgos ou na tão famosa Citadelle.

Apesar do conservadorismo, Quebec é uma cidade moderna e conjuga muito bem seu lado histórico com o cosmopolita, onde se é possível encontrar shoppings, grandes hotéis, centro financeiro, restaurantes e danceterias animadas. O interessante é que são muito bem divididos: de um lado está o presente e do outro, o passado… Assim, ao cruzar uma simples avenida, se tem a sensação de viajar no tempo.

Na paisagem destaca-se principalmente o belíssimo castelo Chatêau Frontenac, onde hoje funciona um hotel 5 estrelas e a Le Citadelle, o antigo forte que salvou os canadenses das invasões inglesas. Toda a parte velha é cercada por uma muralha intacta e dentro dela é possível observar os mais curiosos monumentos, todos recheados de muita história. Há ainda o Funiculaire, espécie de deck que oferece linda vista panorâmica da cidade e do rio São Lourenço e onde também se encontram diversos músicos clássicos à tocarem harpas, violinos, saxofones e violoncelo, entoando o fundo musical do lugar. Uma sensação única!

Por mais estranho que possa parecer, em Quebec só se fala o francês, língua oficial da província de mesmo nome, que manteve seus costumes franceses ao longo dos séculos. A cultura francesa também está em todo lugar, como na gastronomia, nos hábitos e na falta de paciência com os turistas. Infelizmente, nem tudo é perfeito!

* Fernanda Costta é graduada em Turismo e já visitou mais de 40 países. Há três anos escreve suas aventuras no blog.

Artigo publicado originalmente no blog Viaggio Mondo, parceiro do Opinião e Notícia.

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Meu filho, você não merece nada


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Meu filho, você não merece nada

A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada

Eliane Brum

Jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. É autora de Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo).
E-mail: elianebrum@uol.com.br
Twitter: @brumelianebrum

Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.

Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.

Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.

Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.

Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.

É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?

Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.

Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.

A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.

Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.

Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.

Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.

Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.

O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.

Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.

Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.

Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.

Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.

(Eliane Brum escreve às segundas-feiras.)

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI247981-15230,00.html

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A dupla personalidade da economia espanhola


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ESPANHA

Espanha luta para se afastar da crise do euro, que já atingiu Grécia, Portugal e Espanha

A dupla personalidade da economia espanhola

Para fugir definitivamente da crise,
Espanha deve adotar medidas mais profundas e combater enormes índices de
desemprego

A crise da dívida europeia já atingiu Grécia, Irlanda e Portugal. Mas o verdadeiro temor é o de que ela chegue até
uma grande economia. A Espanha, cujo PIB é equivalente a quase o dobro do dos
três países resgatados juntos, é, há muito tempo, motivo de preocupações.

Embora tenha entrado na crise com uma dívida pública relativamente baixa – apenas 36% do PIB – em 2007, estima-se que
esses números subirão até 68% até o fim de 2011, graças aos grandes déficits.
Pior, a Espanha compartilha de várias das fraquezas das menores economias, como a perda de competitividade, e grandes déficits de conta-corrente.

A ameaça imediata de contágio da Grécia diminuiu no dia 29 de junho, quando o Parlamento grego aprovou um plano
de aumento da política de austeridade, abrindo caminho para que o país
recebesse um novo resgate econômico. Mas assim como os problemas da Grécia não
desapareceram, a Espanha ainda tem uma economia a acertar. Existem, na prática

duas Espanhas, uma vibrante e outra enferma. Reforçar a primeira e recuperar a
segunda exigirá reformas dolorosas.

Um exemplo dessa dualidade é o controle fiscal do governo central comparado com as das 17 regiões No ano
passado, o centro teve que compensar os desequilíbrios regionais, o que
permitiu que o déficit geral caísse, como planejado, de 11% do PIB em 2009 para
apenas 9%, no primeiro ano do programa de austeridade tardiamente introduzido
pelo governo de José Luis Rodríguez Zapatero. Mas o próximo marco na jornada
rumo à sobriedade fiscal – um déficit de 6% no PIB deste ano – pode ser mais
difícil de ser colocado em prática. Números revelados no dia 30 de junho não
revelaram progressos no primeiro trimestre de 2011.

“As regiões têm uma autonomia fiscal
considerável, então é importante que seu esforço esteja alinhado com o do
governo central”, diz o ministro da economia, José Manuel Campa. O governo
central pode exercer controle indiretamente, por meio de metas de déficit e
usando seu direito de vetar empréstimos. Mas Juan José Toribio, um ex-diretor
da Escola de Administração IESE, em Madri, teme que essas ferramentas sejam
ineficazes, e acredita que as regiões precisam de limites em seus gastos.

Outra dualidade está no sistema bancário. Analistas afirmam que o Estado espanhol pode ser obrigado a despejar
mais dinheiro nos bancos do que os € 25 bilhões, ou 2,5% do PIB, atualmente
estimados como valor total da conta do gigantesco boom imobiliário, e de seus
subsequente declínio (o valor do resgate bancário da Irlanda foi superior a 40% do PIB).

O programa de austeridade e as reformas bancárias são medidas na direção certa, mas nenhum deles funcionará se
a economia continuar estagnada. A recuperação até agora tem sido uma decepção.
O PIB espanhol teve um crescimento de 0,3% no primeiro trimestre, enquanto a
média da zona do euro foi de 0,8%. Os índices de desemprego dispararam no país,
se tornando os mais altos da União Europeia (veja o gráfico abaixo).

Além disso, grandes empresas espanholas, como a Telefónica, preferiram se expandir no exterior, e hoje
mantém apenas um terço de suas operações na Espanha. Campa afirma que as
reformas trabalhistas estão “seguindo na direção correta”. Santiago Fernández
Valbuena, estrategista-chefe da Telefónica diz que elas não fizeram nada para
facilitar a vida dos empregadores. Rafael Domenech, economista do BBVA aponta
para o abismo na produção entre grandes companhias exportadoras e as pequenas
empresas domésticas, que ajudaria a explicar porque a Espanha conseguiu
defender seu mercado de ações no comércio mundial, mesmo após ter se tornado
menos competitiva.

Essa combinação de fatores deixa a Espanha vivendo não apenas uma crise econômica, mas também uma crise social.
Seu índice de desemprego entre os jovens (abaixo de 25 anos) é o maior da
Europa, com 44%. Embora muitos jovens ainda possam se apoiar em suas redes
familiares, esses números ajudam a explicar as explosões de fúria entre os indignados espanhóis.

Se a economia espanhola conseguirá fugir da crise da zona do euro dependerá da Espanha que prevalecer – a versão
mais competitiva ou a mais esquálida. Serão necessárias reformas mais profundas
do que as planejadas. Mas como eleições gerais marcadas para 2012, os partidos
políticos estão se movimentando e o ritmo das reformas está diminuindo. Se o cenário
continuar assim, continuarão também as constantes agitações dos mercados.

Fontes:The Economist – “Split personality”

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Tiradentes: um herói nacional e uma figura rara


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Grandes Brasileiros

Tiradentes: um herói nacional e uma figura rara

Joaquim José da Silva Xavier nasceu em 16 de julho de 1746

Um dos raros consensos de nosso tempo é o da ausência de heróis, de gigantes na
paisagem humana e intelectual deste início de século, disse Carlos Heitor Cony
em crônica escrita para a Folha de São Paulo em maio de 2004. No texto, o
escritor ainda complementou seu pensamento afirmando que, se os heróis contavam
com pouco espaço na história e nas cabeças das pessoas, os vilões não tinham
esse problema: reis dos noticiários, esses têm vida breve e atuação datada,
mas, enquanto estão atuando, roubam a cena de tal forma que fica impossível
ignorá-los. Na ocasião, Cony citou Waldomiro Diniz, Cachoeira, Celso Pitta e
Paulo Maluf. Não é difícil presumir que, fosse escrito hoje, o texto citaria
Delúbios e Valérios.

Apesar da ausência de heróis na memória dos brasileiros, agravada pela tímida atenção
que recebem dentro das salas de aula e nos livros escolares, algumas figuras
ilustres se destacam e parecem ter seus feitos históricos bem claros para a
maioria dos cidadãos. É o caso de Tiradentes – herói com direito a feriado
nacional, o que torna mais fácil a sua memorização e valorização.

 

A ocorrência Tiradentes aparece aproximadamente 2.160.000 vezes no buscador
Google, o que mostra que não é difícil encontrar dados relacionados a essa
personalidade, diferente do que acontece com outros grandes nomes da história
brasileira.

O fim da vida de Joaquim José da Silva Xavier, que viveu no século XVIII lutando
pela independência do Brasil em meio à dominação dos portugueses, remete a
questões relacionadas à impunidade que observamos ainda hoje no país. Quando a
Inconfidência Mineira foi delatada, em 1789, por Joaquim Silvério dos Reis, seu
líder Tiradentes não contava com influências políticas ou econômicas
suficientes para reduzir a sua pena. Alguns filhos da aristocracia foram
condenados a penas mais brandas quando houve o julgamento dos inconfidentes em
1792. Os castigos podiam ser, por exemplo, o açoite em praça pública ou o
desterro. A Tiradentes – e apenas a ele, entre todos os membros da
Inconfidência – restou a execução, em 21 de abril de 1792, e ainda a exposição
de partes de seu corpo em postes da estrada que ligava o Rio de Janeiro a Minas
Gerais. Sua casa foi queimada, seus bens foram confiscados e seus descendentes
foram declarados infames.

Se ainda hoje nota-se e protesta-se contra o tratamento vip dado a presos que têm
boas condições financeiras ou influências – ou ambos – em outros quesitos o
Brasil atual é bem diferente da terra habitada por Tiradentes. Ele nasceu em
1746 na Vila de São João Del Rey, hoje a cidade mineira que leva o seu apelido
– Tiradentes – e foi criado em Vila Rica – hoje Ouro Preto. Nessa época não
havia no país constituição nem o direito de desenvolver indústrias em
território brasileiro, e os impostos cobrados do povo pela metrópole eram
extorsivos e provo cavam revolta.

Tiradentes ficou órfão cedo, aos 11 anos. Trabalhou como mascate, pesquisou minerais e foi
médico prático. Diz-se que tinha a habilidade de extrair dentes e colocar novos
que ele mesmo fazia. Como militar, pertenceu ao Regimento dos Dragões de Minas
Gerais. No posto de alferes comandava uma patrulha de ronda do mato, prendendo
ladrões e assassinos.

A conspiração representada pela Inconfidência Mineira agregou militares,
escritores de renome, poetas famosos, magistrados e sacerdotes e, influenciada
pela independência dos Estados Unidos em 1776, tinha como principais idéias
proclamar uma república independente, com a abolição imediata da escravatura;
construir uma universidade; promover o desenvolvimento da educação para o povo
e outras reformas sociais. O movimento planejava chamar o povo para protestar
no dia em que o governo fizesse a chamada derrama – nome dado à cobrança de
impostos – mas não chegou a se concretizar, devido à traição de Joaquim
Silvério dos Reis, que se passou por companheiro para denunciar o grupo.

 

Tiradentes,
hoje

Tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional em 1938, a cidade de Tiradentes apresenta um
acervo barroco que permaneceu escondido por muito tempo e hoje está sendo visto
por visitantes de diversas origens. Entre seus pontos turísticos principais
estão capelas construídas no período em que viveram os membros da Inconfidência
– algumas foram habitadas por padres que participaram da conspiração – e o
casarão da prefeitura, construído em 1720.

Ouro Preto, o maior conjunto homogêneo de arquitetura barroca do Brasil, também
apresenta uma grande quantidade de templos históricos que remetem ao período
vivido por Tiradentes, entre igrejas, museus e construções. Estão entre as
atrações o Museu do Aleijadinho, o Museu da Inconfidência – que reúne
documentos relacionados à Inconfidência – e 19 igrejas e capelas. A cidade foi
também tombada como Patrimônio Nacional, em 1938, e declarada Patrimônio
Cultural da Humanidade em 1980 pela Unesco.

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É hora de colocar em prática o apelo de Mao pela democracia


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É hora de colocar em prática o apelo de Mao pela democracia

Ficheiro:Beijing montage.png

JAMIL ANDERLINI
DO “FINANCIAL TIMES”

Na sexta-feira passada, o Partido Comunista chinês celebrou seu 90º aniversário com um imensa campanha de propaganda e uma onda de nostalgia revolucionária. “Sem o Partido Comunista, não existiria a nova China”, proclamavam outdoors em todo o país, e o partido vem enfatizando a mensagem de que só ele teria sido capaz de enriquecer e fortalecer a nação. Mas, aos 90 anos, a agremiação está em uma encruzilhada. Existe uma sensação de crise iminente entre as elites comunistas, supostamente as principais beneficiárias do atual arranjo político.

Em seu livro “Red Capitalism”, Carl Walter e Fraser Howie, estudiosos de assuntos chineses, descrevem o país como uma “empresa familiar” na qual a maior parte das decisões importantes é tomada por “um mecanismo social cuidadosamente balanceado, construído em torno dos interesses particulares das famílias revolucionárias que constituem a elite política”.

De fato, membros da classe política em Pequim falam casualmente sobre “as 100 famílias” que controlam a política, as forças armadas e os escalões mais elevados da economia. Mesmo assim, há crescentes sinais de que o partido está começando a se autodevorar, com a intensificação da corrupção escancarada e das disputas entre as famílias dominantes, nos meses que antecedem a transição para uma nova liderança, no ano que vem.

Em uma conversa privada, um líder de uma dessas famílias lamentou a atual situação política e a falta de iniciativas governamentais audazes. “Quando os eunucos governam o país, a dinastia está perto do fim”, disse.

O comentário é especialmente apropriado devido a uma outra efeméride que acontece este ano, provavelmente muito mais significativa nos anais mais amplos da história chinesa. Em outubro, a China celebrará discretamente o centenário da “Revolução de Xinhuai“, que derrubou o último imperador chinês e pôs fim a dois milênios de governo imperial dinástico.

Existem diferenças significativas entre a China atual e a China dos anos crepusculares do império, quando potências estrangeiras estavam “fatiando o país como se fosse um melão”, e viam a China como “o doente da Ásia”. Mas a corrupção descontrolada no governo, o senso de inércia política e a imagem de uma elite autocrática e cobiçosa que explora as massas trabalhadoras são traços dos anos finais do império que encontram ecos na China atual.

Em discurso na sexta-feira passada, o presidente Hu Jintao reconheceu que o partido “enfrenta hoje diversos desdobramentos, problemas e desafios novos, em nosso esforço para reforçar a liderança partidária e sua prestação de contas, bem como sua capacidade de resistir à corrupção e degeneração”.

Infelizmente, as respostas oficiais do partido a esses desafios são pouco imaginosas e servem como prova da inércia das elites.

A receita delineada na semana passada por Hu envolve manter a ênfase em um crescimento econômico rápido e desequilibrado, a qualquer custo, e ao mesmo tempo intensificar a severa repressão contra quaisquer supostas ameaças ao monopólio do poder pelo partido.

Líderes importantes reconhecem em foro privado que a maior preocupação dos dirigentes chineses é a perspectiva de uma revolução como aquela que derrubou a dinastia Qing 100 anos atrás. Nesse contexto, muitos dos líderes chineses reconhecem que introduzir uma forma de governo mais pluralista é essencial, se o partido deseja garantir a estabilidade do país em longo prazo.

O problema é que, ao menos por enquanto, as famílias poderosas e a elite política decidiram que avançar em direção à reforma política poderia dar oportunidade ao dilúvio que esperam evitar, resultando em uma redistribuição forçada dos espólios que até o momento ficam reservados a eles.

Um medo é o de uma transição política desordenada que resulte na perda de vastas áreas de território da China, com levantes dos tibetanos e dos uigures do oeste do país contra o domínio chinês.

Outro argumento, expressado em larga medida por aqueles que se beneficiam mais do atual sistema, é o de que o povo chinês é incapaz, em termos de cultura e temperamento, de praticar a democracia ao estilo ocidental.

Eles afirmam que se as massas chinesas foram autorizadas a votar, o mais provável é que escolham um ditador populista e xenófobo.

Mas esses argumentos ignoram a longa tradição de apoio popular e da elite à democracia na China, e também desconsideram os exemplos bem sucedidos da democracia em Taiwan e da democracia parcial em Hong Kong.

Um dos primeiros defensores da democracia parlamentar na China foi Zheng Guanying, um reformista da era Qing cujo livro “Palavras de Alerta e uma Era Próspera”, de 1893, recentemente voltou a se tornar muito popular e influente entre os intelectuais reformistas chineses.

No passado, esse mesmo livro influenciou muito um jovem estudioso chamado Mao Tsé-Tung.

Mao terminou por se tornar um ditador brutal que causou o caos na sociedade chinesa, e um líder de posição quase divina para os comunistas de seu país. Mas poucos antes de chegar ao poder, em 1949, Mao estava ansioso por explicar de que maneira o Partido Comunista seria capaz de evitar a estagnação e degeneração de regimes passados, rompendo o ciclo de ascensão e queda dinástica.

“Descobrimos um novo caminho; sabemos como escapar a esse ciclo. O caminho se chama democracia. Desde que o povo tenha poder sobre o governo, este não esmorecerá em seus esforços”, disse Mao. À medida que seus sucessores estudam as lições da História, este ano, fariam bem se por fim colocassem em prática o que ele preconizou.

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O retorno do jornalismo às origens


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Futuro do Jornalismo

Uso das redes sociais remete a discussões de notícias nos antigos cafés

O retorno do jornalismo às origens

Internet e democratização da notícia trazem de volta o clima dos cafés e tavernas do século XIX

Há trezentos anos, as notícias viajavam pelo boca-a-boca ou por cartas, e circulavam por tavernas e cafés na forma de panfletos, boletins e cartazes. Tudo mudou em 1883 quando o primeiro jornal de massa, o New York Sun, foi um pioneiro no uso da propaganda para reduzir os custos das notícias, e dando um público mais amplo aos publicitários. Na época de seu lançamento, o jornal mais vendido dos Estados Unidos vendia 4500 cópias diariamente, mas rapidamente atingiu 15 mil vendas diárias. A pequena imprensa, seguida pelo rádio e a televisão, transformou as notícias em uma conversa de duas vias, em uma transmissão de mão única, com um número relativamente pequeno de empresas controlando a mídia.

Na maior parte do mundo, a mídia de massa está prosperando. A circulação de jornais cresceu globalmente em 6% entre 2005 e 2009, ajudada por uma forte demanda em locais como a Índia, onde 110 milhões jornais são vendidos diariamente. Mas os números globais mascaram um alto declínio na leitura nos países ricos.

Leitores viram produtores

Na década passada, no mundo ocidental, a população vem desistindo dos jornais e dos noticiários televisivos, e se mantendo atualizada de maneiras diferentes. Mais incrivelmente, pessoas comuns estão cada vez maios envolvidas no processo de compilar, compartilhar, discutir e distribuir as notícias. O Twitter permite que pessoas em qualquer parte do mundo relatem o que estão vendo. Documentos secretos são publicados incessantemente na internet. Filmagens realizadas com telefones celulares das revoltas no mundo árabe e dos tornados norte-americanos são disponibilizadas nos sites de redes sociais. Um vídeo amador registrado durante o terremoto do Japão foi assistido mais de 15 milhões de vezes no YouTube. Projetos de crowdsourcing juntam leitores e jornalistas que analisam toneladas de documentos, que vão das contas dos políticos britânicos aos e-mails de Sarah Palin. Redes sociais ajudam as pessoas a encontram, discutir e compartilhar as notícias com seus amigos.

E não são apenas os leitores que estão desafiando a elite midiática. Empresas de tecnologia como o Google, o Facebook e o Twitter se tornaram importantes (e, dizem alguns, importantes até demais) ferramentas de disseminação das notícias. Celebridades e líderes mundiais, incluindo Barack Obama e Hugo Chávez publicam updates diários nas redes sociais; muitos países agora disponibilizam por meio de iniciativas de “governo aberto”. A internet permite que as pessoas leiam jornais do mundo todo: o Guardian, um jornal britânico, agora tem mais leitores online no exterior do que no Reino Unido. A internet também permitiu que novos provedores de notícias, de blogueiros individuais a sites como o Huffington Post, ganhassem destaque em um curto espaço de tempo, e tornou possível uma nova abordagem do jornalismo, como o praticado pelo WikiLeaks, que deu às fontes uma nova maneira anônima de publicar documentos. O rumo das notícias não é mais controlado por poucos barões da mídia e empresas estatais como a BBC.

Os riscos do novo jornalismo

A princípio, todo liberal deveria celebrar esse cenário. Um ambiente de notícias mais participativo e social, com uma impressionante diversidade e amplitude de fontes, é uma coisa boa. Um texano que antes dependia do Houston Chronicle para interpretar o mundo agora pode coletar informações de toda uma enorme gama de diferentes fontes. Ditadores autoritários ao redor do planeta agora têm mais a temer. E daí, dirão vários, se agora os jornalistas têm carreiras menos estáveis? Mas duas preocupações surgem nesse novo cenário do jornalismo.

A primeira delas é a perda do “jornalismo confiável”, que detém o poder da credibilidade. A queda nas receitas reduziu a quantidade e a qualidade do jornalismo investigativo e das reportagens políticas locais na imprensa escrita. Mas o jornalismo da velha gurda nunca fui o exemplo de moral que os jornalistas adoram acreditar que foi. De fato, o News of the World, um jornal britânico que foi pego grampeando telefones celulares é uma tradicional fonte de escândalos. E nesse meio-tempo, a internet está produzindo novas formas de credibilidade. Um grupo cada vez maior de sites como o ProPublica, a Sunlight Foundation e o WikiLeaks estão ajudando a preencher o vazio deixado pelo declínio da mídia investigativa. Esse ainda é um trabalho em desenvolvimento, mas os graus de atividade e experimentação dão motivos para o otimismo.

A segunda preocupação tem a ver com a parcialidade. Na era da mídia de massa, monopólios locais deveriam ser relativamente imparciais para maximizar seu apelo para leitores e publicitários. Em um mundo mais competitivo, o dinheiro parece estar criando uma câmara de eco para os preconceitos: dessa forma, a Fox News, um canal de notícias da TV a cabo norte-americana tem lucros maiores que CNN e MSNBC – seus rivais mais moderados – juntos.

De certa forma, a disponibilidade cada vez maior de notícias parciais é bem-vinda. No passado, muitas pessoas – em especial, norte-americanos de direita, já que a maior parte da televisão norte-americana era inclinada mais à esquerda – não tinha anda que refletisse suas visões. Mas à medida em que as notícias ganharam uma carga maior de opinião, tanto a política quanto os fatos passaram a pagar um preço alto: é só observar quantos conservadores norte-americanos insistem na ideia de que Barack Obama não nasceu nos Estados Unidos, e a recusa em aceitar o fato de que os impostos devem aumentar no país.

O que deve ser feito? No nível social, não muito. A transformação do mundo da notícia é incontrolável, e as tentativas de revertê-la estão fadadas ao fracasso. Mas há pequenos passos que podem ser dados para conter essas preocupações. Como produtores do novo jornalismo, os indivíduos podem ter escrúpulos com os fatos e transparência com as fontes. Como consumidores, podem ser universais em seus gostos e exigentes em seus padrões. E embora essa transformação gere preocupações, há muito a ser celebrado no barulhento, diverso, voraz, argumentativo e berrante ambiente do mundo das notícias na era da internet. A era do boca-a-boca nos cafés voltou.

Fontes:The Economist – “Back to the coffee house”

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