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Estados Unidos lideram ranking de citações acadêmicas


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Estados Unidos lideram ranking de citações acadêmicas

Colaborações internacionais tiveram aumento de 10% desde a metade dos anos 1990

A ciência está se tornando maior e cada vez mais global. Essa é, em partes, a conclusão de um estudo publicado pela Britain’s Royal Society, a mais antiga academia científica do mundo. Nações científicas emergentes estão ganhando influência, que é medida pelo número de menções aos cientistas em publicações do ramo. China e Espanha, com 4% e 3% das citações globais no período entre 2004 e 2008, derrubaram, respectivamente Austrália e Suíça do top 10, no qual figuraram nos cinco anos anteriores.

Países como os Estados Unidos e o Reino Unido continuam a manter a maior influência no campo da ciência. Juntos, eles são responsáveis por 38% das citações globais entre 2004 e 2008, uma queda em relação aos 45% dos cinco anos anteriores. Os cientistas ao redor do mundo também estão fazendo mais citações. Os números cresceram em 55% entre 1999 e 2003, e 2004 e 2008. Enquanto isso, o número de trabalhos publicados teve um crescimento de apenas 33%. O aumento no número de citações pode ser parcialmente explicado pelo aumento na proporção de colaborações internacionais publicadas de 25% há 15 anos, para 35%.

Fontes: Economist – Paper tigers

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A impotência da argumentação racional (ou quando 2+2=5)


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A impotência da argumentação racional

(ou quando 2+2=5)

ANTONIO OZAÍ DA SILVA

No fim, o partido anunciaria que dois e dois são cinco, e todos teriam que acreditar. Era inevitável que o proclamasse mais cedo ou mais tarde: exigia-o a lógica de sua posição. Sua filosofia negava tacitamente não apenas a validez da experiência como a própria existência da realidade externa. O bom senso era a heresia das heresias. E o que mais aterrorizava não era que matassem o cidadão por pensar diferente, mas a possibilidade de terem razão.

(George Orwell, 1998: 78)

A estupidez tornou-se tão comum quanto era antes o senso comum; e isso não significa que se trata de um sintoma da sociedade massificada ou que as pessoas “inteligentes” estejam poupadas dessa doença. A única diferença é que a estupidez permanece felizmente inarticulada entre os não-intelectuais e torna-se insuportavelmente repulsiva entre os “inteligentes”. Em meio àintelligentsia, pode-se até mesmo dizer que quanto mais inteligente um indivíduo vem a ser, mais irritante é a estupidez que compartilha com todos os outros.

(Hannah Arendt, 1993: 45)

Em 1984, de George Orwell, o torturador afirma à vítima: “Não apenas destruímos nossos inimigos; nós os modificamos. Compreendes o que quero dizer?” (ORWELL, 1998: 235) O objetivo do algoz não é apenas o de arrancar a confissão do torturado. Este, ao praticar a crimidéia [1] , comete o maior dos crimes: questionar a verdade do Partido e do Big Brother. Não basta arrepender-se ou acatar a verdade instituída: é preciso estar convicto, introjetar os ensinamentos da doutrina, render-se por “livre e espontânea vontade”. Trata-se de convencer-se de que a realidade não existe fora do âmbito do pensamento único ditado pelo Partido. Portanto, a realidade é moldada à verdade absoluta determinada pelo sistema totalitário: 2 + 2 pode resultar em 5.

Parece absurdo imaginarmos que em algum momento da história algum ser humano aceitou convictamente tal verdade. Mas o que foram os processos inquisitórios senão a tentativa de introjetar dogmas? Que foram os famosos processos de Moscou senão a submissão a uma verdade inquestionável? Como explicar que milhares de pessoas tenham aceitado consciente e voluntariamente asverdades apregoadas pelos nazistas e tenham amparado seus crimes? Como compreender que milhões nutram ódio étnico e racial? E as teorias que intentam legitimar a escravidão e o genocídio? Se milhares e milhões podem aceitar tais verdades, então, o raciocínio de que 2 + 2 é igual a 5 não é tão absurdo.

No cotidiano nos deparamos com atitudes semelhantes. Há momentos em que os fatos cientificamente comprovados são inócuos diante da verdade ideologicamente estabelecida e dos preconceitos profundamente disseminados. O crítico que busca ir para além da aparência e dos discursos altissonantes e oficias é tachado de ressentido, pessimista e outros epítetos.

Nestas circunstâncias, o absurdo toma ares de verdade. O pensar acrítico toma como verdade o discurso que melhor se ajusta à realidade imediata. Ele olha mas não vê; pensa mas não raciocina; trabalha com discursos prontos e idéias preconceituosas sobre os que pensam diferentemente. Seu horizonte não vai além do bolso ou do seu nariz. Seu pensamento expressa o senso comumideologicamente modelado.

Porém, o senso comum também tem aspectos positivos. Para Hannah Arendt, o senso comum é a parcela de sabedoria herdada que todos temos em comum e difere da lógica:

“A distinção política principal entre o senso comum e a lógica é que o senso comum pressupõe um mundo no qual todos cabemos e onde podemos viver juntos, por possuirmos um sentido que controla e ajusta todos os dados sensoriais estritamente particulares àqueles de todos os outros; ao passo que a lógica, e toda auto-evidência de que procede o raciocínio lógico, pode reivindicar uma confiabilidade totalmente independente do mundo e da existência de outras pessoas”. (1993: 48)

O conhecimento não formal, produzido nas relações cotidianas entre as pessoas é valorizado. Este conhecimento está relacionado à subjetividade, a um sentir que induz ao compromisso ético com o mundo em que vivemos, à compreensão. Em Arendt, compreender distingue-se tanto da informação correta quanto do conhecimento científico. Nesta concepção, compreensão “é a maneira especificamente humana de estar vivo” e nada tem a ver com a idéia comumente aceita de que compreender é perdoar. Compreender é um processo interminável, uma forma de reconciliação com o mundo, com uma realidade que não necessariamente perdoamos. Assim, podemos compreender os crimes dos ditadores, dos nazistas etc., mas isto não significa perdoá-los. Como afirma Arendt, “ao compreendermos o totalitarismo não estaremos perdoando coisa alguma, mas antes, reconciliando-nos com um mundo em que tais coisas são definitivamente possíveis.” (Id. 39)

Ora, o conhecimento racional e científico, forjado nas universidades, pode prescindir do humano; muitas vezes, imagina-se mesmo acima do humano. O pensamento totalitário utiliza a autoridade da cientificidade e objetividade para justificar a barbárie. Não foram os cientistas, indivíduos bem informados, os que praticaram experiências genéticas contra os judeus e que desenvolveram teorias que procuravam justificar o holocausto? Não foram indivíduos instruídos e diplomados em cursos superiores que organizaram a máquina de extermínio que ceifou milhões de vidas humanas (do transporte às câmaras de gás e o sumiço dos cadáveres)? [2] Na ex-União Soviética e outros países ditos comunistas, a psiquiatria não foi usada como instrumento de repressão política? Os regimes ditatoriais latino-americanos não contaram com a cumplicidade de médicos na tortura de prisioneiros políticos?

O elogio ao senso comum e ao saber informal não resulta necessariamente na condenação do saber científico e formal, ou vice-versa. Contudo, é preciso reconhecer os limites do saber dito científico e negar a este suas pretensões de constituir o único saber legítimo. O diálogo entre o professor Long e o pastor Mathieu, personagens criados por Célestin Freinet (1998), expressa de forma exemplar os dilemas, limites e contradições dessa relação. Eles nos mostram que progresso técnico não resulta necessariamente em progresso humano e que a instrução nem sempre torna o homem melhor.

O intelectualismo que desconsidera o saber popular é tão perigoso quanto a ignorância e a alienação das massas. O ignorante titulado, igualmente  alienado e descomprometido, imagina-se superior aos simples mortais e tem a pretensão de encarnar a verdade, a qual deve ser pregada aos incautos. Este tipo de intelectual imagina-se iluminado e capaz de iluminar o caminho dos outros. Arrogante, como se estivesse no Olimpo, desvaloriza o saber informal e o saber prático. Não percebe seus limites a arrisca-se a se afogar nas águas que acolhem os narcisistas.

Estes especialistas se arrogam guardiões da ciência e do conhecimento diplomado, e, em sua redoma protetora contra as influências do que consideram descartável, tornam-se insensíveis diante da realidade social, descartam e deturpam a compreensão. Assim, abrem caminho para a doutrinação. Esta, por sua vez, transcende o domínio do racional, substituindo-o por afirmações que se supõem evidentes e necessárias. A doutrinação destrói a compreensão preliminar, isto é, o senso comum, a linguagem popular que confere significado ético ao conhecimento. Como escreve Arendt:

“Se o cientista, desorientado pelo próprio labor de sua investigação, começa a bancar o especialista em política e despreza a compreensão popular da qual partiu, ele perde de imediato o fio de Ariadne do senso comum, a única coisa que pode guiá-lo com segurança por entre o labirinto de seus próprios resultados. Se, por outro lado, o estudioso deseja transcender seu próprio conhecimento – e a única forma de dar significado ao conhecimento é transcendê-lo – , ele deve tornar-se humilde e voltar a ouvir com muito cuidado a língua do povo, na qual palavras como totalitarismo são empregadas diariamente como clichês políticos e mal empregadas como rótulos para restabelecer o contato entre o conhecimento e a compreensão.” (1993: 42)

Pois, é a linguagem popular, expressão do senso comum e da compreensão preliminar, que permite chegarmos à verdadeira compreensão; a nos colocarmos diante dos dilemas humanos, desenvolvermos a capacidade de se indignar diante do sofrimento humano e assumirmos um compromisso ético. Do contrário, de que adianta todo o conhecimento científico acumulado e o domínio das mais confiáveis informações?

Winston, personagem central do livro de Orwell, evolui para esta compreensão na medida em que se humaniza. Funcionário do Partido no Departamento de Registros, onde forja-se o presente e o futuro com a falsificação e controle do passado, tem o conhecimento mas não compreende. Sua humanidade encontra-se subsumida na verdade do Partido, o qual representa o conhecimento verdadeiro. Aqui, não há espaço para o senso comum, pois o regime do Grande Irmão suprime tudo o que aparenta sentimentos, individualidades e as relações humanas. [3]

Winston reencontra sua humanidade nos proles, a parcela abjeta da sociedade. Ele percebe que os proles:

“Eram governados por lealdades particulares que não punham em dúvida. O que importavam eram relações individuais, e podia ter valor em si um gesto completamente irrelevante, um abraço, uma lágrima, uma palavra dita a um moribundo. De repente, ocorreu-lhe que os proles tinham continuado assim. Não eram leais a um partido, país ou ideologia, eram leais aos seus semelhantes. Pela primeira vez na vida não desprezou os proles nem pensou neles apenas como força inerte que um dia ganharia vida e regeneraria o mundo. Os proles tinham continuados humanos. Não se haviam endurecido por dentro. Haviam conservado as emoções primitivas que ele próprio tivera de reaprender por esforço consciente. E assim raciocinando ele se lembrou, sem ligação aparente, de como vira, havia algumas semanas, uma mão amputada na rua e como a chutara para a sarjeta, como se fosse um talo de couve.” (ORWELL, 1998: 155-56)

Winston não suporta a pressão e trai a si mesmo, o seu amor por Júlia e a sua humanidade. Mas, por momentos, é-lhe evidente a necessidade de manter a humanidade. “Se podes sentir que vale a pena continuar humano, mesmo que isso não dê o menor resultado, terás vencido os torturadores.”, diz ele à sua amada. (Id.: 157)

Conservar a humanidade é essencial. O saber científico não elimina a possibilidade da barbárie, antes pode contribuir para justificá-la, se “simplesmente sabemos sem ainda compreender contra o que lutamos, sabemos e compreendemos menos ainda pelo que estamos lutando.” Então seremos presas fáceis à manipulação dos doutrinadores de plantão, escravos da verdade absoluta ou simplesmente indivíduos resignados. E, desta forma, perderemos a capacidade de intervir politicamente e de reagir criticamente diante da realidade. No final, a miséria material e espiritual passa a ser justificada com argumentos darwinistas: os mais aptos sobreviverão e dominarão; os outros serão dominados e descartados.

A apologia da razão, isto é, do saber acadêmico formal, resulta num tipo de miopia que, aliada a um certo elitismo narcisista, impede a percepção das fragilidades da argumentação racional. Infelizmente, a história comprova-o. Oxalá, tenhamos aprendido! Oxalá, como desejava Hannah Arendt, tenhamos o dom de um coração compreensivo. Talvez não seja má idéia voltarmos, à maneira de Rousseau, a privilegiarmos o sentimento.


[1] Um dos episódios mais estarrecedores descritos em 1984, ocorre quando Winston, na prisão, encontra Parsons. “És culpado?”, pergunta-lhe Winston. A resposta ilustra bem o significado da crimidéia:

“ – Naturalmente sou! – gritou Parsons, com uma olhadela servil à placa de metal. – Não crês que o Partido prenda inocentes? – A cara de rã acalmou-se um pouco, chegou a tomar uma expressão sentimental. – Crimidéia é uma coisa horrível, velho – afirmou, sentencioso. É insidiosa. Pode te pegar sem que te dês conta. Sabes como foi que me pegou? No sono. Sim, é fato. Lá estava eu, trabalhando duro, procurando fazer meu dever, sem nunca saber que tivesse nada de mau na cabeça. E daí comecei a falar dormindo. Sabes o que me ouviram dizer?

Baixou a voz como Alguém que se vê obrigado a pronunciar uma obscenidade, por ordem do médico ou do juiz.

– Abaixo o Grande Irmão! Sim, foi o que eu disse.”

Parsons foi denunciado por sua filhinha, que o escutou através do buraco da fechadura. “Não me queixo dela. Com efeito, tenho orgulho dela”, afirma. (ORWELL, 1998: 216-17)

[2] Os funcionários que organizaram e fizeram funcionar essa máquina da morte alegaram, no final da guerra, que apenas cumpriam ordens. Com efeito, como bem observou Postman (1994: 93-94): “O burocrata considera as implicações de uma decisão apenas até o ponto em que ela irá afetar as operações eficientes da burocracia, e não assume nenhuma responsabilidade por suas conseqüências humanas. Desse modo, Adolf Eichmann torna-se o modelo básico e metáfora de um burocrata da Era do Tecnopólio.”

[3] Como notou Howe (1994: 184): “1984 projeta um pesadelo no qual a política substitui a humanidade e o Estado sufocou a sociedade. Num certo sentido, é um livro profundamente antipolítico, cheio de ódio pelo tipo de mundo no qual reivindicações públicas destroem as possibilidades da vida pessoal.”

Razão, Irracionalidade e Literatura


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Razão, Irracionalidade e Literatura

 

by Antonio Ozaí da Silva in literatura, política, sociedade

A intolerância é “uma atitude de ódio sistemático e de agressividade irracional com relação a indivíduos e grupos específicos, à sua maneira de ser, a seu estilo de vida e às suas crenças e convicções”, afirma Rouanet.[1] Trata-se de uma forma de pensar e agir que “se atualiza em manifestações múltiplas, de caráter religioso, nacional, racial, étnico e outros”. A história das sociedades humanas até o presente é uma história de permanente intolerância. É claro que em meio à crueldade e barbárie resultante de intolerâncias mútuas, há sopros de convivência pacífica fundada no respeito e tolerância. Contudo, como escreve Umberto Eco, “é como se nos dois últimos séculos, e ainda antes, esse nosso mundo tivesse sido percorrido por sopros de intolerância, esperança e desespero, todos juntos”. [2] Observemos que o autor se refere ao século XIV – no qual contextualiza o seu célebre romance O Nome da Rosa. Porém, estas palavras permanecem válidas em nosso presente e, em especialmente, se retornarmos no tempo e no espaço histórico.

Se a história nos fornece exemplos da irracionalidade que nutre os barbarismo que envergonham as gerações posteriores, ela também oferece modelos de resistência e de tolerância. A literatura, por sua vez, também expressa uma enorme contribuição. Mais do que os tratados filosóficos, sociológicos etc., a literatura tem a vantagem de trabalhar sobre a matéria bruta, os personagens criados em toda a sua plenitude e fragilidade que caracterizam o humano. Nestes, o racional e o irracional mesclam-se em atitudes e contextos que ilustram as nossas contradições e dilemas. A literatura contribui ainda para a compreensão dos contextos históricos e também para uma análise sociológica, política e filosófica dos caminhos percorridos por nossos ancestrais e dos desafios que temos diante da nossa geração e das que virão.

Tomemos o romance de Umberto Eco: este traduz as lutas internas na Igreja Católica, em torno de questões aparentemente bizantinas, mas que expressam na essência o problema do poder sobre a instituição, a sociedade e os homens e mulheres. Esta luta por verdades que se tornem autorizadas e definitivas, indica a necessidade não apenas de suprimir outras verdades, mas também os seus portadores. Em outras palavras, a intolerância carrega em si a necessidade da eliminação física do oponente.

Dostoievski percebeu esta dimensão. No limite, o inquisidor condenaria à fogueira o próprio Cristo. O clássico autor russo, em sua estupenda criatividade, imagina na fala do seu personagem, em Os Irmãos Karamazovi, como reagiriam os homens e mulheres e, principalmente a Igreja Católica Apostólica Romana, enquanto instituição, se Jesus Cristo ressurgisse. “Apareceu docemente, sem se fazer notar, e – coisa estranha – todos o reconheciam”, escreve. Ele retorna em meio à multidão, em frente à Catedral de Sevilha, no momento em que carregavam o caixão de uma criança de sete anos. “Se és tu, ressuscita minha filha”, diz-Lhe o sofrido pai. Cristo contempla-o cheio de compaixão e sua voz pronuncia docemente: “Talitha Kumi” – “Jovem, levanta-te”.[3] A criança ressuscita e multidão extasiada, chora e grita. Neste momento, diante dele surge o grande inquisidor:

“É um ancião quase nonagenário, de elevada estatura, de rosto dessecado, olhos cavados, mas onde luz ainda uma centelha. Não traz mais a pomposa veste com a qual se pavoneava ontem diante do povo, enquanto eram queimados os inimigos da Igreja Romana. Retomara sua velha batina grosseira. Seus sombrios auxiliares e a guarda do Santo Ofício seguem-no a uma distância respeitosa. Detém-se diante da multidão e observa de longe. Viu tudo, o caixão depositado diante dele, a ressurreição da menininha, e seu rosto ensombreceu-se. Franze suas espessas sobrancelhas e seus olhos brilham com um clarão sinistro. Aponta o dedo e ordena aos guardas que prendam. Tão grande é o seu poder e o povo está de tal maneira habituado a submeter-se, a obedecer-lhe tremendo, que a multidão se afasta imediatamente diante dos esbirros; em meio dum silêncio de morte, estes o pegam. Como um só homem, aquele povo se inclina até o chão diante do velho inquisidor, que o abençoa sem dizer palavra e prossegue seu caminho”. [4]

Cristo é preso, acusado de estorvar o trabalho da Santa Madre Igreja, feito em seu nome. E, em nome de Deus, muitos serão perseguidos, torturados e queimados. A heresia precisa sucumbir às chamas junto com o próprio herege. Em outras épocas, braços armados substituirão as labaredas, e corpos e mentes hereges foram encarcerados, até que, executados, se extingam no tempo e espaço. Os regimes totalitários aperfeiçoaram este mecanismo macabro. George Orwell, em 1984, percebeu o significado da nova inquisição. Como analisado em “A impotência da argumentação racional (ou quando 2+2=5)”, não se trata mais de destruir a vítima ou arranca-lhe a confissão que o salve – se não o corpo, pelo menos a alma. “Não apenas destruímos nossos inimigos; nós os modificamos. Compreendes o que quero dizer?”, afirma o torturador à vítima. Isto significa que não basta arrepender-se ou acatar a verdade instituída: é preciso estar convicto, introjetar os ensinamentos da doutrina, render-se por “livre e espontânea vontade”. Trata-se de convencer-se de que a realidade não existe fora do âmbito do pensamento único ditado pelo Partido. E, se este afirma que 2+2 resulta em cinco, é preciso aceitar tal verdade.[5]

O dogma do partido e do Estado é racionalizado. Não se trata mais do ódio subjetivo, mas de um ódio fundado na razão e instrumentalizado: o fanático e o sectário manifestam sua intolerância como se esta fosse uma necessidade racional, em prol de objetivos humanitários, não raras vezes, fundamentado num discurso justificador das atrocidades cometidas em nome da humanidade ou dos oprimidos.

A intolerância ultrapassa, portanto, os limites da irracionalidade. Não se pode acusar o dogmático de agir apenas motivado pelos sentimentos; quando se trata de guerras ideológicas, há que se considerar o que se poderia denominar como a Razão do Estado incorporada pelos indivíduos que agem em seu nome. Não raro, atitudes bárbaras encontram justificativas e defensores racionais. Novamente, a metáfora do grande inquisidor, nos ajuda a compreender:

“… queres ir para o mundo de mãos vazias, pregando aos homens uma liberdade que a estupidez e a ignomínia naturais deles os impedem de compreender, uma liberdade que lhes causa medo, porque não há e jamais houve nada de mais intolerável para o homem e para a sociedade! Vês aquelas pedras naquele deserto árido? Muda-as em pão e atrás de ti correrá a humanidade, como um rebanho dócil e reconhecido, tremendo, no entanto, no receio de que tua mão se retire e não tenham eles mais pão”. [6]

Os homens e mulheres preferem o pão (segurança) à liberdade. Eis o argumento do grande inquisidor. O ser humano está disposto a sacrificar a liberdade em nome da segurança, e, para que esta prevaleça, aceita todos os meios – ainda que estes contradigam a própria noção de civilização do mundo ocidental. Os eventos posteriores ao 11 de setembro de 2001 e os recentes episódios envolvendo militares norte-americanos em sessões de tortura no Iraque, comprovam-no.

A intolerância, portanto, tem um fundamento irracional, mas também racional. Em nome da segurança, o homem aceita racionalmente a intolerância do Estado contra outros povos e culturas – tomados em geral como um todo homogêneo que ameaça a ordem interna. Por outro lado, os indivíduos, organizados na chamada sociedade civil, podem impor leis e normas que impeçam ou limitem as manifestações de intolerância institucionalizada.

Mas seria ingênuo debitarmos a intolerância à capacidade do Estado e das classes dirigentes em manipular o povo simples para a defesa de interesses econômicos e políticos particularistas. É certo que as desavenças em torno da fé também atendiam aos objetivos do poder político e das classes dirigentes, mas a verdade é que isto só se torna possível porque os indivíduos internalizam a aversão e ódio ao outro, ao que pensa ou manifesta sua fé de maneira diferente da dele. A intolerância está enraizada em nosso ser, introjetada em nossa mente. Ela se manifesta tanto nas grandes questões que envolvem disputa políticas e territoriais, guerra entre deuses etc., mas também em nossos costumes e na forma como encaramos o diferente.

Victor Hugo, em Os Trabalhadores do Mar, nos dá um exemplo de intolerância fundada nos costumes e na resistência conservadora das velhas gerações em relação ao que se apresenta como novo. Seu personagem principal, Gilliatt, tem a antipatia da comunidade simplesmente porque não compartilha dos seus preceitos e tinha um modo de vida considerado estranho. Mas há também o preconceito em relação ao desenvolvimento industrial, isto é, o aparecimento do navio a vapor. Comentando a reação dos pescadores, o autor, com fina ironia, escreve:

“A esses bons pescadores de então, outrora católicos, agora calvinistas e sempre beatos, pareceu-lhes aquilo o inferno flutuante. Um pregador da terra tratou da questão: “Temos nós o direito de fazer trabalhar juntos o fogo e a água que Deus separou?” Aquele animal de ferro e fogo não era a imagem de leviatã? Não era isso refazer o homem, a seu modo, o primitivo caos?” [7]

A máquina foi assemelhada a uma criatura daquele cujo nome é impronunciável. Aqui Victor Hugo reafirma um dos fundamentos do preconceito e da intolerância: a insegurança e o medo. “Os habitantes simplórios das costas e dos campos aderiam à reprovação pelo incômodo que lhes causava a novidade”, afirma. A máquina assusta o camponês, mete-lhe medo. [8] Por trás da resistência ao novo e do medo, havia na verdade uma disputa de cunho econômico: a máquina permitia um melhor transporte da carga, com maior rapidez e garantindo sua preservação. Portanto, potencializava-se os lucros e, por conseguinte, os prejuízos dos que não dominavam esta tecnologia:

“Todos os proprietários de navios de carreira entre a ilha guernesiana e a costa francesa clamaram imediatamente. Denunciaram aquele atentado feito às Santas Escrituras e ao monopólio. Alguns templos fulminaram. Um reverendo, por nome Elihu, chamou ao vapor uma libertinagem. O barco à vela foi declarado ortodoxo. Viu-se distintamente que eram pontas do diabo as pontas dos bois que o vapor trazia e desembarcava. Durou o protesto um bom par de dias”.[9]

Com o tempo, começaram a perceber as vantagens econômicas propiciados por esta máquina demoníaca. Os espíritos conservadores arrefeceram-se e alguns arriscaram-se a adotar o Devil-Boat. A necessidade econômica, da mesma forma que alimentou o preconceito e a intolerância, forneceu os elementos para a sua superação. Como em outras conjunturas históricas, o fator econômico foi precisamente o sustentáculo da intolerância – pelo menos até que esgotasse as suas velhas potencialidades e desse lugar ao latente, o novo.


[1] ROUANET, Sergio Paulo. “O Eros da diferença”. Folha de S. Paulo, Caderno Mais, 09.02.2003. (Publicado também in: Revista Espaço Acadêmico, n. 22, março de 2003)

[2] ECO, Humberto. O Nome da Rosa. Rio de Janeiro: O Globo; São Paulo: Folha de S. Paulo, 2003, p.193.

[3] São Lucas, 7, 14. Palavras em linguagem aramaica, pronunciadas por Jesus Cristo quando da ressurreição do filho da viúva de Nain. In: DOSTOIÉVSKI, F. Os Irmãos Karamazov. São Paulo: Abril Cultural, 1970.

[4] Idem, p.187.

[5] O personagem Rubachov, em O Zero e o Infinito, de Arthur Koestler, também exemplifica essa máxima: “O Partido nunca pode errar – disse Rubachov . – Eu e o camarada podemos cometer um erro. O Partido não. O Partido, camarada, é mais do que você e eu e milhares de outros como você e eu. O Partido é a corporificação da idéia revolucionária da História. A História não conhece escrúpulos nem vacilações. Inerte e infalível, ela marcha para o seu alvo. Em cada curva do seu percurso deixa a lama que arrasta e os cadáveres afogados. A História conhece o seu caminho, não erra. Quem não tem fé absoluta na História não pertence às fileiras do Partido”. (Ver: KOESTLER, A. O Zero e o Infinito. Porto Alegre: Editora Globo, 1964, p. 31-32).

[6] DOSTOIÉVSKI, F. Os Irmãos Karamazov. São Paulo: Abril Cultural, 1970, p.189.

[7] HUGO, Victor. Os Trabalhadores do Mar. São Paulo: Nova Cultural, 2003, p.59.

[8] Idem, p. 60.

[9] Idem, p. 63.

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Líbia: hipocrisia, dupla moral, dois pesos e duas medidas‏


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Matéria da Editoria:
Internacional

Líbia: hipocrisia, dupla moral, dois pesos e duas medidas

Toda e qualquer intervenção na Líbia terá repercussões graves. Cabe ao povo líbio, e apenas a ele, resolver o problema líbio. A comunidade internacional deve manifestar solidariedade e agir unida para conter a guerra civil e facilitar uma via de transição pacífica para o conflito líbio. Os governos ocidentais, no afã de manter o seu domínio, usam diferentes padrões de avaliação, caso a caso, conforme o país e ao não reconhecer os levantes populares são atropelados pelo curso da História. O artigo é de Max Altman

Max Altman (*)

O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou a resolução que autoriza a imposição de uma zona de exclusão aérea em território líbio, salvo os vôos de natureza humanitária e inclui “todas as medidas que sejam necessárias ”para a proteção da população civil, excluindo, porém, a ocupação militar de qualquer porção da Líbia. Além disso, endurece o embargo de armas à Líbia e reforça as sanções impostas no mês passado a Kadafi e seu círculo mais próximo de colaboradores. 

Paris e Londres encabeçaram a arremetida contra a Líbia numa corrida contra o relógio a fim de que a ONU se pronunciasse antes que o último reduto rebelde, Bengazi, fosse recuperado pelas forças leais a Kadafi. O documento recebeu a aprovação de 10 países – Grã Bretanha, França, Estados Unidos, Líbano, Colômbia, Nigéria, Portugal, Bósnia e Herzegovina, África do Sul e Gabão -, nenhum voto contra e cinco abstenções – Brasil, Rússia, China, Índia e Alemanha. A Rússia exigiu a inclusão de um cessar-fogo imediato, medida atendida por Trípoli, e a China insistiu numa solução pacífica da crise, ao reiterar suas sérias reservas quanto à zona de exclusão aérea, ao mesmo tempo em que rechaçava o uso da força nas relações internacionais. Estranhamente, Moscou e Pequim, que detêm poder de veto, não o utilizaram para barrar aspectos da resolução com os quais não concordavam.

Diferentemente da Tunísia e do Egito, quando massas de centenas de milhares, desarmadas, saíram às ruas erguendo as bandeiras de pão, emprego, justiça social, progresso, liberdade e democracia, derrubando por força de seus protestos e pressão os ditadores apoiados pelas potências ocidentais, Ben Ali e Mubarak, na Líbia facções armadas com armamento blindado, artilharia antiaérea, armas individuais modernas e até alguma força aérea ocuparam o leste do país e algumas cidades do oeste determinadas a tomar Trípoli e acabar com o ditador Muamar Kadafi.

Estabeleceu-se com isto uma franca guerra civil. Quando, no curso dos combates, as tropas fieis a Kadafi avançaram sobre os bastiões rebeldes, o chamado Conselho Nacional Líbio de Transição passou a reclamar com insistência o apoio do Ocidente em armas e logística e a exclusão aérea. Ou bem os oposicionistas contavam desde o início com o respaldo dos países hegemônicos e estes estavam roendo a corda ou calcularam mal a capacidade de resistência de Kadafi e o apoio de grande parte da população líbia com que conta. A verdade é que a insurgência armada no leste da Libia é apoiada diretamente por potências estrangeiras. A insurreição em Bengasi ergueu imediatamente a bandeira vermelha, negra e verde com a meia lua e a estrela, a bandeira da monarquía do rei Idris, que simbolizava o domínio dos antigos poderes coloniais.

A imensa campanha de distorções, omissões e mentiras desencadeada pelos meios maciços de comunicação abriu espaço para uma enorme confusão no seio da opinião pública mundial. Levará tempo antes que se possa estabelecer a verdade do que ocorreu na Líbia e distinguir os fatos reais das falsidades publicadas. Alguns fatos concretos, porém, merecem atenção.

A Líbia ocupa o primeiro lugar no Índice de Desenvolvimento Humano da África e tem a mais alta esperança de vida do continente. A educação e a saúde recebem especial atenção do Estado. O PIB per capita é de 13,8 mil dólares, o crescimento em 2010 foi de 10,6%, a inflação de 4,5%, a pobreza de 7,4% e a colocação no IDH é 53º (Brasil é 73º) todos esses índices melhores que o do nosso país. Seus problemas são de outra natureza. De alimentos e serviços sociais básicos o país não carecia. Nação de pequena população – 6,5 milhões de habitantes – necessitava de força de trabalho estrangeira em boa proporção para levar a termo ambiciosos planos de produção e desenvolvimento social. Milhares de trabalhadores chineses, egípcios tunisianos, sudaneses e de outras nacionalidades labutam em solo líbio. Dispunha de vultosos ingressos, provenientes da venda de petróleo de alta qualidade, e de grandes reservas em divisas depositadas em bancos das potências européias e Estados Unidos, e com isso podiam adquirir bens de consumo e até armamento sofisticado, fornecido exatamente pelos mesmos países que hoje planejam invadi-lo em nome dos direitos humanos.

O tirano, que durante quase três décadas foi considerado o “cachorro louco”, o “inimigo número um” do Ocidente para logo converter-se no vistoso aliado de seus inimigos de agora, voltou ao seu estatuto original. Ao se aproximar das potências ocidentais, Kadafi cumpriu rigorosamente suas promessas de desarmamento e ambições nucleares. Com isso, a partir de outubro de 2002, iniciou-se uma maratona de visitas a Trípoli: Berlusconi, em outubro de 2002; Aznar, em setembro de 2003; Berlusconi de novo em fevereiro, agosto e outubro de 2004; Blair, em março de 2004; Schröeder, em outubro de 2004; Chirac, em novembro de 2004.

Todos exultantes, garantindo o recebimento de petróleo e a exportação de bens e serviços. Kadafi, de seu lado, percorreu triunfante a Europa. Recebido em Bruxelas em abril de 2004 por Prodi, presidente da União Europeia; em agosto de 2004 convidou Bush a visitar seu país; Exxon Mobil, Chevron Texaco e Conoco Philips realizavam os últimos acertos para exploração do óleo por meio de ‘joint ventures’. Em maio de 2006, os Estados Unidos anunciaram a retirada da Líbia dos países terroristas e o estabelecimento de relações diplomáticas. Em 2006 e 2007, a França e os Estados Unidos subscreveram acordos de cooperação nuclear para fins pacíficos; em maio de 2007, Blair voltou a visitar Kadafi. A British Petroleum assinou um contrato “extremamente importante” para a exploração de jazidas de gás. Em dezembro de 2007, Kadafi empreendeu duas visitas a França e firmou contratos de equipamentos militares de 10 bilhões de euros. Contratos milionários foram subscritos com importantes países membros da OTAN.

Dentre as companhias petrolíferas estrangeiras que operavam antes da insurreição na Líbia incluem-se a Total da França, a ENI da Itália, a China National Petroleum Corp (CNPC), British Petroleum, o consórcio espanhol REPSOL, ExxonMobil, Chevron, Occidental Petroleum, Hess, Conoco Phillips.

O que se passa para que o “cachorro louco”, que se transformara em grande amigo, volte a ser o “cachorro louco”. De um lado, a evidência de que as potências hegemônicas tudo farão para não perder o controle dessa vital fonte de energia. De outro, fatores geo-estratégicos. Diante da revolta por mudanças democráticas dos países árabes do Norte da África e do Oriente Médio, é fundamental, no caso da Líbia, ter um governo absolutamente confiável, pressionando o vizinho oriental Egito para manter o tratado com Israel e não partir para políticas que desarrumem todo o contexto regional.

Antes de partir para o Brasil, o presidente Obama declarou que o“cessar-fogo tem que ser implementado imediatamente e isto significa que todos os ataques contra civis têm que parar. (…) Esses termos não são negociáveis. (…) Se Kadafi não cooperar haverá consequências”. Entrementes, as agências de notícias informam que no Bahrein, ocupado por tropas da Arábia Saudita, com prévio conhecimento e anuência de Washington, e debaixo de lei marcial, milhares de pessoas desarmadas são reprimidas violentamente por forças militares que destruíram o monumento da praça Pérola, ponto de encontro de manifestantes. Sabe-se que a V Frota norte-americana está estacionada neste país, distante 25 quilômetros da Arábia Saudita, e funciona como posto de vigilância dos vastos poços de petróleo do Golfo Pérsico. Gravíssima é a situação no Iêmen, aliado incondicional da Arábia Saudita e dos Estados Unidos. Dezenas de civis,desarmados, foram assassinados nas últimas horas. Nem a França nem a Grã Bretanha, tampouco Washington ou a Liga Árabe propuseram “todas as medidas necessárias” para proteger a população civil. Obama, Sarkozy e Cameron não falaram grosso com o Bahrein e Iêmen. A ONU não autorizou uma zona de exclusão aérea contra o Iêmen e Bahrein, nem acha que os direitos humanos de bareinitas e iemenitas mereçam ser respeitados. Nesse caso, só falatório, hipocrisia e dupla moral.

Toda e qualquer intervenção na Líbia terá repercussões graves. Cabe ao povo líbio, e apenas a ele, resolver o problema líbio. A comunidade internacional deve manifestar solidariedade e agir unida para conter a guerra civil e facilitar uma via de transição pacífica para o conflito líbio. Os governos ocidentais, no afã de manter o seu domínio, usam diferentes padrões de avaliação, caso a caso, conforme o país e ao não reconhecer os levantes populares são atropelados pelo curso da História. Os regimes árabes despóticos, fundamentalistas e absolutistas têm de saber que não podem resistir às mudanças. É simples questão de tempo, e todos os que resistirem serão varridos do mapa político.

Setores de esquerda vêm dando interpretações disparatadas sobre os acontecimentos. A mais esdrúxula reside em que desqualificar a revolta das massas populares líbias porque o regime é inimigo aparente de nosso inimigo não é um critério muito saudável. Analistas de esquerda não podem fechar os olhos à realidade do mundo de hoje, desconhecer as forças em confronto e seus objetivos estratégicos, deixar-se levar pelas informações da mídia que tem um claro viés em favor dos interesses neo-coloniais e imperialistas.

Uma intervenção militar aberta implica que os Estados Unidos, Inglaterra, França e demais países optaram por um dos lados da guerra civil líbia, como aumentará brutalmente os riscos sobre a população civil que, cinicamente, anunciam que pretendem proteger.

(*)Jornalista e advogado

 

Aventuras de Obama em Pindorama


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Crônica

Visita ilustre no seio da tribo:

Aventuras de Obama em Pindorama

A presidente Dilma Rousseff recepcionou Obama em Brasília

Por Alberto Francisco do Carmo*

De Brasília-DF

Para Via Fanzine


O homem

Sem dúvida, sabe o know how de um microfone, com ou sem câmera. Nisto e noutras coisas, o melhor dos presidentes dos EUA, eu que já vi e ouvi muitos, de Truman a ele, o cara da hora.

Lembra-me muito do que se dizia de Sammy Davis Junior: nada de toques “colored”, ou seja, o jargão e inflexão vocal característicos dos afro-descendentes de lá. Inteiramente solto, mensagem corporal de flexibilidade e agilidade ímpares. Voz poderosa, com um toque de timbre metálico, dicção perfeita, gramática e construção de frases de uma correção ímpar. O sorrisinho matreiro, após disparar algo para atingir a plateia, como quem diz: “então, o que acham, gostaram?”. E a plateia, sitiada pela simpatia, automaticamente sente-se compelida a responder que sim. Aplausos.

Tenta se inteirar de coisas familiares da História e cultura de cada público. Por exemplo, ouviu dizer que bolo de laranja de Kansas City é muito bom. Ou dos tempos de infância na Indonésia. Num discurso seu nos EUA, que vi, ao recolher subsídios para o que ora escrevo, impressionou-me – ao lado das qualidades de oratória – como  manejava a platéia com o talento de um profissional tipo Sílvio Santos, ou Faustão, mas com o verniz de um Ed Sullivan. Fale o que falar, para grande ou pequena plateia, o faz como se falasse “coast to coast”. Este é Barack Obama.

Em Pindorama

No Brasil, não foi diferente, numa passagem marcada por signos de comunicação, de quem maneja bem a Semiótica. A escolha da Cinelândia, embora não se concretizasse, como ideada originalmente, permaneceu. Num pequeno passo em falso, embora o argumento da segurança fosse invocado, a todo momento, outro -igualmente plausível – teria de sê-lo. Quem sabe, a súbita constatação de quem um público muito “popular” e além do mais, não anglófono, não gostaria muito de ouvir aquela figura, simpática sim, mas numa língua que não lhe era familiar, mesmo com tradução simultânea.

Reduzido o público a um seleto auditório, num local de elite, nadou de braçada. Os usuais mísseis verbais e inteligentes, precedidos ou seguidos do supracitado sorrisinho, atingiram seu alvo em cheio. A interrupção por aplausos o comprovou.

Quem sabe escolher, o sabe bem. E recupera-se bem de imprevistos. O “muito obrigado”, algo hesitante, na fala conjunta com Dilma, saiu algo como um “muito abrigado”. Sem querer, querendo, como o mexicano Chaves, resultou numa coincidência divertida. Muito abrigado, não. Abrigadíssimo… Com a profusão aérea, automobilística, armada e humana ao redor, como diria Aracy de Almeida, não restava a menor dúvida.

Mas no teatro, o português de bolso, na escola de João Paulo II, porém menos ousado, funcionou bem. “Alô, Cidade Maravilhosa, Boa tarde, todo povo brasileiro.” Faltaram um “a” e um “o”. Boa tarde a todo o povo brasileiro. Mas “deu para passar”. Falou  de “cariocas”, “paulistas”, baianas, nordestinos, gaúchos, deixou para o fim, mas não esqueceu dos “mineiros”. Nada de “polistas” ou “carioucas”, ou “miniros”.

Destacaríamos, todavia, um trecho lapidar, inserido no corpo do discurso. Se proposital ou acidental, não importa. Acertou na mosca. Foi quando, citando um “residente” anônimo, que teria ouvido (duvidamos), enfatizou que favelas não deveriam ser olhadas com pena. Deveriam sim, serem olhadas como fornecedoras de futuros médicos, engenheiros, arquitetos e outras profissões “de topo”, ou seja, lembrando que, milagres, uma educação realmente de excelência poderia produzir entre carentes. Concordamos.

Ora, isto contrasta com a mentalidade de redenção educacional dessas mesmas populações, por todos os governos brasileiros passados, inclusive o período Lula e o atual. “Inclusão” significaria, ou tem significado, levar tais comunidades a profissões menos frustrantes e improdutivas economicamente para elas, comunidades. Não seriam mais somente trabalhadores braçais, domésticos, etc. Ser-lhes-ia permitida uma “qualificação” que os levasse no máximo a técnicos de nível médio, notadamente no mercado de serviços. Nível superior e de ponta, não. No máximo cursos universitários ditos de “cuspe e giz” em faculdades particulares fundos de quintal.

Nisto, repetimos: muito bem e palmas para ele, que ele merece. Mas quanto ao resto…


Mais uma vez, na mesma estratégia do bolo de laranja de Kansas City, citou Jorge Benjor, a passeata dos 100 mil na Cinelândia, a prisão, superação e ascensão de Dilma Rousseff, sem esquecer-se do menino pobre de Pernambuco, isto é, o futuro “o cara”.

Tentou cooptar tudo isto para um discurso previsível quanto aos valores da democracia, no melhor estilo norte-americano. Ideais liberais dele, de outros, de ontem e de sempre.

Pouco importou se a passeata da Cinelândia tivesse nítida conotação de esquerda. Ou que antecessores seus tivessem cooperado com ditaduras variadas, seja na América Latina, Europa, Ásia e Oriente Médio. À mensagem embutida, do tipo “mas isto é passado”, poderia se dizer, nem tanto.

A diferença é que os Estados Unidos apoiaram estados totalitários do estilo antigo, mantidos à custa da coerção sobre cidadãos. Outros estados totalitários também orbitaram em torno da antiga URSS. Questão de escolha.

Nos dias de hoje, permanecem estados totalitários de estilo antigo, mas cresceu o número daqueles, nos quais, o antiamericanismo é aberto. Totalitários antiquados, mas não alinhados aos EUA. Problema…

No meio disto tudo, surge, porém – de modo preocupante – um tipo de totalitarismo novo. Este tipo ainda preserva características da coerção aos seus cidadãos. Portanto, semelhante ao tipo antiquado. Mas, aos poucos, estes mesmos estados (e seus cidadãos) parecem caminhar para a terrível previsão de Aldous Huxley no prefácio à segunda edição de “Admirável Mundo Novo”: “Não há, por certo, nenhuma razão para que os novos totalitarismos se assemelharem aos antigos. O governo pelos cassetetes e pelotões de fuzilamento; pela carestia artificial, pelas prisões e deportações em massa, não é simplesmente desumano (ninguém se importa muito com isso hoje em dia); é de maneira demonstrável, ineficiente – e numa época de tecnologia avançada, a ineficiência é o pecado contra o Espírito Santo. Um estado totalitário verdadeiramente eficiente seria aquele em que o executivo todo-poderoso de chefes políticos e seu exército de administradores controlassem uma população de escravos que não tivessem de ser coagidos porque amariam sua escravidão”.

A China e vários países asiáticos seriam exemplos gritantes da marcha da materialização desse totalitarismo “ideal”. Mas em muitos países, ditos democráticos, há também sinais de seu crescimento. Na medida em que se convence a população a não se importar com política, ou deixar ao critério dela, população, votar ou não votar, ao mesmo tempo em que se segue a filosofia da “barriga cheia, coração contente” (e cuca legal), também pode-se estar dando passos nessa direção. Política dá muito trabalho para que gente comum se ocupe dela. Uma casta bipolarizada, dentro de um sistema eleitoral algo enigmático, pode induzir à apatia satisfeita essa multidão de escravos contentes e distantes uns dos outros, como antevisto no livro “The Lonely Crowd”, A Multidão Solitária.

De resto como observou Mário Augusto Jakobskind  (Direto da Redação), o anúncio da intervenção multinacional na Líbia, foi feito num país estrangeiro, que se abstivera da votação da dita intervenção. Constrangimento da anfitriã, evidentemente.

Percebeu-se que Mr. President viajou para cá, com o gatilho armado. Perguntar-se-ia se o anúncio de sua viagem a um país discordante da dita intervenção, não teria sido um despiste para a deflagração da mesma. Sim, pois mísseis Cruise, por exemplo, devem ter em seus computadores o mapeamento de seu caminho até seus objetivos. Isto não se faz de véspera… Como também a enorme coincidência de a França sair na frente e, por acaso, navios norte-americanos e britânicos já estariam mais ou menos por ali, prontos a disparar seus mísseis…

Obama e Michelle participaram de evento cultural na

comunidade da Cidade de Deus.

No fim das contas…

Foram assinados dez tratados de cooperação, como invariavelmente se faz. Nenhum deles, decisivo. Nada sobre facilitação de vistos, nada sobre subsídios agrícolas como escudo a nossos produtos.

Finalmente tivemos o papel da mídia estadunidense nos eventos. Qual seja, quase nenhum. Uma nota da CNN dizia que Obama havia encantado “multidões” no Brasil. Não disse nada sobre a Cinelândia, com mais jornalistas que curiosos (alguns excêntricos) e os piroquetes de esquerda radical, no estilo que Nelson Rodrigues chamava de “cambaxirras da revolução”. Cambaxirra ou carriça… Aquele passarinho miúdo, que protesta com pios e vôos agressivos contra as cabeças de intrusos na proximidade de seus ninhos. Mas que não tem força nenhuma para impedir, muito menos ferir e matar os seus predadores. Multidões? Sei…

De resto, um repórter falando com vista do Eixo Monumental até a Praça dos Três Poderes. Mas a notícia era sobre o ataque à Líbia, que Obama interrompera a programação da visita, para chamar jornalistas norte-americanos num canto e comunicar a decisão do sinal verde aos bombardeios.

Nos sites da CNN, apenas notícias esparsas sobre o Brasil, com destaques para podres poderes e catástrofes locais. Não temos nada de melhor para ser noticiado. Tendência antiga e com Obama não mudou nem um pouco.

MIB - Homens de Preto - Em Desenho

Os homens (de preto) do afro presidente

Eles sempre existiram, mas são cada vez mais numerosos. Bem, já que Mr. President lembrou-se de Jorge Benjor, o que me vem à cabeça é uma cena do musical “The Music Man” (no cinema “O Vendedor de Ilusões”). O personagem principal é um vigarista, que costuma dar um golpe de apresentar-se em cidades do interior dos EUA do século XIX, como falso professor de música. Usa sempre algum probleminha local, fácil de ser chamado de pecaminoso para convencer os locais da utilidade de aulas de música para crianças. Daí que, numa cidade pacata aonde chega, não havia nada de polêmico. E vem a ideia: “se aqui não há problema, vamos inventar um”.

O corpo de segurança na “entourage” de presidentes americanos tem agido assim, e cada vez mais. Lembram-me ainda algo que vi em outra “entourage”, mas de um famoso artista brasileiro. O cara temia e teme assédio, inseguro que era e é. E a “entourage”, para mostrar-se absolutamente necessária, cuidou e cuida de transformar o medo desse artista em pavor. Condenou-o e o condena a viver enfurnado e mal aproveitar as folgas nos lugares por onde passa.

O esquema de segurança dos presidentes norte-americanos vem nisto e num crescendo. A cada um que nos visita, é como se alguém que convidássemos para um almoço, nos enviasse uma comissão de família e parentes para verificar se a comida é boa; se tem cachorro que morde na casa; se o sanitário é limpo ou se a comida não está envenenada.

Desde Clinton, passando por Bush pai e filho, a arrogância e exagero da segurança estadunidense só causam-nos mal estar.

Na visita de Clinton, em 1997, a “nojeira” foi assim. Clinton, afinal, conseguiu passar uns momentos agradáveis no Morro da Mangueira, fazendo que Jamelão dissesse que no final, Mr. President estava “tão feliz quanto pinto no lixo”. Americano não deve ter entendido bem esta imagem. Veio deles a prática das galinhas de granja e suas rações turbinadas a hormônios. Nossas galinhas quintaleiras soltas e revirando o terreiro e até o lixo, deve ter lhes parecido “bizarre”.

Para nós, porém, “bizarre” é a paranoia pseudo-protetora desse esquema de grosseria “made in USA”. Já mandaram até ministro de FHC tirar sapatos em aeroporto. Quiseram revistar até o então governador Cristovam Buarque, antes de um jantar em Brasília. Indignado, Cristovam se retirou.

Agora, a revista não poupou nem ministros de estado de Dilma, em Brasília, que não resistiram, mas resolveram abandonar o local do evento, à francesa: Aloizio Mercadante, Édison Lobão e até Guido Mantega.

Jornalistas acompanhavam o presidente da Vale, Roger Agnelli. Fernando Pimentel saiu com a desculpa de ter sido chamado ao Palácio da Alvorada. Todos foram retidos na entrada do encontro com empresários, o que resultou que chegassem atrasados para acompanhar o discurso de Obama. Havia sido combinado que ministros não seriam revistados. Mas, roeu-se a corda…

É um despropósito. Aqui em Brasília descem chefes de estado a toda hora. Até da Rússia. Mas nada se compara à minúcia obsessiva dos corpos de segurança ianques. Um avião presidencial que poderia levar até 400 passageiros. Mais uns dois cargueiros quadrimotores a jato, Boeing C-2 (Mc Donnell-Douglas) para transportar três limusines blindadas. Todas são usadas nos percursos, onde o presidente estará numa delas. As outras são para despistar. Enormes helicópteros “Chinook”, transportados por outros aviões cargueiros. Ruas interditadas. Gente constrangida.

Paulo BernardoInflação está caindo, afirma ministro Guido MantegaRiscos no Brasil são diferentes do Japão, diz Mercadante sobre usinasministro de Minas e Energia, Edison Lobão

BRASIL:Ministros se recusam a ser revistados

Em Brasília, os ministros Mercadante, Mantega e Lobão, após passarem por revista

No fim, nenhum contato com o povo. Tão diferente da massa de estudantes cantando “A Marselhesa” junto com De Gaulle. Ou dos saudosos Rei Alberto e Rainha Elizabeth da Bélgica, que sumiram do Palácio do Catete, numa manhã carioca. Segurança e autoridades em polvorosa. Daí a um tempo, lá vêm suas majestades, voltando pelas ruas, lampeiros, de roupão de banho, carregando esteiras e guarda-sóis. Quiseram somente dar um mergulho nas águas plácidas (e ainda não poluídas) da Enseada de Botafogo…

Claro, também deste jeito não seria mais possível. Mas seria perfeitamente possível entender que não era preciso tanto. E que sorrisos e palavras amáveis não combinam com suspeitas. Volta-se ao que dizia sobre o Rei de Portugal, Dom Afonso Henriques, sobre seus encontros com chefes mouros: “Bem entendo que me entendes, que eu entendo que me enganas”.

Quando Clinton esteve em Brasília, em 1997, esse aparato resultou num chabu de povo. Lá veio o cortejo passando pela Esplanada em dia de expediente. Mas ninguém se abalou para descer para ver sua excelência estrelada e listrada.

Mas o ponto alto da visita de Obama, sem dúvida, foi a surreal visita ao Cristo Redentor. Deixar de visitá-lo de dia, para visitá-lo à noite. E a explicação ridícula de que poderia melindrar países islâmicos por visitar um símbolo cristão. Ora, e a paisagem? Que importa o símbolo cristão se ela é tão bonita à luz do dia? Podia ser uma desculpa, ora!

Mas a visita noturna, só fez ligar mais a visita a esse mesmo símbolo cristão. De fato, à noite, a única coisa que se veria seria justamente o Cristo! Fartamente iluminado, mas só ou principalmente Ele. Se Obama e nós temos nossas crenças, porque ter de se envergonhar delas ou escondê-las em nome de uma falsa diplomacia? Será que duvidam da inteligência dos árabes?

Dessa vez e, para piorar, visita num sábado e domingo. Resultado: afora os gatos pingados, mais nada. E o tiro, em termos de gente jovem (mesmo com os encontros “produzidos” de Dona Michele com alguns deles) pode ter saído pela culatra.

Um PM do DF contou-me a reação do filho de doze anos, ao ver a correria do pai para os plantões da visita de Obama somada à agitação e exageros das medidas de segurança: “Sabe, pai? Esse cara só deve fazer o mal. Para ter um medo desses…”.

* Alberto Francisco do Carmo é licenciado em física e técnico em assuntos educacionais. É consultor educacional e colaborador do diário digital Via Fanzine.

– Fotos: das agências/Roberto Chamorro.

– Produção:

© Copyright 2004-2011, Pepe Arte Viva Ltda.

O homem mais frágil do mundo


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O homem mais frágil do mundo

Revista Espaço Acadêmico in colaborador(a), política internacional

por Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS

O refrão se repete por toda parte. Com letras garrafais na mídia escrita, com certa referência na mídia falada ou televisionada, com certo ar de mistério pelas ruas, botecos, feiras e praças do país: o presidente dos Estados Unidos é o “homem mais poderoso do mundo”. E Barack Obama, com esposa e filhas, desfila entre a capital do Brasil e o Rio de Janeiro com esse qualitativo impresso no cenário coreográfico de sua passagem. Além do mais, com seus discursos aparentemente improvisados, procura esbanjar simpatia e sintonia entre o “povo brasileiro” e o “povo norte-americano”.

A Coluna de Jânio de Freitas desta segunda-feira (FSP, 21/03/2011) abre leve brecha nessa imagem, mais construída que real. Se levarmos em conta a quantidade de policiais e soldados envolvidos na sua proteção; os blindados, helicópteros, carros e motos que acompanham a comitiva, o gigantesco sistema de segurança montado para receber o presidente junto com sua família e sua corte, o jogo espetacular e fantástico do palco onde o ator exibirá seu desempenho (para não falar performance) – então é preciso concluir que estamos diante do “homem mais frágil do mundo”.

Um prisioneiro de um presídio ambulante. Marcado pelo estigma da fobia, não dá um passo, sem que o terreno seja prévia e devidamente inspecionado; não ingere qualquer alimento, sem que tenha passado por uma rigorosa investigação quanto à origem e à preparação; não se desloca, sem a companhia de um batalhão de veículos motorizados e seguranças de estatura avantajada e óculos escuros; não fala, sem que seja atestada absoluto controle em todos os pontos ao alcance de sua voz. Um prisioneiro itinerante, sim, não obstante esteja rodeado de carcereiros de gravata e paletó.

Pobre homem, pobre liberdade! Expõe o medo doentio e mórbido de cada cidadão do mundo rico ou das regiões ricas do mundo pobre. Revela nossas próprias prisões, que insistimos em chamar de casas ou lares, onde nos encarceramos com a família. Habitações em que os muros se levantam cada vez mais altos, grades são chumbadas em suas extremidades, cães de guarda instalados nos jardins, câmeras espalhadas estrategicamente pelos condomínios, ruas, bairros e cidade, aumento do número de policiais privados. Os gastos com sistemas de segurança cada vez mais sofisticados, utilizando tecnologia de ponta, atestam, por um lado, uma fobia que só faz crescer e nos torna reféns de nossos jovens e adolescentes e, por outro, que nos convertemos em carcereiros de nós mesmos. Precisa acrescentar que tudo isso muitas vezes não serve para nada e que os roubos, assaltos e latrocínios registram índices que, ironicamente, parecem progredir na proporção do próprio investimento com segurança?

Voltando à passagem de Barack Obama ao Brasil, sua visita ao mesmo tempo vela e revela que “o rei está nu”, de acordo com a conclusão de Hans Christian Andersen, em A nova roupa do rei. E não só ele, mas todos nós que, diante das notícias diárias e sensacionalistas dos meios de comunicação, recheadas de violência e sangue, tiritamos de medo dentro de nossos lares profusamente revestidos com os artefatos da última moda em conforto e segurança. A sociedade está nua! Tanto mais nua quanto mais carecida de vistosas vestes para proteger-se. O presidente dos Estados Unidos aparece como um símbolo dessa nudez simultaneamente oculta e exposta. O homem mais poderoso da terra é também o mais frágil. O mais necessitado de um exército de homens, olhos eletrônicos e armas que o façam caminhar sem risco. Sua força imperial corresponde a sua fraqueza de homem encarcerado na teia de aranha de um sistema de segurança tão fantástico quanto fóbico.

Nos subterrâneos dessa liberdade prisioneira, desse luxo empobrecido, desse poder débil escondem-se relações socioeconômicas e político-culturais injustas e assimétricas. Mais do que um homem e sua família, o que esse batalhão de policiais e seguranças procura defender é uma ordem mundial que se tornou insustentável. O modelo de senhor e vassalo, império e colônia, Primeiro e Terceiro Mundo, histórica e estruturalmente consolidado e nutrido, agoniza em seu próprio esplendor. Os fogos de artifício sobem e caem com a mesma rapidez. O show pirotécnico dura poucos segundos de luzes, cores e brilho; depois tudo se converte em cinza. As multidões que erguem estátuas são as mesmas que as derrubam com o vento de sua fúria indomada. O herói de hoje costuma ser o vilão de amanhã.

A presença de Obama entre nós ajuda a refletir que não é apenas Muammar Cadaffi que se encontra nu e frágil diante das ondas turbulentas e contraditórias da história. Poder e glória são tão efêmeros quanto a moda e o humor da multidão. A figura do jovial e simpática do presidente dos Estados Unidos, hoje revestido de belas palavras, honras e poder, simboliza um amanhã de silêncio, de indignação e de fragilidade. Enquanto as torrentes subterrâneas da desigualdade socioeconômica, em nível mundial, não forem resolvidas, a calmaria da superfície tende a ser enganosa. Terremotos e tsunamis imprevisíveis ocultam-se por trás da diplomacia elegante, charmosa e sorridente. O ditado popular de que “as aparências enganam” serve como nosso ponto final.

Vida de filósofa Hipácia é retratada em filme


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Egito Antigo

A atriz britânica Rachel Weisz interpretou a filósofa Hipácia no cinema (Fonte: Divulgação)

 

Vida de filósofa Hipácia é retratada em filme

Ainda hoje ela seria considerada vanguardista no papel da mulher na sociedade.

Por Layse Ventura

Poucas mulheres são tão desconhecidas e foram tão importantes para a ciência quanto a filósofa grega Hipácia. Agora, porém, o cinema faz jus a essa figura emblemática com a superprodução espanhola “Ágora”.

Lançada no Brasil recentemente em DVD, o filme conta a história dos últimos anos de vida de Hipácia antes de ela ser brutalmente assassinada. A filósofa viveu no momento em que o Egito Romano adota o cristianismo como religião oficial e a reviravolta dessa escolha em sua vida pessoal.

O filme foi dirigido por Alejandro Amenábar (“The others” — “Os outros) e conta com estrelas como Rachel Weisz, Max Minghella and Oscar Isaac no elenco.

Quem foi Hipácia?

Hipácia foi uma filósofa, cientista, astrônoma e matemática grega nascida em Alexandria, no Egito, por volta de 355. Diferentemente das mulheres de seu tempo, ela foi criada para ser intelectual. Seu pai, Theon, era considerado o homem mais inteligente de seu tempo.

Conforme foi envelhecendo, Hipácia demonstrou um interesse especial por matemática e astronomia. E é nessas áreas que ela vai dar suas mais importantes contribuições. Além do estudo dos astros, Hipácia aprofunda e simplifica os conhecimentos de Apolônio sobre o cone e as formas derivadas dele, como a hipérbole, parábola e elipse.

O cone criado por Apolônio (Fonte: Grand Illusions)

 

O cone criado por Apolônio (Fonte: Grand Illusions)

Hipácia foi a primeira mulher a ter um impacto profundo no conhecimento antigo da matemática. Sua morte trágica ocorre em 415, quando voltava para casa e sua carruagem foi atacada por cristãos que a despiram e mataram. Algumas versões da morte de Hipácia contam que a carne foi separada de seu corpo com pedaços de cerâmica ou conchas de ostras.

Apesar de ser creditado que Hipácia morreu por ser pagã, alguns historiadores contam que ela teria morrido por motivos políticos. Ela teria sido responsável pela reconciliação de Orestes, prefeito de Alexandria,  com Cyril, o arcebispo da Igreja. Com isso, Hipácia teria atraído para si a ira da população cristã.

Uma representação de como foi Hipácia (Fonte: ASTR)

Algumas citações atribuídas à Hipácia

“Preserve seu direito de pensar, pois, mesmo que seja para pensar erroneamente, é melhor do que não pensar nada.”

“Fábulas deveriam ser ensinadas como fábulas, mitos como mitos, e milagres como fantasias poéticas. Ensinar superstição como verdade é uma coisa terrível. A mente infantil aceita e acredita nelas, e apenas por meio de grande dor e, talvez, tragédia, pode anos mais tarde se livrar delas. Na verdade, os homens lutam por uma superstição tão rapidamente quanto por uma verdade viva — às vezes até mais rápido –, uma vez que a superstição é tão intangível que você não consegue chegar até a ela para refutá-la, mas a verdade é ponto de vista, e, como tal, é mutável.”

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Barrados no encontro do presidente americano Barack Obama


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ministro de Minas e Energia, Edison LobãoPaulo BernardoInflação está caindo, afirma ministro Guido MantegaRiscos no Brasil são diferentes do Japão, diz Mercadante sobre usinas

BRASIL:Ministros se recusam a ser revistados

  

De acordo com a coluna de Claudio Humberto, cinco ministros brasileiros não participaram do encontro do presidente americano Barack Obama com empresários americanos e brasileiros, no centro de convenções Brasil 21, em Brasília,

 

neste sábado (19), promovido pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI). A razão foi o fato de não concordarem em ser revistados.

Os agentes de segurança, presentes ao evento, impuseram a revista como condição para ter acesso ao local. Eles se negaram a ser revistados e em protesto, os cinco ministros deram meia volta e foram embora.

O incidente ocorreu com os ministros Edson Lobão (Minas e Energia), Paulo Bernardo (Planejamento), Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), Guido Mantega (Fazenda) e Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia).

Tecnologia a serviço do crime


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Especial Tecnologia

 

Objetos passariam a ter seu próprio DNA

Tecnologia a serviço do crime

Adesivos transparentes, colocados em objetos de valor ou atirados em ladrões, vêm ajudando a polícia a resolver grandes crimes

O aumento do preço dos metais em muitos países fez com que os ladrões se interessassem por objetos que antes não possuíam nenhum valor. Tampas de esgoto, semáforos, tubulações industriais, cabos elétricos e telefônicos e cabos de controle ferroviário são apenas alguns exemplos dos novos objetos de cobiça. Em West Midlands, condado da Inglaterra, 52 furtos de metais, ao longo de 18 meses, resultaram no atraso ou cancelamento de 1500 viagens de trem. De acordo com Paul Crowther, chefe da Polícia de Transportes da Inglaterra, considera o roubo de metal a segunda maior ameaça do país, não superando apenas o terrorismo.

Seria útil, então, para aqueles que compram objetos metálicos, informação sobre a proveniência dos objetos. Tecnologia capaz de rapidamente informar sobre furtos e, em caso afirmativo, de onde eles foram roubados. Duas pequenas empresas britânicas, a SmartWater Tecnologia, em Telford, e a Selectamark Security Systems, em Locksbottom, vêm trabalhando em cima de maneiras de conseguir este avanço.

A invenção da SmartWater é um adesivo especial que pode ser pintado em objetos que correm o risco de roubo. A pintura, invisível quando exposta à luz normal, transforma-se em um adesivo brilhante quando iluminado por um feixe de luz ultravioleta. O adesivo funcionaria como um aviso de que o objeto pode ter sido roubado, mas o grande truque vem logo em seguida. O adesivo também contém micropontos de celulóide, do tamanho de grãos de areia, com o telefone da SmartWater e um código de identificação do proprietário do metal. Os números podem ser lidos com o uso de um microscópio. Um rápido telefonema revela se as mercadorias foram roubadas ou vendidas por um proprietário que esqueceu de limpá-las.

Naturalmente, ladrões que acreditarem que o objeto do furto está marcado, poderiam arrumar opções para limpá-los. Então, a SmarWater encontrou uma outra forma de codificar a informação em seus adesivos, que resiste até mesmo ao fogo. Além dos micropontos, cada objeto também pode conter uma combinação única de até 30 compostos de metais raros. Esta checagem é um pouco mais complicada do que olhar através de um microscópio, mas se a polícia tem razões para suspeitar de determinado objeto, o laboratório da Smart Water pode ser capaz de interpretar o adesivo em questão.

A tecnologia da Seletamark também utilize micropontos, desta vez feitos de poliéster ou uma liga a base de níquel. No lugar das misturas de compostos de metais, seus marcadores químicos são trechos curtos de DNA, cada um com uma sequência diferente do código genético.

Na verdade, o DNA parece ter uma qualidade de talismã para combater o crime. Até mesmo a SmartWater, que atualmente não utiliza DNA, refere-se aos seus componentes químicos originais como um DNA sintético. As duas empresas acreditam que o simples ato de identificar seus objetos com algum tipo de DNA – que muitas vezes é comparado à impressão digital – pode deter o ato dos bandidos. Muitos filmes e programas de televisão tem tocado no assunto em cenas criminosas que condenam o meliante e acabam gerando o fator “medo de DNA”, como classifica Jason Brown, presidente da Selectamark.

Entretanto, para aqueles que não forem intimidados pela força da palavra, as empresas preparam uma surpresa. Elas também trabalham m cima de kits com sprays, que podem ser instalados perto das portas ou dos objetos de valor. A tecnologia é acionada através de detectores de movimento ou de um botão pressionado pelo proprietário. Mesmo que o ladrão perceba o que ocorreu, ele ficará marcado por dias. O spray se aloja nos poros e rugas da pele e marca o criminoso de forma tão eficaz quanto seu próprio DNA que tivesse sido deixado na cena do crime.

Fontes: The Economist – Do Not Attempt to steal

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‘Povos indígenas do Brasil’


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Cultura

 

A exposição poderá ser visitada pelo público, gratuitamente, até 15 de maio

‘Povos indígenas do Brasil’

vistos por eles mesmos e pelas lentes de Rosa Gauditano

A Caixa Cultural de São Paulo abre exposição no sábado, dia 19, com 60 imagens da fotógrafa e quatro vídeos feitos pelos xavantes.

Por Solange Noronha

Ainda existem hoje mais de 225 culturas indígenas no Brasil, totalizando cerca de 730 mil pessoas que falam 180 línguas diferentes. A fotógrafa Rosa Gauditano, diretora da Associação Nossa Tribo e da agência Studio R, documentou 34 dessas etnias, divididas em quatro regiões do país: Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste (veja o quadro logo abaixo do parágrafo). Juntamente com as imagens deste seu trabalho, ela expõe na Galeria Humberto Betetto, da Caixa Cultural de São Paulo (Praça da Sé, 111) um mapa desses povos brasileiros e vídeos realizados pelos índios. A exposição “Povos indígenas no Brasil” abre para convidados no sábado, dia 19, às 11h, e poderá ser visitada pelo público, gratuitamente, até 15 de maio, de terça-feira a domingo, das 9h às 21h. Escolas das redes municipal e estadual podem agendar visitas mediadas e traslado pelo telefone (11) 3321-4400.

Região

Etnia

Norte

WauráMatis/Zoró Tucano Yanomami Suruí Paiter Arara Kayapó

WhaiãpiAshaninka Krahô Cinta Larga Xerente Tapitrapé Carajá

Nordeste

Tingui BotóPataxó Canela

GaviãoXucuru

Centro-oeste

RikbaktsaEnewanê Nawe Bororo Pareci Kuikuro Terena

KadiwéuXavante Waurá Guarani Kaiowá

Sudeste

KrenacXacriabá Guarani M’Byá

PankararuMaxacali

O interesse de Rosa pelos povos indígenas começou em 1989, no Encontro de Altamira, no Sul do Pará. “Várias etnias se reuniram para protestar contra a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte”, diz a fotógrafa. “Na época, graças à divulgação do protesto pela imprensa mundial, a usina foi suspensa. Agora, depois de tantos anos, foi aprovada pelo governo Lula”, lamenta.

Rosa conta que sempre foi muito bem recebida nas comunidades indígenas e destaca o aspecto que considera mais importante deste seu extenso trabalho: “Acho que é trazer para as pessoas das cidades um pouco da cultura esquecida dos índios do Brasil e fazer com que elas reflitam sobre esta realidade tão diferente. É preciso que todos saibam que esses povos, apesar de estarem longe, são brasileiros como eu e você, têm direitos iguais de atendimento nas áreas de saúde, educação, cultura… Enfim, são cidadãos brasileiros que detêm conhecimentos importantes que aprenderam durante gerações e podem contribuir para que haja um futuro mais justo e equilibrado.”

Dos vídeos, apenas produtora

Os quatro documentários que integram a exposição serão exibidos numa sala em que há assentos para o público e uma TV de 50 polegadas. Neles, Rosa fez apenas a produção executiva: “Deixei toda a parte de criação, roteiro e edição por conta dos xavante”, diz ela, ressaltando ainda que a motivação do projeto Povos Indígenas no Brasil é a frase de Sereburã, um ancião da tribo: “As pessoas não respeitam o que não conhecem.”

Em duas décadas de trabalho, Rosa manteve contato não apenas com os xavante, no Mato Grosso, mas também com povos que vivem praticamente isolados na Amazônia, como os mati e zoró, outros que vivem à beira de rodovias, como os guarani kaiowá, do Mato Grosso do Sul, e até com os que vivem nas grandes cidades, como os pankararu, de São Paulo.

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Região Etnia
Norte WauráMatis/ZoróTucano 

 

Yanomami

Suruí Paiter

Arara

Kayapó

WhaiãpiAshaninkaKrahô 

 

Cinta Larga

Xerente

Tapitrapé

Carajá

Nordeste Tingui BotóPataxóCanela GaviãoXucuru
Centro-oeste RikbaktsaEnewanê NaweBororo 

 

Pareci

Kuikuro

Terena

KadiwéuXavanteWaurá 

 

Guarani Kaiowá

Sudeste KrenacXacriabáGuarani M’Byá PankararuMaxacali

O interesse de Rosa pelos povos indígenas começou em 1989, no Encontro de Altamira, no Sul do Pará. “Várias etnias se reuniram para protestar contra a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte”, diz a fotógrafa. “Na época, graças à divulgação do protesto pela imprensa mundial, a usina foi suspensa. Agora, depois de tantos anos, foi aprovada pelo governo Lula”, lamenta.

Rosa conta que sempre foi muito bem recebida nas comunidades indígenas e destaca o aspecto que considera mais importante deste seu extenso trabalho: “Acho que é trazer para as pessoas das cidades um pouco da cultura esquecida dos índios do Brasil e fazer com que elas reflitam sobre esta realidade tão diferente. É preciso que todos saibam que esses povos, apesar de estarem longe, são brasileiros como eu e você, têm direitos iguais de atendimento nas áreas de saúde, educação, cultura… Enfim, são cidadãos brasileiros que detêm conhecimentos importantes que aprenderam durante gerações e podem contribuir para que haja um futuro mais justo e equilibrado.”

Dos vídeos, apenas produtoraOs quatro documentários que integram a exposição serão exibidos numa sala em que há assentos para o público e uma TV de 50 polegadas. Neles, Rosa fez apenas a produção executiva: “Deixei toda a parte de criação, roteiro e edição por conta dos xavante”, diz ela, ressaltando ainda que a motivação do projeto Povos Indígenas no Brasil é a frase de Sereburã, um ancião da tribo: “As pessoas não respeitam o que não conhecem.”

Em duas décadas de trabalho, Rosa manteve contato não apenas com os xavante, no Mato Grosso, mas também com povos que vivem praticamente isolados na Amazônia, como os mati e zoró, outros que vivem à beira de rodovias, como os guarani kaiowá, do Mato Grosso do Sul, e até com os que vivem nas grandes cidades, como os pankararu, de São Paulo.

Palestra no dia 12 de abrilRepórter fotográfica premiada na década de 1980 por trabalhos na Folha de SP e na revista Veja, Rosa Gauditano publicou cinco livros depois de se especializar nas culturas indígenas brasileiras, entre os quais “Raízes do povo xavante” (2003) e “Aldeias Guarani M’Byá na cidade de São Paulo” (2006).

Palestra no dia 12 de abril

Repórter fotográfica premiada na década de 1980 por trabalhos na Folha de SP e na revista Veja, Rosa Gauditano publicou cinco livros depois de se especializar nas culturas indígenas brasileiras, entre os quais “Raízes do povo xavante” (2003) e “Aldeias Guarani M’Byá na cidade de São Paulo” (2006).

Uma guarani m’byá terá participação especial na exposição “Povos indígenas no Brasil”: Jaciara Martim, que fará palestra no dia 12 de abril, às 19h. Formada em Serviço Social pela PUC de São Paulo, Jaciara concluiu o curso com a monografia “Considerações sobre o trabalho para o povo guarani e as decorrências do seu contato com a sociedade capitalista” e, além de dar aulas como professora do estado, foi agente de saneamento do Projeto Rondon.

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