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Arquivo mensal: janeiro 2011

Diferença entre Sunitas e Wahabi


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Diferença entre Sunitas e Wahabi 

A Wahabi
 Categorizado em Idioma, Religião

[Diferença entre]

Sunita vs Wahabi
As verdadeiras causas dos levantes no Egito são inúmeras e passam pelo entendimento da história e da realidade do próprio país e da região na qual ele está inserido. Daí porque, mesmo uma visão recortada de sua história, com foco no período pós-independência, já é mais do que suficiente para dificultar a sua compreensão. São causas políticas, econômicas, sociais, político-partidárias, ideológicas e religiosas que se somam. Além disso, há o mapa geopolítico, as guerras comerciais, as rotas entre Oriente e Ocidente e, sobretudo, o fluxo do petróleo. O Canal Suez, com a extensão de 163 quilômetros, permite que embarcações naveguem da Europa à Ásia sem terem que contornar a África pelo Cabo da Boa Esperança. Antes da sua construção, as mercadorias tinham que ser transportadas por terra entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho. É, portanto, nesta via de navegação onde circula grande parte do petróleo que alimenta a economia moderna. É um verdadeiro caldeirão onde pode ser gerada uma Guerra de dimensão gigantesca. O principal estopim desta guerra fica com Israel, com força militar com bombas atômicas e um passado não recomendável. Mas também tem Irã, Iraque, Síria, Líbia e todos os demais países mulçumanos da região, uns mais outros menos aguerridos.
Mas, deixando de lado as questões políticas, vamos falar um pouco sobre as diferenças religiosas existentes entre os islâmicos da região. A principal diferença entre sunitas e Wahabi são as crenças e rituais. Os sunitas são maioria, já que quase 90% por cento dos muçulmanos ao redor do mundo pertencem à seita sunita. Há alguns traços principais e maiores, assim como muitas diferenças secundárias entre os muçulmanos sunitas e Wahabi, que fez com que essas seitas fossem separadas umas das outras e emergisse de forma independente.

A principal diferença entre eles é que Wahabis acreditam que o Profeta Maomé deve ser louvado apenas como um ser humano, ao passo que os sunitas mostram cuidado especial e respeito para com o Profeta do Islã.

Os muçulmanos sunitas celebram o nascimento do Santo Profeta e organizam a Meelaad. Meelaad é uma forma de coleta, em que os muçulmanos sunitas se reunem e louvam o Santo Profeta. Os aniversários dos santos sufistas são também comemorados com muita dedicação e entusiasmo. O dia de suas mortes são comemorados na forma de Urs. Wahabi muçulmanos não acreditam em celebração e na prática destes eventos que são muito fortementes enraizados no Islã. Wahabis chamam tais práticas de eventos como  inovações ilegal e abusivos. Wahabis também acreditam que isto está mais perto do politeísmo e que os sunitas seguem os caminhos dos hindus infiéis.

Muçulmanos sunitas acreditam que o Profeta Muhammad Nur ainda está presente neste mundo, enquanto que os Wahabis não acreditam em indivíduos piedosos que atuam como intermediários no contato com Deus. Para eles, isto é politeísmo. Os sunitas acreditam nos santos e nob misticismo enquanto Wahabis não acreditam no misticismo, intercessão e prostração. Muçulmanos sunitas visitam os túmulos dos santos e executam tawassul para as bênçãos de Deus que é o maior pecado para um Wahabi.

Muçulmanos sunitas acreditam em quatro imãs de fiqah ou leis islâmicas, como Hanfi, Hanbli, Malakii e Shaafeyii, enquanto que os Wahabis não seguem um Iman em Fiqh. Wahabi muçulmanos são um grupo de fundamentalistas e ortodoxos que têm uma versão particular do Islã. Wahabis na Arábia não permitem que suas mulheres trabalhem lado a lado com os homens, assim como também não estão autorizados a conduzir um carro. As mulheres são tratadas como cidadãs de terceira categoria e são obrigadas a usar um abayaa longa ou vestido para cobri-las da cabeça aos pés. Muçulmanos sunitas são moderados e acreditam na igualdade das mulheres, tal como sugerido pelo Islã.

Há também muitas diferenças presentes nos seus rituais de oração, cerimônias de casamento, vestidos, etc. Wahabi muçulmanos têm mesquitas e escolas separadas. Wahabi muçulmanos são seguidores de Mohammed Ibn Abdul Wahab, do século 18, na Arábia, e seu movimento, subiu contra muita oposição dos hindus, muçulmanos sunitas. Membros do movimento Wahab na Arábia Saudita acreditam que seu papel fundamental implica em atuar como um restaurador ou reformador para libertar o Islã de seus desvios negativos, heresias, inovações, superstições e idolatrias. Wahabis preferem eliminar músicas a ouvir músicas. Eles são contra assistir televisão e desenhos de coisas vivas que contenham uma alma.

Resumo

1. Os muçulmanos Wahabis são seguidores de Muhammad Abdul Wahab Ibne presentes no século 18 na Arábia Saudita, enquanto que os muçulmanos sunitas são seguidores do profeta Maomé e de seus companheiros.

2. Muçulmanos sunitas acreditam em intercessão e misticismo enquanto Wahabis os consideram como desviantes e inovações faltosas com o Islã.

3. Muçulmanos sunitas seguem estritamente uma das quatro escolas de pensamento ou de madhabs fiqah ou jurisprudência islâmica, enquanto que os Wahabis seguem os seus xeiques.

4. Wahabis não observam festivais anuais Sufi, eventos ou o aniversário do profeta Maomé.

5. Muçulmanos sunitas usam encantos e acreditam em poderes de cura ao contrário de crenças Wahabi como túmulos ou visitando santuários de santos.

Leia mais: Diferença entre sunitas e Wahabi | Diferença Entre | sunita vs Wahabi http://www.differencebetween.net/language/difference-between-sunni-and-wahabi/ # ixzz1CXz1EKPL

Governo e a Igreja Instituição católica: a dissimulação


 

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Governo e a Igreja Instituição católica: a dissimulação

 by Revista Espaço Acadêmico in colaborador(a), política, religiões

por JOAQUIM PACHECO DE LIMA*

Há uma inflexão entre o Governo Dilma e a Igreja-Instituição católica. Em entrevista a Folha de São Paulo, 19.01.2011, o Arcebispo de Brasília, aponta que para o diálogo é preciso que a presidenta explicite suas convicções religiosas. A postura de Dom João de Aviz, [conheço-o desde os idos de 1980 na diocese de Apucarana-PR, nos estudos filosóficos e teológicos] e continua com a mesma visão de homem, mundo e sociedade, neotomista, referenciado na teologia fenomenológica europocêntrica. A sua referência política – poder – é a da terceira via, a democracia cristã. Tal corrente política restou o fracasso nas experiências postas (Itália, Espanha, Portugal, Alemanha, Grécia, etc.). O ex-coordenador de pastoral apucaranaense não é um dogmático, mas tem a missão de estabelecer o diálogo Estado-Igreja sem provocar conflito explícito.  Defensor da ‘desigualdade’ como ordem natural da sociedade, a prédica nega, por isso, incumbe-lhe o papel de distender conflito ideológico com o pensamento marxista (PT, PC do B e a plêiade de correntes) dissimulando neutralidade, mas também delimitando campo para evitar que os seus próceres aliem-se a corrente oponente, inimiga. O apoio do parlamentar Gabriel Chalita (PSDBS-SP), por razões particulares da política, a campanha da presidenta Dilma acendeu o farol. Noutro campo, quer demarcar e esconder a aproximação com a social-democracia (PSDB). Faz jogo de movimento (gramsciano) com setores do petismo no governo (o ‘igrejeiros’ da antiga corrente Articulação).

A aproximação política da Igreja Universal com o Governo Dilma é notória – por meio da TV Record no embate ideológico. A TV do pastor Edir Macedo, inimiga da TV Globo e da Folha abre espaço para de defesa dos atores e idéias governamentais, contrapondo os seus inimigos no campo da mídia. Por outro lado, setores da Pastoral Social da Igreja Católica e os movimentos sociais aproximados (CPT-CIMI, Movimentos de Barragens, mulheres, setores do MST, Direitos Humanos e outros) fomentam rusgas no campo pragmático do realismo político x princípios matriciais partidários, socialismo – utopia.

O arcebispado de Brasília, desde a ditadura e na redemocratização, assumiu postura de defesa da ordem e do pensamento conservador. Considerando a complexidade econômica, cultural e política da sociedade brasiliense, ou dos candangos a identidade da Igreja como ‘capelã dos militares’ não respondia mais a demanda pela nova identidade simbólica religiosa. Para encurtar o diapasão Igreja-mundo, Igreja-sociedade e mediar as relações com o poder-central a Santa Sé escolhe a dedo um de seus colaboradores para tal tarefa.

A tentativa de aplicação dos princípios e valores cristãos (solidariedade, partilha, equidade, igualdade, etc.) na vida política nacional e internacional como mimetização do liberalismo, que tem como matriz a propriedade privada e o mercado, escondem uma manipulação grosseira dos elementos religiosos para fins econômicos e interesses políticos das classes dominantes. Na ideologia as idéias não podem explicitar contradições.

O sistema capitalista e globalizado pode aparecer envolto de um ‘aroma religioso’ e sua capacidade de produzir e reproduzir mais-valia, classes sociais, também produz e reproduz seu próprio universo simbólico, sua espiritualidade, e sua religião. Capaz as contradições e dissimulações é papel da hermenêutica, da ciência, da filosofia e da teologia.

Na gênese do Capital está a morte, no Deus de Jesus de Nazaré está a Vida em abundância. Conciliar, mimetizar tal antagonismo somente com dissimulação.


* JOAQUIM PACHECO DE LIMA é professor de filosofia e sociologia. Colaborador da CPT – junto ao Regional da CNBB-Sul II de 1984-1994.

BIG BROTHER BRASIL


 

 
Mona Lisa

COMUNICAÇÃO

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BIG BROTHER BRASIL

 

(Luiz Fernando Veríssimo)

Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço…A  décima primeira (está indo longe!) edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil,… encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.

Dizem que em Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB é a pura e suprema banalização do sexo. Impossível assistir, ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros… todos, na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais. O BBB é a realidade em busca do IBOPE…

 

Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB. Ele prometeu um “zoológico humano divertido” . Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.

 

Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível. Em um e-mail que  recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo.

Eu gostaria de perguntar, se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade.

Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis?

São esses nossos exemplos de heróis?

Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros: profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores), carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor, quase sempre mal remunerados..

Heróis, são milhares de brasileiros que sequer têm um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir e conseguem sobreviver a isso, todo santo dia.

Heróis, são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna.

Heróis, são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada, meses atrás pela própria Rede Globo.

O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral.

E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a “entender o comportamento humano”. Ah, tenha dó!!!

Veja o que está por de tra$$$$$$$$$$$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão.

Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social: moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros?

(Poderiam ser feitas mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores!)

Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores.

Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa…, ir ao cinema…, estudar… , ouvir boa música…, cuidar das flores e jardins… , telefonar para um amigo… , visitar os avós.. , pescar…, brincar com as crianças… , namorar… ou simplesmente dormir.


Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construída nossa sociedade.

 

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José Rodrigues Pereira, MsC.           
JPereira Consultoria e Treinamento
           27 – 9935.9163                 

Entre os BRICs, Brasil é o que mais deve penar


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Entre os BRICs, Brasil é o que

mais deve penar com falta de

“cérebros” até 2030

 

Cristiano Zaia – CorreioWeb

 

Pesquisa encomendada pelo Fórum Econômico Mundial analisou o mercado de trabalho de 23 países de todos continentes. Uma das conclusões é que as nações precisam estimular a migração de talentos profissionais

Wanderlei Pozzembom CBDAPress
Trabalhador em mineradora de alumínio e bauxita. Segundo relatório do BCG, produção anual de commodities como o minério de ferro, por exemplo, terá altas constantes, próximas de 3%

Nas próximas duas décadas, a demanda por trabalhadores na indústria de manufatura (tecnologia agregada) crescerá mais de 10% nos países emergentes e 4% em média num total de 23 nações como Estados Unidos, Suécia, Espanha, Índia, China, e até o Brasil. Principalmente nos subdesenvolvidos, sobretudo nos BRICs (grupo de países formado por Brasil, Rússia, Índia e China), há um vácuo de mão-de-obra especializada em todos os níveis produtivos, entre os quais transportes, comércio, mineração e comunicações devem sentir mais até 2030. Esses e demais apontamentos é o que mostra relatório realizado pela consultoria multinacional Boston Consulting Group (BCG), a pedido do Fórum Econômico Mundial, que também sugere sete medidas ( confira no quadro no fim da matéria ) em resposta a um problema mundial da escassez de talentos profissionais.

Intitulado “Risco de Escassez Global de Talentos-Sete Respostas”, o estudo conclui que, pelo cenário econômico internacional, países tidos de “primeiro mundo”, como Canadá, Alemanha, França e Japão, por exemplo, estão no vermelho num mapa que mede a tendência de escassez de “cérebros” profissionais no mundo. Isso quer dizer que, ao contrário, nações em desenvolvimento, entre elas México, África do Sul e os BRICs (com exceção da Rússia), com baixa ou nenhuma tendência de escassez e que vivem uma boa perspectiva de crescimento estável nos próximos anos, serão pólos de atração crescente de força de trabalho. Nesse sentido, o maior desafio é minimizar a falta de qualificação do mercado de trabalho nesses países emergentes.

O diretor de marketing do BCG, Christian Orglmeister, assegura que os BRICs estão se tornando o motor da economia mundial, já que as economias americana e europeia estão passando por desaquecimento e vêm recorrendo cada vez mais aos países subdesenvolvidos.

“Dos BRICs, o Brasil é o que tende a demorar mais a preencher a lacuna de mão-de-obra especializada. Isso, pois aqui os gargalos são muito grandes, como em educação e infraestrutura. A Índia já iniciou um processo de qualificação profissional e muitos trabalhadores chineses estão começando a serem repatriados para seu país. No Brasil nem existe uma quantidade considerável de trabalhadores no estrangeiro, quanto mais que possam voltar daqui a 20 anos.”

O relatório ainda prevê que, até 2030, entre 5% e 10% dos talentos dos BRICs estarão atuando em indústrias de mão-de-obra pesada. A produção anual de commodities como o minério de ferro, por exemplo, terá altas constantes, próximas de 3%. A razão está no forte consumo de recursos para impulsionar o crescimento da China e o aumento das exportações de Rússia e Brasil, segundo o levantamento.

Treinamento já!

Apenas em nosso país, há estimativas informais da iniciativa privada que apontam para um déficit de profissionais com algum tipo de especialização da ordem de 40% a 50%. Para o economista da Associação Comercial de São Paulo, Emílio Alfieri, o combate ao quadro de escassez de especialização no trabalho está nas mãos do setor privado. Ao invés de dispensar um candidato, ele defende que o empregador passe a promover mais o que ele chama de training on the job, que consiste em conciliar treinamento com o trabalho do funcionário iniciante.

“O governo está fazendo o papel dele com a expansão do ensino técnico, mas a iniciativa privada não pode fazer o que está fazendo. Ou a empresa contrata por um salário inicial menor e depois treina ou mescla trabalhadores jovens com mais experientes. A falta de mão-de-obra especializada é um problema bom.”

Já o gerente executivo de prospectiva do trabalho do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Luiz Caruso, considera que o problema do Brasil é a baixa qualidade de educação básica. Ele lembra que, segundo o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), do Ministério da Educação, nossos níveis de proficiência em português e matemática alcançaram um terço da meta proposta em cada série correspondente. ““Em 2020, conforme projeções do movimento “Todos pela Educação”, deveremos ter um nível de proficiência em disciplinas básicas equivalente ao da Espanha. Esse certamente é um gargalo que o Brasil vai enfrentar”.”

Caruso cita uma estimativa do Senai segundo a qual a indústria vai liderar um novo ciclo de crescimento econômico nos próximos 15 anos, devendo gerar, uma grande demanda de mão-de-obra mais qualificada. No entanto, a mesma entidade também prevê que, em 2024, mais de 50% do contingente de trabalhadores do setor industrial brasileiro tenha um perfil de baixa qualificação. Ele completa afirmando que é a China e não o Brasil o país que deve sofrer uma maior pressão por falta de profissionais especializados, uma vez que cerca de 800 milhões de chineses ainda trabalham no campo.

Sem motivo de preocupação
Ao contrário de muitos, o técnico de planejamento e pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Roberto Gonzalez, a falta de especialização profissional não é uma preocupação tão latente assim no Brasil. Para ele, em se tratando de educação, mesmo que a longo prazo, o país está no rumo certo da expansão de recursos federais do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), da ampliação de escolas técnicas e da criação de um piso nacional para os professores.

““[Escassez de mão-de-obra especializada] não constitui um gargalo que vai impedir o crescimento econômico. É uma oportunidade aberta para o desenvolvimento, mas que implica investimentos em educação””, pondera ele, que faz questão de frisar que esse problema quando acontece, como agora no Brasil, não se restringe aos “cérebros” ou profissionais altamente especializados, mas também se estende a trabalhadores como eletricistas, porteiros, soldadores, etc.

Lista dos sete desafios de 23 países para o problema da falta de recursos humanos de qualidade
-Adotar planejamento estratégico de mão-de-obra focando o equilíbrio entre oferta e demanda de trabalhadores;
-Facilitar a migração para atrair os talentos certos;
– Promover a “circulação de cérebros” para amenizar a fuga deles;
– Aumentar a empregabilidade com alfabetização tecnológica e habilidades de aprendizado multiculturais;
– Desenvolver um intercâmbio de talentos por meio de rotas profissionais e educacionais;
– Incentivar a mobilidade temporária e virtual para que se tenha acesso fácil às habilidades necessárias;

– Ampliar esse plantel com a inclusão de mulheres, mais velhos, pessoas com necessidades especiais e imigrantes.

REALIZADA A PRIMEIRA CIRURGIA CONTRA A DEPRESSÃO


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No Reino Unido

Eletrodos foram implantados no cérebro de Sheila Cook (Fonte: BBC)

Procedimento ‘curou’ uma mulher de 62

 anos que sofria de depressão aguda

Foi um sucesso a primeira cirurgia cerebral realizada a fim de tratar a depressão. O procedimento pioneiro foi realizado por uma equipe de pesquisadores da Universidade de Bristol, no Reino Unido, e “curou” uma mulher de 62 anos que sofria de depressão aguda há quase uma década.

Por causa da doença, Sheila Cook, de 62 anos de idade, aposentou-se precocemente, chegou a ficar incapaz de se vestir ou de se alimentar sozinha, e o suicídio passou a ser uma ideia frequente.

‘Minha visão sobre a vida mudou completamente’

Mas a intervenção cirúrgica mudou completamente essa situação. Chamada de estimulação cerebral profunda, a técnica consiste no uso de fios e eletrodos implantados no cérebro por meio de furos abertos no crânio e ligados a uma bateria que envia impulsos elétricos para estimular ou inibir o funcionamento das áreas do cérebro responsáveis pelo controle das emoções.

“Minha visão sobre a vida mudou completamente”, diz Sheila. Ela, no entanto, teve uma recaída e precisou passar por uma cirurgia ainda mais radical, na qual os pesquisadores danificaram uma área do seu cérebro para inibir seu funcionamento. Os pesquisadores querem agora desenvolver a técnica da estimulação cerebral profunda para que seus efeitos sejam duradouros ou mesmo definitivos.

Leia mais:

Quase 25% dos brasileiros sofrem de depressão pós-férias

Dormir com TV ligada pode causar depressão

Fontes: Estadão – Cirurgia pioneira ‘cura’ depressão aguda de britânica

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Legado: a marca que os presidentes


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Especial

A construção de Brasília foi um dos grandes legados de JK

Legado: a marca que os presidentes

 deixaram no país

O legado de Juscelino Kubitschek, o presidente Bossa Nova, é o destaque da segunda matéria da série.

Por Claudio Carneiro

O escritor de um romance e um autor de novela não devem ter a mesma emoção nem o mesmo cuidado com os personagens que um jornalista necessita quando escreve sobre os protagonistas de uma história que pouco tem de ficção, mas um grande teor de emoção, tramas, finais felizes – outros nem tanto. Assim como as novelas, presidentes da República entram em nossas casas por todas as portas, janelas, frestas e buracos da fechadura. Podem ser amados ou odiados, mas nunca ignorados. Dos presidentes militares, por exemplo, pouco se fala. Somente Lula – com toda sua popularidade – se atreveu a elogiar Geisel e Garrastazu. O poder inebria.

O ex-metalúrgico pode ter sido o mais popular, mas se houve quem tenha deixado a maior marca, esse alguém foi Juscelino Kubitschek. Eternizado pela modinha “Presidente Bossa Nova”, de Juca Chaves, JK construiu uma nova e moderna capital – planejada e protegida – ideal para evitar atentados ou revoltas como aquela na Baía de Guanabara em que João Cândido Brasil, o “navegante negro” da música de Bosco e Blanc, tomou navios de guerra nas mãos e ameaçou arrasar o Palácio do Catete.

Com um plano de metas – o Plano Nacional de Desenvolvimento – debaixo do braço, Juscelino abriu estradas e estimulou a indústria automobilística. Sobre ele, comenta o jornalista de política de O Estado de S. Paulo, Gabriel Manzano: “cravaram em JK o carimbo de “desenvolvimentista”, mas ele foi mais que isso. Num país traumatizado pelo suicídio de Getúlio, mudou a agenda, “criou a moda” de se olhar para frente na administração do país – e olhar com otimismo. Não era só slogan. Ainda candidato, ele reuniu técnicos e montou um projeto nacional, resumido no célebre “50 anos em 5”, comentou para o Opinião e Notícia. “Ao tirar a capital do Rio de Janeiro, apesar da duvidosa escolha que fez com Brasília, abriu caminho para uma nova identificação nacional. Era elegante, simpático, acessível, adorava dançar, vivia sorrindo e perdoando seus críticos – tudo que o país precisava depois da tragédia de Getúlio”.

Manzano ressalta, no entanto, que o legado de Kubitschek foi marcado também por omissões e erros graves. “JK era tão amigo de seus amigos que, muitas vezes, deixava de lado o rigor da lei. Não mexeu com a corrupção, que foi gigantesca na construção de Brasília. Ao optar por uma capital no fundão de Goiás, trocou um problema por outro, distanciando o povo do poder e poupando os políticos da pressão das ruas. E foi em seus cinco anos que a inflação encorpou, para alimentar seguidas crises e infernizar o país até a vinda do Plano Real, 35 anos depois”, ensina.

Plano Real que nos leva a outro político de Minas Gerais – embora tenha nascido dentro de um navio na Bahia. Alçado à presidência com a, digamos, retirada de Collor, Itamar Franco teve habilidade para tocar o barco, cumpriu todos os ritos constitucionais, inclusive o plebiscito que manteve o sistema presidencialista e o regime republicano. Ao colocar Fernando Henrique Cardoso no Ministério da Fazenda, Itamar tornou-se o pai do plano que acabou com décadas de uma inflação galopante e de quatro dígitos. “O feito de Itamar é o Plano Real”, sentencia Armando Castelar, coordenador da área de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da FGV. “O Brasil começou a virar um país sério”, avalia o consultor e jornalista norte-americano Bill Hinchberger.

O que veio depois, todos sabem. Itamar elegeu FHC seu sucessor, fato que não ocorria desde que Artur Bernardes, em 1926, foi sucedido por Washington Luís. As mais fortes emoções desta série ficam reservadas para a próxima semana quando FHC e Lula serão colocados frente a frente.

Caro leitor,

Em sua opinião, qual presidente teve pior desempenho?

Em uma comparação entre JK e Lula, qual foi o melhor?

Itamar foi habilidoso ou teve um momento favorável?

Leia mais:

http://www.wdl.org/pt/item/202/

Legado: a marca que os presidentes deixaram no país- 1

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Supremacia da língua inglesa põe em risco


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África do Sul

 

Apesar de ser a língua nativa de apenas 8%

 da população, inglês é o idioma mais

 usado no país

De acordo com a Constituição de 1996, todos os 11 idiomas oficiais da África do Sul “devem gozar de paridade de estima e ser tratados de maneira igualitária”. Na prática, o inglês, a língua materna de apenas 8% da população, cada vez mais domina todas as outras línguas. Sua hegemonia pode até mesmo pôr em risco a sobrevivência a longo prazo dos idiomas africanos do país, línguas maternas de 80% da população sul-africana, apesar das repetidas promessas do governo de que os idiomas e a cultura nativa seriam protegidos e promovidos.

Durante a era do apartheid, só haviam duas línguas oficiais, o inglês e o africâner, uma variação do holandês com toques de francês, alemão, khoisan (falado pelos nativos locais), malaio e português. Os idiomas africanos pré-coloniais estavam relegadas aos distritos negros e terras tribais, e mesmo lá, o inglês era constantemente escolhido como idioma do sistema educacional, em detrimento das línguas nativas dos habitantes locais. Sul-africanos negros rejeitaram o africâner, encarado como o idioma do opressor; já o inglês era um símbolo de avanço e prestígio.

Hoje, 16 anos depois de a maioria negra ter chegado ao poder, o inglês reina supremo. Não apenas é o idioma dos negócios, das finanças, da ciência e da internet, mas também do governo, da educação, das transmissões, da imprensa, da propaganda, das placas de sinalização nas ruas, dos produtos de consumo e da indústria musical. Para algumas coisas, o africâner ainda é usado ocasionalmente, especialmente na província do Cabo Ocidental, mas isso quase nunca acontece com uma língua africana. O presidente nacional Jacob Zuma, fluente em zulu, realiza todos os seus discursos em inglês, a mesma língua usada nos debates parlamentares. Mesmo as instruções nas garrafas de remédios controlados vêm em inglês ou africâner.

No entanto, a maioria dos negros sul-africanos não domina o inglês. Isso acontece porque a maioria dos professores leciona em um idioma que não é o seu. Para ajudar as crianças de regiões que não falam o inglês, o governo concordou, no ano passado, que todos os alunos devem ser ensinados em sua língua natal no mínimo pelos três primeiros anos da escola primária. Mas fora das áreas rurais, onde uma língua nativa é predominante, isso não é viável nem financeira nem logisticamente.

Alguns sugerem reduzir o número de idiomas oficiais para um número mais controlável, no caso, três: inglês, africâner e zulu, a língua nativa de quase um quarto dos sul-africanos. Mas não-zulus teriam objeções a essa decisão. Com exceção daqueles criados em fazendas, poucos brancos falam algum idioma africano. Para o exame de conclusão da escola, exige-se fluência em pelo menos duas línguas. Mas a maioria dos nativos anglófonos opta pelo africâner, considerado mais fácil de ser aprendido do que uma muito útil, mas muito complicada língua africana. Nas universidades, departamentos de línguas africanas estão sendo fechados.

Alguns esforços foram realizados para proteger os idiomas africanos desse aparentemente inexorável declínio. O “Sunday Times”, maior jornal de finais de semana da África do Sul, recentemente lançou uma edição em zulu. Em setembro, a Oxford University Press criou o primeiro dicionário inglês-zulu em mais de 40 anos.

Muitos dos membros da elite negra, que manda suas crianças a escolas particulares anglófonas ou antigas escolas estaduais brancas, podem aceitar a ascensão do inglês como língua nacional única. Muitos falam inglês com suas crianças em casa. A fluência no idioma de Shakespeare é vista como um sinal de sofisticação, modernidade e poder.

Irão as línguas negras da África do Sul ter um destino semelhante às seis línguas levadas ao país pelos primeiros colonizadores indianos há 150 anos? Talvez, crê Rajend Mesthrie, da Universidade da Cidade do Cabo. Pelos primeiros 100 anos, os indianos da África do Sul ensinaram e se comunicaram com seus filhos em suas línguas nativas. Mas o inglês é cada vez mais encarado como “o melhor caminho a ser seguido”. Hoje, a maioria dos jovens indianos fala apenas inglês ou é bilíngües em inglês e africâner, embora eles continuem a se comunicar em casa usando um dialeto temperado com línguas indianas e zulu.

Fontes: The Economist – Tongues under threat

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Nicolelis: “Einstein não seria pesquisador A1 do CNPq”


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Nicolelis: “Einstein não seria pesquisador A1 do CNPq”

by Revista Espaço Acadêmico in ciência, universidade

Miguel Nicolelis

Integração entre cérebro e máquinas vai influenciar evolução

Para Nicolelis, corpo não vai mais limitar ação da mente sobre o mundo. Pesquisador também comenta os desafios impostos à ciência no País pela burocracia e desorganização

Alexandre Gonçalves, de O Estado de S. Paulo, via Plano Brasil*

Miguel Nicolelis é um dos pesquisadores brasileiros de maior prestígio. Pioneiro nos estudos sobre interface cérebro-máquina, suas descobertas aparecem na lista das dez tecnologias que devem mudar o mundo, divulgada em 2001 pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês). Em 2009, tornou-se o primeiro brasileiro a merecer uma capa da Science. Na quarta-feira, foi nomeado membro da Pontifícia Academia de Ciências, no Vaticano. Ao Estado, Nicolelis falou sobre o impacto da neurociência no futuro da humanidade. Criticou de forma contundente a gestão científica no País, especialmente em São Paulo. Também questionou os critérios – marcadamente políticos – que teriam norteado a escolha do ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante.

Para onde a neurociência deve nos levar nos próximos anos?

No curto prazo, penso que as principais aplicações serão na medicina com novos métodos de reabilitação neurológica, para tratar condições como paralisia. No médio, chegarão as aplicações computacionais. Nossa relação com as máquinas será completamente diferente: não usaremos mais teclados, monitores, mouse… o computador convencional deixará de existir. Vamos submergir em sistemas virtuais e nos comunicaremos diretamente com eles.

No longo prazo, o corpo deixará de ser o fator limitante da nossa ação no mundo. Nossa mente poderá atuar com máquinas que estão à distância e operar dispositivos de proporções nanométricas ou gigantescas: de uma nave espacial a uma ferramenta que penetra no espaço entre duas células para corrigir um defeito. E, no longuíssimo prazo, a evolução humana vai se acelerar. Nosso cérebro roubará um pouco o controle que os genes têm hoje. Daqui a três meses, publicarei um livro em que comento estes temas.

O que você chama de curto, médio, longo e longuíssimo prazo?

Curto prazo são os próximos anos. Médio prazo, nas próximas duas décadas. Longo prazo, no próximo século. Longuíssimo prazo, alguns milhares de anos.

Como andam suas linhas de pesquisa na medicina?

Estamos avançando rapidamente no exoesqueleto (um dispositivo que dá sustentação ao corpo de uma pessoa paralisada e é capaz de mover-se obedecendo ao controle da mente). Está sendo desenvolvido na Alemanha. Para o treinamento dos pacientes, construímos salas virtuais onde pessoas paralisadas terão sua atividade cerebral registrada de forma não-invasiva por magneto-encefalógrafos. Vamos ver se elas aprendem a controlar com o pensamento os movimentos de um corpo virtual – um avatar que simula o exoesqueleto. Com uma pessoa tetraplégica será mais fácil, pois é justificável o uso de métodos invasivos como implantar os eletrodos dois milímetros e meio dentro do cérebro. As descobertas vitais já foram feitas. Nosso drama agora é engenharia e conseguir recursos para pagar um projeto que é o equivalente, na neurociência, a uma viagem à Lua.

Outra linha de pesquisa importante em medicina é Parkinson. No ano passado, publicamos um trabalho na Science. Estimulamos com eletricidade a medula espinhal de ratos com Parkinson e conseguimos reverter o congelamento motor característico da doença. Há um milhão de fibras na medula espinhal que sobem para o cérebro. Mandamos uma descarga de alta frequência que chega aos centros motores profundos do cérebro e faz com que eles saiam da sincronia absoluta característica da doença, pois estão todos disparando impulsos nervosos ao mesmo tempo, de um modo semelhante ao que ocorre em uma crise epiléptica. O sinal elétrico tem um efeito caótico que quebra a crise.

Também temos resultados preliminares em macacos obtidos aqui em Natal. Infelizmente, o Hospital Sírio-Libanês não quer continuar a parceria com nosso instituto. Por isso, procuramos outro hospital de grande porte, público ou privado, onde possamos realizar os testes clínicos, talvez já no próximo ano. Gostaria muito de marcar que a tradução dessa pesquisa para a prática clínica aconteceu aqui no Brasil, pois acredito que a Medicina brasileira é a melhor do mundo. Estou propondo uma nova teoria que vai provavelmente acabar com minha carreira (risos). Acredito que não há distinção entre doenças neurológicas e psiquiátricas: todas elas são doenças temporais, relacionadas ao tempo dos neurônios, ou seja, variantes epilépticas. A única doença do cérebro que existe realmente seria uma epilepsia. Já publicamos três trabalhos este ano com modelos de doenças ditas psiquiátricas e, em todas, encontramos uma assinatura temporal que permite classificá-las como distúrbios do tempo, epilépticos. A ideia surgiu quando vi os registros eletrofisiológicos de ratos com Parkinson e eles lembraram muito os registros de uma crise epiléptica central que conheci quando era estudante.

No médio prazo, ainda precisaremos dos nossos sentidos para dialogar com sistemas computacionais?

Em breve, vamos publicar um trabalho descrevendo o envio do sinal de uma máquina diretamente ao tecido neural de um animal, sem mediação dos sentidos: na prática, criamos um sexto sentido. Vai ser uma novidade explosiva, mas não posso dar mais detalhes, pois o artigo ainda não foi publicado. A internet como conhecemos vai desaparecer. Teremos uma verdadeira rede cerebral. A comunicação não será mediada pela linguagem, que deixará de ser o principal canal de comunicação. Para entender isso, basta pensar que toda linguagem é um comportamento motor – como mexer o braço. Esse comportamento motor também poderá ser decodificado e transmitido. Grandes empresas – como Google, Intel, Microsoft – já tem suas divisões de interface cérebro-máquina.

Quais as implicações antropológicas e sociológicas no longo prazo?

Talvez o primeiro impacto será descobrir que somos todos muito parecidos: as pretensas diferenças entre grupos de seres humanos vão se reduzir pois todos perceberão que somos iguais. Costumo dizer que será a verdadeira libertação da mente do corpo, porque será ela quem determinará nosso alcance e potencial de ação na natureza. O corpo permanecerá para manter a mente viva, mas não precisará atuar fisicamente. Nossa mente cria as ferramentas e as absorve como extensão do nosso corpo. Agora, a mente vai controlar diretamente as ferramentas. O que definimos como ser mudará drasticamente no próximo século.

De que modo a evolução poderá ser influenciada pelo cérebro?

O processo de seleção natural vai agir de uma forma muito mais rápida. Em um mundo onde as pessoas terão de atuar com a atenção dividida entre múltiplas ferramentas, os atributos evolucionais necessários para sobreviver mudam. A mente que consegue controlar vários processos de forma eficaz tem uma vantagem evolucional sobre as outras. Há uma base genética para essa facilidade. À medida que gente com essa vantagem se reproduz mais que os outros, ocorre seleção. Várias pessoas – como os biólogos evolucionistas Richard Dawkins e Stephen Jay Gould – previram que o cérebro passaria a ter um papel mais fundamental na evolução. Mas creio que estamos acelerando este papel. Os neandertais acordaram um dia e encontraram o Homo sapiens jogando bola na esquina da casa deles. Um dia, um sujeito pode acordar e se dar conta de que ele já não pertence mais à espécie dos pais. Mas estamos falando de milênios aqui.

Sua abordagem para criar uma interface cérebro-maquina foi listada pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) como uma das dez tecnologias que vão mudar o mundo. Como ela surgiu?

Nós – eu e o neurocientista John Chapin – elaboramos um experimento para contestar a doutrina neuronal dominante no século 20 – que rendeu vários prêmios Nobel. Esta teoria estabelecia o neurônio como unidade funcional do sistema nervoso. Nós provamos que a unidade funcional é uma população de células. Um neurônio isolado – que sozinho constitui, de fato, uma unidade anatômica e computacional – não consegue reunir informação suficiente para gerar comportamento, principal função do cérebro. No fim da década de 80, tivemos a ideia de ligar um cérebro de rato a um robô para mostrar que mesmo o neurônio mais fenomenal não gera movimento. Mas, quando registrávamos populações de cinquenta neurônios – mesmo escolhendo-os de forma aleatória – , o animal conseguia movimentar o braço mecânico como se fosse o seu próprio. Não esperávamos um impacto tão grande. Construímos o primeiro centro de neuroengenharia do mundo na Universidade Duke. Agora, qualquer oficina de fundo de quintal nos Estados Unidos tem um centro de neuroengenharia. Há uma explosão de iniciativas no mundo inteiro: Japão, Suíça, Brasil…

Quais os principais desafios para aprimorar essa tecnologia?

Conseguimos registrar hoje cerca de 600 neurônios. Nos próximos dois anos, vamos chegar a 60 mil graças a uma inovadora tecnologia de eletrodos tridimensionais. De qualquer forma, é um método invasivo, o que restringe seu uso. Ninguém vai inserir eletrodos no cérebro para brincar com jogos na internet. Precisamos descobrir técnicas não-invasivas, mas que tenham a mesma resolução para registrar os neurônios.

O que é “registrar neurônios”?

Colocamos eletrodos no cérebro e registramos a atividade elétrica dos neurônios. Se você colocar os dados obtidos pelos eletrodos em uma tela de computador, não vai entender nada. É como olhar um programa binário de computador. Há uma mensagem codificada ali, mas com um código que está mudando continuamente, pois o cérebro é um sistema auto-adaptativo: cada vez que você faz alguma coisa, ele muda. Precisávamos descobrir um modo de extrair a informação motora dessas salvas de eletricidade que são, na realidade, padrões espaço-temporais que variam com o tempo. De início, parecia ruído… em boa medida, porque é mesmo ruído Poisson, como costumamos chamar. Mas percebemos que, com métodos de regressão linear, conseguíamos obter a informação. A partir daí, deixamos o próprio cérebro atuar como nosso computador: ele resolvia o sistema de equações lineares e encontrava um equilíbrio ótimo que aproveitávamos para estabelecer a interface.

O que você acha da política científica brasileira?

Está ultrapassada. Principalmente, a gestão científica. Foi por isso que eu escrevi o Manifesto da Ciência Tropical (PS do Viomundo: publicado primeiro aqui mesmo, neste espaço). O mais importante nós temos: o talento humano. Mas ele é rapidamente sufocado por normas absurdas dentro das universidades. Não podemos mais fazer pesquisa de forma amadora. Devemos ter uma carreira para pesquisadores em tempo integral e oferecer um suporte administrativo profissional aos cientistas.

Visitei um dos melhores institutos de física do País, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e o pessoal não tem suporte nenhum. Se um americano do Instituto de Física da Universidade Duke visitar os pesquisadores brasileiros, não vai acreditar. Eles tomam conta do auditório, fazem os cheques e compram as coisas, porque não é permitido ter gestores científicos com formação específica para este trabalho. Nós preferimos tirar cientistas que despontaram da academia. Aqui no Brasil há a cultura de que, subindo na carreira científica, o último passo de glória é virar um administrador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) ou da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). É uma tragédia. Esses caras não tem formação para administrar nada. Nem a casa deles. Não temos quadros de gestores. A gente gasta muito dinheiro e presta muita atenção em besteira e não investe naquilo que é fundamental.

Qual é a diferença nos mecanismos de financiamento e gestão científica nos EUA e no Brasil?

O investimento privado e público americano – sem contar os gastos do Pentágono que, em parte, são sigilosos – é equiparável: cerca de US$ 250 bilhões anuais cada um (o equivalente a R$ 425 bilhões). Eles também enfrentam o problema de que as empresas privadas não costumam investir em pesquisa pura, meio de cultura de onde saem as ideias aplicadas. Contudo, o governo não investe só em universidades. Ele também coloca dinheiro em empresas e em institutos de pesquisa privados. Este é o segredo.

No Brasil, a grande maioria dos mecanismos públicos de financiamento está voltado para universidades públicas. Sendo assim, você não contrata cientistas e técnicos para um projeto, pois depende dos quadros da universidade. Mas esses quadros estão dando 300 horas de aula por semestre. Não dá para competir com um chinês que está em Berkeley pesquisando o dia inteiro e recebendo milhões de dólares para contratar quem ele quiser. Como fazer ciência sem gente?

Na realidade, os americanos não contam com pessoas mais capazes lá. O que eles têm de diferente é um número muito maior de pesquisadores, processos eficientes, gestão científica profissional – a melhor jamais inventada – e dinheiro. Nos Estados Unidos, sou visto como um pequeno empreendedor. Recebo dinheiro do governo americano e uma parcela menor de investimento privado. Tenho assim uma “padaria” que faz ciência: posso contratar o padeiro, o faxineiro e a atendente de acordo com as necessidades do projeto. Esse empreendedorismo não é permitido pelas leis brasileiras. As mesmas regras que regem o gasto de quaisquer dez mil réis que um cientista ganha do governo federal servem para controlar licitações de centenas de milhões de reais para a construção de estradas, hidrelétricas…

Achar que um cientista vai desviar dinheiro para fazer fortuna pessoal é absurdo. O processo de financiamento deve ser mais aberto, com mecanismos simples de auditoria. Além disso, deveria ser mais fácil importar insumos e, com o tempo, precisaríamos atrair empresas para produzi-los aqui. É um absurdo ver anticorpos apodrecerem no aeroporto de Guarulhos por causa da burocracia. Alguém no topo da pirâmide – o presidente da República ou o ministro da Ciência e Tecnologia – precisa dizer: “Chega. Acabou a brincadeira.”

É um desperdício gigantesco de talento e de dinheiro. A China está recuperando pesquisadores que emigraram para os EUA oferecendo condições de trabalho ainda melhores que as americanas. Milhares de brasileiros voltariam ao Brasil se tivessem melhores condições para trabalhar. Mas o sujeito vem para uma universidade federal e é obrigado a dar 300 horas de aula por semestre. Perdemos o talento. Além disso, ele conquista a estabilidade de forma quase automática. Que motivação vai ter para crescer? Há talentos, mas os processos são medievais. E o cientista brasileiro tem muito receito de bater de frente com as autoridades para reivindicar o que ele realmente precisa.

Quanto o Brasil deveria investir em ciência?

O Brasil precisa investir de 4% a 5% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em ciência e tecnologia para encarar a China, a Índia, a Rússia, os Estados Unidos, a Coreia do Sul… esses são os jogadores com quem devemos nos equiparar. É o mesmo porcentual que já investimos em educação. É essencial realizar os dois investimentos: por um lado, para formar gente e iniciar a revolução educacional que o País precisa; por outro, para usar o potencial intelectual dessas pessoas na produção de algo para o País. Atualmente, investimos 1,3% do PIB. No Japão, é quase 4%. Isso explica muita coisa.

Você afirmou diversas vezes que a ciência precisa ser democratizada no País.

Sem dúvida. É uma atividade extremamente elitizada. Não temos a penetração popular adequada nas universidades. Quantos doutores são índios ou negros? A ciência deve ir ao encontro da sociedade brasileira. Essa foi uma das razões que me motivaram a escrever o manifesto. Até bem pouco tempo, a ciência era uma atividade da aristocracia brasileira. Há 30 ou 40 anos só a classe mais alta tinha acesso à universidade. Não precisavam de financiamento porque tinham dinheiro próprio.

Hoje, nós precisamos de cientista que joga futebol na praia de Boa Viagem. Precisamos do moleque que está na escola pública. As crianças precisam ter acesso à educação científica, à iniciação científica. O que também implica uma democratização na distribuição de oportunidades e recursos em todo o País. Estamos trabalhando com 21 crianças da periferia de Natal. Elas nem mesmo entraram no ensino médio e já estão sendo incorporadas às linhas de produção de ciência do nosso instituto. Quatro participaram de um projeto piloto em que aprenderam a usar ressonância nuclear magnética de bancada para medir o volume de óleo nas sementes do pinhão-manso do semi-árido nordestino. E classificaram as diferentes sementes de acordo com a quantidade de óleo. Duvido que exista algum técnico na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) melhor do que essas crianças.

Não precisamos mais de caciques. Precisamos de índios. Devemos investir na massificação dos talentos. Esses moleques vão decidir o que vai ser a nossa ciência. Se chega um jovem muito talentoso que quer investigar besouro, devemos responder: “Está bom, filho. Vai pesquisar besouro.” Eu não investiria em tópicos, em áreas específicas. Eu investiria primordialmente em gente. Porque se você investir em pessoas talentosas, elas encontrarão nichos em que o Brasil terá benefícios tremendos. Nós temos uma das maiores olimpíadas de matemática do mundo, o que comprova que nosso talento matemático é enorme. Mas não dá frutos porque faltam caminhos, oportunidades, veículos…

Acreditamos que devemos escolher o melhor menino. Mas e os outros cem mil que quase ganharam? Precisam de incentivo para continuar. Por isso, eu proponho o bolsa-ciência. É um bolsa-família para garoto que tem talento científico. Não precisa ser gênio. Estou fazendo isso com esses 21 meninos. Os quatro garotos do pinhão-manso recebem mais dinheiro do que o pai e a mãe: uma bolsa de R$ 520 paga por doadores privados. Precisamos investir no caos que é o sistema nervoso. Desta forma, encontraremos caminhos imprevistos, surpresas agradáveis.

Como avaliar mérito na academia?

Nós publicamos mais do que a Suíça. Mas o impacto da ciência suíça é muito maior. Basta ver o número de prêmios Nobel lá. E eles têm apenas cinco milhões de habitantes. Na academia brasileira, as recompensas dependem do que eu chamo de “índice gravitacional de publicação”: quanto mais pesado o currículo, melhor. Ou seja, o cientista precisa colecionar o maior número de publicações – sem importar tanto seu conteúdo. Não pode ser assim. O mérito tem de ser julgado pelo impacto nacional ou internacional de uma pesquisa. Não podemos dizer: quem publica mais, leva o bolo. Porque aí o sujeito começa a publicar em qualquer revista. Não é difícil. A publicação científica é um negócio como qualquer outro. Mesmo se você considerar as revistas de maior impacto. Também não adianta criar e usar um índice numérico de citações (que mede o número de citações dos artigos de um determinado cientista).

Talento não está no número de citações: é imponderável. Meu departamento na Universidade Duke nunca pediu meu índice de citação. Também nunca calculei. Quando sai do Brasil, achei que estava deixando um mundo de lordes da ciência. Fui perguntando nome por nome lá fora. Ninguém conhecia. Ninguém sabia quem era. Críamos uma bolha provinciana que deve ser estourada agora se o Brasil quer dar um salto quântico. Mas as pessoas têm receio de falar com medo de perder o financiamento. Há outras formas de medir o impacto científico: ver o que cara está fazendo e consultar a opinião de pessoas que importam no mundo, dos líderes de cada área. Sob este ponto de vista, o impacto da ciência brasileira é muito baixo. E precisamos dizer isso sem medo. Não dá para esconder o sol com a peneira.

Quando decidem criar um Instituto Nacional (de Ciência e Tecnologia), em vez de dividir o dinheiro entre 30 ou 40 pesquisadores promissores, preferem pulverizar o dinheiro entre 120 cientistas, muitos deles com propostas que não vão chegar a lugar nenhum. Cada um recebe um R$ 1 milhão, uma quantia considerável na opinião de muita gente mas que não paga nem a conta de luz de um projeto bem feito. Não podemos ter receio de selecionar os melhores. Você precisa escolher os bons jogadores, não os pernas-de-pau. Outra coisa: só o Brasil ainda admite cientista por concurso público. Cientista tem de ser admitido por mérito, por julgamento de pares, por entrevista, por compromisso, por plano de trabalho.

Como você se vê na Academia?

Sou um pária. Não tenho o menor receio de falar isso. Sou tolerado. Ninguém chega para mim de frente e fala qualquer coisa. Mas, nos bastidores, é inacreditável a sabotagem de que fomos vítimas aqui em Natal nos últimos oito anos. Mas sobrevivemos. O Brasil é uma obsessão para mim. Há muita gente que não faz e não quer que ninguém faça, pois o status quo está bem. Tenho excelentes amigos na academia do País, respeito profundamente a ciência brasileira. Sou cria de um dos fundadores da neurociência no Brasil, o professor César Timo-Iaria, e neto científico de um prêmio Nobel argentino – Bernardo Alberto Houssay.

Por isso, foi uma triste surpresa os anticorpos que senti quando eu voltei. Algumas pessoas ficaram ofendidas porque não fiz o beija-mão pedindo permissão para fazer ciência na periferia de Natal. Este ano, na avaliação dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs), tivemos um dos melhores pareceres técnicos da área de biomedicina. E o nosso orçamento foi misteriosamente cortado em 75%. Pedi R$ 7 milhões. Recebemos R$ 1,5 milhão.

Operamos com um sexto do nosso orçamento. As pessoas têm medo de abrir a boca, porque você é engolido pelos pares. Então, eu fico imaginando um pesquisador que volta para o Brasil depois de estudar lá fora. De qualquer forma, o pessoal precisa entender que voltar para o Brasil é assumir um tipo especial de compromisso. Não é ir para Harvard, Yale… Você deve estar disposto a dar seu quinhão para o País porque ele ainda está em construção. Nem tudo vai funcionar como a gente quer. Vejo muita gente egoísta voltando para o Brasil. Os jovens precisam olhar menos para o umbigo e mais para a sociedade.

Qual é o futuro dos jovens pesquisadores no País?

Atualmente, eles têm uma dificuldade tremenda de conseguir dinheiro porque não são pesquisadores 1A do CNPq. Você precisa ser um cardeal da academia para conseguir dinheiro e sobressair. Com um físico da UFPE, cheguei à conclusão de que Albert Einstein não seria pesquisador 1A do CNPq, porque ele não preenche todos os pré-requisitos – número de orientandos de mestrado, de doutorado…

Se Einstein não poderia estar no topo, há algo errado. Minha esperança é que o futuro ministro ataque isso de frente pois, até agora, ninguém teve coragem de bater de frente com o establishment da ciência brasileira. Ninguém teve coragem de chegar lá e dizer: “Chega! Não é assim! A ciência não está devolvendo ao povo brasileiro o investimento do povo na ciência.” Os cientistas brilhantes jovens não têm acesso às benesses que os grandes cardeais – pesquisadores A1 do CNPq – têm, muitos deles sem ter feito muita coisa que valha.

Além disso, veja a situação do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT, que assessora o presidente da República nas decisões relacionadas à política científica). O presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC) – agora, um grande matemático – me perdoe, mas ele não deveria ter cadeira cativa nesse conselho. O Brasil deveria ter um conselho de gente que está fazendo ciência mundo afora. E não pessoas que ocupam cargos burocráticos em associações de classe. Deveria ser gente com impacto no mundo. E pessoas jovens com a cabeça aberta. Mas as pessoas têm muita dificuldade de quebrar esses rituais.

Para entender a que me refiro, basta participar de reuniões científicas e acompanhar a composição de uma mesa. Não há nada semelhante em lugar nenhum do mundo: perder três minutos anunciando autoridades e nomeando quem está na mesa. É coisa de cartório português da Idade Média. Cientista é um cidadão comum. Ele não tem de fazer toda essa firula para apresentar o que está fazendo. É um desperdício de energia, uma pompa completamente desnecessária. Muitas vezes, os pesquisadores jovens não podem abrir a boca diante dos cientistas mais velhos. Eu ouço isso em todo o Brasil.

No meu departamento nos Estados Unidos, sou professor titular há quase doze anos. Minha voz não vale mais que a de qualquer outro que acabou de chegar. Qualquer um pode me interpelar a qualquer momento. Qualquer um pode reclamar de qualquer coisa. Qualquer um pode fazer qualquer pergunta. E ninguém me chama de professor Nicolelis. Meu nome lá é Miguel. Por quê? Porque o cientista é algo comum na sociedade. O meu estado (a Carolina do Norte) possui uma das maiores densidades de PhD na população dos EUA. Se você se comportar como um pavão lá, vai se dar mal. Todo mundo tem pelo menos um PhD.

Aqui, precisamos colocar a molecada da periferia de Natal, de Rio Branco e de Macapá na ABC, por mérito. Às vezes, parece que existe uma igreja chamada Ciência no País. Se você não é um membro certificado, ela é impenetrável. Minhas críticas não são pessoais. Quero que o Brasil seja uma potência científica para o bem da humanidade. As pessoas precisam ver que a juventude científica brasileira está de mãos atadas. Precisamos libertar este povo. Já estou no terço final da minha carreira científica. O que me resta é ajudar essa molecada a fazer o melhor.

Você tem uma opinião bastante crítica sobre a política científica no País. Mas, na eleição, manifestou apoio publicamente à Dilma. Por quê?

Porque a outra opção era trágica. Basta olhar para o Estado de São Paulo: para a educação, a saúde e as universidades públicas. Não preciso falar mais nada. Eu adoro a USP, onde me formei. Mas a liderança que temos hoje na USP é terrível. O reitor da USP (João Grandino Rodas) é uma pessoa de pouca visão. Não chega nem perto da tradição das pessoas que passaram por aquele lugar. São Paulo acabou de perder um investimento de 150 milhões de francos suíços (cerca de R$ 270 milhões) porque o reitor da USP não tinha tempo para receber a delegação de mais alto nível já enviada pelo governo suíço ao Brasil. Mandaram o pró-reitor de pesquisa da universidade (Marco Antônio Zago) fazer uma apresentação para eles. Ninguém agradeceu a visita. Manifestei oficialmente ao professor Zago minha indignação como ex-aluno da USP.

Um dos integrantes da delegação suíça doou um super-computador de US$ 20 milhões de dólares (cerca de R$ 34 milhões) para nosso instituto em Natal. Chegou na semana passada e será um dos mais velozes do Brasil. Não pagamos um centavo. Não há mais espaço para provincianismo na ciência mundial. Nas reuniões que eu presenciei com comitês e comissões de outros países, a tônica da Fapesp sempre foi assim: “Fora de São Paulo não existe ciência que valha a pena investir”. Esse tipo de coisa é muito mal visto pelos estrangeiros. Não há mais lugar para regionalismo, preconceito… É ótimo para São Paulo ser responsável por 70% da produção científica do País, mas é muito ruim para o País, que precisa democratizar o acesso à ciência. Não adianta dizer em reuniões com emissários internacionais que São Paulo tem uma “relação amistosa” com o Brasil, este outro País fora das fronteiras do Estado. Este bairrismo não ajuda em nada.

A Fapesp é uma jóia, um ícone nacional, reconhecida no mundo inteiro. Mas isso não quer dizer que as últimas administrações foram boas. Temos de ser críticos. Esta última administração, em especial, foi muito ruim. A Fapesp está perdendo importância. Veja só: a Science (no artigo publicado há algumas semanas sobre a ciência no Brasil) não dedicou uma linha à Fapesp. Que surpresas você vê saindo da ciência de São Paulo? Acho que a matéria da Science foi uma boa chamada para acordar, para sair dos louros, descer do salto alto e ver o que podemos fazer com os R$ 500 milhões anuais da Fapesp. Ah, se eu tivesse um orçamento assim! Temos muito menos e posso dizer para o diretor-científico da Fapesp (Carlos Henrique de Brito Cruz) que nós saímos na Science. E ele tem condição de investir nos melhores centros de pesquisa do País.

Como você avalia o governo Lula?

Apoiei e apoio incondicionalmente o presidente Lula porque vivemos hoje o melhor momento da história do País. A proposta global de inclusão do governo Lula – e espero que será a mesma com a Dilma – é aquela que eu acredito. Contudo, os detalhes devem ser corrigidos. Admiro profundamente o ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende. Tivemos grandes avanços como a criação dos INCTs e dos fundos setoriais. Mas o ministro não enfrentou a estrutura.

Talvez não pudesse… por não ter condições práticas ou por fazer parte dela, por ter crescido nela. Em oito anos, nunca fui chamado para dar uma opinião no MCT ou para apresentar os resultados do projeto de Natal. Sei que outros cientistas, melhores do que eu, também não foram chamados. É curioso. Mas fui chamado pelo Ministério da Educação. O ministro (Fernando Haddad) é o melhor já tivemos na história da República. Ele criou a infraestrutura que será lembrada daqui a 50 anos como a reviravolta da educação brasileira. Com o Haddad eu consigo conversar e nossa parceria está dando resultados.

O que você achou da escolha de Aloizio Mercadante para o MCT?

Estou curioso para saber qual é o currículo dele para gestão científica. Fiquei surpreso com a indicação, mas não o conheço. Não tenho a mínima ideia do seu grau de competência. Mas não fica bem para a ciência brasileira – um ministério tão importante – virar prêmio de consolação para quem perdeu a eleição. Não é uma boa mensagem. Mas talvez seja bom que o futuro ministro não seja um cientista de bancada, alguém ligado à comunidade científica. Assim, se ele tiver determinação política, poderá quebrar os vícios.

O primeiro ministro da Ciência e Tecnologia (Renato Archer, que permaneceu no cargo de 1985 a 1987) não era cientista e foi talvez um dos melhores gestores que já tivemos. Ele tinha consciência de que seu ministério era estratégico. O MCT estabelece parcerias e tem impacto na ação de outros ministérios: Educação, Saúde, Indústria e Comércio, Relações Exteriores, Agricultura, Meio Ambiente… Hoje, boa parte do orçamento do ministério não é nem executado. As agências de financiamento não têm uma rotina de chamadas. Não podemos continuar como está.


* Fonte: http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/nicolelis-diz-que-sofreu-sabotagem-nos-bastidores.html,

Educar contra a barbárie


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Educar contra a barbárie

by Antonio Ozaí da Silva

in educação, política, práxis docente

Ficheiro:Birkenau gate.JPG

Você que nasceu nos anos 1960 sabe onde fica Auschwitz? Sabe o que aconteceu? E a geração dos anos 1980, será que aprendeu o significado de Auschwitz? Sabemos cultivar nas mentes e corações dos jovens a indignação diante da barbárie em Auschwitz e outros campos de concentração nazistas?

Nossa responsabilidade como educadores é enorme. A realidade que nos cerca expressa a barbárie e está prenhe de fatores que apontam para o risco da regressão. O mundo globalizado impele as pessoas em direção ao xenofobismo, à intolerância diante do outro, à idéia de que há uma inevitabilidade histórica, ao consumismo e ao individualismo desenfreado. Naturalizam-se as mazelas e misérias da condição humana, em nome de um determinismo amparado num viés tecnicista e nas necessidades da concorrência internacional, isto é, da predominância do mercado.

Prevalece a mesmice entediante e anestesiante. Espaços onde deveria frutificar a reflexão crítica mais parecem “cemitérios de vivos”. A crítica deu lugar ao comodismo e ao servilismo. Os poderosos de plantão decretaram que não existe alternativa e muitos acataram. Os problemas sociais que afligem enormes parcelas da humanidade, excluídas da mais elementar cidadania, parecem inevitáveis ou castigo. A condição humana continua a ser aviltada em situações que antes horrorizavam os bem-pensantes membros da classe média intelectualizada.

Enquanto isso nos voltamos para o nosso mundinho, para o nosso umbigo; para as veleidades da ambição acadêmica. Vaidosos, ostentamos nossos títulos acadêmicos como prova de pretensa superioridade intelectual. Títulos que nada provam. Mesquinhos, alimentamos nosso ego com o quinhão do poder burocrático. Em nossa arrogância, fetichizamos a técnica e o conhecimento sem atentarmos para o fato de que seu domínio pelo nazismo significou a supressão da humanidade. Como compreender que foram precisamente os cientistas, isto é, pessoas tituladas e diplomadas, que projetaram o sistema de morte que vitimizou milhões com rapidez e eficiência?

Donos da verdade, damos ouvidos às conversas de corredores, formalizamos a informalidade das relações em memorandos, protocolandos, etc. Transformamos o trivial e o ridículo em batalhas políticas – ainda que coloquemos em risco a sobrevivência econômica dos nossos colegas de trabalho. Substituímos a mais elementar solidariedade pela autofagia e pelo individualismo exacerbado.

Em nome da eficiência quantificamos tudo. Assim, repetimos outro procedimento presente em Auschwitz: a coisificação das relações humanas. A partir do momento em que não nos indignamos diante da realidade social, que aceitamos como naturais determinados fenômenos sociais, acabamos por admitir que parcelas de seres humanos são descartáveis. Longe de pura abstração filosófica, este fenômeno está presente em nosso cotidiano nas questões que nos parecem mais banais. Numa realidade onde a vida humana pouco vale, a tendência é a crescente banalização do mal.

Como educadores, temos responsabilidade social. Ao invés de nos perdemos em discussões intermináveis e estéreis; de nos afogarmos em nossa própria vaidade; de gastarmos nosso precioso tempo na mesquinhez do emaranhado burocrático e na luta pelo poder de controlar os meios de prejudicar o outro; de nos desgastarmos em picuinhas e academicismos; eduquemos no sentido da auto-reflexão crítica e nos dediquemos à tarefa de esclarecer, para que se produza um clima intelectual, cultural e social que não permita a repetição de Auschwitz. O primeiro passo é repensarmos nossas práticas como educadores e nos indignarmos com tudo que nos lembre Auschwitz …

Michelle Obama, O reverendo Martin Luther King, Jr., é geralmente lembrado “I Have A Dream”


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 Michelle Obama

 

        Primeira-dama

Michelle Obama 

Político de  Estados Unidos  
O reverendo Martin Luther King, Jr., é geralmente lembrado por sua liderança heróica do movimento dos direitos civis – ele liderou o boicote aos ônibus de Montgomery sucesso, entregou o “I Have A Dream” discurso em um momento em que essas palavras foram ainda controverso e, finalmente, deu sua própria vida à causa da igualdade.

Mas o Dr. King era muito mais que um campeão dos direitos civis – ele era um homem que viveu toda sua vida no serviço aos outros, falando contra a pobreza, a injustiça econômica e da violência. Onde quer que ele viu o sofrimento, ele fez o que pôde para ajudar, não importa quem foi que precisava dele ou porque estavam com dores. Através da sua liderança, ele nos mostrou o que podemos fazer quando estamos juntos.Cada janeiro lembramo-nos do Dr. King em seu próprio feriado – e uma das melhores formas de preservar seu legado é realizar serviços de nós mesmos. Como o Dr. King nos disse, “pergunta mais persistentes e urgentes da vida é: ‘O que você está fazendo para os outros? ‘”

É por isso que esta segunda-feira janeiro 17, Organização de voluntários da América estará participando de projetos de serviço em todo o país, em honra do Dr. King. Haverá unidades de alimentação, bairro limpo-os, projetos de educação, as unidades de sangue, e muito mais.
Você vai encontrar e se inscrever para um evento em sua área, e ajudar a fazer deste país um lugar ainda melhor?
Este movimento é sobre muito mais do que política – é sobre a união através do progresso, da mudança e da comunidade. Levantar-se mutuamente em dedicação e serviço é uma das melhores maneiras, não só em honra do Dr. King, mas para honrar uns aos outros. Ao dar um serviço novo papel neste país, podemos estabelecer uma nova fundação para a nossa economia e de um futuro melhor para nossos filhos.
Isso é por que o serviço é fundamental para atingir nossas prioridades nacionais, e porque Barack recentemente ajudou para fora em um evento de Meninos e Meninas de serviço do Clube. Desde a mudança para Washington, DC, dois anos atrás, ele e eu comecei a conhecer a comunidade através de projetos de serviços semelhantes, incluindo Martin Luther última acontecimentos King Day. Eu valorizo as oportunidades, e estou ansioso por mais uma semana próxima. Toda vez que passo no, temos muito para trás, e sempre aprender coisas incríveis de nossos vizinhos.
Todos nós temos algo a contribuir, e todos nós podemos fazer uma diferença significativa na vida de alguém. É uma ótima maneira de lembrar aos outros que eles não sejam esquecidos, e para nos lembrar que há sempre coisas que podemos fazer.
Por favor, ajudem-me Barack e honrar o legado do Dr. King, e juntar-nos no serviço ao nosso país, mais uma vez este ano:
Muito Obrigada.

http://my.barackobama.com/MLKday