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Arquivo mensal: outubro 2010

Emburrecimento eleitoral


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Emburrecimento eleitoral

Em vez de debatermos projetos e soluções para os gargalos da nação, ficamos vendo quem é o ‘menos pior’.

Por Afonso Vieira

Não há nada mais estúpido que alguém que se ache melhor que os demais

 

Estamos nos aproximando ao fim do pleito eleitoral de 2010. A cada eleição que presencio, verifico quão medíocres e ignorantes se tornam as pessoas por ocasião das campanhas, incluam-se nessa leva todos os candidatos.

O que me instou a escrever esta crônica foi um e-mail recebido de uma amiga, onde consta uma suposta carta de Pedro Bial pregando o voto em Dilma Roussef. Até aí nada demais, o problema foram as respostas, como a mensagem foi enviada abertamente para uma grande lista, alguns começaram a responder para “todos” colocando suas posições.

Não há nada mais estúpido que alguém que se ache melhor que os demais, portando-se como senhor da razão. Oras, tem que ser muito biltre para querer dizer que entre José Serra e sua concorrente há muita diferença, não, não há! Infelizmente estamos diante de dois candidatos desenvolvimentistas, populistas e de centro esquerda. Suas divergências nas propostas são mínimas. Em meu entendimento, a única diferença relevante é no quesito das liberdades individuais, e é aí que está o X da questão, e eu já abordei o tema em artigo recente.

Ambos possuem inúmeras denúncias que os desabonam como entes públicos, ambos têm um passado na luta contra a ditadura militar, ambos mentem quando dizem ter lutado pela democracia. Está certo que Serra era da ala moderada, mas nenhum marxista luta/lutou pela liberdade. Aliás, socialismo e liberdade são coisas excludentes! Querer dizer o contrário é jogar na lama toda a história do século XX, distorcendo o que de fato ocorreu. Dirão alguns que as ideias de Karl Marx nunca foram colocadas em prática, que foram distorcidas, isso é balela. Todo planejamento ou ideia, quando de sua aplicação, necessita de adaptações e correções. A coletivização só funciona se for imposta suprimindo a individualidade e a liberdade, na forma de regimes autoritários e fazendo lavagem cerebral de seus seguidores.

E parece exatamente isto que acontece com militontos nas eleições. Seus candidatos passam a ser onipotentes, onipresentes, imunes a críticas, verdadeiros deuses. Vira briga de torcida, às favas com a razão! Ao invés de debatermos projetos e soluções para os gargalos da nação, ficamos vendo quem é o “menos pior”, qual sua religião, sua sexualidade; sua capacidade gerencial e seu projeto para o Brasil são relegados a segundo plano.

Somente numa nação atrasada e ignorante que temas como a privatização e o aborto são coisas que denigrem alguém ao ponto de comprometer o voto. Oras, aborto já se tornou uma questão de saúde pública há anos, e a grosso modo, já está “legalizado” há tempos. Quanto às privatizações, somente um energúmeno incompetente é que tem medo delas, a propósito, exemplos de que elas foram muito mais benéficas do que ruins pululam por todos os cantos – a própria internet e nossos celulares o são.

O governo Lula, demagogicamente critica as privatizações, mas também as fez, mudou apenas o nome para parceria público privada. O tal do pré-sal já está todo licitado, prontinho para ser explorado pelos “donos do capital”.

Prometem-se universidades, mas se esquecem que nosso calcanhar de Aquiles é justamente o ensino fundamental e médio. Nem professores decentes possuímos, para que mais prédios formando pessoas que nunca leram um livro, que não conseguem nem interpretar um simples texto? Universidade pública e gratuita para ricos? São nossas contradições, permeadas a discursos demagógicos.

Qualquer gestor capaz sabe que o país necessita de reformas estruturais urgentes, como a política e da previdência, mas ninguém as fez até o presente, e provavelmente ainda não farão tão cedo.

Lula está saindo, com aprovação recorde e jogando no ralo todas as instituições democráticas a cada palavra que profere. O país está melhor do que há dez anos? Sim está, mas poderia estar muito mais. Economia não é uma ciência exata, mas existem medidas que parecem, ou deveriam ser, óbvias.

Eu não torço contra o país, seja quem for o vencedor, rogo votos que seja melhor do que o atual governante – o que não é difícil de conseguir, diga-se -, mas não dá para relevar o histórico de cada um.

O próximo presidente terá muitos desafios, terá que consertar todo o estrago até agora feito, terá que enxugar a máquina pública, chutando os comissionados – incompetentes por natureza –, acabar com o paternalismo, resgatar a ética do cargo, o respeito ao erário e estimular a liberdade, a transparência e respeitar a independência dos poderes.

Muitos dizem que a democracia só é plena com a alternância do poder. Infelizmente, mesmo que Serra seja eleito – o que é pouco provável –, não vislumbro tanta “alternância” assim. Mas, como já declarei anteriormente, será um voto de nariz tapado, engolindo sapos e torcendo para estar enganado.

Leia mais:

Segundo turno: veja o especial eleições 2010

Leitor fala sobre eleições 2010

Fontes: Instituto Millenium – Emburrecimento eleitoral

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Geleiras da Patagônia


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Geleiras
da Patagônia

Veja
vídeo com as geleiras da Patagônia.

Por Fernando Magalhães

 

El Calafate é um povoado de 5 mil habitantes localizado na beira do Lago Argentino

No
penúltimo dia fomos ver as geleiras. O local que nos recomendaram chama-se El
Calafate, e fica a cerca de uma hora de avião de Ushuaia, indo em direção
noroeste. Ficamos duas noites lá, para termos ao menos um dia inteiro para
o passeio que toma quase o dia todo. A visita é ao Glaciar (geleira em
espanhol) Perito Moreno. A gente viaja quase uma hora e meia de carro a partir
da cidadezinha (por sinal, muito feia) de El Calafate. Lá, pode-se optar pela
face sul ou face norte, optamos pela norte que todo mundo recomendou. Toma-se
um barco e em poucos minutos estamos beirando a geleira.

Trata-se
de um paredão que varia de 40 a 60 metros de altura, com dois quilômetros de
comprimento. Suponho que o gelo seja branco, mas ele parece azulado por
refletir a cor do céu. De vez em quando um enorme pedaço se desprende e cai na
água, com barulho assustador. A guia nos informa que além dos 60 metros acima
da linha d´água, a geleira tem mais 240 metros até o fundo do lago (esqueci de
dizer antes que estamos em um lago de água doce, não é mar). No barco oferecem
refrigerantes com pedaços de gelo supostamente da geleira.

Veja o vídeo da geleira:

 

Na
volta, ao descer do barco, vimos uma passarela em terra firme que subia a
encosta, permitindo chegar a um mirante de onde se olhava a geleira de cima. Um
belo espetáculo. Centenas e centenas de metros de gelo, com formação bem
irregular, dá a impressão da superfície lunar. Foi só a gente se distrair um
pouco e Fernandinho tinha pulado da passarela e lá estava ele correndo em cima
da geleira, sem botas ou roupa apropriada… Foi um custo convencê-lo a voltar.

Buenos Aires: o Porto Madera

A
exemplo de outras grandes cidades portuárias, Buenos Aires está revitalizando a
área antiga do porto, que estava decadente. Os velhos armazéns foram
transformados em charmosos restaurantes e lojas, de frente para uma movimentada
avenida e com o Rio da Prata ao fundo. É um excelente programa de almoço.

A falta de cortesia

Nas
várias viagens que fiz à Argentina, não me lembro de ter tido problemas, mas
desta vez foram muitos. A Aerolíneas Argentinas está com aviões velhos e com
mau atendimento. Dois exemplos:

Quando
o avião levanta voo o sinal de atar cintos permanece ligado durante mais de 20
minutos, o que é mais do que em outras companhias, e durante esse tempo eles
trancam os banheiros. Se alguém quer ir ao banheiro eles simplesmente não
deixam. Nunca vi isso em empresa aérea alguma.

Se
a aeromoça está passando o carrinho de lanche e você precisa passar para ir ao
banheiro ela não dá passagem. Você que espere o tempo que for
necessário para ela chegar ao fim do trajeto. Em qualquer outra
empresa a aeromoça sempre encontra um jeito de dar passagem ao passageiro.

Outros
problemas que tivemos com a má educação das pessoas:

Pessoas
avançando nos taxis. A gente fazia sinal para um taxi, ele parava, e alguém
rapidamente chegava correndo e entrava no taxi antes. Isso aconteceu mais de
uma vez.

O taxista
que se recusou a nos levar para o Porto Madera. Quando perguntamos se ele não
tinha obrigação de aceitar qualquer trajeto dentro da cidade ele respondeu:
“Não sou brasileiro, sou argentino, faço o que quero!” (isso naquela
desagradável corruptela do espanhol que eles chamam de “castejano”). Mais tarde
confirmamos com outro taxista que eles são obrigados sim a aceitar qualquer
trajeto dentro do município. Deveriam, inclusive, ter visível um letreiro com
essa e outras informações.

O
garçom que oferecia um vinho em copo avulso, com a garrafa já aberta,
mas se recusava a deixar a gente provar para vermos se era de nosso agrado.
Nunca vimos isso antes, é normal poder provar.

Alguns
desses problemas, como o do taxista, e possivelmente o do garçom, podem
ser má vontade com brasileiros, que andam invadindo Buenos Aires e,
frequentemente, também são mal-educados. Mas, no fundo, parece que esse
povo anda de mal com a vida…

Leia
mais:

Monet no Grand Palais

Outono na França

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Escritório projeta Torre Olímpica sustentável para Rio de Janeiro


 
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Sustentabilidade

Escritório projeta Torre

no Rio de Janeiro

 ‘Solar City Tower’, visando à Olimpíada de 2016, utilizaria energia solar para suprir Vila Olímpica e parte do Rio de Janeiro

O escritório suíço RAFAA divulgou um projeto conceitual para as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, que poderia fornecer energia suficiente para abastecer a Vila Olímpica e parte da cidade. O “Solar City Tower”, construído na Ilha de Condotuba, seria uma torre que, além de servir como ponto turístico, captaria energia solar e se tornaria símbolo de sustentabilidade.

Projeto da Torre Olímpica que simbolizaria a ‘cidade verde’

O projeto se trata de um painel de energia solar que, durante o dia, poderia produzir energia para a cidade e a Vila Olímpica. Durante a noite, a energia excessiva seria usada para bombear água do mar pelo lado da torre, formando uma cachoeira, com a ajuda de turbinas.

Ilustração mostra visitantes conversando no deck da Torre Olímpica

A construção teria uma área de entrada e um anfiteatro que poderiam ser utilizados para eventos e confraternizações. Também haveria uma cafeteria e uma loja por trás da cachoeira. Um elevador público levaria os visitantes para um deck de observação e uma varanda. Haveria, também, uma plataforma de “bungee jumping”.

“Esse projeto representa uma mensagem olímpica internacional com um apelo político”, afirmou a RAAFA. “O Rio de Janeiro será o ponto de início de um movimento verde global  e do desenvolvimento sustentável de estruturas urbanas,” afirmou a empresa.

Projeto da Torre Olímpica

Caro Leitor,

Você acha que o Rio de Janeiro tem condições de implementar um projeto como a Torre Olímpica?

Leia mais:

Violência no Rio não vai impedir Olimpíada segura, diz COI

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O Brasil e as políticas econômicas de combate à crise financeira


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O
Brasil e as políticas econômicas de combate à crise financeira

 

Economia e
Infra-Estrutura

William Nozaki e Gabriel Rossini

A crise internacional e a economia
nacional

Nos
últimos anos, a economia brasileira esteve exposta às flutuações dos fluxos
financeiros, comerciais e produtivos internacionais. Pelo lado externo, o
país foi impulsionado, pela crescente demanda comercial asiática (sobretudo
chinesa) e pela subida das cotações financeiras das commodities (na esteira
das bolhas americanas). Pelo lado interno, teve importante papel, o
aquecimento do mercado doméstico a partir do fortalecimento do sistema
bancário e creditício, os programas de transferência de renda e a recuperação
do salário mínimo real. Desse modo, o crescimento do PIB nacional
alicerçou-se no aumento da exportação (sobretudo para a Ásia) e na ampliação
do consumo (principalmente via crédito).

A
crise financeira internacional aportou no Brasil ameaçando esses dois
alicerces do desempenho econômico favorável. A retração da economia global
acarretou uma queda na demanda internacional por produtos ocasionando uma
redução nos volumes e preços das exportações; além disso, a diminuição na
oferta de dinheiro em circulação ocasionou a escassez de fontes de crédito e
financiamento. Entretanto, outros fatores combinam-se a esses e merecem
atenção.

Dados
os problemas estruturais para a formação de funding, e postos os incentivos
para a abertura financeira, no Brasil a estrutura de financiamento
empresarial está crescentemente associada à captações no mercado financeiro e
de capitais – contexto que pode ser evidenciado pelo fato das empresas
nacionais estarem desvinculadas do sistema bancário nacional continuamente
dedicado às funções tradicionais: financiamento de curto prazo às empresas e
crédito ao consumidor. Tal fato faz com que a economia nacional esteja, em
comparação com outros países emergentes asiáticos e sul-americanos, mais
suscetível às oscilações financeiras internacionais e mais vulnerável à
alterações nos ciclos de liquidez global.

Além
disso, diante da tendência conjuntural de valorização cambial no país, no
período imediatamente anterior à crise, as empresas exportadoras realizaram
transações arriscadas com derivativos, ou seja: apostando na continuidade da
valorização cambial tais empresas realizaram junto aos bancos operações, no
mercado de futuros, de compra de dólares. Embora o objetivo tenha sido
compensar perdas operacionais nas exportações com receitas financeiras,
diante da desvalorização cambial acarretada pela crise, os resultados foram
volumosas perdas, principalmente para grandes empresas exportadoras de
commodities.

Por
fim, a persistência de certas diretrizes de política econômica fizeram com
que a sobrevalorização cambial e a sobre-elevação da taxa de juros
permanecessem como tendências da economia brasileira no período anterior à
crise, diante disso a resistência para a diminuição do superávit primário e
para a diminuição dos juros fizeram com que o país tivesse mobilizado seu
aparato de políticas anti-cíclicas com um relativo atraso em comparação com
as decisões que se tomavam no cenário internacional e na própria América
Latina.

Sendo
assim, questões estruturais relativas ao financiamento, questões conjunturais
relativas ao câmbio e ao juros e certas decisões de política econômica
merecem atenção para que se possa compreender a atuação do Estado nacional
brasileiro diante da crise.

A crise internacional e o Estado-nacional

Nesse
novo cenário, entre 2008 e 2010, o aparente espaço existente entre
estratégias do Estado e os interesses do mercado caiu por terra. A falta de
liquidez e o risco de insolvência tornaram obrigatória a presença da
regulação, da fiscalização e do crédito estatal.

Temos
aí, diga-se de passagem, mais uma boa oportunidade de presenciarmos a derrubada
da tese jogada aos sete ventos por, dentre outros veículos de comunicação, a
revista The Economist e o jornal Financial Times. Enquanto o editorial, de 11
de outubro de 2008, do primeiro periódico fala-nos que: "este é o
momento de colocar dogma e política de lado e concentrar-se em respostas
pragmáticas. Isso significa mais intervenção governamental e cooperação no
curto prazo, mais do que os contribuintes, políticos e jornais do
livre-mercado normalmente gostariam". A segunda publicação (21/08/2008)
nos diz que: "no conflito perene entre a política e o mercado, não há
dúvida, que neste momento, a política está por cima".

Tais
passagens são construídas em torno de uma inverdade que de tanto ser
reproduzida acaba sendo aceita. A tese sustentada pelos jornais se apóia na
idéia equivocada da existência de um "conflito perene", entre a
Política e o Mercado. O problema básico desta tese reside na preservação da
dualidade que está na base do pensamento liberal: o "mercado" como
esfera primeira, como o reino da liberdade e das entidades naturais e a
"política" como esfera artificial, como o reino da arbitrariedade
humana.

No
Brasil, ao longo do pós-crise, a inexistência de tal dualidade pôde ser
explicitada através das medidas adotadas pelo Banco Central do Brasil e pelo
Ministério da Fazenda, como a liberação de parcela dos compulsórios dos
bancos, tanto desobrigando da aplicação em títulos do tesouro como
autorizando seu uso na aquisição de carteiras de crédito de instituições
financeiras em dificuldade; como a realização de leilões de moeda
estrangeira, o reforço da carteira de bancos oficiais além das isenções
tributárias (como do IPI de automóveis, eletrodomésticos e construção civil,
e do IOF para créditos a pessoas físicas); bem como as ações dos bancos
públicos (Caixa, Banco do Brasil e Banco Nacional do Desenvolvimento
Econômico e Social – BNDES) que ampliaram o volume de crédito para o
financiamento de investimentos, tanto em obras sociais – setor de habitação,
por exemplo – como na realização de projetos de infra-estrutura e de expansão
da estrutura produtiva (voltaremos a este ponto).

A
partir do último trimestre de 2009, a economia brasileira ensaiou seus
primeiros sinais de recuperação, que foram consolidados no primeiro trimestre
de 2010. Para boa parte dos analistas, as causas apontadas para a rápida
melhora residem, por um lado, na recuperação do cenário externo e, por outro,
nas políticas econômicas anticíclicas implementadas pelo governo. Entretanto,
nem todas essas medidas tiveram o mesmo impacto para a amenização da crise no
país.

A
rigidez na manutenção das diretrizes ortodoxas da política econômica de
longo-prazo diminuiu, quando não solapou, os próprios ganhos conquistados com
as medidas anticíclicas. A demora e o conservadorismo na redução dos juros,
somados a elevados spreads e tarifas cobradas pelos bancos privados,
dificultaram em um primeiro momento a circulação do crédito. Do mesmo modo, a
leniência na gestão cambial ajudou pouco o setor exportador e as grandes
empresas; representantes das indústrias de bens de capital se queixaram não
poucas vezes de que a injeção de liquidez e os recursos estatais liberados
aos bancos não estavam circulando e se convertendo em financiamento e
empréstimos, o empoçamento da liquidez era nítido.

Dentre
as políticas com maior impacto sobre a reativação da economia destacaram-se
algumas de cunho social: os gastos públicos para reajuste do salário mínimo,
com transferências de renda, com previdência social. A expansão desses
gastos, especialmente do salário mínimo, possibilitou a manutenção do
consumo, em especial das classes sociais mais baixas, minimizando os efeitos
restritivos impostos pela crise. Desse modo, o consumo estimulado tanto pelo
aumento da renda quanto pela melhora na sua distribuição atuou como um
importante ativador da demanda durante a crise, induzindo posteriormente o
próprio investimento.

Merecem
atenção também, como já mencionado, as medidas de desoneração fiscal, como a
redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de automóveis,
eletrodomésticos e construção civil, e do IOF para créditos a pessoas
físicas. Apesar de esse conjunto de desonerações não ter atingido uma
expressiva parcela do PIB (alcançaram algo em torno de 0,3%), eles se
mostraram importantes incentivos para a manutenção e ampliação do consumo,
mas também serviram como estímulos para o investimento privado que sem eles
poderia ter se desacelerado em maior velocidade.

Ademais,
a manutenção dos grandes investimentos do setor público planejados,
principalmente no âmbito da Petrobrás e do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC) foram também importantes para que a rota de recuperação se
iniciasse já em 2009.

Novamente
com relação à política creditícia, os grandes bancos públicos (Banco do
Brasil, Caixa e BNDES) foram os responsáveis pela sustentação do mercado de
crédito brasileiro, uma vez que a expansão do crédito público ocorreu de
forma mais acentuada e acelerada do que o avanço do crédito privado.

Temos
aí o apoio financeiro do BNDES incentivando a compra de empresas no exterior
por parte de empresas brasileiras e patrocinando o financiamento de fusões e
aquisições entre empresas nacionais.

O
Banco do Brasil elevou o crédito oferecido a consumidores e empresas, em
especial para operações relacionadas a comércio exterior e crédito rural,
minimizando os efeitos do corte de crédito realizado pelos bancos privados,
sobretudo entre o último trimestre de 2008 e o primeiro de 2009. Além disso,
intensificou a compra de carteiras de crédito de pequenas instituições bancárias,
mais ainda avançou no processo de aquisição de três bancos estaduais e
adquiriu grande participação no banco Votorantim. O Banco também promoveu
corte nas taxas de juros em diversas modalidades de crédito.

A
Caixa Econômica Federal, por seu turno, aproveitou o cenário para fazer
avançar sua tradicional atuação no financiamento habitacional de saneamento
básico e infra-estrutura urbana. Para isso atuou expandindo linhas de
crédito, reduzindo taxas de juros.

Desse
modo, não é exagero afirmar que a medida anticíclica mais destacada não veio
nem da área cambial e tampouco da monetária, a despeito da inegável
relevância de cada uma delas. Veio, sim, da política fiscal, e
principalmente, da orientação que o governo transmitiu aos bancos públicos
para que ampliassem seus financiamentos.

Perspectivas futuras

Certamente,
esse princípio de recuperação apresentado entre 2009 e 2010 não se deveu ao
fim dos efeitos deletérios da crise financeira internacional, e ainda que por
trás dela haja um componente do cenário externo fundamental – o
restabelecimento da demanda por produtos latino-americanos e brasileiros,
principalmente commodities agrícolas e minerais por parte dos países
asiáticos – as políticas econômicas (sobretudo as fiscais creditícias, mais
do que as monetárias) cumpriram um papel central nessa recuperação.

O
país encontrou na crise com uma possibilidade para a conformação de políticas
e medidas anticíclicas mais expansionistas, por um lado, através de uma
política fiscal e creditícia mais contundente e, de outro lado, por meio de
uma política cambial ativa, mas emergencial. Contrariando este movimento
tivemos uma política monetária conservadora que rapidamente arrefeceu o
crescimento econômico brasileiro.

Resta
considerarmos se a nova "normalidade" oriunda do êxito da política
anticíclica posta em marcha – largamente dependente de subsídios e de
privilégios garantidos pelo Estado – será duradoura.

Para
a perenidade desta nova "normalidade", carregada de elementos que
potencializam a sua efemeridade, é fundamental que se revejam as diretrizes
da política econômica, sobretudo da sua vertente monetária.

Por
fim, a questão relacionada a acentuada valorização cambial vivenciada hoje
pelo Brasil constitui o elemento central que pode nublar o nosso horizonte de
crescimento econômico. Para além das políticas domésticas um importante
problema que se coloca é a enorme pressão exercida pelo capital financeiro
internacional que foi preservado em virtude do empréstimo de última instância
que transformou valor perdido em valor financeiro garantido com receita
fiscal, fornecendo uma tábua de salvação a capitais que buscam apenas
preservar-se, mas que estão em retirada do processo produtivo. O capital
ocioso não eliminado acaba por travar o funcionamento do sistema, tornando-o
mais instável. Em função das dificuldades de valorização do capital investido
na produção, este elevado volume de capital dinheiro movimenta-se pelo mundo
procurando satisfazer sua própria necessidade de valorizar-se exteriormente
ao processo produtivo. Dada a elevadíssima taxa de juros brasileira e, em
alguma medida, às oportunidades abertas pelo nosso crescimento presenciamos o
agravamento dos nossos problemas cambiais.

Permanecendo
a valorização cambial, a reprimarização da pauta exportadora brasileira
torna-se um risco, hoje o imbróglio cambial talvez seja o principal desafio
que a economia brasileira terá que enfrentar.

21/10/2010

William Nozaki é mestre e doutorando em
Desenvolvimento Econômico (IE- UNICAMP), pesquisador-bolsista do PNPD-IPEA no
programa Arquitetura Financeira Internacional.

Gabriel Rossini é mestre em Desenvolvimento
Econômico (IE-UNICAMP), professor do Departamento de Economia da PUC-SP e do
CCSA-Mackenzie.

*
Os temas abordados neste artigo, entre outros, serão aprofundados nos dias
26, 27 e 28/10,  durante a VIII Semana de Economia da PUC-SP cujo tema
é: Reflexões sobre o atual crescimento econômico brasileiro. Confira a
programação completa abaixo:

Eleições 2010: antes, a tragédia; agora, a farsa


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Eleições
2010: antes, a tragédia; agora, a farsa

 Revista
Espaço Acadêmico
in colaborador(a), política


por FRANCISCO JOSÉ SOARES TEIXEIRA*

Karl
Marx, em 18 de
Brumário
, 1852, livro escrito para explicar o golpe de Estado
dado por Luis Napoleão, sobrinho do velho Napoleão, cita Hegel quando este
afirma que todos os fatos e personagens de grande importância na história do
mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E acrescenta a sua famosa frase: “a
primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”. Herbert Marcuse arremata
para concluir que a repetição de um evento como farsa pode ser ainda mais
terrível do que a tragédia original. É o que aconteceria, caso Serra vencesse
as eleições de 2010.

A
tragédia aconteceu com FHC, quando este institui o Real. Com esse plano, criou
as condições sem as quais o capital não poderia se desenvolver livremente.
Privatizou as empresas estatais; abriu as portas para a corrida e implantação
de faculdades particulares; fez uso de vários expedientes legislativos (Projetos
de Leis em regime de urgência de votação, portarias e normas do Ministério do
Trabalho) para flexibilizar a legislação trabalhista; desindexou a política de
reajuste salarial e, para coroar suas mediadas liberalizantes, criou a Lei de
Responsabilidade Fiscal, um verdadeiro garrote, utilizado para extrair recursos
do Tesouro para o pagamento da dívida pública.

Agora,
vem Serra, figura insossa e pálida, conjurar ansiosamente em seu auxílio o
espectro do governo FHC. Tempera a tragédia que foi aquele governo vestindo
trajes lulista, para afirmar que, se eleito, vai aprofundar o programa social
do presidente operário e fortalecer
o patrimônio do povo brasileiro
. Fortalecer! Que diabo isso
quer dizer? Que não vai privatizar o que sobrou de estatais do governo FHC? Ou
será que fortalecer significa deixar que instituições como o BNDES, BNB,
Petrobras encontrem no mercado as condições de crescimento como assim fizera o
presidente intelectual? Por que Serra não mostra sua cara e diz em alto e bom
som que fortalecer é fazer o que seu “herói” do passado fez, ou seja:
privatizar?

Figura
caricatural, Serra é obrigado a fazer uso de expressões ambíguas e vazias de
conteúdo. E não poderia ser diferente. Ele sabe que não pode mais repetir o
governo do seu consorte de Partido. Afinal, tudo que o mercado exigiu, FHC já o
fez. Por isso, se ganhasse as eleições, seu governo seria uma farsa ainda mais
terrível do que a tragédia que fora aquele governo. É bom lembrar que gato
escaldado tem medo de água fria. O povo brasileiro não vai pagar, nas urnas,
para viver novamente a desgraça do Real. E já ri das bazófias desse fanfarrão
“psdbista”. O eleitor bem que lhe poderia recitar uma frase de uma das fábulas
de Esopo: Hic Rhodos,
hic salta!
Tal como o atleta alardeador de Esopo, que vivia a
invocar testemunhas de que havia realizado, em Rodes, um salto prodigioso que
sua constituição física por si já o desmentia, Serra também não pode provar o
que diz que fez e vai fazer. E se pudesse, dessa incumbência está desobrigado.
Seu governo, em São Paulo, é a prova mais eloqüente do que é capaz de promoter
e não cumprir.


*
FRANCISCO JOSÉ SOARES
TEIXEIRA
é Doutor em Educação pela Universidade Federal do
Ceará; é professor adjunto da Universidade Estadual do Ceará, permanente da
Universidade Federal do Ceará e titular da Universidade de Fortaleza (UNIFOR).
Email: acopyara@uol.com.br

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Teresa Coutinho under intercâmbio

 

A
internet é uma rede de máquinas ligadas entre si e a www, conteúdos interactivos
.
Mas que sentido fariam se não houvessem pessoas interessadas nesta
interactividade?

Em
última instância, o
objctivo desta na web é a criação de comunidades
– grupos de
utilizadores que utilizam diversas ferramentas tecnológicas (foruns, chats,
listas de debate, leilões) para partilhar experiências, entre-ajudarem-se, duma
forma pública e imediata e desta forma gerar conteúdo espontâneo.

Por
estarem empenhados em determinadas discussões públicas ou apenas porque gostam
de acompanhar a troca de argumentos, os utilizadores regressam constanttemente
à interactividade.

Estes
grupos têm uma importância fundamental e está em todo o seu interesse colaborar
com estes, de forma a afinar o seu produto final. Afinal a perspectiva de
marketing é essa: auscultar as necessidades do cliente e daí partir para a
criação do produto.

Mas
ao interagir com eles, vai notar que consegue ainda mais, promove o seu produto
ou o seu serviço a um grupo que se auto-segmentou, aumenta a notariedade da sua
marca e visto que acontece numa comunidade, tem um potencial viral para a
maximização destes direitos.

A
interacção com as comunidades, pode ser feita a dois níveis: intervindo
directamente em comunidades já estabelecidas ou criando uma plataforma que
fomente a comunidade no seu próprio site.

Os
grupos de discussão são o género mais puro de comudades.

Existem
três: tipos:


Fóruns;


Listas de discussão;


Newsgroups;

Aprenda a gerar um
rendimento de 6 digítos ao ano com internet marketing

 

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Como a internet ajudou na campanha dos presidenciáveis?


 
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Como a internet ajudou na campanha dos presidenciáveis?

Internet mudou modo de fazer campanha 

Nos quatro dias anteriores as eleições, o Twitter chegou a gerar mais de 20 mil mensagens por hora com menções aos quatro principais candidatos.

Por Layse Ventura

O primeiro turno das eleições deste ano gerou um novo tipo de eleitor: o digital. Eles produziram conteúdo, reproduziram, interagiram e mobilizaram usuários em diversas mídias sociais, principalmente no Twitter.

Para entender a amplitude das eleições na esfera digital, a FSB PR Digital pesquisou o comportamento dos quatro principais candidatos nas mídias sociais, os pontos positivos e negativos de suas abordagens e as interações entre os presidenciáveis e os eleitores.

Mobilização e engajamento

O ponto de partida para analisar a campanha eleitoral nas redes sociais foi buscar como os candidatos usaram a mobilização e o engajamento a seu favor.

A mobilização indica o quanto os partidos conseguiram fazer as pessoas participarem de suas iniciativas estruturadas. No geral, não houve grande adesão do cidadão comum. As estratégias da Marina, no entanto, tiveram 58% de participação espontânea, contra os 22% de Serra e os 20% de Dilma.

Já o engajamento diz respeito a intensidade com que as pessoas se envolveram na campanha de determinado candidato de maneira constante e regular. Na maioria dos casos, foi uma manifestação incentivada pela militância dos partidos ou por usuários influenciadores. Novamente, Marina liderou as declarações de engajamento espontâneas na web, com 39%, enquanto Serra teve 31% e Dilma 30%.

Twitter

Com 9 milhões de usuários, o Twitter foi responsável por vasta produção de conteúdo interativo. Entre os dias 1° de agosto e 4 de outubro, a equipe analisou 9.384 menções em ambientes de blogs e nas redes sociais Orkut, YouTube e Twitter.

Apenas entre os dias 30 de setembro, quando foi realizado o debate da Globo, e o dia da votação do primeiro turno em 3 de outubro, foram gerados mais de 20 mil mensagens por hora com citações aos quatro principais candidatos no Twitter.

Os três temas que mais ganharam destaque na rede foram religiosidade, onda verde e corrupção.

Influenciadores

Os usuários com alto poder de multiplicar conteúdo são chamados influenciadores. Entre os 22 analisados pela pesquisa, destacam-se nomes como o de Noblat, Luis Nassif, Paulo Henrique Amorim, Maria Fro, Cláudio Humberto e Ancelmo.

Destes influenciadores, 36% tiveram impacto ‘alto/muito alto’ na propagação da campanha. A maior parte deles (54%) demonstraram abordagens mais neutras. Entre os analisados, 23% publicaram informação favorável a Dilma e outros 23% ao Serra.

No caso especifico de Marina, não houve um influenciador que assumisse o papel de propagador de sua agenda positiva, mas houve um entre os analisados que assumiu a tentativa de conter o avanço da candidata, veiculando posts negativos sobre ela.

Pontos positivos e negativos das campanhas

A campanha virtual de Marina Silva foi a que teve maior mobilização. No período, os tuites citando a candidata foram exibidos mais de 79 milhões de vezes. As mensagens alcançaram 6,7 milhões de pessoas através de 150 mil tuites produzidos por 12 mil pessoas.

A candidata adotou um tom positivo em sua campanha e soube inovar realizando ações como o tuitaço e a arrecadação online. O ponto fraco foi que Marina não teve nenhuma participação na produção de conteúdo em seus perfis “pessoais” no Twitter e no blog.

O segundo candidato mais visualizado foi José Serra, com mais de 40 milhões de impressões e 5,6 milhões de pessoas atingidas. No período, foram produzidos 52 mil tuites por 31 mil tuiteiros.

O ponto forte da campanha digital de Serra foi que o Twitter do candidato era alimentado por ele próprio. A militância, no entanto, não era suficientemente organizada para manter a agenda positiva do candidato circulando na rede.

Apesar de ser a candidata com menos exibições, a campanha virtual de Dilma Rousseff foi a melhor estruturada, de acordo com a pesquisa. Através da organização de uma rede de blogs, ela conseguiu ter uma disseminação centralizada e intensa de conteúdos. Porém, o tom oficial e pouco pessoal afastou o público geral.

Ao todo, o nome de Dilma foi citado mais de 19 milhões de vezes e as mensagens alcançaram 3,8 milhões de pessoas através de 23 mil tuites escritos por 12 mil pessoas.

Surpresa virtual

Apesar de ter conseguido apenas 0,87% dos votos no primeiro turno, o candidato Plínio de Arruda Sampaio foi o primeiro a mostrar como a internet tem um grande poder de multiplicação, segundo a pesquisa.

Após agir com reverência e bom humor no debate da Band, o candidato chegou a ser um dos dez assuntos mais comentados do Twitter no mundo.

Plinio conseguiu criar boas frases de efeito nas mensagens de 140 caracteres do Twitter e fez uso da Twitcam nos debates televisivos em que não participou. O candidato, no entanto, ampliou muito o humor, o que deixou sua imagem vulnerável a piadas.

Leia mais:

Internet e redes sociais são aliadas em campanha

Política e internet: Banda larga, eleições discadas

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Paradoxos da democracia


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Paradoxos da democracia 

por
Antonio Ozaí da Silva
em política

Os
políticos não estão nem aí com a quantidade dos votos em branco (e nulos), já
que serão eleitos com base nos votos válidos, independente do total. Porém, a
insistência em convencer o cidadão a votar revela a preocupação com a
legitimação do processo eleitoral. Não se advoga aqui soluções autoritárias,
até porque as eleições, ainda que limitada, é uma conquista das lutas pela
democratização do país. No entanto, é preciso democratizar a democracia, isto
é, ir além da esfera eleitoral. Mesmo neste âmbito, faz-se necessário uma
reforma política que confira real poder aos eleitores, reduzidos na atualidade
a legitimar o domínio dos políticos.

A
democracia eleitoral se restringe a periodicamente escolhermos os que irão nos
governar. Eis a nossa liberdade! A abstenção, os votos brancos e nulos também
expressam a crítica ao sistema político e é um alerta aos políticos em geral
quanto à sua legitimidade e a fragilidade da democracia. A não obrigatoriedade
dos votos imporia uma dificuldade aos políticos profissionais: ter de convencer
os eleitores de que vale a pena participar do processo. Não pode ser
essencialmente democrático um procedimento que, a despeito de toda propaganda e
da pressão pela participação, reduz o eleitor à opção de referendar os
candidatos escolhidos pelos caciques e profissionais da política e a
periodicamente legitimá-los em sua ânsia de permanecerem no poder. Nestas
circunstâncias, qual é o poder real do eleitor?

Em
nossa época, a política tende a ser pensada apenas em termos institucionais,
isto é, vinculada às instituições do Estado. Nesta perspectiva, a ação política
é reconhecida apenas quando direcionada ao Estado. A democracia representativa,
por sua vez, constitui-se na forma privilegiada de intermediação entre os
cidadãos e o Estado. Claro, no Estado de Direito. Fora da política partidária e
do sistema eleitoral parece não haver a possibilidade da ação política. A
cidadania termina por restringir-se ao direito individual do voto – igualdade
jurídica – e a política torna-se a atividade por excelência do especialista, o
profissional da política, o político.

Aos
representados resta a opção de escolher entre os políticos que se apresentam
como seus representantes. Formalmente há a possibilidade de aderir a um partido
político e, em seu interior, ser escolhido para ser candidato. De fato, porém a
classe política pouco se renova. Usando uma expressão cara ao leninismo, diria
que a democracia representativa, fundamentada na competição entre os partidos
para conquistar os eleitores, termina por formar quadros. São estes que controlam a máquina
partidária e, portanto, os que têm mais chance de ocupar os postos do Estado –
seja como políticos eleitos ou enquanto burocratas indicados para cargos
chaves. Assim, o sistema político retroalimenta-se.

Parece
não haver alternativas, mas há. A ação política também se manifesta para além
da política institucional, ou seja, da política partidária. Contudo, esta
também é tencionada no sentido da sua institucionalização na medida em que suas
demandas têm o Estado como referência. Há a tendência à cooptação das
lideranças e movimentos sociais, originalmente extra-institucionais e até
contra o Estado. Paradoxalmente, o processo de fragilização de determinados
movimentos sociais, e até mesmo sua ‘morte’, pode ser o resultado da conquista
das suas reivindicações, na medida em que se perde a sua razão de existir.
Devemos considerar, ainda, os casos dos partidos que nascem revolucionários,
contra o Estado qualificado de “burguês”, mas que terminam por se adaptarem a
este. A social-democracia européia é um exemplo clássico.

Quem ganha com a “guerra cambial”, e a panaceia Keynesiana


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Economia
 

Quem ganha com a “guerra cambial”, e a panaceia Keynesiana

Se a desvalorização da moeda fosse solução para alguma coisa, então o Zimbábue seria a nova potência mundial.

Por Rodrigo Constantino

Era uma vez o tempo em que uma moeda forte era considerada algo positivo, indicando a solidez da economia. No mundo keynesiano em que vivemos, onde austeridade fiscal virou palavrão, tudo isso mudou. A saída “milagrosa” para todos os problemas agora é desvalorizar a moeda.

Por trás dessa receita, pregada por tantos “gurus” que falharam em prever a crise recente, jaz certo ranço mercantilista: a ideiade que exportar é saudável, mas importar é indesejável para uma nação. Basta refletir um pouco mais sobre a ideia para enxergar seu absurdo. Se isso fosse verdade, então seria verdade para cadaestado da nação também, e o saldo comercial teria que ser positivo para todos. A conta não fecha!

A verdade é que os governos não querem fazer as reformas necessárias que aumentariam a competitividade de suas economias. Flexibilizar leis trabalhistas, reduzir gastos públicos e impostos, reformar a previdência, enfim, medidas “impopulares” num primeiro momento, mas que colocariam suas economias numa trajetória sustentávelde crescimento.

Os atalhos para ganhos de produtividade costumam acabar mal, assim como os atalhos para emagrecer: a receita saudável é fechar a boca e fazer exercícios. Mas existem aqueles que preferem apelar para caminhos alternativos, mais fáceis e com resultado imediato. Sabemos como acabam.

O mesmo se passa com a “guerra cambial”, uma batalha em que “vence” o mais fraco, e não o mais forte. Aquele que conseguir prejudicar mais a credibilidade de sua moeda canta a vitória. Ninguém quer encarar a ressaca necessária para ajustar o organismo após o estouro da bolhade crédito. Preferem “curar” a ressaca com mais liquidez, mantendo o clima de euforia artificial. Se o veneno foi o excesso de liquidez e crédito, então vamos injetar mais veneno ainda!

Claro que não vai dar certo. Se a desvalorização da moeda fosse solução para alguma coisa, então o Zimbábue seria a nova potência mundial. Estão apenas empurrando o problema com a barriga, jogando para frente os ajustes necessários, que também serão mais dolorosos. Após rodadasde trilhões de dólares não surtirem o efeito desejado, esperam que mais estímulos ainda resolvam os problemas estruturais. Trata-sede uma doce ilusão.

Mas há um detalhe: o “timing” para os novos problemas criados pelos estímulos é bastante incerto. Teoria alguma pode fornecer uma previsão acuradade algo dessa natureza. Acertar o rumo dos eventos e errar o momento pode ser fatal. Eis o que torna o mercado financeiro tão fascinante. Os “profetas” muitas vezes acertam a trajetória de longo prazo, mas não conseguem ganhar dinheiro com sua previsão, pois são aniquilados no processo. É mais fácil falardo que fazer.

A montanha de dinheiro criada do nada pelos bancos centrais precisa ir para algum ativo. Até agora, os títulos do governo americano têm atraído a maior parcela desse dinheiro, mesmo rendendo ao investidor apenas 2,5% ao ano para os próximos 10 anos.

Mas à medida que os investidores notem que os governos não vão pararde inflar suas moedas, a inflação passa a ser um fator maior de preocupação. O dinheiro começa a arder parado nas mãos. É nesse momento que novas bolhas são criadas.

Existem dois claros candidatos a bolhas: o ouro e os mercados emergentes. O ouro disparou, e já vale mais de US$ 1.300 a onça. Há apenas cinco anos ele valia menos de US$ 500. Será que já estamos vendo uma bolha na “relíquia bárbara”? Difícil saber.  Mas enquanto todos os principais governos tentarem bater em suas moedas, expandindo sua ofertade forma descontrolada, parece natural que o metal, com oferta limitada pela natureza, torne-se um alvo daqueles que desejam preservar seu poderde compra.

Os mercados emergentes são outro claro candidato para uma bolha. Com a alta das commodities, puxada pela desvalorizaçãodo dólar, e com o crescimento chinês, esses mercados representam um refúgio natural para investidores que desejam algum retorno positivo. O governo brasileiro chegou a aumentar o IOF para a entradade capital estrangeiro, justamente preocupado com isso. Mas quando vem a boiada, medidas paliativas são ineficazes. O dólar já vale menosde R$ 1,70 e o Ibovespa já passou da barreira dos 70 mil pontos.

A onda pode continuar por algum tempo. Há dinheiro demais sendo jogado nos mercados. Mas todo cuidado é pouco na horade surfar tal onda. Ela é artificial e insustentável. Bolhas inevitavelmente estouram. Não será diferente desta vez, ainda que possa levar um bom tempo para isso.

Artigo publicado no site do Instituto Millenium

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Google testa carro que dispensa motorista


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Inteligência artificial

Google
testa carro que dispensa motorista

Os
carros automatizados da Google já percorreram ao todo 225.302 quilômetros

A
Google anunciou neste fim de semana que está desenvolvendo carros com
inteligência artificial. Na prática, isso significa que o automóvel poderá ser
controlado automaticamente, sem a presença de um motorista.

Um
engenheiro da Google afirmou em um blog da empresa que a meta “é ajudar na
prevenção de acidentes de trânsito, dar mais tempo às pessoas e reduzir as
emissões de gás carbônico ao mudar de forma fundamental o uso do carro”.

O
engenheiro Sebastian Thrun disse ainda que os carros automatizados da Google já
percorreram ao todo 225.302 quilômetros na Califórnia supervisionados por
operadores humanos treinados. “Pensamos que é algo inédito no desenvolvimento
da robótica”, afirmou.

Carro automatizado da Google (Fonte: AFP)

Os
carros que estão sendo testados pela Google são equipados com câmeras de vídeo
e mapas detalhados, além de sensores de radar e medidores de laser para
observar o trânsito. Thrun ressaltou que os carros sempre foram testados com um
motorista treinado a bordo para o caso de algum imprevisto.

Leia
mais:

O
futuro da robótica

Carro-robô
que diminui chances de acidentes é desenvolvido na Austrália

Fontes: AFP – Google desenvolve automóveis com inteligência artificial

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