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Arquivo mensal: maio 2010

4ªConferência Nacional de Ciência Tecnologia e Inovação


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CONGRESSO CIENTÍFICO

Hélio Araújo Silva

Nesta
semana, aconteceu no Brasil a 4ªConferência Nacional de Ciência Tecnologia e
Inovação. Apesar da importância de um evento deste tipo, eu não vi nenhuma das
TV comerciais brasileiras em sua cobertura.

Numa breve síntese, o evento envolveu um grupo bastante
diversificado de cientistas brasileiros, sem falar na presença do Presidente da
República, ministros e de autoridades representativas de vários setores da
sociedade.

Faltaram,
inclusive press releases e outras
ferramentas que a imprensa tanto valoriza. Eu, particularmente, acho que faltou
um pouco mais de conhecimento científico por parte de nossa própria imprensa,
que, se não me falha a memória, teria a função social como uma de suas funções
históricas. Ou, quem sabe? Não seria o velho ditado de que Santo de Casa não
faz milagres?…

Neste
sentido, é de se estranhar que, logo em seguida, a Agência da Internet “Opinião
e Notícia” transmitiu a informação sobre a realização na
Royal
Society of Medicine
, em Londres, da “Celebração do DHA” (esta materia, por
força da política deste
HÉLIO’S BLOG, de fazer  divulgação científica com base em princípios
de relevância e seriedade, publica na íntegra).

Parece
que história científica do Brasil não merece matérias de primeira página,
reforçando o desconhecimento, por parte da comunidade científica internacional,
dos trabalhos e esforços de nossos próprios cientistas (o que fez, com que no
passado recente, alguns pesquisadores brasileiros, como Carlos Chagas e César
Lattes,  fossem preteridos na indicação
do Prêmio Nobel por uma “política suja”). A falta de sensibilidade e de
conhecimento teórico e técnico de nossa imprensa, portanto, faz com que erros
e/ou distorções deste tipo continuem acontecendo rotineiramente em nosso país.
Neste sentido, não basta o Estado brasileiro desenhar políticas públicas
voltadas para o fortalecimento da ciência, da tecnologia e da inovação em nosso
país. Falta coragem e responsabilidade cívica de nossa imprensa, tão preocupada
na divulgação de fatos sensacionalistas e que fluem como mercadoria em nosso
cotidiano. Se considerarmos os grandes desafios que um país como o nosso ainda
têm pela frente, no sentido de construir uma sociedade mais justa e
igualitária, teremos a exata dimensão que uma falta deste tipo pode fazer para
a consolidação do processo de educação do povo brasileiro e da difusão de uma
cultura verdadeiramente democrática (lembrar que, no bojo de uma sociedade
plenamente democrática, a imprensa deve assumir a co-autoria do processo de
educação informal de toda a sociedade) …

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CONGRESSO CIENTÍFICO Dietas podem gerar variações cerebrais


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CONGRESSO CIENTÍFICO

Dietas
podem gerar variações cerebrais

Modificações na dieta moderna
explicam o crescimento de males

Foi realizada na Royal
Society of Medicine, em Londres, a “Celebração do DHA”. Mais que um festival, o
evento foi um congresso científico. Nos dias 26 e 27 de maio, foram discutidas
as muitas virtudes do ácido docosahexaenóico – o mais importante dos complementos
alimentares que estão na moda, os ácidos graxos ômega-3.

DHA é um componente do
cérebro, particularmente encontrado nas sinapses encontrados entre as células
nervosas. Mas o fato de o elemento estar sendo substituído pelo ômega-6 nas
dietas modernas causa preocupação em especialistas.

Pesquisadores afirmam
que as mudanças explicam o aumento nos últimos tempos de depressão, perda de
memória, esquizofrenia e transtorno de déficit de atenção. A variação pode ser
responsável também pelo crescimento dos níveis de obesidade e, portanto, de
doenças cardíacas ocasionadas pelo excesso de peso.

Leia mais:

Anemia e
gestação podem representar combinação fatal

Empresas
de cigarros visam mulheres

Fontes: Economist – Fish and no chips

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Países ricos priorizam ajuda à África


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AUXÍLIO

Países
ricos priorizam ajuda à África

G7 cumpriu apenas 44% da meta de 2010

Em 2005, o G7 se reuniu em Gleneagles, na Escócia,
e se comprometeu a aumentar a ajuda para a África Subsaariana. No entanto, até
o fim do ano passado, apenas 44% da meta de 2010 foi alcançada, de acordo com o
ONE, um grupo de lobby com sede em Londres. Alguns países estão cumprindo seus
objetivos, como Canadá e Estados Unidos, porque fixaram metas baixas.

O foco na ajuda pode diminuir grandes questões,
como o comércio ou a migração. China e outras economias emergentes também estão
no auxílio ao continente africano, apesar de não divulgarem os valores.

Mesmo assim, de acordo com a Economist,
o não-cumprimento é vergonhoso.

(Pão e Circo…)

Leia mais:

Islã, Cristianismo e a África

África cresce mais depressa do que o esperado

Continente africano tem a pior infraestrutura do mundo

Fontes: Economist – Commitment phobia

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TURISMO OU NEGÓCIOS Visto de 10 anos para os EUA


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TURISMO
OU NEGÓCIOS

Visto de 10 anos para os EUA

Novo prazo de validade só vale para os
pedidos que forem feitos a partir desta sexta, 28

A partir
desta sexta-feira, 28, os vistos solicitados por brasileiros junto aos
consulados dos EUA, bem como aqueles solicitados por norte-americanos em
representações diplomáticas do Brasil, terão a validade duplicada de cinco para
dez anos.

O prazo de
validade dos vistos norte-americanos era de dez anos até o ano 2000, quando os
EUA o reduziram para cinco anos como medida de reciprocidade diplomática, tendo
em vista que o Brasil não dava vistos com mais de cinco anos de validade para
norte-americanos.

Outras novidades

Em fevereiro
deste ano, no entanto, o Senado brasileiro aprovou um acordo para estender
reciprocamente a validade dos vistos
. O novo prazo de validade só
vale para os pedidos de vistos que forem feitos a partir desta sexta. Os vistos
solicitados antes serão emitidos com validade de cinco anos.

Além da
prorrogação, os consulados norte-americanos não cobrarão mais as taxas extras
para a emissão de vistos específicos para viagens de negócios, de estudantes,
de intercâmbio e para professores visitantes, e a partir de agora quem pedir um
visto de turismo também receberá um de negócios, exigido, por exemplo, para
participações em congressos e reuniões.

Leia mais:

A onda do turismo médico

Imigrantes nos EUA conseguem melhorias

Fontes: Zero Hora – Visto para os EUA é
ampliado para 10 anos

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Direito ao Visto, Direito à Visibilidade


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Direito
ao Visto, Direito à Visibilidade

Por Revista Consciência.Net


O fato das migrações constituírem, hoje, uma questão central na maioria das
ciências sociais e humanas é revelador quanto à sua importância no cenário
político, econômico e social contemporâneo. E não por menos. São mais de 200
milhões de migrantes no mundo. Uma população maior de que todo o Brasil. 20
vezes a população de Portugal. Só no Brasil são quase 1 milhão e meio de
migrantes regulares (a população do Recife) e mais de meio milhão de
indocumentados (mais de que a população de Florianópolis). No total, o número
de migrantes residentes em nosso país gira em torno de 2 milhões. O equivalente
à população do estado de Sergipe.

Ou seja, uns 1% da população brasileira – considerando a dinâmica contínua
de naturalização de residentes regulares. Ou, ainda, mais ou menos o mesmo
número de brasileiros residentes (legal ou ilegalmente) no exterior –
estimativas incertas que oscilam entre 2 e 3 milhões de pessoas! Em todo caso,
são números bastante modestos se considerarmos que os Estados-Unidos recebem
quase 2 milhões de imigrantes por ano e que o número de indocumentados naquele
país gira em torno de 12 milhões. Nossos vizinhos argentinos, com uma população
de 36 a
37 milhões de habitantes, contam com um contingente de um milhão e meio de
imigrantes.

Porém, se a mídia e/ou a opinião pública se mostram bastante sensíveis ao
destino de nossos compatriotas em terras estrangeiras – beirando muitas vezes a
comoção nacional quando se assiste a episódios esporádicos de expulsões
injustificadas ou situações constrangedoras onde, com certeza, são reveladas
atitudes preconceituosas e mentalidades racistas (da Europa e América do
Norte), há de concordar que o sentimento geral desses mesmos brasileiros para
com o devir de homens e mulheres, trabalhadores e trabalhadoras, sujeitos em
busca de oportunidades de sucesso, ascensão social ou, simplesmente, de
sobrevivência, é na maioria das vezes de indiferença quase total. Lembremos,
por exemplo, que na mesma época que o governo brasileiro reagia veementemente à
proibição de entrada de brasileiros na Espanha, mais de 50 bolivianos eram
barrados na fronteira brasileira!

O histórico brasileiro e o discurso social que veicula a este respeito, por
exemplo, é bastante peculiar. Primeiro, ao contrário de que se imagina, não há
excesso populacional no Brasil. A título de comparação, os Estados-Unidos com um
território de um pouco mais de 9 milhões de quilômetros quadrados, contam com
uma população de mais de 300 milhões de habitantes. Enquanto o Brasil, com seus
8 milhões e meio de quilômetros quadrados não chega a 200 milhões de
habitantes. Ou seja, em termos proporcionais, Brasil teria um evidente déficit
populacional – mais flagrante ainda se considerarmos a tendência ao
envelhecimento populacional e a cada vez mais baixa taxa de natalidade. Dito de
outra maneira, a emigração (para cá) constitui uma solução e não um problema –
um motivo de alívio e não de preocupação.

Porém, ao contrário de muitos outros países comparáveis ao nosso, o Brasil
nunca se dotou de algumaestrutura séria de imigração. Fora o conhecido episódio
de imigração européia e (em menor grau) asiática (mais um reflexo racista do
desejo de embranquecimento da população de que alguma atitude racional de
gestão populacional), o Brasil sempre foi dominado por uma mentalidade de
panelinha, onde as oligarquias simplesmente se recusavam e se recusam a dividir
o pedaço (latifúndio rural ou monopólio comercial e industrial urbano) com os
recém chegados ou com os subalternos em geral.

No episódio da imigração do início do século XX, por exemplo, a emigração
semita (de árabes e judeus) era combatida (tanto na imprensa como no
parlamento) por não ser produtiva (rural camponesa – substituta da ordem
escravatória), mas sim comercial e urbana (que, segundo a lógica oligárquica da
época, só se aproveitava do fruto de trabalho e da boa fé dos cidadãos brasileiros).
Não é surpresa, portanto que, até hoje, ao contrário dos Estados-Unidos,
Canadá, Austrália ou até Argentina, não existe no Brasil alguma instância de
imigração.

Parece surreal, mas ao contrário dos países acima citados, não existe
alguma via formal e oficial de solicitação de imigração para o Brasil! Pior
ainda, uma vez aqui (oficialmente enquanto turista), o labirinto burocrático
para a regularização desta situação parece ter sido escrito pelo próprio Kafka.
Apenas caricaturando: Quer uma autorização de trabalho? Precisa do visto
permanente. Quer o visto permanente? Precisa de uma autorização de trabalho?
Círculo vicioso que, infelizmente, muitas vezes leva a alternativas nada
honrosas.

É dentro deste contexto social e político que deve ser apreendida a atual
anistia migratória. Não é apenas uma questão de compaixão, mas sim de justiça
social e de respeito aos direitos humanos mais básicos. E o fato de o Brasil
ser ao mesmo um país emissor e receptor de migrantes nos fornece uma
oportunidade histórica única para experimentar e conferir a solidez de nossa
vocação humanista e humanitária. Temos a obrigação moral e dever ético de
tratar os migrantes aqui estabelecidos do mesmo modo que desejamos que nossos
conterrâneos fossem tratados em outros países. E não reproduzir os mesmos
padrões mentais e sociais injustos e racistas praticados por aqueles mesmos que
se autoproclamam defensores dos direitos humanos e valores da Civilização. Além
do fato que, em termos econômicos, as migrações são comprovadamente um fator de
crescimento e prosperidade e não algum peso social que se agüentar. Por todos
esses motivos só podemos saudar e aplaudir a iniciativa brasileira de fazer
justiça a todos aqueles que aqui vivem, trabalham e inspiram a um mundo melhor.

De fato, a lei da Anistia Migratória brasileira se destaca pela maneira
favorável e em sintonia com o desejo de ampliação e acolhimento ao estrangeiro
que passa a viver no Brasil, distanciando-se de outros contextos onde a
migração pode vir a assumir um caráter de contravenção ou criminalidade. O
objetivo da regularização foi trazer para a legalidade e garantir cidadania
para os migrantes, que passam a ter direito, por exemplo, aos documentos de
identidade e habilitação, carteira de trabalho, saúde pública e educação gratuita.

A anistia concedida aos migrantes pelo governo coloca o Brasil numa posição
de vanguarda e converge, inclusive, para com as conclusões publicadas no
Relatório de Desenvolvimento Humano 2009 do PNUD (Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento), que se destinou a desmontar vários mitos sobre a
presença de migrantes, e enfatiza a necessidade de os governos perceberem as
vantagens dos trabalhadores vindos de fora, especialmente em um momento de
crise econômica e desemprego.

Esta é a quarta vez que o Brasil concede o benefício a estrangeiros que já
moram no país – houve anistias em 1980, 1988 e na última, em 1998, quase 40 mil
pessoas foram legalizadas. No entanto, a disposição de regularizar os
estrangeiros que chegaram ao Brasil até fevereiro de 2009 não garante a solução
dos problemas enfrentados pelos migrantes. Há outros obstáculos de ordem
documental (a necessidade de comprovar a entrada antes da data estabelecida),
econômica (a dificuldade de pagar as exigidas para a regularização), de (falta
de) informação e outras.

Aliás, não se deve esquecer que a regularização em questão é apenas
temporária e não definitiva. A obtenção do visto de residência permanente é
condicionada ao estatuto profissional do candidato. Ora, a atual realidade do
mercado de trabalho não é exatamente marcada pela formalidade e a carteira
assinada; principalmente dentre os migrantes mais vulneráveis, geralmente
concentrados no comércio ambulante e informal. O que, infelizmente, só reforça
a sensação de que a legalização definitiva não passa de uma miragem no caminho
de dezenas de milhares de trabalhadores indocumentados. A mobilização,
portanto, não deve ser pontual e se limitar ao objetivo imediato de
regularização dos migrantes aqui estabelecidos, mas sim almejar uma maior informação
e sensibilização de toda a sociedade em torno desta causa nobre e legítima.

PET/LACOSA (Programa de
Educação Tutorial e Laboratório de Comunicação Social Aplicada), ao organizar
este II Fórum de Imigração, aposta, justamente, na importância de reunir no
mesmo os três segmentos sociais que fomentam o debate em torna da questão
migratória: a parte institucional (Legislativo, ministério da Justiça, Polícia
Federal, etc..), a parte associativa (representantes dos imigrantes e
organizações que trabalham junto a eles) e a parte acadêmica (pesquisadores e
estudiosos da problemática).

PET/LACOSA já tem a seu ativo a organização do I Fórum de Imigração do Rio de Janeiro e
Observatório de Acompanhamento e Análise da Mídia Étnica
das Comunidades de Imigrantes estabelecidas no Brasil
. Atualmente o
Laboratório investiga o Papel da Mídia Comunitária Étnica Nacional na
Consolidação da Identidade Transnacional dos Grupos Imigrantes no Estado do Rio
de Janeiro.

Os organizadores

 

Humanidade não pode salvar o planeta, afirma criador da Teoria de Gaia


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Humanidade não pode salvar
o planeta, 

afirma criador da

Teoria de Gaia

James Ephraim
Lovelock

 

Teoria de Gaia, também conhecida como Hipótese de
Gaia, é uma tese que afirma que o planeta Terra é um ser vivo. De acordo com
esta teoria, nosso planeta possui a capacidade de auto-sustentação, ou seja é
capaz de gerar, manter e alterar suas condições ambientais.

 

Mudar os hábitos para tentar salvar o planeta é "uma bobagem",
na opinião de um dos mais conceituados especialistas em meio ambiente no mundo,
o britânico James Lovelock, para quem a Terra, se for salva, será salva por ela
mesma.

"Tentar salvar o planeta é bobagem, porque não podemos fazer
isso. Se for salva, a Terra vai se salvar sozinha, que é o que sempre fez. A
coisa mais sensível a se fazer é aproveitar a vida enquanto podemos",
afirmou Lovelock em entrevista à BBC.

O cientista de 90 anos é autor da Teoria de Gaia, que considera o
planeta como um superorganismo, no qual todas as reações químicas, físicas e
biológicas estão interligadas e não podem ser analisadas separadamente.

Considerado um dos "mentores" do movimento ambientalista
em todo o mundo a partir dos anos 1970, Lovelock é também autor de ideias polêmicas
como a defesa do uso da energia nuclear como forma de restringir as emissões de
carbono na atmosfera e combater as mudanças climáticas.

 

Gatilho

Para Lovelock, a humanidade não "decidiu aquecer o mundo
deliberadamente", mas "puxou o gatilho", inadvertidamente, ao
desenvolver sua civilização da maneira como conhecemos hoje.

"Com isso, colocamos as coisas em movimento", diz ele,
acrescentando que as reações que ocorrem na Terra em consequência do
aquecimento, entre elas a liberação de gases como dióxido de carbono e metano,
são mais poderosas para produzir ainda mais aquecimento do que as próprias
ações humanas.

Segundo ele, no entanto, o comportamento do clima é mais
imprevisível do que pensamos e não segue necessariamente os modelos de previsão
formulados pelos cientistas.

"O mundo não muda seu clima convenientemente de acordo com os
modelos de previsões. Ele muda em saltos, como vemos. Não houve aumento das
temperaturas em nenhum momento neste século. E tivemos agora um dos invernos
mais frios em muito tempo em todo o hemisfério norte", diz Lovelock.

 

Energias renováveis

Durante a entrevista à BBC, o cientista britânico afirmou ainda
não ver sentido na busca de alguns hábitos de consumo diferentes ou no
desenvolvimento de energias renováveis como forma de conter as mudanças
climáticas.

"Comprar um carro que consome muita gasolina não é bom porque
custa muito dinheiro para manter, mas essa motivação é provavelmente mais
sensata do que a de tentar salvar o planeta, que é uma bobagem", diz.

Para Lovelock, a busca por formas de energia renováveis é
"uma mistura de ideologia e negócios", mas sem "uma boa
engenharia prática por trás".

"A Europa tem essas enormes exigências sobre energias
renováveis e subsídios para energia renovável. É um bom negócio, e não vai ser
fácil parar com isso, mas não funciona de verdade", afirma.

Fonte: MSN Verde/BBC Brasil – Todos os direitos reservados.

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Instituto Pitanguy quer usar células-tronco para estética


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CIÊNCIA

Instituto Pitanguy quer usar células-tronco para
estética

Por Carla Delecrode e Vivian Vasconcellos

As células-tronco trouxeram a esperança de cura
para doenças degenerativas. Agora, a expectativa é de que elas também iniciem
uma nova era no mercado da estética. A novidade é o uso dessas células no campo
da cirurgia plástica. O Instituto Ivo Pitanguy, no Rio de Janeiro, realiza um
estudo pioneiro no Brasil, que logo deve entrar em fase de teste.

A nova técnica utiliza células-tronco adultas, que
são removidas do próprio paciente, por meio de uma lipoaspiração. Em seguida,
elas são injetadas no rosto do paciente para promover o rejuvenescimento
facial. O resultado é permanente, natural e com risco mínimo de rejeição,
segundo a coordenadora da pesquisa e integrante da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Plástica (SBCP), Natale Gontijo de Amorim.

“Se conseguirmos dominar as células-tronco,
poderemos fazer tecidos a partir das células do próprio paciente, sem problema
de rejeição”, afirma Natale. Outra vantagem que a médica aponta é a rapidez do
procedimento, que poderá ser feito em 30 minutos.

Reconstituição de tecidos e outras vantagens

Além do investimento em estética, a pesquisadora
contou ainda que, com o avanço de pesquisas mundiais, futuramente haverá a
possibilidade de as células-tronco serem usadas para fins de reconstituição de
tecidos.

“A longo prazo será possível a reconstituição de
um seio totalmente removido (mastectomia) – o que pode ocorrer em tratamentos
de câncer de mama –, a renovação da pele de vítimas de queimaduras, assim como
a reposição de órgãos que tenham sido bastante danificados, por doença ou
acidente”, diz.

Isabelle Dinoire depois
de transplante parcial de face e sua aparência atual

Para casos como o da francesa Isabelle Dinoire,
que teve o rosto desfigurado após ataque de um cão e realizou o primeiro
transplante parcial de face do mundo, em 2005, as expectativas são ainda
melhores.

“No futuro, em casos como o da paciente francesa,
seremos capazes de ‘reproduzir’ o rosto do paciente, refazê-lo como era antes
do acidente.”

Ética x religião

A pesquisadora esclarece que o estudo envolve
células-tronco adultas, o que, portanto, não implica na discussão de questões
éticas e religiosas, como ocorre no caso daquelas extraídas de embriões.

“Esse tipo de célula também não apresenta risco de
efeitos colaterais, como a ocorrência de tumor – o que geralmente ocorre com
procedimentos envolvendo células-tronco embrionárias”, afirma.

Confira na próxima página o passo a passo da
pesquisa Instituto Ivo Pitanguy e o que dizem as recentes pesquisas sobre
células-tronco.

Páginas:
1
 2

Escrito por: Vivian Vasconcellos e Carla
Delecrode

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Lei do petróleo foi mudada para pior


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Esquema de um poço de petróleo 

Lei do petróleo foi mudada
para pior

PETRÓLEO – ELES ESTÃO MUDOS

Por Emanuel Cancella

Os partidos políticos, as centrais sindicais, os
movimentos sociais e a mídia precisam se manifestar e se posicionar para
garantir que a riqueza obtida com a exploração do petróleo na camada do pré-sal
fique, de fato, no Brasil. A omissão agora, no momento em que está tramitando
no Senado o marco regulatório, é crime. Vale registrar que a nova lei do Lula
já foi totalmente modificada no Congresso Nacional e, por sinal, para pior,
muito pior.

As emendas apresentadas são extremamente nocivas. A
pergunta que se faz hoje é: você quer entregar o petróleo para quem, para as
multinacionais ou quer fazer com que o Brasil enriqueça com a sua exploração?
Não existe um terceiro lado. Chegou a hora de marcar posição e ir para as ruas.
Muita gente só tem olhos para a eleição, principalmente a disputa pela
presidência.

É verdade que alguns partidos, centrais e movimentos
sociais apoiaram o projeto dos movimentos sociais, que propõe uma Petrobrás
100% estatal e pública, a volta do monopólio, o fim dos leilões da ANP e a revisão
dos já realizados. Isso é um avanço, mas é pouco frente aos interesses de
grupos internacionais, representados no Brasil por políticos entreguistas.

Há pouco tempo, o governador Sérgio Cabral puxou um
movimento em defesa dos royalties chamado “Covardia contra o RIO” e que
movimentou o Rio e o Brasil, tendo repercutido até no Congresso Nacional.

Foi uma resposta à emenda do deputado gaúcho Ibsen
Pinheiro, que propôs distribuir os royalties para todos os estados e municípios
brasileiros, discriminando, porém, os estados e municípios produtores.

Agora, que a ameaça é a dos gringos levarem o nosso
petróleo, ninguém fala nada! Nós, da Campanha
o Petróleo Tem que Ser nosso!
 achamos
que eleição é muito importante, porque vai decidir o destino do país nos próximos
quatro anos. Mas sabemos que tratar do tema petróleo hoje significa discutir o
Brasil para os próximos cinqüenta anos.

Já podemos imaginar o Brasil sanando todos os nossos
problemas sociais, principalmente os da nossa população pobre, acabando com a
miséria de nosso povo sem que para isso seja necessário pedir um centavo
emprestado a organismos financeiros internacionais. Tudo com dinheiro do
petróleo, principalmente do pré-sal. Aliás, os políticos dizem defender
prioritariamente os mais necessitados, parafraseando Jesus Cristo, que fez, de
fato, a opção pelos pobres.

Lula representa como ninguém o Brasil lá fora, mas quando
chega a hora de defender nossos próprios interesses, a história é outra. No
marco regulatório do petróleo, por exemplo, apesar de superar a lei entreguista
de FHC, o governo só garante aos brasileiros 30% das reservas do pré-sal. Os
outros 70% vão ser abocanhados, melhor dizendo, surrupiados pelas
multinacionais.

Como diz o ator Paulo Betti em nosso filme da campanha do
petróleo: “achamos um tesouro em nosso quintal e vamos entregar…” Acreditamos
que a sociedade vá se levantar contra esse entreguismo. Isso porque, na década
de 50, quando não existia televisão, internet e nem havia certeza da existência
de petróleo no Brasil, o povo foi às ruas e organizou o maior movimento cívico
que esse país já vivenciou.

O movimento “O petróleo é nosso!” foi responsável pela
criação da Petrobrás e estabeleceu o monopólio estatal do petróleo. A Petrobrás
fez a sua parte. Entre tantos êxitos desenvolveu tecnologia inexistente no
mundo e descobriu o pré-sal. Será que toda essa luta de nosso povo seria para
depois entregar, de mão beijada, o nosso petróleo aos gringos? Muito estranho o
silêncio, principalmente dos partidos políticos, das centrais sindicais e dos
movimentos sociais.

Grande parte da mídia sempre agiu assim, contra os
interesses nacionais e, portanto, não é de estranhar sua omissão hoje. Só para
refrescar a memória: a imprensa nacional aliou-se à ditadura militar, foi a
principal articuladora da candidatura Collor, que se revelou um grande farsante
e escondeu o quanto pode o movimento das Diretas Já! Parece que o Brasil, em
detrimento de nosso povo, assumiu definitivamente a condição de quintal do
mundo. Daqui já levaram todas nossas riquezas naturais, o petróleo é só mais
uma. Vamos continuar a ser o país do futuro!

Fonte :
Agência Petroleira de Notícias

 

Falência do Estado e assalto aos bancos


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Falência do Estado e assalto aos bancos

 

 

 

 

Economia e
Infra-Estrutura

Robert Kurz

 

Robert Kurz

O pior já passou, assim reza a
fórmula oficial de exorcismo. Na realidade, apenas se estreitou o horizonte
da percepção. Já não se quer pensar em períodos cíclicos (muito menos
históricos), mas apenas em valores mensais. Também é tabu o tema das relações
estruturais no mercado mundial, tal como o do relacionamento entre o Estado e
a economia. Apenas têm saída as pretensas histórias de sucesso de empresas e
sectores económicos. Mas não adianta enterrar a cabeça na areia. O "caso
Grécia" trouxe à luz do dia que agora, sem grande surpresa, o verme da
crise vai roendo as finanças públicas. A primeira insolvência de facto de um
importante Estado membro da União Europeia é um sinal fatídico para a
evolução futura. Espanha, Portugal, Irlanda, Itália e naturalmente o leste da
Europa são os próximos candidatos a ficar na corda bamba, e não só. Já se
podem ouvir os sussurros de que também a condição financeira dos centros
capitalistas, E.U.A., Grã-Bretanha, França e Alemanha, poderá ter-se agravado
dramaticamente. As consequências dos pactos de salvamento sem precedentes e
dos programas de apoio económico, que deveriam estimular e simular a retoma
do crescimento, ameaçam repercutir-se a curto e médio prazo no sistema
financeiro e na conjuntura económica.

A União Europeia quer tapar as
fissuras no vigamento, colocando sob curatela o orçamento de Estado da
Grécia. De trimestre em trimestre devem tornar-se obrigatórias drásticas
medidas de contenção. Isso vai levar ao colapso dos sistemas sociais e da
economia doméstica, num país já perturbado. Se o caso é apresentado como
exemplo, pode-se calcular o que acabará por chegar, mais cedo ou mais tarde,
a todos os países centrais, dentro e fora da União Europeia (incluindo o
milagre económico chinês). Na Alemanha, o aperto da tarraxa nas contribuições
do seguro de saúde é apenas uma pequena prova antecipada. Uma nova onda de
desmantelamento dos sistemas de previdência estaduais e das infra-estruturas
públicas junta-se com a onda iminente de falências de empresas e de
despedimentos. Também neste aspecto a Grécia pode ser pioneira.

Ao mesmo tempo, a zona euro está
sujeita a um teste de resistência. Revela-se como ilusão a ideia de que
pudesse ascender a nova moeda mundial a construção artificial do Euro,
implantada no contexto da concorrência da globalização, com base em níveis
nacionais de acumulação e de produtividade completamente diferentes. A
travagem de emergência nas finanças gregas mostra a fragilidade do sistema
monetário europeu. No apuro em que se encontram, os países da União Europeia
deitam mão a meios musculados para impor rédea curta aos paraísos fiscais, há
muito tolerados nas suas fileiras. Um debate animado, no primeiro canal da
televisão alemã, sobre o novo "assalto aos bancos na Suíça", é bem
eloquente. Depois de Steinbrück, por maioria de razão também Schäuble gostaria
de limpar os cofres suíços. Perante a montanha da dívida, na ordem de
grandeza dos biliões de euros, o "assalto aos bancos" feito pelo
Estado, que poderá trazer 200 milhões na melhor das hipóteses, só pode ser
descrito como desespero. Assim se tornam também evidentes as contradições
entre o sistema jurídico nacional e o internacional. Neste ponto, os
problemas agora são resolvidos, por assim dizer, a murro. A crise económica
mundial está longe de terminada. Depois dos mercados financeiros, são as finanças
públicas que constituem o próximo catalisador duma desestabilização
económica, em que a desvalorização geral do capital vai abrindo caminho aos
solavancos.

Robert Kurz, nascido em
1943, estudou Filosofia, História e Pedagogia. Vive em Nurenberg como
publicista autónomo, autor e jornalista. É co-fundador e redator da revista
teórica EXIT! – Kritik und Krise der Warengesellschaft (EXIT! – Critica e
Crise da Sociedade da Mercadoria). A área dos seus trabalhos abrange a teoria
da crise e da modernização, a análise crítica do sistema mundial capitalista,
a critica do iluminismo e a relação entre cultura e economia. Publica
regularmente ensaios em jornais e revistas na Alemanha, Áustria, Suiça e Brasil.
O seu livro O Calapso da Modernização (1991), também editado no Brasil, tal
como O Retorno de Potemkine (1994) e Os Últimos Combates (1998), provocou
grande discussão e não apenas na Alemanha. Publicou também, entre
outros,  Schwarzbuch Kapitalismus (O Livro Negro do Capitalismo) em
1999, Marx Lesen (Ler Marx) em 2000,  Weltordnungskrieg (A Guerra de
Ordenamento Mundial) em 2002, Die Antideutsche Ideologie (A Ideologia
Anti-alemã) em 2003, Blutige Vernunft (Razão Sangrenta) em 2004 e Das
Weltkapital (O Capital Mundial) em 2005, ainda não editados em português.

Original: STAATSBANKROTT
UND BANKÜBERFALL
 in www.exit-online.org
Publicado Neues Deutschland, 05.02.2010

Fonte:  http://o-beco.planetaclix.pt/rkurz356.htm

  

Novo Moderno Prometeu: O Espelho de Victor Frankenstein


HÉLIO’S BLOG

Divulgação Científica

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Novo Moderno Prometeu: 

O Espelho de Victor Frankenstein

by Revista Espaço Acadêmico

 

por ALEXANDER MARTINS VIANNA*

“O amanhã jamais igualará o ontem;

Nada, exceto o mutável, pode perdurar!”

(Mary Shelley, 1818)

Em 1818, Mary
Shelley (1797-1851) publicou um conto fantástico em que um cientista, Victor
Frankenstein, é tomado pela ânsia de alcançar a glória através da ciência. Em
sua busca científica, desenvolve interesse pela física, pela química e,
combinando ambas as formações, 

procura descobrir a origem do princípio vital
latente em todas as coisas vivas. Descobrir, nesse sentido, significava poder
dominar tal princípio e dar-lhe uma finalidade. Para ele, tal finalidade era
“banir a doença do coração humano, tornando o homem invulnerável a todas as
mortes, salvo a provocada pela violência…”; assim, ele “seria o criador de uma
nova espécie, seres felizes, puros…” que lhe deveriam a própria existência
(SHELLEY, 2001: 41-56). Deste modo, nasceu a tragédia neoprometéica de Victo
Frankenstein. Como consideramos que a obra se desenvolve num plano de tragédia,
poderemos identificar alguns pontos de “desmedidas” ou “desequilíbrios” que,
com as próprias mortes física e social de Frankenstein, adquirem um sentido
moral de reequilíbrio.

Laicizando
o tema da (re)criação do (super)homem, Mary Shelley cria um plano dramático de
condenação para Frankenstein por pretender romper a barreira entre a vida e a
morte. A visão da natureza como exemplo perfeito de força vital pressupõe a
existência do ciclo entre a vida e a morte, pois a vida brota da decomposição
da matéria morta em uma projeção perpétua para o futuro. Nesse sentido, tal
espiral não pode ser rompida e, caso ocorra, estaríamos diante de um novo
paradigma, algo estranho a tudo existente em matéria de saber, normas, valores
e convenções. Tal é a condição existencial de um
 monstro. O monstro, ou pária social, é o sinal de que
algo dentro de uma sociedade vai mal. No entanto, longe de contemplarem a si
mesmas na imagem do monstro, as sociedades tendem geralmente a criar fronteiras
(reais/simbólicas) para projetar no alienígena social os seus males.

No
entanto, Mary Shelley não concederá tal mecanismo de escape a Frankenstein:
afinal, a sua “escultura viva” não seria uma abstração distante perdida numa
estatística, mas um ser individual especial (
Übermensch) que, desenvolvendo razão e sensibilidade, era
capaz de se fazer presente à mente de seu criador como indivíduo e, portanto,
tornou-se impossível para Victor alienar-se dos efeitos imprevistos de sua obra
– desconforto do qual é poupada a maioria dos cientistas (do passado e do
presente), sob o manto protetor da “neutralidade científica”, especialização e
finalidades nobres. Assim, depois de ter aprendido a sua amarga lição, podemos
ouvir a seguinte advertência de Frankenstein a Walton:

“(…)Aprenda,
se não pelos meus preceitos, pelo menos por meu exemplo, o perigo que
representa a
 assimilação
indiscriminada da ciência
, e quanto é mais feliz o
homem para quem o mundo não vai além do ambiente cotidiano, do que aquele que
aspira
 tornar-se maior do
que sua natureza lhe permite
.(…) Eu seria o primeiro a
romper os laços entre a vida e a morte,
 fazendo jorrar uma nova luz nas trevas do mundo…”(Idem,
p.56)
 [Grifo meu]

Para
enfrentar problemas relacionados à fome, doenças infecto-contagiosas, à
pauperização do espaço urbano e à formação de um número crescente de pessoas
inclassificáveis (nesse sentido, “massa”), as elites governantes européias do
século XIX criaram as suas próprias versões prometéicas de reforma e
aperfeiçoamento dos espaços rurais e urbanos. Nessa trajetória, o novidade do
século XIX foi firmar cada vez mais o discurso médico-científico como voz de
autoridade na forma de se conceber “remédios” e “profilaxias” para a questão
social. Assim, a questão social – muitas vezes tratada como uma “questão
sanitária” – recebeu um tratamento elitista insensível a um justo equilíbrio
entre meios e fins. Ora, pretender criar uma nova espécie de homem – nascida de
um plano cientificamente traçado por um especialista – que fosse resistente à
morte por doenças e privações materiais poderia até romper a barreira entre a
vida e a morte, como pretendera Frankenstein, mas manteria sem abalos as
fronteiras sociais. Entretanto, tal como as massas pauperizadas da modernidade,
o monstro tem consciência, sensibilidade e migra para o “mal e a vingança”
quando é privado de afeto por ter uma aparência pouco atrativa.

Portanto,
a tragédia de Frankenstein contada por Mary Shelley não deixa de manifestar
certos incômodos com a forma que as elites governantes tratavam a questão
social na época. A arrogância social, a afetação nas afeições e a falta de
solidariedade constróem seus próprios monstros sociais, que são jogados “para o
nada social” ou “para o mal”. Nesse sentido, não é uma condenação moralista
religiosa contra o saber médico-científico que Mary Shelley nos apresenta, mas
uma provocação romântico-humanista que pretende lembrar que o homem, em sua
ânsia de tentar aperfeiçoar a si mesmo e a seu mundo, não pode perder a
sensibilidade, o que significa equilibrar de modo inclusivo as relações entre
meios e fins. Tal é a lição que Frankenstein quer deixar para Walton em seus
último momentos:

“(…)
Num acesso de desmedido entusiasmo, criei uma criatura racional e cabia-me,
dentro do limite dos meus poderes, assegurar-lhe a felicidade e o bem-estar.(…)
Recusei-me a criar[-lhe] uma companheira(…). Ele demonstrou perversidade e
egoísmo sem par. Destruiu meus amigos. Devotou-se ao extermínio de seres que
possuíam sensibilidade, felicidade e saber. E não sei até onde a sua sanha
vingativa poderá levá-lo. Por isso, devia morrer. Cabia a mim a tarefa de
pôr-lhe fim à existência, mas fracassei(…). Perturba-me…o fato de que a
sobrevivência do monstro signifique a continuidade do mal.(…)Adeus, Walton!
Busque a felicidade num viver tranqüilo e
 evite ser dominado pela ambição,mesmo que seja essa – aparentemente construtiva
– de distinguir-se no campo da ciência e dos descobrimentos
.
Mas por que falo isso? Na verdade, se eu me arruinei nessas esperanças, pode
ser que outro seja bem sucedido(…)”(Idem, p.202)
 [Grifo meu]

Assim,
as últimas palavras de Frankenstein que concluem seu ciclo trágico estão longe
de anularem as esperanças de descobertas no campo da ciência, mas servem para
corrigir em Walton (que está na mesma posição do leitor) um tipo de ânsia de
saber que – por desequilibrar a relação entre meios e fins – perde a
sensibilidade em relação à beleza da vida, em qualquer de suas expressões. No
começo da tragédia, em uma carta à sua irmã, Walton conta as dificuldades de
sua viagem científica no Ártico e refere-se à perda de um marinheiro nos
seguintes termos:

“(…)A
vida ou a morte de um homem seriam um preço ínfimo a pagar pelo conhecimento
que eu buscava e pela vitória sobre as forças da natureza hostis à espécie
humana que esse conhecimento legaria à posteridade(…).(Idem, p.32)

Para
criar um contraponto sentimental a isso, Mary Shelley expõe logo em seguida a interlocução
de Frankenstein com Walton e, assim, coloca o leitor num plano de suspense e
segurança em relação àquilo que deve ser entendido como a “moral da história”:

“(…)
Somos criaturas brutas, apenas semi-acabadas quando nos falta alguém mais
sábio, melhor do que nós mesmos, para ajudar-nos no
 aperfeiçoamento da própria natureza
– débil e falha
.(…)Você tem esperança, o mundo à sua
frente, e não tem motivo para desespero. Quanto a mim, perdi tudo, e não tenho
como recomeçar a vida(…). Não creio que o simples relato de meus infortúnios
lhe possa ser de alguma utilidade,
 mas
quando reflito que está seguindo o mesmo rumo, expondo-se aos mesmos perigos
que me tornaram o que sou
, imagino que possa tirar algum proveito
moral da minha história
; e isso poderá constituir
uma ajuda para orientá-lo em caso de êxito, ou para consolá-lo se fracassar.
Prepare-se para ouvir o relato de acontecimentos que normalmente poderiam ser
considerados fantásticos. Se estivéssemos em outro ambiente, como o que em
outras épocas cercava o nosso dia-a-dia, eu temeria a sua descrença. Porém,
muitas coisas parecem possíveis nestas regiões misteriosas; coisas que poderiam
provocar o riso daqueles poucos afeitos às
forças mutáveis e inelutáveis da natureza.
Por outro lado, minha história guarda, em sua própria essência, provas
insofismáveis da sua verdade(…).”(Idem, pp.32-34)
 [Grifo meu]

No
primeiro terço do século XIX, a sensibilidade romântica não tolera um mundo que
se torna monocromático e afetado por regras que impedem o livre desenvolvimento
do conhecimento e da sensibilidade. Nesse sentido, ela se inscreve em larga
medida na superação do ideal clássico como paradigma, buscando mais diversidade
de cores e objetos, pois possibilitam ao homem aprender novas coisas e
aperfeiçoar as antigas. Os escritos orientalistas deram aos românticos um
repertório de imagens-conceito para onde projetar seus sonhos de reforma da
civilização européia. No desenvolvimento da história de Mary Shelley, Clerval
aparece como aquele que ajuda seu combalido amigo Frankenstein a recuperar o
seu “verdadeiro eu”, perdido depois de uma longa e voluntária privação de luz,
cores e sensibilidade em meio às trevas de dois anos de seu projeto prometéico:

“…Clerval
jamais partilhara de meu gosto pela ciência natural. Suas inclinações,
dirigidas para a literatura, divergiam totalmente das minhas. Ele viera para a
universidade com a finalidade de aprofundar-se em línguas orientais…Voltando os
olhos para o Oriente, buscava descortinar os horizontes propícios a uma
carreira brilhante. Atraíam-no os idiomas persa, árabe e sânscrito, e eu
resolvi acompanhá-lo nesses estudos com a esperança de dissipar minhas íntimas
preocupações(…), de modo que o roteiro dos orientalistas me pareceu um
agradável convite, e eu fiquei contente em tornar-me discípulo do meu amigo.
Não tencionava, como ele, adquirir conhecimento
crítico dos seus escritos
, nem usufruir qualquer proveio prático.
Procurava apenas distração, sem pretender ir além de compreender-lhes o
significado. Meu esforço de aprendizagem foi compensado, pois
 descobri nos orientais um toque ameno
de melancolia, uma poesia de aceitação tão singela quanto profunda, como também
um grau de sabedoria e uma exaltação de alegria que jamais experimentei no
convívio com autores ocidentais
. Através de suas páginas, a
vida parece um jardim florido dourado de sol. Que diferença da poesia épica e
heróica de Grécia e Roma!” (Idem, pp.69-70). “(…)Em Clerval eu via refletido o
meu antigo eu. Ele era um eterno curioso e ansiava por adquirir experiência e
aumentar seus conhecimentos.
 A
diferença de costumes que observava era para ele uma fonte inesgotável de
instrução e diletantismo
(…).Aspirava visitar a
Índia, na crença de que, apoiado nos conhecimentos das várias línguas daquele
país…e nos conceitos que formara sobre sua formação histórica, poderia colher
observações aplicáveis ao desenvolvimento da sociedade européia(…)”(Idem,
pp.151-152)
 [Grifo meu]

Clerval
surge, então, como uma recuperação de luz, um novo experimentar da diversidade
sensível de outrora. No entanto, em vez do marmóreo referencial clássico,
Frankenstein teve nele a oportunidade singular de experimentar o brilho das
luzes e sensibilidades orientais. A existência de Clerval – que associa as
luzes do conhecimento e o diálogo sensível com a diversidade das coisas do
mundo – surge na história como um axioma oposto ao paradoxo
prometéico-existencial de Frankenstein. Este desequilibrou a relação entre
meios e fins em sua ânsia egoísta de glória científica e superação de séculos
de trevas. Como seu projeto foi executado às custas da privação de sol,
paisagem natural e afetos familiares, Frankenstein desequilibrou
psicologicamente a si mesmo e, por extensão, a sua obra. Assim, quanto mais
anti-romanticamente tentava superar as trevas, mas caía nelas. Por isso mesmo,
o paradoxo prometéico de Frankenstein é rico de implicações para a análise da
sensibilidade romântica em matéria de conhecimento: ele tinha em mente uma escultura
viva, uma criatura superior ao seu criador em beleza, sensibilidade,
inteligência, força e resistência; mas como tal criação poderia ser a imagem da
beleza se seu criador, para torná-la possível, privou-se de vida e afeição,
acercando-se somente da morte? A afeição e a sensibilidade são apresentado por
Mary Shelley como medidores para definir quando a busca do saber adquire
feições monstruosas. Lição cara para a posteridade…


Referências Bibliográficas:

BARZUN, Jacques. Classic, Romantic and Modern.
Chicago/London: Chicago University Press, 1975.

BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no
Ar: A aventura da modernidade. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

FOUCAULT, Michel. “O Nascimento da Medicina
Social”. In
 Microfísica do
Poder
. Rio de Janeiro: Graal, 1995. pp.79-98

FURET, François. O Homem Romântico. Lisboa:
Presença, 1999.

RÉMOND, René. O Século XIX, 1815-1914. São
Paulo: Cultrix, 1993.

SAID, Edward W.. Cultura e Imperialismo. São
Paulo: Companhia das Letras, 1999.

SHELLEY, Mary. Frankenstein. São Paulo: Martin
Claret, 2001.


* Doutor em História Social
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil(2008); Professor Adjunto da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

Publicado na REA, nº
26, julho de 2003, disponível emhttp://www.espacoacademico.com.br/026/26cvianna.htm